A sexagésimo sexta cerimonia do Grammy será lembrada como o “Ano da Mulher”. Nunca antes na história do prêmio foi tão clara como a nessa premiação, especialmente nas principais categorias. Tirando a presença de Jon Batiste que recebeu uma indicação em cada uma da “Big 3” (Record of the Year, Album of the Year e Song of the Year), todas as indicações são para trabalhos de mulheres em vários gêneros, indo do R&B até o pop e indie rock e chegando até o reggae. Além disso, a maioria dos nomes com mais indicações são de mulheres com a SZA liderando sozinha com incríveis nove nomeações. E isso precisa ser celebrado, pois mostra o reconhecimento que atualmente a industrial fonográfica é basicamente “sustentada” pela força comercial e criativa de artistas femininas. Existe também o fato que o ano também não tem grandes esquecimentos que poderiam ser considerados “crimes”, tirando um nome que irei falar mais nesse especial. Assim como todo ano irei fazer as minhas previsões e escolhas pessoais sobre quem acho e/ou quero que leva nas categorias mais importes e alguns especificas.
Record of the Year
Os indicados: Worship – Jon Batiste / Not Strong Enough – Boygenius/ Flowers – Miley Cyrus/ What Was I Made For? – Billie Eilish/ On My Mama – Victoria Monét/ Vampire – Olivia Rodrigo/ Anti-Hero – Taylor Swift/ Kill Bill – SZA
Tenho que admitir que dentro dos limites é uma categoria bastante justa, pois foi uma escolha de basicamente canções que realmente mereciam estar indicadas por algum motivo. Assim como as outras categorias, a presença de Jon Batiste é o estranho no ninho e deve especialmente pelo prestigio do cantor com a classe. Bastante feliz com a presença da Victoria Monét indicada, pois é o pontapé final para a carreira sob holofotes da artista. Tirando essas duas, todas outras indicadas tem alguma chance de vencer em uma das categorias mais abertas do ano.
Quem vai vencer?: Difícil de prever, pois posso apontar várias motivos para seis das canções indicadas. Não tenho nenhuma noção para qual lado ira pender a categoria, mas nesse momento tenho um palpite que a Academia posso ir influenciada pelo sucesso comercial aliado com a possibilidade de premiar o arrasa quarteirão de Kill Bill da SZA.
Quem pode vencer?: Entre as possibilidades, a minha intuição diz que Vampire pode ter uma chance real de levar a categoria. Não seria surpresa que o Boygenius poderia ter a sua grande vitória nessa categoria.
Quem merece vencer?: Em questão de qualidade, as melhores canções são Not Strong Enough e What Was I Made For?, mas isso não tira o fato que seria o premio perfeito para celebrar o sucesso da SZA.
Quem deveria estar aqui?: Apesar de não tido muitas omissões e esnobados, o Grammy cometeu uma grande injustiça a não indicar Escapism da Raye. Na verdade, a cantora britânica não recebeu nenhuma indicação em qualquer categoria para o seu hit e/ou para o seu álbum My 21st Century Blues, mostrando a dificuldade de ser uma artista independente afeta o seu reconhecimento. Outro nome que poderia facilmente estar aqui é o Foo Fighters que poderia facilmente ter substituído Batiste com a sensacional The Teacher. E, claro, seria quase um milagre, mas Begin Again da Jessie Ware seria genial a indicação.
Album of the Year
World Music Radio – Jon Batiste/ The Record – Boygenius/ Endless Summer Vacation – Miley Cyrus/ Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd – Lana Del Rey/ The Age of Pleasure – Janelle Monáe/ Guts – Olivia Rodrigo/ Midnights – Taylor Swift/ SOS – SZA
Para o principal prêmio da cerimônia, as escolhas foram na sua maior parte justas, mas é necessário apontar que a presença da Janelle Monáe é estranha. Merecedora de toda a gloria, a cantora volta a entrar na lista com um álbum que não teve uma indicação solo para nenhuma das suas canções (em 2019 foi Dirty Computer que teve outra indicação para Best Music Video para o clipe de Pynk), sendo que a outra indicação para The Age of Pleasure é para Best Progressive R&B Album. Além disso, o trabalho está bem longe de ser o melhor que a artista entregou. E, novamente, Batiste está aqui devido ao seu prestigio entre os artistas do que exatamente pelo desempenho do seu álbum.
Quem vai vencer?: Acho que aqui existe uma disputa entre dois trabalhos: Swift contra SZA. Ambas donas de imensos sucessos comerciais, a disputa deve recair para quem é a hora de premiar. E acho que esse seja o ano da SZA. É claro que sendo uma mulher negra existe uma possibilidade altíssima da mesma perder. E o que faria a SZA vencer se nem a Beyoncé foi capaz de fazer até hoje? O sucesso comercial da cantora é tão grande que fica quase impossível fingir que o prêmio foi para aquele que talvez tenha vendido mais ou maior impacto financeiro na indústria como tentam vender as derrotas da Bey na categoria. Com a vitória, SZA se tornaria apenas a quarta mulher a vencer e a primeira depois de quase vinte e cinco anos.
Quem pode vencer?: Taylor pode se tornar a primeira artista a ter quatro prêmios na categoria, mas acho que isso é mais difícil de acontecer apesar da mesma ser a “indústria” atualmente.
