9 de outubro de 2022

Primeira Impressão

Hypnos
Ravyn Lenae





Terminei a resenha do EP Crush da Ravyn Lenae em 2018 afirmando que a cantora “é uma das artistas que merecer ser acompanhada de perto”. Desde então, a cantora infelizmente deu uma sumidinha, mas, felizmente, realiza o seu comeback com o lançamento de seu excitante e intimista álbum debut Hypnos.

Preciso antes de começar preciso apontar uma falha que meio que já virou rotina aqui no blog: a longa duração. Com dezesseis faixas e quase cinquenta e cinco minutos, Hypnos poderia ser bem melhor com uma versão “reduzida” ao tirar alguma gordura excedente aqui e acolá. Felizmente, o álbum apresenta uma coesão muito bem pensada, pois a duração não afeta pesadamente o resultado final. Acredito que o principal motivo do álbum não desandar é devido a clara, sofisticada, inteligente e refrescante sobre uma fusão de R&B/neo-soul que é lindamente trabalhada do começo ao fim. Até quando o álbum dá uma tropeçada ao se alongar demais na sua segunda metade, a qualidade técnica e estética salva o dia ao adicionar personalidade suficiente para preencher lacuna.

Dentro do que é proposto, Hypnos é um álbum que pende para o experimental sem chegar ao fundo, mas sempre adicionando nuances e texturas. E isso é ainda mais impressionante devido ao fato do álbum ser um trabalho contido, equilibrado e delicado ao não seguir um caminho contemplativo. E quando tudo flui perfeitamente, Ravyn Lenae entrega uma faixa como a excepcional Inside Out. Uma doce, delicada e envolvente em que a cantora releva a sua revelação sobre redescobrir o seu amor próprio. Apesar de estar no território de auto ajuda, a composição da canção é lindamente bem escrita em que pega clichês e o dão o verniz necessário para se elevar. E isso é contemplado pela belíssima performance da artista. Dona de uma voz melódica e tenra, a cantora consegue captar os sentimentos nas entrelinhas de cada canção e dar vida de maneira sublime, mostrando toda a sua influencia em relação ao neo-soul em que normalmente menos é mais. Em Lullabye, a presença quase etérea da cantora dá o tom perfeito para essa encantadora mistura de R&B e eletrônico. Quando a produção flerta mais profundo com experimentações, o álbum entrega a cadenciada e sexy 3D com a presença do rapper Smino. Com o cantor em ascensão Steve Lacy, a cantora explora um lado mais alternativo nesse atmosférica R&B/indie. Hypnos termina com o show vocal da cantora na brilhante e angelical Wish que parece ser a mistura perfeita de tema da Disney com o neo-soul. Recheado de outros momentos inspirados, Hypnos é uma estreia promissora da Ravyn Lenae. E só não sumir por muito tempo novamente.


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