Parte I
Porter Robinson & Totally Enormous Extinct Dinosaurs
"A parceria entre os dois parece abençoada pelos deuses da música, pois o resultado é algo poderoso, épico e desconcertantemente emocional. Construindo uma espécie de power balada eletrônica, a dupla entrega um instrumental complexo e com um verniz impressionante que mistura sentimentos reais e tocantes. A decisão por fazer a voz de Porter mais feminina com a performance segura de TEED (abreviação do nome artístico de Orlando Higginbottom) é um acerto raro no instante que a decisão cria textura para Unfold e uma química entre as duas vozes."
Silk Sonic
"Pense em uma mistura de soul, R&B e leves toques de disco que lembram um encontro de Marvin Gaye e Prince com um verniz moderno, elegante e sexual. É exatamente assim que a canção se construí, mas, felizmente, a produção vai muito além que apenas emoldurar artistas e/o sonoridades. Com uma instrumentalização excepcional, o single vai sendo desenrolado de forma fluida e com camadas de pura genialidade que dá uma substância energética e, principalmente, envolvente."
Self Esteem
"Primeiro, a extraordinária composição que parece ser de apenas auto ajuda barata, mas que guarda uma forma emocional impressionante. Parecendo uma conversa da cantora com a sua versão mais jovem, I Do This All The Time é uma coleção de conselhos sobre o que fazer e o que não fazer em relação a sua vida que é contemplado com uma visão honesta, melancólica e deliciosamente ácida. Momentos de grande carga emocional e momentos banais do dia a dia fazem parte dessa crônica/conversa que ganha ainda mais força devida a maneira escolhida para ser entoada pela cantora."
Róisín Murphy
"Remix de Simulation, canção que abre Róisín Machine e que defini na resenha como “uma genial e hipnotizante house/techno que funciona com um glorioso abre-alas que trabalha como aquela viagem psicodélica de barco na versão original de A Fantástica Fábrica de Chocolate”, Assimilation desconstrói toda a pomposidade épica da canção para entregar uma acachapante remix/versão em forma de uma mistura de EDM, post-disco, funk e toques da batida original de house/techno."
Natalia Lafourcade
"Com um pouco mais de nove minutos, Alfonsina y el Mar é na teoria uma canção simples. Basicamente voz e violão com a inclusão de outros instrumentos e efeito sonoros aqui e ali, a produção parece buscar uma estética acústica para dar a atmosfera ideal para que a canção seja como uma narração de uma lenda de raízes latinas musicada. E, apesar de toda a simplicidade sonora, o resultado é uma verdadeira viagem por uma melodia falsamente simples que se mostra um trabalho intricado, complexo e de uma riqueza melódica impactante. Assim como um contar de história, a canção pega atalhos, desvios e caminhos que seriam quase inimagináveis, criando uma canção densa, envolvente e de uma noção emocional devastadora."
Little Simz
"Refletindo não apenas as suas experiências pessoais, mas, também, expondo de forma inteligente sobre o papel do homem na criação de filhos, I Love You, I Hate You apresenta uma das composições mais brilhantes dos últimos tempos, pois consegue ser tecnicamente perfeita e de uma força emocional descomunal ao mostrar uma vulnerabilidade tocante de uma pessoa em busca de resposta para o motivo de ter o que deveria ser o relacionamento mais importante completamente despedaçado."
Jessie Ware
"Nostálgica, sensual, elegante, divertida, modernosa, inteligente e viciante são apenas alguns dos adjetivos que podem ser associados ao single, mas, sinceramente, os mesmos ainda não dão conta totalmente de toda a qualidade da canção. Possivelmente, a canção que melhor transmite toda a atmosfera da verdadeira era disco sendo descolada do começo ao fim, Hot N Heavy apresenta uma composição descomplicada que é ideal para conseguir equilibrar toda a parte estética com uma temática romântica, sexy e com construção perfeita, especialmente o sensacional e delirante refrão."
Squid & Martha Skye Murphy
"Na sua versão original, o single tem quase oito minutos e meio de uma construção que mistura post-punk, toques de post-disco, funk e rock alternativo para criar uma jornada psicodélica, surpreendente e inesperada que começa em um caminho para chegar em outro completamente diferente e, queridos leitores, apoteoticamente genial. Especialmente a sua parte final em que o arranjo dá uma quinada sombria e de uma força descomunal. O vocalista Ollie Judge é como um anfitrião que vai enlouquecendo em uma crônica sobre sentimentos cruéis e completamente confusos que tem a contraparte a presença da cantora Martha Skye Murphy em passagens realmente significativas sem precisar ser um verdadeiro dueto."
Lucy Dacus
"Thumbs mostra a cantora de indie rock entrando em um nível novo, pois o público é contemplado com uma verdadeira obra de arte em forma de canção. E parte dessa sensação vem da sua magistral e devastadora composição. Lucy narra o encontro de uma pessoa que a mesma ama com o pai do mesmo, contando de forte tocante e forte toda os sentimentos envolvidos. Na composição, esse pai ausente parece querer reatar um relacionamento que no passado causou apenas sofrimento sem parecer se importar em assumir seus erros do passado. Vendo a pessoa que ama completamente abalada emocionalmente com esse encontro, Lucy faz uma confissão chocante e, ao mesmo tempo, compressível ao falar do genial refrão: I would kill him/ If you let me."
Little Simz
"Woman é uma envolvente, melódica, cadenciada e encantadora mistura de rap, neo soul e R&B. Provavelmente uma das canções mais gostosas de se ouvir em 2021 ao ter uma produção que saber criar algo excitante e valorizar todas as suas influências, a canção é o tipo de que quase não se escuta mais ao soar com se tivesse saídos dos anos noventa durante o apogeu do neo soul. Apesar de ter uma base que parece ser linear e constante, a instrumentalização da canção é alimentada por suaves e substancias nuances que dão a riqueza necessária para que a canção possa ser tão robusta, mesmo que tenha uma atmosfera contida e delicada. Em performance extremamente relaxada sem nunca ser desinteressada ou desinteressante, Little Simz se apresenta novamente com uma rapper amadurecida e dona de uma capacidade de se moldar em diferentes direções dependendo do material em mãos. A cantora Cleo Sol é adição perfeita para entoar o refrão e a ponte final, pois a sua aveludada voz completamente a vibe neo soul com perfeição. Em uma composição longa, mas que nunca perde a relevância, a criatividade e o foco, Woman é uma celebração a sororidade e o empoderamento da mulher de cor em uma das letras melhores escritas do ano."
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