Milton + esperanza
Milton Nascimento & Esperanza Spalding
17 de novembro de 2024
10 de novembro de 2024
O Que Você Não Ouviu
No Comma
Slayyyter
Slayyyter
O imenso sucesso da Charli XCX é louvável, mas também tem o seu lado negativo ao fazer alguns trabalhos no mesmo estilo serem ofuscado. E esse o caso da sensacional No Comma da Slayyyter.
Rápida, explosiva e contagiante, a canção consegue mistura uma gama de gêneros de uma vez só sem parecer uma colcha de retalhos, mas, sim, um trabalho coeso e com identidade própria. No Comma é uma fusão de electropop, pop rap, industrial, hip house e EDM que consegue ser fluido e com uma estrutura direta e muito bem trabalha. Tenho que admitir que devido a sua duração fica aquela sensação de “quero mais” pungente após seu termino, mas isso não é algo que realmente atrapalhe o resultado devido também a performance extraordinária da Slayyyter que capta perfeitamente toda a essência da canção ao ser deliciosamente caótica e poderosa. Com uma letra icônica e cheia de frase de efeitos que conseguem criar um trabalho completo, No Comma é a melhor canção que você não ouvir devido a estar ouvindo Brat.
nota: 8,5
Um Bônus de Respeito
Once A Bunch
Adrianne Lenker
Adrianne Lenker
Se você quer saber a qualidade de um álbum é bom olhar para a canções que fazem parte de versões bônus do trabalho. E se você descobre que a canção parte dessa versão é tão boa quanto Once A Bunch da Adrianne Lenker pode saber que o resto do álbum é tão bom quanto.
Tirada da versão bônus japonesa do excepcional Bright Future, a canção é um trabalho que está literalmente no mesmo nível que o álbum original. Uma contida, tocante e emocionante folk contemporâneo/country/americana, Once A Bunch transmite exatamente a melhor qualidade do álbum que é falar de maneira belíssima sobre “sobre a força que reside no nosso dia a dia, nas pequenas situações corriqueiras, nas lembranças dos eventos que vivemos, nas pessoas que nos cercam e como essas pessoas interagem com a gente ao longo do tempo”. E a canção é sobre os pequenos momentos que fazem um relacionamento se solidificar e ir da paixão para o amor. Isso é alcançado com uma das qualidades do gênero da canção é o contar uma história de forma direta e cativante. Assim como as outras canções, Once A Bunch tem uma melodia simples, mas extremamente eficiente devido a trabalho exemplar de instrumentalização e da performance reconfortante de Adrianne. Um canção que é seria o ápice para outros artistas, mas que para Adrianne Lenker é um bônus.
nota: 8,5
Desconto Merecido
No Me Cansaré
Sevdaliza & KAROL G
Sevdaliza & KAROL G
Depois de entregar o sensacional hit Alibi, a Sevdaliza tem um bom credito que é capaz de entregar uma canção como No Me Cansaré sem maiores problemas.
Bem longe de ser ruim, a parceria com a Karol G é meio decepcionante devido a não ter nada da ousadia e força do single anterior. Uma reggaeton/latin pop tradicional e bem executada que deixa a sensação que uma artista com habilidade de subverter como Sevdaliza pecou ao não fazer exatamente isso em No Me Cansaré. Quando a gente tirar essa sensação de lado, o resultado da canção é cativante e gostosa de se ouvir, especialmente devido a química entre as envolvidas em performance realmente bem acima da média. Uma pena que faltou o toque de genialidade.
nota: 7
O Retorno de Uma Força
Punish
Ethel Cain
Ethel Cain
Acredito que não dei a atenção merecida e necessária para o debut da cantora Ethel Cain em 2022. Todavia, preciso admitir que a cantora “cresceu” em mim nesses últimos anos e fico feliz de poder acompanhar mais de perto a continuidade da carreira dela com o lançamento da densa Punish.
Primeiro single do seu segundo álbum, a canção dá amostra clara que a cantora vai continuar a explorar a sua vertente profundamente indie/alternativa ao entregar uma indie folk/ indie rock/ ambient que construí uma atmosfera densa, enigmática e soturna que penetra na nossa mente de maneira definitiva. Não é um trabalho fácil de ser entendido devido a sua indenidade única e ser sonoramente bastante especifica, mas Punish é prato cheio e requintado para aqueles que compreendem perfeitamente a proposta da cantora e que já admiraram o seu trabalho inicial. E para quem é esse publico vai poder notar facilmente a imensa qualidade instrumental da canção e, também, a entrega admirável da Ethel Cain em performance contida e tocante. Apesar de ser uma composição forte ficou faltando um aprofundamento no resultado final, pois a cantora já comprovou que é capaz de ir além. De qualquer forma, Punish é um começo extremamente promissor para um dos nomes mais interessantes dos últimos tempos.
nota: 8
Saboroso
Cosmic
Red Velvet
Red Velvet
Enquanto as carreiras dos maiores nome do k-pop entram nova fase de carreiras solos, ainda existem grupos que carregam o gênero com louvor. Esse é o caso da girl band Red Velvet com a ótima Cosmic.
