24 de novembro de 2024

A Surpresa de Final de Ano

What Have You Done To Me?
Imogen Heap


Todo começo de ano nos últimos tempos tenho dedicado um espaço para a resenha de uma canção que considero sendo sobre o primeiro grande single daquele ano. Acho que vou começar a criar um novo sobre a grande surpresa de final de ano. E isso é devido a extraordinária What Have You Done To Me? Da veterana Imogen Heap.

Parte de um projeto de três singles da cantora para o final do ano, a canção é uma colossal, deslumbrante, sombria, densa e épica mistura de rock, industrial, art rock e rock progressivo com uma carga criativa altíssima e de um brilhantismo único. Com um pouco mais de seis minutos, a single aproveitada cada segundo para ir gradativamente se desenrolando em que é introduzido uma nova camada e/ou nuance e/ou textura que vai fazendo a canção sendo elevada a cada nova introdução até chegar no clímax epopeico e inesquecível. E essa decisão é o que faz ser a base perfeita para a construção sobre a cantora querer se vingar de alguém que em algum momento a fez mal em uma letra que é esteticamente simples, mas apresenta uma profundida emocional impressionante e devastadora. Com uma performance transformativa e gigantesca de Imogen Heap, What Have You Done To Me? se torna ao final um dos melhores momentos de 2024 nos quarenta e cinco minutos do segundo tempo.
nota: 9


O Tema Do Fim

Like The End
James Blake


Acho realmente interessante quando um artista lança canções que não necessariamente vão ser parte de um álbum como é o caso da excepcional Like The End do James Blake.

Possivelmente uma das melhores canções do cantor em anos, Like The End é um retorno a sonoridade mais antiga do cantor ao ser menos experimental ao ser uma balada mid-tempo indie/art pop com uma instrumentalização transcendente, intricada e com uma força incrível. Apesar de não ser nada que o próprio já tenha entrega, James Blake demonstra que aperfeiçoou a sua sonoridade de maneira a faze-la encontrar o estágio de pura perfeição. Todavia, o grande trunfo da canção é a união da composição devastadora que faz uma crônica sobre o mundo atual, especialmente depois da vitória do Trump e o avanço do uso do IA, com a performance sempre inspirada da potente e marcante voz do cantor. Os dois aspectos funcionam bem separadamente, mas é a sua união que faz a coisa realmente ganhar contornos emocionais, melancólicos e de uma verdade sufocante. E mesmo não sendo um trabalho que deve fazer parte de um trabalho maior, Like The End é uma adição espetacular para uma discografia já sensacional.
nota: 8,5

A Certeza

Lucifèrine
Ichiko Aoba


Entre alguns nomes que mais apreciou ao descobrir uma nova música é o da japonesa Ichiko Aoba que sempre é certeza de entregar uma ótima canção. Esse é o caso da linda Lucifèrine.

Uma balada folk/indie folk, a canção tem a marca registrada do talento e da personalidade da cantora de maneira indiscutível desde a sua primeira nota até o último segundo. Lucifèrine apresenta uma melodia simples, mas extremamente eficiente devido ao trabalho lindíssimo de instrumentalização que dá toda a sua complexidade sem precisar ser demasiadamente intrigada. Outra impensada qualidade de Ichiko é o fato das suas canções sempre apresentarem uma estrutura semelhante, mas nunca se tornarem repetitivas e/ou entediante ao sempre ter algo novo e refrescante para se descobrir. Liricamente, a poética da cantora deve ser só completamente compreendida na sua língua natal só que, porém, o que chega para gente é tão lindo e tocante como nos versos ao final do refrão que diz “Inside each of us there is/ A place for our stars to sleep”. E tudo isso é contemplado pela doce e fantasiosas voz da cantora que entoa a canção como se fosse o cantar de uma ser místico que nos dá o privilegio de escuta-la. E acho que isso é algo que de alguma forma seja verdade, pois ouvir Ichiko Aoba é um privilégio. 
nota: 8,5

A Estranha Maravilhosa

Drums of Death
FKA twigs & Koreless


Mesmo ainda não chegando em um ápice que lembre outros trabalho da sua carreira, a FKA twigs vem entregando um trabalho mais interessante que o outro na sua era Eusexua. Dessa vez é a estranha Drums of Death.

