Sigrid
Um bom álbum pop é igual um bom banho quente: reconfortante, envolvente e revigorante. E nem precisa ser algo luxuoso ou inovador com a presença de sais de banhos, banheiras com hidromassagem ou com chuveiros modernos. Tendo apenas o essencial bem feito é suficiente para ser uma ótima experiência. Assim é caso do segundo álbum da norueguesa Sigrid: How To Let Go é reconfortante, envolvente e revigorante.
Depois de um mediano, mas promissor debut com Sucker Punch em 2019, a cantora retorna com um trabalho que entrega realmente o que promete: um ótimo álbum pop. Todavia, How To Let Go consegue ir mais além da sua entrega ao ser dono de composições que conseguem serem realmente profundas. Obviamente, não estamos diante de um trabalho de cunho lírico que esteja a altura de uma Joni Mitchell, mas com uma intenção que tenha de verdade reflexões verdadeiras, honestas e de um tino pop fino e bem apurado. Durante todo o álbum, Sigrid confessa sobre corações quebrados, relacionamento tóxicos, autoconhecimento e amores complicados assim como outras cantoras pop, mas a sua lírica apresenta um acabamento clean e de uma inteligência madura que fico realmente surpreso da cantora ter apenas vinte e cinco anos. E isso também se dever aos seus parceiros de escrita: Sylvester Sivertsen (também produtor principal do álbum) e Caroline Ailin. O melhor momento do álbum é a que também apresenta a melhor letra: It Gets Dark “entrega uma letra inteligente, forte e de uma beleza simples e rara”. Sonoramente, How To Let Go é competente e sólido trabalho que traz a tona realmente o que o pop pode ter de melhor.
Em resumo, o álbum é essa mistura simples, mas eficiente de eletropop, dance-pop e pop rock que funciona perfeitamente do começo ao fim, mas que nas mãos menos habilidosa poderia ser tornar apenas ok. Em How To Let Go, a produção é brilhante ao fazer do que poderia ser esquecível e dispensável em algo divertido, carismático, dançante, emocionante e de uma finalização instrumental impressionante. Acredito que o melhor do álbum é quando Sigrid se arrisca em canções com uma mistura de gêneros e acabamento mais singular. Em Burning Bridges, a cantora aposta em uma batida cativante de pop rock com eletropop que clama por ser sucesso comercial, especialmente nessa onda de canções que não tem o mínimo dessa qualidade. A Driver Saved My Night é um aceno delicioso a disco, especialmente ao hit Last Night a DJ Saved My Life. Mirror “acerta na mosca ao dar para a canção a exata dose de estética comercial e as quebras de expectativas para fazer o resultado final se destacar. Suculenta, divertida e envolvente como poucas canções pop que estão fazendo sucesso dentro do mainstream”. Vocalmente, Sigrid é outra ótima surpresa que deve crescer ainda mais com o passar dos anos, mas mostra força com seu timbre aveludado. E o destaque vai para as baladas do álbum, especialmente na emotiva Last To Know. Outros momentos de destaque do álbum ficam por conta de Risk Of Getting Hurt e os seus instrumentais com toques de indie pop, a synthpop Thank Me Later e a sua letra sobre como dar um pé na bunda de forma carinhosa, a power balada Mistake Like You e, por fim, a letra de empoderamento de Grow. Reconfortante, envolvente e revigorante, How To Let Go é a formula perfeita para Sigrid conquistar o seu espaço devido no mundo pop.
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