Primeira Impressão

Lady Leste
Gloria Groove

Uma Segunda Chance Para: Blank Space

Blank Space
Taylor Swift

Para quem conhece o blog algum tempo sabe que apenas começou a realmente admirar os trabalhos da Taylor Swift, especialmente depois do lançamento de Folklore. E é por isso que canções anteriores não fazem exatamente o meu critério para gostar. Entretanto, existe uma canção que ao longo dos anos comecei a realmente gostar: Blank Space não é genial, mas tem boas qualidades que vem envelhecendo como vinho.

Acredito que a canção foi um dos momentos decisivos para a transição da Taylor de estrela country para diva pop. No momento do seu lançamento não tina capitado exatamente todo o potencial, mas passando oito anos começo a perceber as qualidades da canção. A maior delas é a sua composição. Ainda rodeada por polêmicas envolvendo a sua vida romântica, a cantora entrega em Blank Space uma sátira inteligente e debochada sobre a sua fama de “namoradora”. Debochada, muito bem escrita e com um refrão grudento, a letra da canção demonstra melhor qualidade da cantora ao ser verborrágica e com um senso pop muito bem definido. Sonoramente, a canção é um electropop refinado pelas mãos de Shellback e Max Martin que não reinventa a roda, mas entrega uma batida limpa e memorável. Uma pena, porém, que Taylor não é uma cantora com muitos recursos vocais, mesmo que segurando bem Blank Space, a canção parece que poderia ser ainda mais potente com uma cantora vocalmente acima da média. De qualquer forma, Blank Space se mostra muito mais interessante que quando foi lançada quando podemos notar que a mesma era a porta para a evolução artística de Taylor Swift.

nota: 7

Primeira Impressão

QVVJFA?
Baco Exu Do Blues

Uma Nem Tão Nova Florence

King
Florence + The Machine

No meio de tão m@rda acontecendo atualmente é muito bom ouvir o retorno do Florence + The Machine. Preparando para lançar o quinto álbum da carreira, a banda começa os trabalhos com o lançamento da ótima King.

O single é um trabalho que consegue ser simultaneamente um trabalho típico da banda e um ponto relativamente novo na sua discografia. Produzido pela vocalista Florence e o onipresente Jack Antonoff, King apresenta os traços marcantes da banda como, por exemplo, o complexo instrumental, a atmosfera grandiosa e força emocional impressionante, mas aqui tudo é envolvido em uma nevoa contida que transforma a canção em uma slow burn impactante que vai entrando cada vez mais fundo na nossa pele a cada nova audição. O estilo de Antonoff é percebido ao notar que King é uma indie rock com inspiração dos anos setenta e, felizmente, essa decisão parece fundir com perfeição com o estilo da banda de maneira a criar uma canção que tem a personalidade única deles do começo ao fim. Novamente, Florence entrega uma performance simplesmente avassaladora ao mostra uma restrição vocal que não apenas combina com atmosfera da canção e, também, com a profunda e sempre pungente composição que fala sobre a individualidade de uma pessoa em um relacionamento visto do ponto de vista feminino. E assim o Florence + The Machine é um ponto de esperança no meio da escuridão.

nota: 8,5

Na Cara Dura

Closer (feat. H.E.R)
Saweetie

Sabe aquele meme de pode copiar, mas não faz igual? Então, essa é a melhor definição de Closer da rapper Saweetie com a H.E.R que é a copia de Kiss Me More.

Não apenas pelo fato da canção ter a mesma estrutura da rapper ficar com os versos e a convidada ficar com o refrão cantado, mas pela sonoridade praticamente igual. Uma dance-pop/post disco com toques de soul, Closer parece na verdade uma parodia que deveria ter uma letra engraçadona para passar em um programa de humor, mas que termina sendo uma canção pastiche, repetitiva e completamente morna devido a não ter nenhuma das qualidades da canção da Doja. A presença da H.E.R é completamente sem graça e não tem a força da SZA e a Saweetie até coloca personalidade, especialmente no seu segundo verso, mas não é suficiente para superar a Doja. Sinceramente, eu já “cópias” de várias canções, mas Closer é a mais “na cara dura” dos últimos tempos.

nota: 5,5

Sono

Nail Tech
Jack Harlow

Como o rapper Jack Harlow consegue entrega uma performance tão energética e marcante na sua participação em Industry Baby do Lil Nas X para entregar o completo oposto no seu single Nail Tech?