Entre os singles lançados até agora, a canção é mais alternativa devido a sua produção do DJ Koreless que entrega uma mistura pesada e bem construída de house, club, glitch pop, EDM e art pop que cria uma batida nada comercial, mas bastante marcante e em total sincronia com o que vem sendo mostrado. As mudanças sonoras entre os versos e o refrão e a progressão rítmica de Drums of Death conseguem dar uma personalidade única para a canção, mesmo não entregando nada que seja novidade. A produção vocal aqui também é outro ponto alto, pois consegue dar para a cantora o equilíbrio ideal para a mesma colocar a sua distinta voz na canção sem perder sua personalidade e, ao mesmo tempo, utilizar efeitos vocais potentes para incrementar o resultado final. Tenho que apontar que o ponto menos inspirado é a composição da canção, pois não tem aquele sutil toque de brilhantismo que a cantora sempre entrega. De qualquer forma, Drums of Death mostra que ao que parece não teremos um álbum genial, mas, sim, um álbum realmente inspiradíssimo. E isso já está perfeito.
nota: 8

Feroz

Break the Tension
Maruja

Uma das melhores surpresas de 2024, a banda Maruja vai preparando para o lançamento do álbum debut da sua carreira com o lançamento da raivosa Break the Tension.

Menos impactante que The Invisible Man, a canção continua a ser esse soco no estomago devido a profundidade instrumental que a banda se utiliza para a construção. E novamente, a grandiosidade da produção é o que pede essa complexidade, pois apenas assim é possível sustentar a incrível sensibilidade criativa da banda que entrega uma refinada mistura de jazz rock, post-punk e art rock com pinceladas brilhantes de rap rock. O que impede da canção ser ainda melhor é a sua composição, pois, mesmo sendo um trabalho ótimo, não tem a urgência que seria necessário para arrematar o pacote artístico de Break the Tension. Felizmente, a canção dá a impressão exata que a banda já está completamente ciente e dominando a sua sonoridade.
nota: 8

De Volta ao Trilhos

LIGHT AGAIN!
need dat boy
Lil Nas X

Apesar de não ter voltado as boas com as paradas de sucesso, o Lil Nas X parece que ao menos voltou aos trilhos artisticamente como mostra o lançamento dos singles LIGHT AGAIN! e need dat boy.

Apesar de parecidas em qualidades, o destaque entre as duas canções é a excitante LIGHT AGAIN!. A canção continua a comprovar o imenso talento do rapper em fundir perfeitamente o hip hop com pop em um hibrido excitante, dinâmico e divertidíssimo. Uma electropop/pop rap com toques de house, a canção tem uma interessante construção instrumental que se desenrola mais complexa que o esperado para uma canção com nem três minutos de duração direto. Gosto do uso do sample de Cuff It da Beyoncé, pois é feito de maneira a ser um ponto de enriquecimento da canção e, não, o ponto central da canção. Tenho que admitir que a canção não é exatamente viciante da primeira vez que se escuta, mas fica irresistível quando a gente dá chance, especialmente a sua sensacional parte final. Em outra direção sonora, need dat boy se revela uma balada R&B alternativo misturado com alt pop que não chega a decolar totalmente, mas é um trabalho muito bem pensado e com um frescor interessante. Mesmo não tendo a pegada da canção anterior, o single tem uma performance ótima do Lil Nas X que realmente se consolidou ao encontrar a sua personalidade entre rapper e estrela pop de maneira natural. Fico feliz em poder ver o rapper reencontrar seu caminho de alguma forma. Agora só falta achar o caminho das paradas.
notas
LIGHT AGAIN!: 8
need dat boy: 7,5

2 por 1 - Empress Of

Galina
Allie X & Empress Of


Feminine - Maffalda Remix
Urias & Empress Of

Curioso ver que das melhores canções remixes de 2024 existem duas que tem a presença da Empress Of, sendo uma dela (Feminine) e outra que é convida (Galina).

Entre as duas canções, a melhor é a versão de Galina da Allie X, pois a canção original é a melhor entre as originais também, sendo um dos melhores momentos de Girl With No Face. Nessa versão não existe uma mudança drástica sonoramente ao continuar sendo um irresistível synth-pop/dance-pop com toques de post-disco, apesar de algumas alterações aqui e ali, mas existe um trabalho de integrar a presença da Empress Of de maneira a fazer a sua participação realmente ser justificável e, principalmente, ser natural. E isso acontece especialmente devido a maneira que a canção é reconstruída como um dueto verdadeiro e, não, apenas a adição de um verso solto. Essa decisão é o que faz Feminine perder da força ao seu final. Com a produção do DJ brasileiro Maffalda, a canção ganha um verniz mais remix ao ter adicionado uma camada de farofada que funciona até melhor que o esperado que combina bem com a versão original. O problema da canção que não a faz ser ainda mais interessante é que a presença da Urias é literalmente renega a um ótimo e breve refrão que adiciona personalidade para a canção ao mostrar a força da artista brasileira em toda a sua glória. Entretanto, a falta de uma maior participação da Urias deixa aquele gosto de quero mais que a canção poderia ser um acerto ainda maior, mas termina sendo apenas bom. Todavia, isso é mais do que podemos dizer de várias canções remixes que são lançadas. E isso já está ótimo.
notas
Galina: 8
Feminine - Maffalda Remix: 7,5

10 de novembro de 2024

O Que Você Não Ouviu

No Comma
Slayyyter

O imenso sucesso da Charli XCX é louvável, mas também tem o seu lado negativo ao fazer alguns trabalhos no mesmo estilo serem ofuscado. E esse o caso da sensacional No Comma da Slayyyter.

Rápida, explosiva e contagiante, a canção consegue mistura uma gama de gêneros de uma vez só sem parecer uma colcha de retalhos, mas, sim, um trabalho coeso e com identidade própria. No Comma é uma fusão de electropop, pop rap, industrial, hip house e EDM que consegue ser fluido e com uma estrutura direta e muito bem trabalha. Tenho que admitir que devido a sua duração fica aquela sensação de “quero mais” pungente após seu termino, mas isso não é algo que realmente atrapalhe o resultado devido também a performance extraordinária da Slayyyter que capta perfeitamente toda a essência da canção ao ser deliciosamente caótica e poderosa. Com uma letra icônica e cheia de frase de efeitos que conseguem criar um trabalho completo, No Comma é a melhor canção que você não ouvir devido a estar ouvindo Brat.
nota: 8,5


Um Bônus de Respeito

Once A Bunch
Adrianne Lenker


Se você quer saber a qualidade de um álbum é bom olhar para a canções que fazem parte de versões bônus do trabalho. E se você descobre que a canção parte dessa versão é tão boa quanto Once A Bunch da Adrianne Lenker pode saber que o resto do álbum é tão bom quanto.

Tirada da versão bônus japonesa do excepcional Bright Future, a canção é um trabalho que está literalmente no mesmo nível que o álbum original. Uma contida, tocante e emocionante folk contemporâneo/country/americana, Once A Bunch transmite exatamente a melhor qualidade do álbum que é falar de maneira belíssima sobre “sobre a força que reside no nosso dia a dia, nas pequenas situações corriqueiras, nas lembranças dos eventos que vivemos, nas pessoas que nos cercam e como essas pessoas interagem com a gente ao longo do tempo”. E a canção é sobre os pequenos momentos que fazem um relacionamento se solidificar e ir da paixão para o amor. Isso é alcançado com uma das qualidades do gênero da canção é o contar uma história de forma direta e cativante. Assim como as outras canções, Once A Bunch tem uma melodia simples, mas extremamente eficiente devido a trabalho exemplar de instrumentalização e da performance reconfortante de Adrianne. Um canção que é seria o ápice para outros artistas, mas que para Adrianne Lenker é um bônus.
nota: 8,5

Desconto Merecido

No Me Cansaré
Sevdaliza & KAROL G

Depois de entregar o sensacional hit Alibi, a Sevdaliza tem um bom credito que é capaz de entregar uma canção como No Me Cansaré sem maiores problemas.

