The Weeknd
Não há como duvidar que o The Weeknd seja o maior astro pop atualmente, pois o cantor vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. O gigantesco sucesso do álbum After Hours e os mega sucessos de Blinding Lights e Save Your Tears são as provas dessa afirmação. Entretanto, o cantor ainda não tinha dado o passo decisivo para a sua consagração artista devido a pequenos erros nos seus trabalhos anteriores. Em Dawn FM, o The Weeknd consegue corrigir a maioria dos erros ao entregar o seu mais complexo, coeso e fluido trabalho da carreira, mesmo que ainda não seja a sua opus Magnum.
Nessa altura do campeonato já sabemos exatamente o que esperar de um álbum The Weeknd: “uma mistura azeitada de R&B, electropop e indie R&B que é envernizado com a atmosfera sombria, sensual e depressiva que o ajudou a dar a personalidade que transformou na força que é atualmente”. Direto da resenha de After Hours se encaixa perfeitamente para traduzir em poucas palavras a descrição de Dawn FM. Todavia, o novo álbum precisa de adicionais explicações para o entendimento do motivo de ser o seu melhor até o momento. E o principal deles é a sua coesão. A produção capitaneada pelo próprio cantor ao lado, principalmente, de Max Martin consegue não criar grandes buracos sonoros em quem o ritmo do álbum é perdido, especialmente depois da transição de pop para R&B na sua parte final. Eletrizante do começo ao fim, o álbum pega do seu conceito de ser uma estação de rádio apresentado sem parar hit atrás de hit para conseguir criar essa sensação tão importante para a sonoridade. Fazer funcionar essa ideia ao se unir perfeitamente com o outro conceito de purgatório, indo das sombras a luz, é algo realmente impressionante, pois tudo soa natural e completamente orgânico indo contra qualquer pingo de pretensão. Devo admitir que no terço final Dawn FM perde o gás, mas isso não impede que o resultado ainda seja incrível. E isso fica claro quando notamos certa ousadia do The Weeknd.
Apesar de se manter na zona de conforto sonora, o cantor consegue apostar em alguns momentos ousados para incrementar o resultado final. Especialmente durante a parte pop de Dawn FM, a produção corre alguns riscos interessantes que não mudam completamente o que esperar do artista, mas é um verniz especial e muito bem-vindo. Em Gasoline, a modelação vocal criada é um momento que pode criar certo ruido, mas, felizmente, o resultado final cria uma canção marcante e original. A faixa Here We Go... Again é uma envolvente, sensual e cadenciada R&B/synth-pop que quase cria uma balada que tem a sua força aumentada pela presença inesperada do Tyler, the Creator. Já em Take My Breath, The Weeknd mergulha na sua canção mais retro do álbum em “uma classuda e nostálgica post-disco/synthpop que busca beber da fonte dos sintetizadores de I Feel Love da Donna Summer”. Pode parecer pouco e que essas ousadias não fazem peso para o resultado final, mas Dawn FM é realmente o melhor trabalho do The Weeknd exatamente por esses pequenos detalhes. Outro fator importante aqui é a evolução das composições que se mostram as mais maduras da carreira do artista.
Não acredito que temática existe uma mudança, pois o The Weeknd continua a sua exploração de sexo, fama e depressão que nem sempre é nessa ordem e, várias vezes, aparecem todas as mesmo tempo. Entretanto, a maturidade estética apresenta no álbum é um diferencial extremamente importante no instante que consegue purificar a fusão entre o que é dito com a temática, criando momentos de pura magia pop. A simplicidade da composição de How Do I Make You Love Me? esconde a complexidade da temática sobre obsessão e desilusão. Best Friends é um ótimo e honesto trabalho sobre relacionamento tóxico. Outros momentos de destaque ficam por conta de Don't Break My Heart, Out of Time e, por fim, I Heard You're Married mesmo com a presença de Lil Wayne. Com o lançamento Dawn FM, o The Weeknd fica ainda mais fundo a sua carreira nas bases da história da musica e dá mais um passo para a criação da sua obra prima definitiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário