Halsey
Tenho que dizer que demorei bastante para ouvir o álbum The Great Impersonator da Halsey por alguns motivos. Primeiro, devido a ter mais de uma hora e dezoito faixas, precisei tirar um tempo bom para poder ouvir com cuidado o álbum e isso foi difícil devido a minha vida ultimamente corrida. E em segundo, e mais importante, estava com medo de ter uma reação muito negativa e ficar com remorso por ser um trabalho tão pessoal da cantora. Felizmente, a minha reação é até positiva, mas também preciso apontar vários pontos negativos que impedem o álbum de ser realmente um trabalho marcante.
Para quem não sabe, o álbum é uma coleção de crônicas da Halsey sobre a sua vida, especialmente devido aos sérios problemas de saúda que a mesma enfrentou nos últimos anos que a quase levaram a morte. E isso é feito de uma maneira tão honesta que dá para perceber claramente que as letras aqui foram usadas como forma de expiação, reflexão, desabafo e libertação da dor e sofrimento que a artista passou. Louvável e tocante, as composições nem sempre acertam o alvo esteticamente, pois, ás vezes, soam um pouco formulaicas e redundantes. Isso não tira o fato de estarmos diante de uma artista abrindo completamente e destemidamente o seu coração como poucas são capazes de fazer. O problema, porém, é que sonoramente The Great Impersonator não encontra nunca o seu lugar devido o seu gigantesco conceito que é explorado de maneira vazia.
O álbum é uma viagem sonora por gêneros e subgêneros do pop e rock de décadas passadas. E isso é algo impressionante, pois o álbum consegue navegar por essas décadas de maneira sólida em que é possível perceber a mudança de sonoridades. Todavia, apesar de uma equipe estrelada de produtores, o resultado termina sem a força que a ideia deveria ter devido ao fato de tudo soar “forçado”. E nem é um forçado no reino do pretencioso, mas, sim, um forçado que tentou demais fazer algo que deveria soar natural. Então, esse o grande e pesado problema de The Great Impersonator que o afunda de um possível trabalho genial para um trabalho apenas bonzinho, mesmo sendo de uma honestidade tocante. É claro que existem bons momentos no álbum que dão certo centro gravitacional para o resto das canções, começando pelo single Lonely is the Muse “ao ser uma edificante e surpreendente balada de rock alternativo/post grunge/ que claramente tenta emoldurar uma sonoridade dos anos noventa como, por exemplo, ouvida na banda Hole. Épica e com um instrumental classudo, o grande destaque da canção é a poderosa e sentimental performance da Halsey que consegue não apenas transmitir toda a força da sua composição, mas também mostrar a versatilidade da cantora”. Outro grande momento é na sentimental abertura Only Living Girl in LA que navega bem entre o indie rock e pop rock em uma batida grandiosa, mas que tem substancia para preencher. Também quero citar a ótima composição de Panic Attack e sua vibe setentista e a densa e dramática Arsonist. The Great Impersonator é o tipo de trabalho que respeito muito devido ao que significa para a Halsey, mas como critico poderia ser bem melhor.
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