29 de dezembro de 2024

Os Melhores Álbuns de 2024 - Parte I

 


25. Samurai
Lupe Fiasco


"Acompanhar a viagem que Lupe faz é tão adsorvente que mesmo não seja totalmente compreensivo é totalmente fascinante desde os seus primeiros momentos. E isso é fato já que o álbum começa com a melhor canção do álbum: a homônima Samurai. Uma sedosa e envolvente jazz rap/hip hop que mostra perfeitamente a grande qualidade do álbum que é a sua espetacular instrumentalização. Mesmo que a gente não seja atraído pela história, o álbum nos envolve pela sua pungente, fluida, cuidadosa e iluminada produção que consegue dar não apenas forma para o álbum, mas, sim, toda uma personalidade que era necessário para tamanha ideia por trás. E o mais incrível é que aquele vírus da brevidade que vem afetando a musica atualmente não parece ter nenhuma força aqui, pois, apesar de ter apenas oito faixas e cerca de trinta minutos, o resultado final de Samurai parece completo que não deixa nenhum gosto para a gente precisar e/ou querer mais. Lupe dá seu recado de maneira decisiva com começo, meio e fim de maneira a mostrar que dá para ser breve sem parecer que está incompleto."

24. Sophcore
Moses Sumney


"Em contrapartida do extraordinário græ de 2020, o EP mostra um artista menos experimental para seguir um caminho mais neo-soul/ R&B que é permeado por uma camada de ousadia que consegue manter a personalidade do artista basicamente intacta. E tudo começa pela reverberante e envolvente I'm Better (I'm Bad). A produção estabelece uma sólida base R&B para a canção para ir enfeitando com nuances e texturas que vai criando toda a atmosfera inspirada da canção para finalizar em um clímax deliciosamente sexual. Logo em seguida, o EP apresenta a melhor canção do trabalho: a sexy e graciosa Vintage. Transitando em uma área neo-soul, a canção tem essa vibração distinta e peculiar que parece algo que o Maxwell lá nos anos noventa, especialmente no genial Maxwell's Urban Hang Suite. E acreditem que isso é elogio imenso para qualquer artista receber. Mesmo sendo apenas uma “intro/interlude”, Whippedlashed mantem o bom nível ao continuar a fluidez sonora do EP para introduzir a excitante Gold Coast.

Sonoramente, a faixa continua a ter essa base segura, mas é sem nenhuma duvida a mais ousada de Sophcore ao adicionar uma carga nítida de experimental e eletrônico que a transforma em um trabalho mais cadenciado e estilizado. O que faz a canção ser ligada de fato com o resto do trabalho é a presença magnifica de Moses Sumney que entrega uma performance tão magnética ao deixar o seu único timbre brilhar. E isso também é nítido em Hey Girl, pois o cantor parecer buscar influencia direta do Prince em uma canção que devido a sua suculenta performance explode sexualidade quente e convidativa. Finalizando o EP, a faixa Love's Refrain arremata tudo que foi ouvido com classe e um gosto claro de quero mais que deixa a gente desejando que não terminasse. E assim espero que seja o próximo trabalho de Moses Sumney."

