6 de fevereiro de 2020

Os 50 Melhores Singles de 2019 - Final




Parte I


25. Never Really Over
Katy Perry


"Melhor que todas as canções dos seus dois últimos álbuns, Never Really Over é o retorno ao pop que a Katy fez ao consolidar a sua carreira como uma das maiores divas pop do novo milênio. Nada de extravagancias vergonhosas ou mediocridade entediante, o single é um eficiente, carismático, bem produzido e com personalidade electropop que apresenta certa originalidade na sua construção."

24. Gimme
Banks


"A grande surpresa que Gimme proporciona é conseguir ouvir a sonoridade da cantora evoluir sem perder a sua essência inicial. A canção é um afiado e bem explorado electropop com toques generosos de R&B alternativo, art pop e industrial, criando uma canção madura, interessante e com uma atmosfera sombria na medida certa."

23. Don't Start Now
Dua Lipa

"Assim como quase toda a sonoridade que a jovem apresentou no seu primeiro álbum, Don't Start Now quebra as expectativas ao ser apenas mais que um bom e feito pop. Dessa vez, a produção resolveu adicionar ao dance-pop base uma mistura energética, elegante e vintage de post-disco com toques de funk que cria uma batida clean, original, carismática e com personalidade suficiente para dar continuidade a carreira da Dua Lipa e, ao mesmo tempo, continuar a mostrar que a cantora não é uma diva pop descartável."

22. Pode Me Perdoar
Tássia Reis



"A canção tem claramente influência do R&B americano em batida contagiosa, delicada e encantadora que ajuda a cantora se colocar no mesmo patamar que estrelas atuais do gênero como, por exemplo, Solange, Kehlani e H.E.R. Comparação válida, pois a mesma apenas equipara talentos com a mesma força artística. O diferencial de Tássia Reis é que Pode Me Perdoar mergulhada também em influências nacionais de como a sonoridade soul foi restruturada com, por exemplo, nos bailes de charme e com a influência de nossos gêneros como o samba e rap nacional."

21. Borderline
Tame Impala


"Borderline é uma suave, envolvente e deliciosa psychedelic pop/disco que lembra muitos os trabalhos do Dark Punk, especialmente o Random Access Memories de 2013. Não é uma cópia ou coisa parecida, mas é nítido que o Tame Impala explora alguma influência que possuem em relação ao duo francês."

20. Thursday (feat. H.E.R.)
Jess Glynne


"Primeiramente, assim como em Don't Be So Hard On Yourself, Thursday tem uma composição que invoca um linha tênue entre a auto ajuda barato e o empoderamento próprio. Felizmente, a canção pende bem mais para o segundo, entregando um emocionante, sincera e bonita letra sobre amar a si próprio em primeiro lugar. Co-escrita ao lado de Ed Sheeran e o produtor Steve Mac, Jess mostra que entregar composições que passam uma mensagem e, ao mesmo tempo, possui aquele fator pop perfeito para virar sucesso comercial."

19. Dirty Laundry
Danny Brown



"Longe do minimalismo que pode se transformar em pobreza sonora do trap, o single é um voluptuoso, rico e original hip hop que brinca e flerta pesadamente com indie e o experimental para criar uma batida única, original, refrescante, divertida e audaciosa."

18. Be Honest (feat. Burna Boy)
Jorja Smith


"Desde já a canção já pode ser chamada de a melhor música que a Rihanna nunca gravou, sendo que Be Honest é uma mistura perfeita da RiRi mais pop com aquela que ouvimos em Anti. Entretanto, não vá esperando que a canção sofra de qualquer síndrome de falta de personalidade, pois a presença majestosa de Jorja injeta doses cavalares de carisma em uma presença vocal impressionante. Sabendo com se comportar como uma tradicional e comercial diva pop e, ao mesmo tempo, injetar nuances que acrescentam "enchimento" para a sua performance, criando algo realmente empolgante e excitante."

17. People
The 1975


"Lembrando a urgência dos trabalhos do Green Day em seu ápice, People é uma cortante, ácida e inteligente reflexão sobre a geração millennial que ajuda a dar uma ideia sobre como deve ser o álbum Notes on a Conditional Form."

