4 de janeiro de 2022

Top 30 - Melhores Álbuns de 2021 - Parte II

 


Parte I


25. WINK
CHAI


"O que se nota primeiro em WINK diferentemente do trabalho anterior é a mudança de rumos sonoros adotados pela banda: bem menos punk e muito mais pop. Não apenas pop, mas, sim, uma explosão pop com várias camadas entremeadas em uma construção levíssima e doce como algodão doce, misturando dance-pop, R&B, disco, pc music, pop rock, hip hop e o simples pop. Entretanto, não espere nada que seja realmente previsível, pois a banda continua a injetar a sua adorável e única personalidade em cada segundo de cada canção. E é por isso que o álbum é elevado para um outro patamar, pois estamos ouvindo o que quatro japoneses entendem sobre o pop. Como um encontro de frente entre o oriente e ocidente, WINK é esquisito, despretensioso, fofo, tecnicamente eficiente, eletrizante e de um carisma único."

24. In These Silent Days
Brandi Carlile



"Se By The Way, I Forgive You defini como “uma gentil tormenta de emoções”, In These Silent Days é a calmaria fervilhante depois do temporal. Procurando esperança e reconciliação com outros e consigo mesma, Brandi Carlile parecer querer encontrar uma paz interior depois de cuidar de feridas e juntar pedaços de si mesma. Ao mostrar caminhos e não apontar dedos, as composições do álbum são de uma beleza honesta que tira lágrimas sem fazer a gente ter uma crise de choro. E isso fica bem nítido na poderosa Right on Time, power balada sobre precisar terminar um relacionamento para poder se encontrar individualmente. Apesar do tema ter a capacidade de ir para um lugar realmente dramático, a canção ganha um verniz emocional sem precisar ser devastador devido a mensagem final de ainda existir tempo de consertar a situação. Em Letter to the Past, uma intimista e doce balada, Brandi escreve para si mesma do passado e aconselha sobre como encarar alguns fatos da vida. Algo recorrente que qualquer pessoa faz em algum momento da vida, a canção não se baseia em nostalgia, mas, sim, em um sentimento de que a cantora continua a descobrir os caminhos da vida com uma dose de maturidade bem vida. É o tipo de mensagem que exala luminosidade sensível assim como as performances de Brandi."

23. Heaux Tales
Jazmine Sullivan



"Dona de um dos meus álbuns preferidos da última década (Reality Show), Jazmine Sullivan já provou categoricamente o seu imenso talento. Em Heaux Tales, a cantora repete a sua capacidade extraordinária de expressar sentimentos complexos de forma direta e com uma sinceridade áspera desconcertante. Apesar de ser apenas um EP, o trabalho funciona como um álbum conceitual em que uma faixa “intro” abre espaço para a discussão do assunto iniciado, envolvendo na sua maioria feminismo, sexualidade, positividade corporal, empoderamento, classicismo, entre outros assuntos. E é aqui que o Jazmine brilha como poucas, pois a mesma e os seus colaboradores matem uma escrita crua, sem rodeios e com uma estética de “fala” que faz de todas as canções como uma conversa ou um desabafo informal com a nossa melhor amiga, criando uma conexão quase instantânea com que está ouvido."

22. Ancient Dreams In A Modern Land
MARINA


"Ancient Dreams In A Modern Land é divido em dois instancias: de um lado tem as canções com uma batida “animadinha” que tratam de problemas político-sociais e ambientais e do outro lado tem as baladas românticas. Divisão que poderia ser outro tiro no pé, mas, graças a Deus, a produção consegue deixar de lado qualquer grande empecilho para criar uma refrescante sonoridade indie rock/pop que se funde de forma inesperada com o mais puro suco de pop, dance-pop e electropop. Mistura que poderia se torna um caldeirão confuso, obtuso e pretencioso de pregação sem conteúdo e esteticamente áspero. E é aqui que a produção entra de maneira excepcional, pois consegue aparar possíveis exageros, polir dramaticamente o equilíbrio entre conteúdo e forma, diversificar a sonoridade de forma orgânica e, principalmente, tirar qualquer pretensiosidade da sonoridade/temática de Marina. Mesmo que em certos momentos Ancient Dreams In A Modern Land soe mais como uma cartilha de como ser um ativista, a produção nunca esquece de trazer a diversão para o álbum."

21. Collapsed in Sunbeams
Arlo Parks



"Sonoramente, não espere algo revolucionário, mas, sim, uma mistura calibrada, elegante, inteligente e bem pensada de indie pop, pop soul e neo soul. Lembrando em certo aspecto a sonoridade da Lily Allen no começo da carreira, Arlo e o produtor Gianluca Buccellati entregam algo de uma delicadeza tão cristalina que até mesmo nas canções mais densas é criado uma bem vinda sensação de leveza que consegue combinar com as escolhas estéticas e ser o contraponto ideal para a força emocional. Quem ouve de forma menos atenciosa as canções em Collapsed in Sunbeams pode até achar que está diante de um trabalho carismático, mas superficial. Isso pode ser considerado um defeito para alguns, porém, a minha visão é que a sonoridade transmite algo que demanda quem escuta a olhar com atenção as entrelinhas, camadas e esconderijos que são construídos pela produção. O single Green Eyes é uma “uma deliciosa pop soul/R&B que fica entre a sonoridade do começo da carreira da Lily Allen misturada com algo que a Lianne La Havas entregaria. Todavia, Arlo tem personalidade artística suficiente para limpar o ar e deixar essas comparações apenas como influências, criando uma canção que se sustenta perfeitamente por si”. Em Just Go, a cantora mostra como entregar um filler com personalidade completa e de uma graça tocante que com delicadeza fala sobre como dar um pé na bunda. Densa, sombria e tocante, For Violet parece uma carta aberta sobre problemas familiares e os lanços que nos unes a quem amamos. Eugene é uma devastadora história sobre amores platônicos que podem ou não serem correspondidos. Todavia, o grande momento de Collapsed in Sunbeams é em Black Dog. A canção retrata as emoções, dores e esperanças sobre ajudar alguém que sofre de depressão. E a força sentimental encontra no doce timbre de Arlo a tradutora perfeita para carregar todo esse peso emocional. A beleza devastadora do dia a dia é expresso em Collapsed in Sunbeams em que Arlo Parks finca os dois pés com força descomunal, abrindo o começo de uma jornada que prometer ser lendária."

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