Depois de algum tempo ouvindo a canção pela primeira comecei a pensar em outras e esqueci completamente do que estava fazendo, tendo que reiniciar a canção para poder avaliar a mesma. E isso é devido a performance apática de Jack que deveria ser a cola que ligaria todos os pontos de Nail Tech, especialmente devido a sua produção climática. O rapper desperdiça uma batida criada por seis produtores que consegue ser realmente interessante ao ter uma construção bem pensada, cheia de nuances e uma ideia definida. Isso se perde quando Jack Harlow esquece a performance no churrasco.

nota: 5,5

Uma Tempestade de Sons

The Garden Path

Kamasi Washington

Não demora muito para entender que The Garden Path é o tipo de canção que chega como uma tempestade e vai embora deixando um turbilhão de emoções. E isso é feito pelo saxofonista Kamasi Washington de maneira a parece que tudo é extremamente fácil.

Quase sem composição, tirando um coro que repete no começo e no fim da canção exatamente seis versos, The Garden Path é o triunfo de uma instrumentalização genial. Explosiva, mas sem perder a ternura. Sufocante, mas nunca sendo exageradamente frenética. Belíssima, mas apresentando uma fúria selvagem. Contemplativa e, ao mesmo tempo, sabendo exatamente o que é do começo ao fim. A canção é essa dualidade de informações, mas que nunca se perder devido ao pulso firme da produção. E o solo de sax de Kamasi é algo realmente triunfal e poderoso como a fúria de vendável. Obviamente, a canção é uma jazz que mistura acid jazz, contemporâneo e toques orquestrais que não é para todos os públicos, especialmente aqueles que estão acostumados com uma sonoridade comercial e mainstream. Entretanto, qualquer um que ouvir a canção não pode dizer que não está diante de uma música impressionante.

nota: 9

Simon & Garfunkel & Father John Misty

Q4
Father John Misty

Ao analisar as duas canções lançada em 2022 pelo Father John Misty para o álbum Chloë and the Next 20th Century tenho a certeza que a inspiração para o trabalho vem de uma jukebox que contém vários nomes importantes do rock/pop. Depois de emular Elvis Costello em Funny Girl, a cantor entrega a sua versão de Simon & Garfunkel em Q4.

Uma delicada e melódica indie folk/pop, o novo single apresenta uma batida que parece ter saída diretamente do álbum da dupla que alcançou o estrelato nos anos sessenta com canções como Mrs. Robinson e The Sound of Silence. Sonoramente, a canção tem uma construção relativamente simples, mas que é envolvida por um cuidado instrumental que todos os seus componentes conseguem criar uma atmosfera encantadora e levemente triste que consegue emoldurar toda a estética básica do Simon & Garfunkel. Com uma performance segura e encantadora de Father John Misty, Q4 tem como ponto um pouco negativo a sua composição. Muito bem escrita, a letra não chega a criar o impacto necessário que uma canção nessa pegada precisa ter para sair do lugar de ser apenas boa para ser genial. De qualquer forma, espero ansioso para a sua próxima incursão que o cantor irá fazer entre os maiores nomes da música.

nota: 8

Um Momento de Transição

Jigsaw

Conan Gray

Tenho acompanhado a carreira do Conan Gray já tem algum tempo e posso afirmar que a nítida evolução da sua carreira chega ao um primeiro ápice com o lançamento de Jigsaw.

Deixando de lado o tom mais pop das suas canções anteriores, o single é um energético, criativo e adulto pop rock com pitadas de punk e inesperadas pinceladas de indie rock. Acredito que toda a tendencia atual de artistas jovens irem para essa pegada sonora encontra em Conan o seu melhor momento até agora. Classuda e inteligente, Jigsaw não recorre os clichês estéticos para construir uma canção que consegue se destacar na multidão e, ao mesmo tempo, ter a capacidade de atrair o atual público. Tematicamente, a canção é sobre as dores de um coração quebrado, mas, felizmente, a maneira de inteligente e com uma sinceridade contundente. Ainda não acredito que vocalmente Conan esteja no seu melhor, mas o jovem entrega o seu melhor momento em uma performance certeira e sólida do começo ao fim. Acredito que esse possa ser o momento da transição de Conan de uma promessa para um artista consolidado.

nota: 8

A Herança de 2020

Heat Waves
Glass Animals

O ano de 2020 é um dos capítulos mais tenebrosos da história da humanidade. E assim como a pandemia que surgiu nessa época, outra praga está lançando os seus braços em pleno 2021: o sucesso da péssima Heat Waves da banda Glass Animals.

Lançada em 2020, Heat Waves vem trilhando um caminho a passos de formiga ao logos dos messes para tomar o topo da Billboard. E, sinceramente, não tenho a menor ideia do motivo para isso acontecer, pois a canção é simplesmente péssima e não tem quase potencial claro para ser hit, tirando o refrão. Uma mistura canhestra de alt-pop e R&B, o single tem uma batida fraquíssima que parece saída de uma versão demo de uma canção do Imagem Dragon remixado pelo The Chainsmokers. E pior da canção é o pasteurizado e irritante vocal do Dave Bayley que soa pretencioso demais para um cara vocalmente limitado. E quem diria que 2020 ainda não poderia ser pior está a prova que todo fundo do poço pode ser apenas o começo do buraco.

nota: 4

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

La Fuerza
Christina Aguilera

As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer

Amor. Sentimento que é uma das bases da música em questão de temática. Milhões de canções existem para falar sobre as delicias e as dores de se amar e ser amado. Poucas, porém, realmente atingem o amago do sentimento como a escolhida para esse As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer. E isso é feito de uma maneira quase tão singela e sincera como o “eu te amo” de uma criança. E a canção é...

New Faces Apresenta: Dove Cameron

Boyfriend
Dove Cameron

A ascensão da Olivia Rodrigo abriu espaço real para que jovens atrizes pudessem se arriscar com mais chances de sucesso na música. Esse é o caso de Dove Cameron com o lançamento da surpreendente Boyfriend.

Conhecida especialmente pela trilogia de filmes Descendants da Disney, Dove entrega em Boyfriend uma canção que mostra que parece existir algo realmente especial na sua carreira musical. Primeiramente, a composição é um trabalho especial, ao deixar claro o interessante da cantora por mulheres de forma corajosa e, ao mesmo tempo, entrega um trabalho pop inteligente e com uma pegada realmente carismática. Em segundo, a performance de Dove é bem interessante ao caminhar entre o sussurrado, sensual e cadenciado que remete ao estilo de nomes contemporâneos, mas que consegue ter personalidade definida. O grande destaque, porém, é a ótima produção que entrega um pop misturado com pop rock e toques de jazz devido a influencia da canção Fever que separa Boyfriend da multidão. Espero que a canção não seja apenas uma exceção e a Dove Cameron possa estar a altura dessa primeira grande impressão.

nota: 7,5

O Casamento Perfeito

Love’s Train
Silk Sonic

Donos de um dos álbuns mais divertidos dos últimos tempos, o Silk Sonic dá um presente ao seu público com o lançamento da deliciosa Love’s Train.

Originalmente, a canção foi lançada em 1982 pela banda Con Funk Shun como parte do álbum To the Max. A versão do Silk Sonic não faz exatamente nada em relação ao original ao entregar um delicioso, sensual, romântico e envolvente soul/R&B. E nem era preciso fazer nada, pois a canção é o casamento perfeito com a sonoridade do projeto. E isso é entregue sem demora, pois logo nos primeiros segundos da canção é possível ver o respeito que essa versão tem pelo original. A grande mudança é a presença estilosa de Anderson .Paak e, principalmente, a explosão do Bruno Mars que adiciona personalidade de sobra para essa versão de Love’s Train. E os presentes do Silk Sonic continuam a serem entregues e espero que não parem por um bom tempo.

nota: 8

O Erro Escrito

Dar uma Deitchada

Duda Beat

Em relação ao atual cenário musical brasileiro é necessário dizer que a Duda Beat é uma das maiores revelações dos últimos tempos. Isso não impede que a mesma possa errar como é o caso da mediana Dar uma Deitchada.

Não pertencente ao seu último álbum, Dar uma Deitchada tem uma produção realmente boa. Uma mistura de pisêro, forró, brega e toques de funk, a canção exala brasilidade do começo ao fim. Uma produção com uma sensação de completude que alinha com a sonoridade da cantora até o momento, mas que, infelizmente, erra na sua composição ruim. Longe de precisar criar perolas do cancioneiro brasileiro, Duda entrega uma letra rasa, levemente irritante e com pouca inspiração verdadeira. É caso que Dar uma Deitchada quer ser a versão leve e brincalhona da cantora, mas é nítido que faltou refinamento na construção final, especialmente no seu fraco refrão. Além disso, alguns efeitos colocados na voz da Duda também não ajudam em nada o resultado final. Uma pena que a canção erre em dos quesitos que a Duda Beat tem de mais forte.

nota: 6,5

Memórias & Presentes

Black Summer
Red Hot Chili Peppers

Analisando a minha história com a música acredito que um dos principais motivos por ter expandido o meu gosto musical foi gostar do som do Red Hot Chili Peppers, especialmente os lançamentos entre o final dos anos noventa e o começo dos anos dois mil. E é por isso que ouvir Black Summer, primeiro single do décimo segundo álbum da banda, é algo que traz memorias muito boas. O melhor, porém, é que a canção é um trabalho elogiável.

Black Summer é uma canção com o lado sóbrio e maduro da banda. Obviamente, a banda não cria nada de novo sob o Sol, mas apresenta uma instrumentalização sensacional. O solo de guitarra é excepcional e a progressão da batida é construída de forma impecável. Com uma letra simples, penetrante e com a personalidade inconfundível da lírica da banda, Black Summer apresenta uma performance contida e bastante eficiente do Anthony Kiedis. Novos ouvintes da banda podem não ter esse apego tão de cara, mas ao ouvir o single é entrar em um túnel de nostalgia sem sair lugar e do presente.

nota: 8

Uma Outra Face da Doja Cat

Celebrity Skin
Doja Cat

Apesar de realmente não ter gostado do seu último álbum devo admitir que a Doja Cat é uma artista realmente talentosa. E quando a mesma entrega um cover sólido como é caso de Celebrity Skin fica tudo ainda mais claro.

Lançado para o comercial da lanchonete americana Taco Bell, o cover do clássico da banda Hole mostra que Doja é uma camaleoa que consegue se adaptar as mais variados estilos e gêneros de maneira perfeito. Respeitando o original, a verão entrega um bem produzido pop/punk/rock que consegue ter personalidade suficiente sem se tornar uma pastiche. Obviamente, Doja não tem a força de uma Courtney Love, mas a sua performance é bastante segura, deixando aberto a possibilidade da cantora se aventurar por essas bandas sonoras. Quando tem um bom material nas mãos, Doja Cat mostra realmente o seu potencial.

nota: 7,5

A Boa Quimíca

The Joker And The Queen (feat. Taylor Swift)
Ed Sheeran

Quando um artista decide fazer uma parceria com outro artista, especialmente em um dueto, existe um fator extremamente importante para a canção funcionar: a química entre os envolvidos. Algumas vezes, essa mesma química pode salvar uma canção como é o caso de The Joker And The Queen.