16. Conversation
Lucy Rose


"Conversation é uma melancólica, delicada e, por vezes, devastadora balada indie pop sobre as lutas e as pequenas batalhas de estar um relacionamento. Contida em palavras, mas com com um leque de emoções atrás de cada palavra, Conversation é o tipo de canção que faz a gente ser retirado do chão em transe hipnótico ao ouvir e sentir toda a sua força emocional. E a performance calma, contida e de uma beleza angelical de Lucy parece amplificar essa sensação ao não dar espaço para grandes arrombos emocionais, trabalhando no limite entre passivo e contemplativo."

15. Blinding Lights
The Weeknd


"Claramente, um aceno vigoroso para os anos oitenta, a canção é uma fusão estilosa de synthpop com toques de electropop em atmosfera melancólica e levemente sombria. Pense na trilha de Strange Thing encontra as pistas de dança lá por volta de 1985, pois Blinding Lights é exatamente essa "cria" que nasce desse encontro. Um trabalho realmente sensacional."

14. Downhill Lullaby
Sky Ferreira


"O single é impactante e penetrante trabalho de rock alternativo mistura com inteligência com art rock e toques surpreendentes de dream pop, criando uma canção sombria, pesada e com uma pegada de adulta. Nada de caminhos fáceis ou soluções previsíveis, Downhill Lullaby e os seus mais de cinco minutos e meio fazem o público entrar em uma espiral sufocante e de uma atração irresistível, principalmente devido a sua difícil digestão."

13. Glad He's Gone
Tove Lo


"Glad He's Gone é o tipo de canção que precisa ser ouvida mais de uma vez para conseguir compreender a sua originalidade. Primeiramente, a produção é uma estranha, cadenciada e mid-tempo mistura de electropop com dream pop que parece soar nada atrativo para o público em geral. Todavia, ao prestar melhor atenção é possível notar uma peculiar inteligência em criar algo realmente diferente, original e divertido sem ter medo de não ser tão comercial já que uma canção pop tem quase a obrigação de ser viciante logo na primeira "degustação"."

12. holy terrain (feat. Future)
FKA twigs


"A melhor definição sonora para holy terrain é que a FKA twigs foi capaz de criar uma das primeira trap indie pop art. De cada um dos gêneros fundidos, a canção se beneficia das melhores qualidades de cada uma: a batida marcante e bem marcada do trap, a sensação de quebrar as barreiras do convencional que o indie é impregnado, o delineamento estrutural do pop e o refinamento intelectual e estético que a elevação a categoria de art pode trazer. Tecnicamente, holy terrain é um espetáculo, mas é a sensação que canção exala que ajuda a transforma-la em um trabalho memorável."

11. Ibtihaj (feat. D'Angelo & GZA)
Rapsody


"Single do seu terceiro álbum, Ibtihaj é em homenagem a primeira americana muçulmana a competir nas Olimpíadas. E, assim como esse fato, a canção apresenta uma força sonora impressionante e que consegue dar a rapper uma dimensão artista incomparável com a suas contemporâneas. Dona de uma batida marcante, madura e que beira o épico, a canção apresenta uma produção que consegue prestar uma homenagem a sonoridade clássica do rap/hip hop, mas sem parecer uma cópias ou perder o senso de modernidade."

10. Moderation
Florence + The Machine


"Moderation continua o caminho da banda em uma direção mais rock que mostrou no álbum do ano passado. Ao contrário da maioria das faixas do mesmo, porém, a nova canção tem uma pegada bem mais contundente e uma atmosfera de urgência que é o que faltava para conseguir carregar perfeitamente o peso da mudança dessa sonoridade. Em Moderation, o público pode ouvir plenamente o que a banda é capaz de fazer ao caminhar em um território indie rock sem perder aquela suntuosidade original da sonoridade deles, mas respeitando e refinando as influências dos anos '70. Impactante do começo ao fim e com uma instrumentalização avassaladora, Moderation é sobre a vontade de se entregar de cabeça em suas relações sem ter medo das consequências."