A melhor definição para a canção é que a mesma é o puro suco do pop. E isso é um dos melhores elogios que pode ser feito para uma canção pop. Em Cosmic, a produção entrega uma deliciosa e graciosa synth-pop/nu-disco/R&B que consegue ser, ao mesmo tempo, perfeita para o gênero e atemporal. E ainda existe um toque de fofura que adiciona personalidade para a canção, ajudando a transforma-la em um trabalho irresistível. Gosto bastante dos vocais das integrantes da banda, especialmente quando as cinco cantam juntas no ótimo refrão. Mesmo sendo quase todo em coreano, a composição da canção tem aquele fator de não importar o que esteja falando que a gente embarga plenamente. E esse sabor de uma musica pop é incrível não importa de onde vem.
nota: 8
Novos Caminhos, Velhos Erros
São Paulo
The Weeknd & Anitta
The Weeknd & Anitta
Acredito que estamos no inicio de uma nova era para o funk carioca em relação a sua introdução na música pop internacional. Depois de Alibi, agora chegou a vez de São Paulo, a aguardada parceria do The Weeknd com a Anitta. E mesmo gostando da canção, o resultado mostra que ainda velhos erros ainda são cometidos com o nosso funk.
O principal e mais pungente deles é aquela sensação que o gênero não é utilizado da maneira a poder liberar todo o seu potencial como aconteceu no trabalho da Sevdaliza. E isso é devido ao motivo que São Paulo não parece fundir o gênero perfeitamente com as outras influencias (synthpop/R&B), criando uma canção que parece a fusão de dois trabalhos distintos ligados apenas uma melodia. Tenho que dizer, porém, que a produção é refinada e bem estilizada e consegue criar uma canção efervescente, estranha e divertida. Além disso, o uso do sample de Boladona da Tati Quebra Barraco dá um toque especial para o resultado final. Apesar de não acreditar no que vou escrever, mas a canção carecia de uma participação maior da Anitta que fica presa a momentos que mais parecem uso de samples do que a sua contribuição verdadeira. E é preciso apontar que a presença do The Weeknd é mais interessante que o esperado já que consegue combinar com a atmosfera da canção de maneira inusitada. Entendo, porém, que São Paulo é um trabalho completamente divisível para quem escuta, levando do amor ao ódio facilmente. Todavia, a minha visão é que a canção é passo que poderia ser melhor, mas ainda é melhor que o esperado.
nota: 7,5
A Aposta Vazia
Aquamarine
Addison Rae
Addison Rae
Ao que parece a Addison Rae parece ser a possível nova promessa do pop. E nem com o lançamento de Aquamarine, a sua melhor canção até o momento, não consigo entender o motivo.
A canção é até compreensível na sua ideia central, mas a sua execução ainda está bem aquém de uma novata que vem ganhando destaque nos últimos tempos. Uma deep house/syhnth-pop, Aquamarine tem uma concepção ousada e bem pensada que nunca sai do lugar de conforto para encontrar outros níveis do que o seguro e linear que a mesma se encontra. Não é ruim, mas, sim, decepção quando a gente pensa no que poderia ter sido com mais ousadia na sua produção. Todavia, o grande problema ainda é a percepção que Addison é uma cantora bastante limitada vocalmente e em nível de performance que é engolida pelo seu entorno em que deveria dar toda a personalidade final para a canção. Estou aberto para ser surpreendido pelo futuro da Addison, mas até agora é mais barulho que conteúdo.
nota: 7
Um Novo Recomeço
Cupid's Bow
Olly Alexander
Olly Alexander
Depois do fim do Years & Years, o vocalista Olly Alexander tentou ser uma banda de um homem só, mas não deu muito certo. Agora é a vez de reiniciar a carreira musical seguindo sendo apenas Olly Alexander. E como single do primeiro álbum dessa nova fase foi lançada a legal Cupid's Bow.
Longe dos melhores momento dele com a banda, a canção recoloca o cantor em caminho mais interessante do que vinha fazendo nos últimos tempos. E isso é devido a Cupid's Bow ser uma direta e bem azeitada synthpop que cumpre bem se papel sem maiores tropeços, mas também sem maiores grandes picos. Faltou tempero para elevar a canção e, principalmente, dar personalidade mais definida para a nova fase da carreira de Olly. Gosto, porém, da progressão que a canção tem até chegar ao seu bom clímax e também da performance requintada do cantor que coloca os toques de personalidade que a canção possui. Espero que esse seja realmente o começo da caminha certa para Olly Alexander, pois acredito que o artista é bastante talentosos para ficar entregando canções fora do se escopo de possibilidade.
nota: 7
O Bom Shawn
Heart of Gold
Shawn Mendes
Apesar de não estar nos melhores momentos da carreira em questão de qualidade, o Shawn Mendes ainda consegue entregar a boa Heart of Gold.
Uma das qualidades que sempre apontei do cantor é que ele consegue falar sobre assuntos que normalmente não são ligados tão diretamente com o estilo de artista que as pessoas acham que ele é. E nesse caso, Heart of Gold é sobre o luto e como cada uma sente e vive de maneira diferentes. A letra é simples esteticamente, mas é honesta e direta que mostra o quanto o cantor é capaz de se expor sem precisar fazer disso o ponto focal da sua carreira. A canção poderia ser melhor se não tivesse uma produção tão pastel que a transforma em uma inofensiva e meio sem graça mistura de pop, folk e pop rock. Funciona bem até certo ponto, especialmente na sua parte final com a adicional de um coral, mas falta força para elevar o material lírico e a boa performance de Mendes. Feliz que o cantor esteja podendo se expressar de maneira mais aberta também fora da música, mas sonoramente é preciso se encontrar de maneira mais decisiva.
nota: 73 de novembro de 2024
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