Kali Uchis
É gratificante notar que a Kali Uchis vem colhendo os frutos do seu trabalho da melhor forma possível: o sucesso. E isso é ainda mais reconfortante presenciar devido ao imenso talento que a mesma vem demostrando desde o lançamento do seu debut Isolation em 2018. Ao lançar o seu quinto álbum, Orquídeas, Uchis não continua a provar o seu talento, mas entrega o seu melhor trabalho até o momento.
Segundo álbum em espanhol (apesar de ter momentos em inglês), Orquídeas não muda nada na sonoridade que defini na resenha de Red Moon In Venus como sendo uma “exploração/reconstrução no que seja o R&B, Kali entrega um ambicioso e extremamente bem conduzida mistura de neo-soul, indie R&B, psychedelic/pop soul que não é a reinvenção da roda, mas tem uma originalidade tão clara que se torna facilmente uma marca indiscutível da sonoridade da cantora”. Aqui, porém, a construção do álbum é adicionada de uma dose pesada e bem vida de lantin pop/ reggaeton que arremata o trabalho com esse sabor latino que tão bem casa com a sonoridade da cantora como mostrou várias vezes. Sem nada de novo em relação ao que já ouvimos, mas, sim, Orquídeas é o refinamento ainda mais apurado da sonoridade da cantora ao encontrar o melhor ponto de ebulição para toda a luxuosa, sensual, classuda, elegante, excitante e suntuosa construção da produção que, apesar de várias mãos diferentes, encontra uma coesão perfeita. Essa qualidade não apenas vem do fato de criar um álbum que tem essa sensação da gente conseguir ouvir do começo ao fim de forma fluida e que parece que o tempo passou ouvindo, mas também do fato da ordem das canções ter uma transição de gêneros/ritmos/batidas. E isso é basicamente o que dá a liga para Orquídeas, pois aqui existe uma viagem sonora tão grande que poderia ter resultado em uma grande bagunça. O resultado, porém, é um deleite para os ouvidos.
E o grande ponto alto de toda essa exuberância que é a espetacular Te Mata: “grandiosa, dramática e lindamente instrumentalizada, a canção poderia facilmente ser o tema de uma daquelas novelas mexicanas icônicas como, por exemplo, A Usurpadora. E isso escrevo da melhor maneira possível, mas Kali se joga sem medo em toda essa riqueza sonora sem medo e com uma estética refinada. Na verdade, gostaria que a canção tivesse um clímax ainda maior que é entregue, mas o que ouvimos já espetacular devido bastante da poderosa performance da cantora que segura cada momento perfeitamente. Te Mata finaliza com uma composição que fica no limiar entre o cafona e o sentimental com versos inspirado como “Você tem que aceitar que agora eu sou uma memória/ Se você está procurando um culpado, olhe-se no espelho/ Você nunca me conheceu, lembre-se que não valeu a pena””. Logo em seguida está a deliciosamente envolvente Igual Que Un Ángel. Sucesso viral espontâneo, a canção demonstra a capacidade da cantora de entregar canções que ao mesmo tem a capacidade de ser artisticamente elogiável e, ao mesmo tempo, exalar essa força comercial plena e orgânica. E a presença de Peso Pluma é um toque muito bem vindo, pois dá uma certa aspereza para a batida dançante da canção. Orquídeas termina em alta com a presença da empolgante Dame Beso // Muévete que mostra toda a referencia clássica que Kali tem com a música tradicional ao fazer uma mistura de cumbia/merengue simplesmente irresistível. Outros momentos que preciso destacar é a abertura R&B com elementos de deep house e EDM em ¿Cómo Así?, a cativante Perdiste e a sua influencia de UK bass na batida demarcada, a romântica e sensual Young Rich & In Love e, por fim, Labios Mordidos que “uma latin pop/reggaeton redondo, dançante, sexy e refrescante e é a prova que dá para fazer esse tipo de canção atualmente sem soar clichê ou/e massificada sem perder o lado radiofônico devido a produção ligar os pontos de maneira azeitada do começo ao fim”. Orquídeas é a magnum opus da carreira da Kali Uchis que tenho certeza que terá outras obras primas no futuro.
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