23. Bird's Eye
Ravyn Lenae


"Em resumo, Bird's Eye é um trabalho azeitado de R&B contemporâneo com neo-soul, mas que adornado brilhantemente com gêneros como hip hop, bedroom pop, afrobeats, reggae e até mesmo MPB. E o ponto de equilíbrio disso tudo é a fluidez e maturidade que tudo é coloca ao longo do álbum, fazendo a gente ir sendo cativado aos poucos pelo delicado costurar da produção. O mais curioso é que a produção que tem nomes como Terry Lewis, Jimmy Jam, Steve Lacy, entre outros consegue dar uma sensação de segurança para o trabalho em que dá a impressão que realmente não vamos encontrar nada de realmente surpreendente sonoramente, mas isso é uma falsa pista já que existem experimentações ousadas em vários momentos. Mesmo que não quebrem expectativas, essas ousadias que dão substancia para Bird's Eye. E a maior e melhor delas é na graciosa e deliciosa One Wish com uma contida, mas bem vinda, participação do Childish Gambino. Uma neo soul deliciosamente envolvente, a produção usa a melodia e sample de Estou Perdido No Meio Da Rua de 1971 da dupla de soul/rock brasileira Tony & Frankye. Esse toque brasileiro tão pungente faz a canção ganhar um brilho especial, mas que também combina perfeitamente com a vibe da canção. É ousado, mas faz sentido seria a melhor definição. Outro momento nesse mesmo reino é a também gotosíssima Dream Girl em a participação do Ty Dolla Sign poderia indicar uma queda de qualidade estética na canção devido a fato do estilo do rapper parecer não combinar com o estilo da canção. Entretanto, o resultado da presença do rapper é o que faz a canção realmente funcionar tão bem e ainda tem a sua parte final que novamente parece emoldurar a música brasileira. Entretanto, o grande momento do álbum é em que Ravyn Lenae brilha sozinha devido aos seus vocais angelicais e inspirados em Love Is Blind. Outros faixas de destaque ficam por conta da R&B/ bedroom pop, a graciosa From Scratch e, por fim, fechando o álbum de maneira inspirada em Days. Mesmo não sendo um grande sucesso comercial, Bird's Eye faz com que Ravyn Lenae tenha um dos melhores álbuns do ano que você não deve escutado."

22. All Born Screaming
St. Vincent


"A principal diferente entre o atual álbum e o seu antecessor é na sua atmosfera. Ao contrário do esplendor sensual ao ser “uma ode, elogio, carta de amor, reconstrução e exaltação de uma mistura de rock, soul, funk, psychedelic e indie pop que era ouvido naquele período de tempo” que nesse caso era dos anos setenta, All Born Screaming é um contido e contemplativo desfile por referencias mais recentes: os anos noventa. É fácil notar ecos de nomes como, por exemplo, Nine Inch Nails, Radiohead, R.E.M, entre outros. Novamente, o grande trunfo da produção capitaneada pela própria artista é fazer essas ligações sem em nenhum momento soar como cópia e/ou datado. Na verdade, o resultado final é revigorante e de um frescor puro que apenas a capacidade de uma artista como St. Vincent é capaz de entregar ao navegar de forma azeitada por essa mistura de art rock, post-grunge, rock industrial, rock progressivo e pop rock. Faltou, porém, a explosão que fez de Daddy's Home tão memorável, pois aqui tudo é mantido mais um linear sonoro que ajuda dar coesão para o resultado final, faltando essa pegada mais pungente."

21. Romance
Fontaines D.C.


"A grande qualidade da banda aqui é transitar em alguns gêneros sem ser uma jukebox, mas também sabendo muito bem entender os caminhos por qual percorrer. E o maior responsável por essa sensação é do produtor James Ford que vem se especializando em conseguir atuar de maneira sempre refinada e inteligente com os mais diversos nomes, indo da Jessie Ware e Kylie Minogue até Arctic Monkeys e Depeche Mode. Em Romance, o produtor consegue se transmutar novamente ao conduzir seguramente toda a excentricidade da banda, dando um aspecto apurado, maduro e sempre envolvente para a sonoridade que transita entre o post-punk, indie rock, britpop, dreampop e chamber pop. Tenho que dizer que tem alguns momentos do álbum que o resultado parece grandioso e profundo que realmente o álbum entrega, mas isso não é exatamente um problema grande devido a ótima condução instrumental e essa sensação que essa pretensão combina com o charme do álbum. E quando está trabalhando da melhor maneira possível temos alguns grandes momentos, sendo um dos ápices a sensacional Starburster ao ser um texturizada, climática e eletrizante mistura de art tock, post-rock e toques de rap rock."

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