9. Ill Wind
Radiohead


"O Radiohead cria uma sombria, complexa e impressionante mistura de art rock com eletrônico que flerta fortemente, na sua primeira parte, com a nossa bossa nova (!?!!?!), criando um espetáculo sonoro de cair o queixo. Ao mesmo tempo em que tudo parece não fazer sentido nessa mistura, Ill Wind encanta com a sua sublime fluidez e a sua construção instrumental impecável. É nessa dualidade de sentimentos que Ill Wind encontra o seu alicerce central. Com uma performance fantasmagórica de Thom Yorke que entoa pouquíssimas, mas com um significado mais profundo que canções com letras verborrágicas"

8. New York City
Kylie Minogue


"New York City é, sem nenhuma dúvida, a melhor canção lançada como single pela cantora desde a já clássica All The Lovers em 2010. E, por que não, uma das melhores da carreira. Uma eletrizante, inspirada e refinadíssima dance-pop/post-disco/funk pop que tem na sua excepcional produção a base perfeita para entregar a perfeição pop que uma diva pop do calibre da Kylie Minogue. Classuda, poderosa, divertida, despretensiosa, viciante e carismática é o que melhor defini o single e, também, o que se faz de necessário para uma verdadeira canção pop."

7. Gone
Charli XCX & Christine and the Queens


"Gone é o tipo de canção que a Charli XCX sabe fazer melhor: estranha, dançante, pouco mainstream e, ao mesmo tempo, uma verdadeira explosão pop. E a produção acerta em todos os quesitos, entregando o que deve ser a melhor canção da cantora até o momento. Uma mistura azeitada e pouco usual de electropop com influências de industrial e pc-music que cria uma batida esquista, cadenciada e pouco convencional. E, mesmo assim, Gone é o tipo de canção pop que deveria estar no topo das paradas devido a sua originalidade e qualidade."

6. Unshaken
D'Angelo


"Unshaken é uma impactante fusão de neo soul, blues, indie soul com toques de bluegrass que poderia se tornar uma canção com uma atmosfera despretensiosa, mas que, felizmente, termina com uma sensação de importância e profundidade impressionantes. Começa pela produção de uma genialidade ímpar, pois, além de saber misturar todas as referências de forma magistral, entrega uma instrumentalização de tirar ao folêgo ao construir a batida de forma sempre contida, construindo uma atmosfera slow burn, isto é, uma atmosfera que vai sendo cozinhada aos poucos com o intuito de criar sensações pungentes que nunca chegam a estourar, mas que são tão fortes como uma erupção de vulcão."

5. AmarElo (feat. Majur & Pabllo Vittar)
Emicida


"AmarElo também tem uma composição original espetacular que é uma mensagem de otimismo para aqueles que estão vendo a desesperança reina em um Brasil a beirada do abismo. Negros, pobres, LGBTQ+ e todas as minorias tem na canção uma luz no final do túnel para lembrarem que ainda existe esperança. Forte, pragmática e muito bem escrita, AmarElo não seria a mesma sem a presença triunfante e magnética da performance do Emicida que, apesar de dividir os holofotes, consegue brilhar sem ofuscar. E isso é outro imenso acerto da produção, pois a mesma encontra nos marcantes vocais da baiana Majur o perfeito veículo para entoar os versos de Belchior."

4. Hello Sunshine
Bruce Springsteen



"Fazendo um aceno para o seu passado, Bruce Springsteen entrega a sua melhor canção em anos. Hello Sunshine é uma robusta, poderosa e madura country rock/rock com uma instrumentalização substancial e complexa, mas que consegue passar toda a tocante quietude que o cantor quer passar na sua genial composição. Conhecido por saber como falar sobre as dores do homem comum, Bruce entrega em Hello Sunshine uma simples, mas avassaladora crônica sobre alguém que viveu a vida toda sozinho e que, depois de muita estrada percorrida, chegou ao um momento em que está precisando de um descanso e, quem sabe, uma boa companhia."

