30 de outubro de 2022

Primeira Impressão

Midnights
Taylor Swift




Nos últimos anos, a Taylor Swift tinha finalmente entrado no duro coração desse que vos fala com o lançamento de Folklore e Evermore, especialmente o primeiro. Apesar de alguns reservas, a minha percepção é que a cantora tinha finalmente encontrado a sua sonoridade /estilo/estética que combinou perfeitamente com o lado country/folk/indie e o lado pop/synthpop/electropop. E é por isso que tinha expectativas genuínas e alta com o lançamento Midnights. Entretanto, o décimo álbum da Taylor é infelizmente uma volta aos velhos hábitos da cantora em um trabalho pretencioso e monótono.

Taylor ao lado do onipresente produtor Jack Antonoff decidem de maneira tropeça em entrar em mares que já foram navegados, mas dessa vez existe uma pretensão ainda maior de achar que estão remodelando o pop/alt-pop/synthpop. Na verdade, o que é feito é a revisão do que a mesma já tinha feito de forma a acelerar as características que me afastavam dos trabalhos da cantora. E o principal motivo das coisas parecem desandar ainda mais é o fato que Taylor não combina com essa estética, pois, na minha visão, tudo parece plastificado, deslocado e prepotente. Quando existia um pêndulo que pendia para estilos das raízes musicais da Taylor havia um equilíbrio perfeito entre essa vontade de ser a “diva pop mainstream descolada” irritante e o fator natural e de “girl next door”, criando uma sonoridade muito bem definida e com um vibe fluida. Em Midnights, a cantora tenta novamente fazer a gente engolir essa sua persona em forma de álbum conceito sobre as crônicas feitas nas suas noites não dormidas que me fez querer que a mesma tivesse tomando um litro de chá de camomila e voltar a vagar pela floresta alternativa dos álbuns anteriores. O pior, porém, é que o álbum também é extremamente arrastado.

Mesmo entregando a versão standard menor que os seus últimos álbuns com apenas treze faixas e cerca de quarente e quatro minutos, a cantora ainda entrega faixas que parecem se arrastarem por horas fim, deixando a parte final do álbum irritante, chata, lenta e completamente dispensável. Isso em um álbum que já é monótono desde o começo. Outro problema grave é a produção vocal e algumas decisões que atrapalham vários momentos devido a sua total falta de necessidade artística. Como todos sabem, Taylor não é dona de uma voz poderosa e com muitos recursos, mas nos últimos tempos tem sempre se mostrado a altura das suas canções, especialmente devido ao estilo escolhidos que se encaixavam dentro do escopo da sua voz. Todavia, algumas canções em Midnights precisavam de uma artista com uma versatilidade bem maior para preencher todas as lacunas que as próprias faixas constroem. E o pior: algumas faixas adicionam efeitos vocais de modificação da voz que não acrescentam em nada e, sim, atrapalham o resultado como é caso de Midnight Rain e o seu estranho começo. Liricamente, Midnights ainda mantem bons momentos quando a cantora se mostra reflexiva verdadeiramente e não tenta de forma desesperada ser cool a todo o custo com frases feitas e conselhos de uma profundidade de um pires. Entre toda a mediocridade existe um momento que realmente legal com a presença do single Anti-Hero, mas é tão pouco que sinceramente não vale para salvar nada em relação ao produto inteiro. Devo admitir que tecnicamente, Midnights é expendido e de um trabalho de orquestração muito bem finalizado, mas, sinceramente, isso seria o mínimo para uma artista do nível da Taylor. Espero que dentro alguns anos essa seja o momento que muitos vão acordar, lembrar e pensar que o imenso sucesso de um álbum tão mediano foi um delírio coletivo. E que a Taylor Swift possa novamente voltar ao caminho certo.

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