10 de janeiro de 2019

Top 30 - Melhores Álbuns (Parte IV)




Parte I
Parte II
Parte III

15. Honey
Robyn


"Normalmente, uma canção pop não é necessariamente um momento em que a faz gente parar seriamente para pensar sobre a sua mensagem, mesmo que existam várias canções que tenham letras com essa característica. Quando uma canção desse tipo apresenta esse detalhe é necessário a gente parar um pouco e pensar sobre a mensagem e, então, dar o sentindo pretendido pelo artista. Com a Robyn, a situação muda completamente, pois as suas canções demandam que o público tenha essa percepção logo de cara, criando um novo patamar para um trabalho como Honey. E, queridos leitores, a cantora não poupa esforços nesse sentido no álbum. Recheado de letras sobre corações partidos, solidão, amores conturbados, desejos ardentes, sentimento de culpa e uma deliciosa sensação de leveza em se apaixonar, Honey é envolto em uma delicada, mas pungente, atmosfera que transita entre a excitação para a melancolia para a luxúria para alegria a e, finalmente, para a tristeza e a contemplação que consegue retirar emoções verdadeiras de quem escuta o álbum. E o melhor que as composições não precisam de complicadas e complexas letras, pois o cerne central dos trabalhos da Robyn é alcançar todo o que já foi dito utilizando a simplicidade em construções liricas que privilegiam a delicadeza e a elegância Nunca, porém, as letras chegam perto do simplista. Longe disso na verdade, pois os trabalhos são de uma inteligência única como é caso da sentimental Because It's In The Music, uma das melhores do álbum, sobre a dor de um pós-relacionamento em que é preciso refletir sobre o que foi bom e, claro, o foi ruim."

14. Sweetener
Ariana Grande


"O grande destaque do álbum é a mudança perceptível na sonoridade de Ariana que, normalmente transitava entre o pop/dance pop e o R&B, se transforma em um pop/R&B contemporâneo que flerta pesadamente com o hip hop e trap music, resultando em algo que pode ser denominado como urban pop/R&B. Essa transformação sonora é claramente por influência direta do Pharrell Williams que produziu/escreveu sete das quinze faixas de Sweetener. Com a experiência e o estilo já consagrado do produtor, o álbum ganha a distinção de ser o álbum mais coeso e adulto de Ariana,. Além disso, o produtor consegui suavizar em quase a zero o peso da transição sonora e deixando todo trabalho fluido e leve como uma pluma. Até mesmo as outras canções que não possuem a produção de Pharrell bebem dessa fonte tão única, mas conseguem também possuir a marca de seus produtores como é o caso de Ilya Salmanzadeh e Max Martin que são donos dos dois singles e as melhores canções do álbum: God is a woman e no tears left to cry."

13. Invasion of Privacy
Cardi B


"Invasion of Privacy mostra do começo ao fim o potencial verdadeiro de Cardi B, provando por a mais b que a rapper é uma verdadeira força da natureza que deve ser reconhecida como. Em pouco mais de quarenta e cinco minutos, Cardi B pega as rédeas dos caminhos do álbum ao entregar performances avassaladoras, cheias de sua personalidade única, maduras, versáteis, refinadas, maiores que a própria vida, lotadas de sentimentos diversos, elegantes quando precisa, popular em outros momentos, descontraídas, sérias e exalando cores, texturas e sabores. É até difícil entender como uma novata conseguiu chegar a essa nível, mas talento nem sempre precisa de muita explicação e Invasion of Privacy mostra essa teoria. Colocando-se no nível das poucas grandes rapper femininas como, por exemplo, Lil' Kim, Missy Elliott e Lauryn Hill, Cardi não imita nenhuma outra artista, mas, sim, consegue criar o seu próprio nicho ao misturar a sua perfeita e cirúrgica forma de "spit" (palavra em inglês que denomina a forma de "cantar" as palavras de um rapper) com a sua personalidade singular. O resultado é algo explosivo, provocante, inovador, excêntrico, inimitável e de um carisma único."