3. Cuz I Love You
Lizzo


"Dando nome ao seu próximo álbum, Cuz I Love You é uma poderosíssima e espetacular mistura inusitada de doo-wop inspirado nos anos sessenta com adição de soul music e toques de indie rock que poderia muito bem resultar em uma bomba sonora. Entretanto, a produção da banda de rock X Ambassadors consegue dar sentido a essa loucura, criando uma canção impressionantemente ousada e com uma personalidade avassaladora. Apesar da temática romântica, Cuz I Love You é mais sobre se deixar amar ao abrir o coração sem ter medo de quebrar a cara. Bem composta, a canção não dá espaço para pieguismos sinceros, mas, sim, verdadeira desconcertante e uma lirica simples e direta. Só que a canção não teria o mesmo impacto se não tivesse a presença de Lizzo, pois a cantora entrega uma das performances vocais mais acachapantes dos últimos tempos."

2. hope is a dangerous thing for a woman like me to have - but I have it
Lana Del Rey




"A canção que faz parte do novo álbum da cantora (Norman Fucking Rockwell) é, sem dúvida, a canção mais intimista e minimalista da sua carreira que consegue, ao mesmo tempo, ser a o trabalho de maior profundidade até da sua carreira. Sempre disposta a abrir o seu coração em composições sempre muito honestas e, certas vezes, desconcertantes, sobre a sua vida de "garota too cool para a escola" e a sua distinta visão sobre tão peculiar sobre amor, paixão, tristeza e outros sentimentos com a mesma complexidade, Lana, ao lado do produtor Jack Antonoff, entrega uma composição que consegue ser a mais verdadeira, complexa e de uma poética belíssima. Acredito que a maturidade tenha ajudado a cantora, mas é necessário notar que a canção apresenta em seu interior que eleva a qualidade final. E essa característica, ao meu ver, é a naturalidade que a composição se apresenta, mesmo quando a cantora coloca referências "cult" ou constrói versos com sintaxes longas ou com imagens complicadas. Não é para qualquer público, mas hope is a dangerous thing for a woman like me to have - but I have it é um fascinante etocante trabalho sobre auto-conhecimento e empoderamento feminino que mostra que o quanto evoluiu Lana Del Rey."

1. Cellophane
FKA twigs


"Falar que Cellophane é um trabalho simplesmente genial é algo que não consegue captar toda a sua magnitude, pois o single é algo que pode ser considerado como o ponto alto de uma carreira que só tinha grandes momentos e, ao mesmo tempo, um divisor na carreira da cantora do tamanho da abertura que Moisés no Mar Vermelho. Apesar de não sair do pop/R&B art/indie/alternativo que a mesma cimentou nos primeiros lançamentos, Cellophane sua como uns dez passos a frente em relação a sonoridade que a cantora vinha trabalhando. O principal motivo é a força emocional que a mesma coloca na construção da canção, especialmente em sua incomparável performance vocal. 

Existe algo de aterrorizante e melancólico na interpretação de FKA twigs em Cellophane. É como se fosse o último canto de um cisne que está prestes a morrer de amor em uma ópera do século XIX. Ao mesmo tempo, a cantora parece querer mostrar toda a sua modernidade de referências ao dar toques de Björk e, principalmente, de Kate Bush. E apesar de tudo isso, a cantora entrega uma das performances mais originais dos últimos tempos. Dramática, enigmática, triste, depressiva, delicada, poderosa e sufocante são alguns outros adjetivos que podem ser utilizados e todos serão a mais pura verdade. Sonoramente, Cellophane pode soar como uma canção simples, mas é só observar que essa balada indie pop/art pop com base de piano é uma verdade tempestade silenciosa que vai aumentando gradativamente a sua força instrumental ao adicionar nuances sem em nenhum momento precisar explodir para alcançar o ápice. E mesmo que a composição deixa espaço para uma sensação que poderia ter mais versos, Cellophane é uma crônica cortante e tocante sobre solidão e a dor de entregar tudo para alguém e receber quase nada em troca."

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