Tyler, The Creator
Ao analisar a carreira do Tyler, The Creator é possível perceber que o rapper conseguiu colocar em segundo plano qualquer polêmica envolvendo o seu devido a mostrar uma evolução constante e sempre em ascensão da sua presença artística. Em CHROMAKOPIA, oitavo álbum da sua carreira, o rapper não entrega exatamente o seu melhor, mas, sim, continua a mostrar o quanto alto é seu nível em um trabalho impressionante e poderoso.
Novamente, o rapper busca fundir a sua sonoridade com uma dezena de outros gêneros e subgêneros ao ir do neo soul até o jazz, passando na psicodelia até o R&B alternativo. É impressionante notar que, apesar de terem outros rappers seguindo caminho parecido, Tyler, The Creator consegue encontrar o seu lugar único devido a sua indiscutivelmente genial visão, pois cada momento de CHROMAKOPIA é adicionado da sua imensa e rara personalidade. É áspero, mas é ao mesmo tempo refinada. É ousado, mas mostra a segurança de alguém que sabe muito bem o que está fazendo. É experimental, mas tem uma linha de pensamento claro e direto. Não tem nada de comercial, mas encontra facilmente a sua faceta sobre o que é comercial para o rapper. É maduro, mas apresenta um frescor impressionante de uma artista com gana de um iniciante. E isso apenas faz aumentar a sensação de grandiosidade de CHROMAKOPIA.
Construído com o conceito de ter a mãe do rapper conduzindo as suas crônicas sobre experiencias passadas, o álbum apresenta uma coesão monstruosa em liga de maneira perfeita toda a costura do álbum, criando uma experiencia sublime e absorvente que faz a gente ficar grudado nos fones sem perder a atenção em cada nova faixa devido a sua progressão constante e cativante. É isso é ainda mais impressionante quando a gente percebe que, mesmo conversando entre si diretamente, todas as faixas aqui apresentam claramente diferenças sonoras grandes entre si. Entretanto, o fio condutor que é colocado durante o álbum (as gravações da voz de Tyler) e as suaves transições sonoras fazem esse trabalho pesado, mas de maneira natural e quase imperceptível se não tiver sido analisando com mais cuidado. O ápice dessa qualidade de CHROMAKOPIA fica longo da sequencia das primeiras cinco canções do álbum que é sem nenhum duvida a melhor primeira metade de um álbum em 2024.
Tudo começa com o soco no estômago St. Chroma com participação do Daniel Caesar que se destaque especialmente pela sua batida extremamente marcante e a performance acachapante do Tyler que entrega o primeiro verso de maneira sussurrada que, porém, é tão poderosa e agressiva. Logo em seguida surgi a raivosa e áspera Rah Tah Tah que mostra o Tyler das antigas ainda vive e bem. Então, a faixa é sucedida por dos ápice do álbum na impactante Noid que termina sendo uma explosão sonora em que o rapper mistura vários gêneros de maneira deslumbrante em busca de uma batida inesquecível, especialmente devido ao uso decisivo do sample de Nizakupanga Ngozi da banda da Zâmbia Ngozi Family. Em Darling, I, o álbum dá uma guinada ao entrega uma refinada e classuda mistura de soul com R&B em uma deliciosa batida com a presença iluminada de Teezo Touchdown. A sequência termina com a refinada jazz fusion/rap jazz Hey Jane em que Tyler entrega a sua performance mais intimista e sentimental da sua carreira. E falando em performance, CHROMAKOPIA é um álbum que realmente ganha vida pela presença do rapper, pois, além de ter a sua voz o poder um trovão, Tyler vem refinando cada vez sua versatilidade para conduzir os mais diferentes estilos que o mesmo constrói para o álbum. O momento mais impressionante de versatilidade é na incrível Take Your Mask Off em que o rapper entrega uma performance linear, mas que acerta toda a sensibilidade da melodia e dar profundidade para o resultado final. Outros momentos de destaque do álbum é o divisível e divertida Sticky com as participações de Sexyy Red, GloRilla e Lil Wayne, a delicada e emocional Like Him em parceria com a Lola Young e a divertidíssima Balloon com a Doechii. CHROMAKOPIA é o atestado que Tyler, The Creator está no caminho para entrar sem volta no panteão dos maiores de todos os tempos. E é isso é mais do que merecido.
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