12. The Kids Are Alright
Chloe x Halle


Chloe x Halle é o tipo de dupla que não são apenas boas compositoras/produtoras, mas são excepcionais cantoras. Ambas com timbres delicados e doces, mas que apresentam notáveis diferenças entre maneiras de como usam os seus instrumentos vocais. Com uma voz apenas, as duas tem uma harmonia fantástica. Todavia, o melhor é que elas parecem procurar se diferenciarem, mostrando personalidades diferentes e cantando mais tempo em solos sendo acompanhadas pela presença uma da outra do que cantarem em apenas "uma voz". Esse é outro aspecto que dá a imensa personalidade para a dupla como é caso da sensacional indie pop/soul Babybird em que elas também mostram influência old school. Apesar de ainda muito jovens, a dupla mostra uma maturidade espantosa para falar de assuntos com solidão, empoderamento, felicidade, amor e amadurecimento de forma tão profunda e emocionante com é o caso da linda Cool People que tenho quase certeza que tem sample da melodia de I'll Be There dos The Jacksons 5. O único problema do álbum é a quantidade de faixas: 16 ao todo. Em uma versão "editada" com talvez dois ou três faixas a menos o impacto do resultado final seria ainda mais arrebatador. Outros grandes momentos do álbum ficam por conta da fofíssima Happy Without Me com a presença do rapper Joey Bada$$, a animada Grown, a inspirada em trap music Everywhere, a interessante Fake e o tema do filme Uma Dobra no Tempo Warriorque merecia uma indicação ao próximo Oscar. Com The Kids Are Alright, Chloe x Halle quebram qualquer expectativa para artistas novatas e iniciam uma carreira que deve dar frutos ainda melhores."

11. Dancing Queen
Cher


"Chegando ao seu 26° álbum da carreira aos 72 anos, Cher ainda mostra a sua força na realeza pop ao decidir regravar os maiores sucessos de outra parte da realeza pop, o quarteto sueco ABBA. Inspirada pela ótima recepção da sua participação na continuação do filme Mamma Mia! em que interpreta a mãe da Merly Streep (?!?!?!), a cantora se juntou novamente com o seu colaborador de longa data Mark Taylor (produtor de Believe) e, também, teve a presença executiva de dois dos quatro integrantes da banda (Benny e Björn) para dar vida a um trabalho que, ao mesmo tempo, reverência os originais e introduz toda a personalidade "large than life" da Cher. Essa mistura poderia muito bem acabar em um desastre gigantesco ao ser a colisão frente de duas frentes tão fortes, mas o resultado de Dancing Queen é um verdadeiro presente para o público de ambos artistas ao ser um dos melhores e mais refinados trabalhos pop do ano e, sem dúvidas, o melhor álbum da carreira da Cher.

Apesar de conhecidas mundialmente desde os anos setenta, as músicas do ABBA são muito mais complicadas de serem regravadas do que a gente pode imaginar e qualquer pequeno erro pode acabar em um desastre. O grande mérito da banda foi terem criado canções pop de fácil assimilação pelo grande público com letras cativantes e de sonoridades mais grudentas que chiclete recém mascado no chão, mas que guardam verdadeiras surpresas ao terem letras mais profundas que uma simples olhada pode revelar e, principalmente, arranjos bem mais complexos e ousados que se pode imaginar. Por causa disso, as canções do ABBA podem se tornar verdadeiras bombas minadas para quem decide regrava-las, mas sabendo como transitar entre todos os espinhos de forma competente chega o resultado que ouvimos em Dancing Queen. A produção acerta no tom do álbum ao respeitar as versões originais, mas sabendo como atualizar cada canção de maneira que possas ser canções atuais e, principalmente, canções da Cher. Caminhando entre o dancepop, o electropop e o bom e velho pop, Dancing Queen consegue divertir e emocionar ao unir esses dois mundos de uma forma tão irresistível e deliciosamente nostálgico que fica difícil não se deixar levar por cada canção assim como nas versões originais como é o caso do single Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight ou a divertidíssima Mamma Mia. Nem todas as canções funcionam plenamente como era de esperar como é o caso da versão "semi" dançante da que deveria ser a mega balada do álbum The Winner Takes It All que é, na minha opinião, a maior balada pop de todos os tempos. Entretanto, nada disso, porém, consegue atrapalhar a grande estrela do álbum: a própria Cher."

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