Brandi Carlile
O primeiro álbum que resenhei por completo para o Primeira Impressão foi o Bionic da Christina Aguilera em Maio de 2010. Desde então, acredito que tenha analisa no mínimo uns trezentos álbuns até hoje em dia, mas, sinceramente, o numero desses trabalhos que escutei mais de uma vez após fazer a critica é bem menor. Um desses álbuns foi o lindo e devastador By The Way, I Forgive You da Brandi Carlile de 2018. E é por isso que tinha altas expectativas para o seu sucessor intitulado In These Silent Days. Apesar de não estar no mesmo nível que o álbum anterior, Brandi Carlile ainda consegue entregar um trabalho impecável e emocionante.
Se By The Way, I Forgive You defini como “uma gentil tormenta de emoções”, In These Silent Days é a calmaria fervilhante depois do temporal. Procurando esperança e reconciliação com outros e consigo mesma, Brandi Carlile parecer querer encontrar uma paz interior depois de cuidar de feridas e juntar pedaços de si mesma. Ao mostrar caminhos e não apontar dedos, as composições do álbum são de uma beleza honesta que tira lágrimas sem fazer a gente ter uma crise de choro. E isso fica bem nítido na poderosa Right on Time, power balada sobre precisar terminar um relacionamento para poder se encontrar individualmente. Apesar do tema ter a capacidade de ir para um lugar realmente dramático, a canção ganha um verniz emocional sem precisar ser devastador devido a mensagem final de ainda existir tempo de consertar a situação. Em Letter to the Past, uma intimista e doce balada, Brandi escreve para si mesma do passado e aconselha sobre como encarar alguns fatos da vida. Algo recorrente que qualquer pessoa faz em algum momento da vida, a canção não se baseia em nostalgia, mas, sim, em um sentimento de que a cantora continua a descobrir os caminhos da vida com uma dose de maturidade bem vida. É o tipo de mensagem que exala luminosidade sensível assim como as performances de Brandi.
In These Silent Days é cimentado pela força emocional e graciosa da voz da artista que completa qualquer lugar vazio com uma força edificante. Brandi possui a qualidade de contadora de história vindo das suas raízes no country/americana e um timbre que remete grandes vocalistas do rock dos anos noventa que consegue se moldar de maneira fluida para dar vida para canções que vibram em sintonias diferentes. Por exemplo, Sinners, Saints and Fools é uma indie rock/americana que mostra essa qualidade de narradora mistura com uma aspereza quente e profética que dá espaço para a devastadora Throwing Good After Bad sobre o fim de um relacionamento devido a diferenças entre duas pessoas em que a cantora embarga de maneira contida e, ao mesmo tempo, emocionalmente impactante. Duas canções que tem produção completamente diferente uma da outra e que Brandi encara sem precisar mover um fio de cabelo, mas com entregas tão diferentes como o dia e a noite. Se for para falar sobre um defeito em In These Silent Days é que sonoramente existe uma diluída em relação ao trabalho anterior. Ainda um tradicional álbum de americana, a produção entrega um verniz que mistura indie, rock, folk e country muito bem feita, mas que parece estar se segurando de propósito. Felizmente, isso não se torna um grande problema, pois a atmosfera do álbum como um todo contribui para essa decisão de segurar o freio e entregar uma sonoridade amenizada. Mama Werewolf é a que melhor deixa claro as influencias de Brandi ao ser uma energética e sentimental folk/americana sobre as tortuosas delicias de ser mãe. Outros momentos de destaque do álbum ficam por conta da delicada e esperançosa This Time Tomorrow, a tocante When You're Wrong e, por fim, e a sonhadora Stay Gentle. Mesmo não acredito que voltarei constantemente para ouvir In These Silent Days, o trabalho é uma ótima adição para a discografia já brilhante de Brandi Carlile.
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