Na versão original, a canção é um solo do Ed Sheeran, mas na versão lançada como single tem a participação da Taylor Swift. Devido a química dos dois, que já chega na quinta parceria, a canção é elevada de maneira substancial que faz a canção sair da mesmice para algo até bonitinho. Entregando boas performance solos, os cantora entregam o tom delicado que a canção necessita. Uma contida baladinha folk/pop, The Joker And The Queen não tem a mesma força de balada anteriores dos dois envolvidos, mas tem um bom instrumental. O seu maior problema é sem graça composição que não parece ter medo de pisar com força no sentimental e termina sendo apenas dispensável. A parceria entre os dois segue o lema de em time que está vencendo não se mexe.

nota: 6

Primeira Impressão

The Gods We Can Touch
AURORA

Uma Segunda Chance Para: BO$$

BO$$
Fifth Harmony

Resolvi voltar com esse especial aqui no blog para falar sobre canções que no passado não tiveram uma recepção positiva por mim, mas que ao longo dos anos envelheceram como vinho. E a primeira escolhida é a ótima BO$$ do Fifth Harmony.

Primeiro single do primeiro álbum da girl band (Reflection), a canção foi até bem recebida, mas foi esquecida no churrasco devido ao sucesso de Worth It do mesmo álbum. E é uma pena que BO$$ tenha sido esquecida, pois é o melhor trabalho das garotas e, sinceramente, uma música realmente boa. O grande acerto da canção é a sua extremamente carismática produção que entrega uma batida extremamente cadenciada e com uma forte base de percussão que fica martelando na nossa cabeça do começo ao fim. Sabendo em que momentos elevar a batida nos momentos certos, a produção transforma BO$$ no tipo de canção que vai conquistando aos poucos para depois estourar no seu ótimo clímax final. A canção apresenta uma letra sobre empoderamento raro, mas que funciona devido as sensacionais frases de efeito como, por exemplo, o refrão que manda “Michelle Obama/ Purse all heavy/ Gettin' Oprah dollars”. Simples, eficiente, despretensioso, dispensável e viciante, BO$$ não seria nada sem os ótimos vocais do Fifth Harmony, especialmente da Normani que tem a maior parte do tempo e que domina como uma verdadeira estrela pop. Uma pena, porém, que a carreira das Fifth Harmony nunca voltou a alcançar esse nível.

nota: 8

Arte Pop & Outras Ideias

Billions
Caroline Polachek

É bastante complicado resenhar uma canção como Billions da Caroline Polachek. Apesar de ter a noção básica que a canção é um trabalho realmente inspirado e muito acima da média, o resultado final é tão complexo de se explicar o motivo da sua qualidade que deixa o trabalho para uma avaliação direta bem sinuosa.

Uma mistura completamente única de art pop, indie pop, trip pop e synthpop, Billions apresenta uma construção sonora extremamente distinta, intricada, rica, inesperada e de uma inteligência única. Texturas, sons, nuances e quebras de expectativas fazem parte da base do impressionante arranjo que consegue ser, ao mesmo tempo e de maneira impressionante, contido e grandioso em um equilíbrio impressionante. O toque de gênio final fica por conta dos vocais em coro da parte final, pois faz Billions ganhar uma força emocional ainda mais impressionante que a já sensacional performance de Caroline. O problema, porém, da canção é a sua boa, mas pouco convidativa composição que parece não consegue conectar de maneira direta com quem ouve. Obviamente, essa última observação é bem pessoal, pois devo admitir que Billions pode não ser considera a melhor canção de 2022 nas listas no final do ano. Entretanto, o trabalho será um dos mais únicos do ano e isso pode cobrar de mim em Dezembro.

nota: 8

Chef's Kiss

Walkin
Denzel Curry

Tenho a crença que música boa é música boa independente do seu gênero. Todavia, devo admitir que alguns gêneros quando uma canção é boa é algo realmente extraordinário. Esse é o caso de Walkin do rapper Denzel Curry.

