Pressure Machine
The KillersO The Killers é uma banda que parece sempre gerar um acalorado debate entre quem adora e quem odeia. Entretanto, a banda comandada pelo Brandon Flowers parece ainda não ter perdido a centelha artista como aconteceu com o Coldplay. E isso fica bem claro com Pressure Machine. Melhor trabalho da banda em anos, o álbum também mostra uma facete nova da banda ao criar um sofisticado e atemporal trabalho do mais puro rock americano.
Para entender o conceito por trás de Pressure Machine é necessário conhecer um pouco da discografia de Bruce Springsteen e toda a sua qualidade de narrar os acontecimentos, sentimentos e as vidas de pessoas “comuns” dos Estados Unidos, pois é exatamente esse caminho que o The Killers. Baseando na cidade natal de Brandon chamada Nephi em Utah, o álbum é como se fosse uma serie de crônicas sobre uma cidade pequena, seus habitantes, seus problemas, seus sonhos e basicamente quase tudo que está escondido atrás de quatro paredes. A ideia poderia ser um desastre, pois tudo poderia soar como uma pastiche da banda tentando imitar o estilo de Bruce ao mergulhar de cabeça na americana e no heartland rock. Felizmente, o resultado é muito acima da média devido, principalmente, a devoção da homenagem da banda para o material original.
O The Killers mostra um carinho e respeito imenso por essa sonoridade e, especialmente, pelo material de inspiração, deixando claro que Pressure Machine é um trabalho de amor: amor pela música, amor pelas pessoas e amor por sua arte. E isso fica claro em cada momento do álbum, mas especialmente nas espetaculares composições. Sem perder o toque peculiar que sempre transitou em suas letras, a banda oferece uma jornada emocionante, realista e, por várias vezes, devastadora de histórias que dialogam diretamente com a realidade. O grande ponto alto fica logo de cara com a presença da genial West Hills. Mistura de crônica de fatos com uma visão poética da vida de uma cidade pequena nos Estados Unidos, a faixa é uma mistura épica, encorpada e tocante de heartland rock com folk que consegue estabelecer toda a conexão emocional para todo o resto do trabalho. Nada aqui soa artificial ou uma imitação, mas, sim, um trabalho orgânico que parece que sempre caminhou por essas áreas. Outros momentos de destaque ficam por conta da sensacional Quiet Town que facilmente poderia ser uma faixa clássica de Springsteen, a devastadora balada Terrible Thing e a tocante Desperate Things. Apesar de chegar ao seu ápice logo de cara, Pressure Machine ainda mantem o frescor por toda a sua duração, mesmo perdendo força na sua parte final. O resultado deixa claro que o The Killers ainda tem muito o que percorrer para começar a realmente a ser um fogo de palha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário