Parte II
Squid
"Em O Monolith, a banda britânica, que continua sob a produção de Dan Carey, entrega um álbum que mantem a base sonora deles ao ser uma elegante, imprevisível e grandiosa de post-punk com adições encorpadas de art rock, experimental e industrial, mas com contemplação rítmica que deixa as canções mais contidas em comparação ao que a banda já tinha mostrando. Isso está longe de dizer que Squid entrega um álbum ruim ou mesmo mediano, pois estamos diante de uma sensacional e atmosférica coleção de faixas que parecem lapidadas em uma teria intrigada e brilhante. O que acontece é na verdade que certo impacto se perde, deixando a banda menos urgente para quem escuta."
14. PARANOÏA, ANGELS, TRUE LOVE
Christine and the Queens
"Para quem se “aventurar” nesse colossal álbum de vinte faixas e mais de uma hora e meia se prepare para realmente entrar em uma jornada dentro do mais puro suco da persona do artista. Não apenas o que melhor representa Chris, mas a sua versão mais refinada, grandiosa, inflada, intrigada e complexa. Na maioria das vezes, essa duração poderia facilmente ser o grande peso para a construção do álbum. Felizmente, a produção de Chris ao lado de Mike Dean monta um cenário tão bem construído e fluido que a sua duração é facilmente explicada e, principalmente, necessitada para dar conta da magnitude do cerne de Paranoïa, Angels, True Love. Inspirado na lendária peça Angels in America, sobre a pandemia da AIDS nos anos oitenta, o álbum é divido entre três partes como o nome sugere, ajudando a conectar toda a sua extensão de maneira bem harmonizada. Tenho que admitir que precisei escutar cada parte separadamente, pois seria complicado ouvir tudo de uma vez. Essa decisão foi ótima para entender com calma toda a plenitude do álbum, sendo possível ver suas qualidades e falhas claramente."
Pabllo Vittar
"O principal trunfo do álbum é aprofundar o que já tinha sido construído para dar o resultado exatamente no mesmo nível do que é proposto. AFTER é essa construção sonora sobre o que seria uma “noitada” em uma balada queer em que os gêneros vão se misturando a batida eletrônica para criar uma experiência do começo ao fim. Mesmo que seja intitulado de AFTER, o trabalho é o prato principal ao ser suculento, eletrizante, divertido, deliciosamente despretensioso e inteligente. E isso mostra a importância de saber como direcionar quem vai trabalhar no álbum e a escolha de quem ficou responsável para os remixes de cada canção é realmente perfeita. Também os convidados especiais que adicionam suas personalidades para as canções."
Corinne Bailey Rae
"Progressivo, exuberante, ousado e com um senso estético bem definido, o álbum é uma mistura inspirada e contundente de jazz, indie rock, art rock, soul/neo-soul, art pop, eletrônico, garage rock e R&B contemporâneo. A surpresa não é apenas ouvir os gêneros na visão de Corinne e, sim, constar que a cantora consegue navegar de maneira natural, conseguindo adicionar a sua personalidade em todas as canções. A doçura delicada, iluminada e madura que a mesma foi sempre conhecida é presente no álbum, mas existe uma agressividade desconcertante em Black Rainbows que faz a total diferença para a percepção do álbum. E, queridos leitores, essa versão da Corinne é uma faceta nova, mas é o claro resultado dos anos desde a sua estreia em 2006. Na verdade, a verdadeira surpresa no álbum é o tom político que a cantora adiciona para o álbum."
slowthai
"Apesar de nunca ter ouvido os dois trabalhos anterior do rapper (Nothing Great About Britain de 2019 e Tyron de 2021), o novo álbum de Tyron Kaymone Frampton, nome de batismo do artista, é uma mudança drástica do que o mesmo entregou até o momento ao introduzir uma pesada e significativa influência de punk/rock e eletrônico na mistura de hip hop e rap já costumeira. Essa mudança poderia bem facilmente desandar, pois para um rapper ir em direções tão estilizadas é normalmente sinal de bomba atômica. Felizmente, a grande surpresa é que slowthai se mostra muito capaz de segurar essa mudança devido a não tentar se adequar aos gêneros que compõe UGLY e, sim, fazer com que esses gêneros se adequem ao seu estilo e, principalmente, a sua sonoridade. E por isso que o álbum se torna um hibrido entre post-punk, uk hip hop e eletrônico que se mostra experimental, ousado e explosivo. O mais interessante que nem sempre a produção acerta na mosca, mas a maneira não sem medo que o álbum vai explorando as ideias ajuda a compensar certos momentos de tropeços já que sempre estamos diante de uma constante busca por expandir as noções da sua sonoridade. Imperfeito, mas sempre inspirado e instigante, UGLY equilibra tamanha ousadia criativa ao também ser um soco na cara ao notarmos que o mesmo é uma imensa crônica intima, pessoal e desconcertante sobre a mente de slowthai."
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