Teoricamente, a canção não inventa a roda ao entregar uma mistura de hip hop, rap e soul, pois a união dos gêneros sempre andou de mãos dadas. Na prática, a produção entrega uma intrigada canção devido a genialidade por trás de cada elemento. A performance de Daniel é um fluxo de força impenetrável que não deixa escapar nenhuma possibilidade de significação ou deixar espaços vagos ao preencher cada momentos com um carisma esmagador. Sem recorrer a gracinhas, o rapper apresenta uma forma “tradicional” de entoar os versos que é extremamente bem vida já que ajuda a estabelecer o artista entre os melhores rappers da história. A produção é de uma inteligência ímpar sem querer roubar os holofotes de Daniel e sem ser apenas um detalhe para fazer “peso”. Ricamente instrumentalizada e com uma batida encorpada e com ótimas nuances, Walkin apresenta uma composição inteligente, poderosa, bem escrita e com um cadenciado impressionante de ideias. E assim Denzel Curry entrega o famoso chef’s kiss ao mostrar que música boa é aquela que é realmente boa.

nota: 9

O Fundo do Poço

Do We Have A Problem
Nicki Minaj & Lil Baby

Podemos falar sobre a Nicki Minaj muitas coisas sobre o seu lado pessoal, mas artisticamente a rapper é uma grande artista. Entretanto, Nicki resolveu ser algo que nunca tinha sido: dispensável. Assim resultado a chata Do We Have A Problem.

Apesar de não ter nenhum problema sério na produção, a canção é simplesmente um trabalho arrastado, chato, repetido e completamente sem graça. Já ouvimos essa mesma batida milhares de vezes e aqui não existe nada que possa diferenciar essa hip hop de qualquer outra atualmente ouvida nas rádios. Na verdade, a canção soa até mesmo datada em vários momentos, especialmente devido a participação nada inspirada de Lil Baby. Entretanto, o grande erro vem da própria Nicki que entrega uma performance completamente esquecível e massificada que não tem uma grama da sua personalidade gigantesca. Uma pena que o fundo do poço da Nicki seja tão ruim.

nota: 3

Esquecidos no Churrasco

High
The Chainsmokers

Sinceramente, eu achava que o The Chainsmokers tinha acabado, mas eis que surge outra canção do duo eletrônico mais pasteurizado do pop. Em High, a dupla entrega outra canção que nem deveria ter sido lançada.

Novamente, a dupla entrega um massificada, chata e realmente irritante de EDM/electropop que vem com doses de pop rock que adicionam realmente nada para a canção. Com uma composição fraquíssima e de um teor lírico péssimo, High ainda faz a gente ouvir a voz de um dos integrantes do duo ao invés de ter um convidado especial que tenha o mínimo de qualidade vocal. Resumindo: The Chainsmokers faz um comeback que ninguém realmente pediu.

nota: 3,5

Antes Tarde do Que Nunca

The Fame Monster

Lady Gaga

Primeira Impressão

CAPRISONGS

FKA twigs

100KM

SAOKO
ROSALÍA

Com o lançamento de SAOKO já se pode dizer que a Rosalía não está de brincadeira para o lançamento de Motomami, pois a canção é uma explosão bem na nossa cara.