Quem merece vencer?: Ao basear apenas na qualidade, o melhor trabalho indicado é o da Lana Del Rey e, sinceramente, seria um zebra que gostaria de ver acontecendo já poderia ser um prêmio também um vitória/celebração para a carreira da cantora. Todavia, não posso deixar de apontar que SZA é aquela que mais merece vencer por todo o contexto do seu sucesso e a qualidade sempre alta.
Quem deveria estar aqui?: Novamente, acredito que o Foo Fighters seria o perfeito “descolado” aqui com o ótimo. But Here We Are. Também poderia ter tido a surpresa grata de ver This Is Why do Paramore.
Song of the Year
A&W - Lana Del Rey/ Anti-Hero - Taylor Swift/ Butterfly - Jon Batiste/ Dance the Night – Dua Lipa/ Flowers - Miley Cyrus/ Kill Bill – SZA/ Vampire - Olivia Rodrigo/ What Was I Made For? - Billie Eilish
Das três “grandes” categorias, Song of the Year é a que mais o ditado “onde a porca torce o rabo” é melhor usada. Sinceramente, devido a história de premiações recentes toda as indicadas podem vencer, deixando completamente aberta as possibilidades de qual caminho seguir de premiar.
Quem vai vencer?: Não tenho a menor ideia. Como disse antes, qual o motivo de votarem vai determinar quem leva o gramofone. Existe a possibilidade de premiar artistas que tem uma longa carreira e nunca venceram um Grammy (Miley ou Lana), premiar sucessos vindo de um fenômeno cultural do ano que foi Barbie (Billie e Lipa), premiar uma das grandes canções do ano em questão comercial (SZA e Taylor), premiar a novata em acessão (Olivia) ou mesmo premiar o ponto fora da curva (Batiste). Na minha intuição, Anti-Hero é a favorita devido ao fato da Taylor nunca ter vencido na categoria (ou na de Gravação) e a vitória seria a celebração da cantora entre as principais categorias.
Quem pode vencer?: Acho que Vampire tem boas chances de ser a surpresa da noite.
Quem merece vencer?: Na minha visão, as artista que estão na categoria premiar artistas que tem uma longa carreira e nunca venceram um Grammy são as mais merecedoras, mas devido a qualidade e ousadia da produção daria o prêmio para A&W da Lana Del Rey.
Quem deveria estar aqui?: Escapism da Raye.
Best New Artist
Gracie Abrams/ Fred Again / Ice Spice / Jelly Roll / Coco Jones / Noah Kahan/ Victoria Monét / The War and Treaty
Se tem alguma categoria que não muda a sua imprevisibilidade é a de Revelação. Entretanto, existe uma regra que ajuda a delimitar quem pode vencer a categoria: outras indicações.
Quem vai vencer?: Com sete indicações ao prêmio, dividindo o segundo lugar de artista mais indicado da noite ao lado de Phoebe Bridgers e Serban Ghenea (engenheiro musical), a Victoria Monét desponta como a favorita e, sinceramente, seria bastante justo a sua vitória.
Quem pode vencer?: Também no páreo está Coco Jones com cinco indicações e Ice Spice com quatro. Correndo por fora está Fred Again com também quatro indicações, mas acho que o gramofone deve ir para uma das artista femininas citadas.
Quem merece vencer?: Victoria Monét.
Quem deveria estar aqui?: Raye.
Outras Categorias
Esse ano foi adicionado a categoria Best Pop Dance Recording em que artistas pop pode concorrer com canções de influência eletrônica já Best Dance/Electronic Recording é apenas para canções “puramente” eletrônicas. Entre os indicados estão David Guetta com duas canções (One in a Million ao lado da Bebe Rexha e Baby Don't Hurt Me com Coi Leray e Anne-Marie) e Calvin Harris e Ellie Goulding com Miracle. Todavia, os grandes nomes aqui é a presença merecidíssima de Rush do Troye Sivan em sua primeira indicação e a volta da Kylie Minogue depois de quinze anos da sua última indicação e quase vinte da sua única vitória (o álbum X recebeu uma indicação para Best Electronic/Dance Album em 2009 e em 2004 a cantora venceu Best Dance Recording com Come into My World). Bastante feliz com o reconhecimento de ambos e ficaria ainda mais feliz com qualquer um dos dois vencendo, mas como Sivan é sua primeira indicação tenho a tendencia de torcer para o cantor apenas por isso.
No campo pop é nítido notar que o Ed Sheeran “flopou” bastante esse ano com apenas uma indicação para o álbum − ("Subtract") em Best Pop Vocal Album, devendo perder para uma das cantoras indicadas (Miley Cyrus, Olivia Rodrigo, Taylor Swift e Kelly Clarkson). A trilha de Barbie recebeu várias indicações para suas canções em diversos nichos e categorias, sendo quatro das cinco vagas em Best Song Written for Visual Media. E, por fim, a atriz lendária Meryl Streep por se tornar uma EGOT ao vencer pela sua narração do livro Big Tree. Com essas indicações, o Grammy poder ter uma das suas cerimonias mais interessantes em muito tempo. Veremos.
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