Bem longe de ser ruim, a parceria com a Karol G é meio decepcionante devido a não ter nada da ousadia e força do single anterior. Uma reggaeton/latin pop tradicional e bem executada que deixa a sensação que uma artista com habilidade de subverter como Sevdaliza pecou ao não fazer exatamente isso em No Me Cansaré. Quando a gente tirar essa sensação de lado, o resultado da canção é cativante e gostosa de se ouvir, especialmente devido a química entre as envolvidas em performance realmente bem acima da média. Uma pena que faltou o toque de genialidade.
nota: 7

O Retorno de Uma Força

Punish
Ethel Cain

Acredito que não dei a atenção merecida e necessária para o debut da cantora Ethel Cain em 2022. Todavia, preciso admitir que a cantora “cresceu” em mim nesses últimos anos e fico feliz de poder acompanhar mais de perto a continuidade da carreira dela com o lançamento da densa Punish.

Primeiro single do seu segundo álbum, a canção dá amostra clara que a cantora vai continuar a explorar a sua vertente profundamente indie/alternativa ao entregar uma indie folk/ indie rock/ ambient que construí uma atmosfera densa, enigmática e soturna que penetra na nossa mente de maneira definitiva. Não é um trabalho fácil de ser entendido devido a sua indenidade única e ser sonoramente bastante especifica, mas Punish é prato cheio e requintado para aqueles que compreendem perfeitamente a proposta da cantora e que já admiraram o seu trabalho inicial. E para quem é esse publico vai poder notar facilmente a imensa qualidade instrumental da canção e, também, a entrega admirável da Ethel Cain em performance contida e tocante. Apesar de ser uma composição forte ficou faltando um aprofundamento no resultado final, pois a cantora já comprovou que é capaz de ir além. De qualquer forma, Punish é um começo extremamente promissor para um dos nomes mais interessantes dos últimos tempos.
nota: 8

Saboroso

Cosmic
Red Velvet


Enquanto as carreiras dos maiores nome do k-pop entram nova fase de carreiras solos, ainda existem grupos que carregam o gênero com louvor. Esse é o caso da girl band Red Velvet com a ótima Cosmic.

A melhor definição para a canção é que a mesma é o puro suco do pop. E isso é um dos melhores elogios que pode ser feito para uma canção pop. Em Cosmic, a produção entrega uma deliciosa e graciosa synth-pop/nu-disco/R&B que consegue ser, ao mesmo tempo, perfeita para o gênero e atemporal. E ainda existe um toque de fofura que adiciona personalidade para a canção, ajudando a transforma-la em um trabalho irresistível. Gosto bastante dos vocais das integrantes da banda, especialmente quando as cinco cantam juntas no ótimo refrão. Mesmo sendo quase todo em coreano, a composição da canção tem aquele fator de não importar o que esteja falando que a gente embarga plenamente. E esse sabor de uma musica pop é incrível não importa de onde vem.
nota: 8

Novos Caminhos, Velhos Erros

São Paulo
The Weeknd & Anitta


Acredito que estamos no inicio de uma nova era para o funk carioca em relação a sua introdução na música pop internacional. Depois de Alibi, agora chegou a vez de São Paulo, a aguardada parceria do The Weeknd com a Anitta. E mesmo gostando da canção, o resultado mostra que ainda velhos erros ainda são cometidos com o nosso funk.