Mostrando que o tempo que passou do lançamento de El Mal Querer ao mergulhar em uma sonoridade latina mainstream não foi atoa já que estava buscado inspiração para a construção de seu novo trabalho. Depois da divisível LA FAMA, SAOKO é um mergulho de cabeça no reggaeton com o plot twist da visão da cantora em uma veloz, única e poderosa canção que adiciona doses de eletrônico com toques sensacionais de jazz fusion. Essa mistura é o que eleva a canção para um parâmetro em que mostra a Rosalía como uma das artistas mais originais da atualidade. E a composição que ressalta a sua capacidade de metamorfose é ótima devido a suas citações inteligentes, a estrutura certeira e o trabalho refinado que usa do menos é mais da melhor forma. Se o álbum for nessa mesma velocidade, Rosalía entregará todo o hype que a cerca de maneira avassaladora.

nota: 8

Um Remix Sem Ser Remix

Shinigami Eyes
Grimes

Acredito que qualquer artista pop sempre vai entrar em uma era de experiencias sonoras que se diferem da sonoridade que o consagrou. O caso da Grimes é curioso, pois a cantora já é uma artista experimental e, por isso, a sua fase experimental é se voltar para o mainstream como deixa claro a estranha Shinigami Eyes.

A canção é uma interessante, mas morna, mistura de electropop com progressive house que não se sustenta como deveria ao ser massificada demais para ser experimental e farofenta de menos para ser mainstream. Na verdade, Shinigami Eyes parece como um remix de uma canção da Grimes do que uma canção original da cantora. A canção acerta, porém, na atmosfera sombria e metálica e na boa performance de Grimes que consegue dar alguma vida para a canção. Apesar de não ser tão ruim como muitos estão pintando por aí, a nova era da Grimes não tem o que a cantora se tornou famosa: a sua peculiar personalidade.

nota: 6,5

Uma Explosão Contida

How Long
Tove Lo

Ao saber que além da Lana Del Rey também seria lançada uma canção para a série da Euphoria pelas mãos da Tove Lo tive algumas reservas, pois, na minha reação inicial, a sueca não aparenta ter nada em comum com a séria. Todavia, o resultado de How Long mostra que não importa essa característica no momento que a canção é um trabalho sensacional.

Uma synthpop tradicional e direta, a produção acerta na pegada slow burn que transforma a canção uma poderosa explosão emocional devido a sua devastadora composição. Ao narrar a descoberta de uma traição, Tove Lo pega o caminho difícil ao não apenas apontar os erros do outro, mas, também, mostrar os seus erros dentro desse relacionamento em ruinas. Os versos “How, how long have you tried to end it/ While I'm blamin' myself to fix it?” são de uma honestidade tão grande que fui pego de surpresa verdadeira como poucas vezes dentro da música pop. Além disso, a entrega da cantora em uma performance que exala uma raiva contida é algo que precisa ser parabenizado. E assim a trilha de Euphoria vai se tornando um dos trabalhos mais interessantes de 2022.

nota: 8

Lana's Theme

Watercolor Eyes
Lana Del Rey

Apesar de ser umas das cantoras mais proliferas da última década, a Lana Del Rey se envolveu em poucos temas para filmes/séries devido a seu estilo não combinar facilmente com qualquer gênero. Uma exceção é a série Euphoria e é por isso que a canção Watercolor Eyes se casa perfeitamente.

Sem precisar mudar muito a sua sonoridade, Lana entrega uma redonda, delica e melancólica balada indie pop que consegue imprimir a sua personalidade perfeitamente combinando com a atmosfera da série estrelada pela Zendaya. Contemplativa, doce e com uma tristeza tocante, Watercolor Eyes erra na sua composição que não mostra de fato o que a cantora pode entregar, ficando em uma versão pastel e técnica da sua lírica. Todavia, os vocais excepcionais de Lana em seu registro mais agudo deixam bem claro toda a potencia verdadeira. E apesar de não ser o seu trabalho mais inspirado, a canção mostra que com o material certo poderemos ter uma Lana Del Rey vencedora do Oscar no futuro.

nota: 7,5

Os Melhores de 2021

 Finalmente, a lista final de Melhores de 2021 está aqui. Espero que gostem!

Single do Ano

 

Artista do Ano

 

Revelação do Ano

 

Top 75 - Melhores Singles de 2021 - Final

 

Top 30 - Melhores Álbuns de 2021 - Final

 

Categorias Individuais

 

Categorias Artísticas

 

Categorias Técnicas

 

Pior Single