O principal e mais pungente deles é aquela sensação que o gênero não é utilizado da maneira a poder liberar todo o seu potencial como aconteceu no trabalho da Sevdaliza. E isso é devido ao motivo que São Paulo não parece fundir o gênero perfeitamente com as outras influencias (synthpop/R&B), criando uma canção que parece a fusão de dois trabalhos distintos ligados apenas uma melodia. Tenho que dizer, porém, que a produção é refinada e bem estilizada e consegue criar uma canção efervescente, estranha e divertida. Além disso, o uso do sample de Boladona da Tati Quebra Barraco dá um toque especial para o resultado final. Apesar de não acreditar no que vou escrever, mas a canção carecia de uma participação maior da Anitta que fica presa a momentos que mais parecem uso de samples do que a sua contribuição verdadeira. E é preciso apontar que a presença do The Weeknd é mais interessante que o esperado já que consegue combinar com a atmosfera da canção de maneira inusitada. Entendo, porém, que São Paulo é um trabalho completamente divisível para quem escuta, levando do amor ao ódio facilmente. Todavia, a minha visão é que a canção é passo que poderia ser melhor, mas ainda é melhor que o esperado.
nota: 7,5

A Aposta Vazia

Aquamarine
Addison Rae


Ao que parece a Addison Rae parece ser a possível nova promessa do pop. E nem com o lançamento de Aquamarine, a sua melhor canção até o momento, não consigo entender o motivo. 

A canção é até compreensível na sua ideia central, mas a sua execução ainda está bem aquém de uma novata que vem ganhando destaque nos últimos tempos. Uma deep house/syhnth-pop, Aquamarine tem uma concepção ousada e bem pensada que nunca sai do lugar de conforto para encontrar outros níveis do que o seguro e linear que a mesma se encontra. Não é ruim, mas, sim, decepção quando a gente pensa no que poderia ter sido com mais ousadia na sua produção. Todavia, o grande problema ainda é a percepção que Addison é uma cantora bastante limitada vocalmente e em nível de performance que é engolida pelo seu entorno em que deveria dar toda a personalidade final para a canção. Estou aberto para ser surpreendido pelo futuro da Addison, mas até agora é mais barulho que conteúdo.
nota: 7


Um Novo Recomeço

Cupid's Bow
Olly Alexander


Depois do fim do Years & Years, o vocalista Olly Alexander tentou ser uma banda de um homem só, mas não deu muito certo. Agora é a vez de reiniciar a carreira musical seguindo sendo apenas Olly Alexander. E como single do primeiro álbum dessa nova fase foi lançada a legal Cupid's Bow.

Longe dos melhores momento dele com a banda, a canção recoloca o cantor em caminho mais interessante do que vinha fazendo nos últimos tempos. E isso é devido a Cupid's Bow ser uma direta e bem azeitada synthpop que cumpre bem se papel sem maiores tropeços, mas também sem maiores grandes picos. Faltou tempero para elevar a canção e, principalmente, dar personalidade mais definida para a nova fase da carreira de Olly. Gosto, porém, da progressão que a canção tem até chegar ao seu bom clímax e também da performance requintada do cantor que coloca os toques de personalidade que a canção possui. Espero que esse seja realmente o começo da caminha certa para Olly Alexander, pois acredito que o artista é bastante talentosos para ficar entregando canções fora do se escopo de possibilidade.
nota: 7

O Bom Shawn

Heart of Gold
Shawn Mendes


Apesar de não estar nos melhores momentos da carreira em questão de qualidade, o Shawn Mendes ainda consegue entregar a boa Heart of Gold.

Uma das qualidades que sempre apontei do cantor é que ele consegue falar sobre assuntos que normalmente não são ligados tão diretamente com o estilo de artista que as pessoas acham que ele é. E nesse caso, Heart of Gold é sobre o luto e como cada uma sente e vive de maneira diferentes. A letra é simples esteticamente, mas é honesta e direta que mostra o quanto o cantor é capaz de se expor sem precisar fazer disso o ponto focal da sua carreira. A canção poderia ser melhor se não tivesse uma produção tão pastel que a transforma em uma inofensiva e meio sem graça mistura de pop, folk e pop rock. Funciona bem até certo ponto, especialmente na sua parte final com a adicional de um coral, mas falta força para elevar o material lírico e a boa performance de Mendes. Feliz que o cantor esteja podendo se expressar de maneira mais aberta também fora da música, mas sonoramente é preciso se encontrar de maneira mais decisiva.
nota: 7