30 de julho de 2023

O Encontro de Duas Mães

Freak Me Now
Jessie Ware & Róisín Murphy

Poucas artistas vêm entregando tanta qualidade no universo pop como é o caso de Jessie Ware e Róisín Murphy. E é por isso que a parcerias das duas no remix de Freak Me Now é um acontecimento que precisa ser celebrado.

Remix do single de That! Feels Good!, a canção é uma mistura de nu-disco e funk com toques de soul e synth-pop que resultam em uma faixa elétrica, excitante e completamente viciante. Apesar de funcionar ainda melhor dentro do contexto do álbum devido a sua sensacional transição com a faixa Beautiful People, Freak Me Now é um trabalho tão bem pensado e realizado que merece ter esse momento de exposição como single. Sem mudar a base básica da canção, a participação de Murphy adiciona um refinamento gracioso e natural para a canção que parece que a mesma foi criada desde o começo para ter a sua presença. Devo admitir que queria mais da cantora, mas a sua química com Ware é palpável e deliciosa. E assim que fazem duas mães que alimentam sua prole com apenas o melhor.
nota: 8.5

Prazer Culposo

STUCK
Thirty Seconds to Mars


Nunca gostei do Thirty Seconds to Mars. Também conhecida como a banda do Jared Leto, a banda teve seu momento lá pelo final dos anos dois e começo dos dois mil e dez. Com um hiato de dez anos em que o vocalista se dedicou a sua carreira no cinema, a banda volta com o lançamento de um novo álbum. Como primeiro single foi a lançada a não horrível STUCK.

Tenho a noção que a canção não deve agradar nem gregos ou troianos, mas, sinceramente, a mesma já entra na categoria de prazer culposo para mim. A melhor qualidade da canção é ser exatamente uma pretenciosa tentativa de ser um rock alternativo com pop rock tão descaradamente feita para virar hit viral que fica difícil não abrir um sorriso. E essa sensação aumenta ao saber que quem escreveu e produziu STUCK foi o Leto, além de dirigir o clipe, mostrando ainda mais a sua megalomania. Obviamente, quem tiver algum problema insuperável com a banda e, principalmente, o seu frontman não teve curtir em nada a canção, mas quem está com vontade de encontrar o seu próximo hate/love essa é uma ótima pedida.
nota: 7 

Take on Me

Never Ending Song
Conan Gray

Never Ending Song é o tipo de canção que é preciso ter algum contexto para poder entender e, posteriormente, gostar do que o Conan Gray tentou fazer. Se isso, a canção é um verdadeiro erro.

Provável primeiro single do seu terceiro álbum, a canção é uma synth-pop que invoca perfeitamente o espirito do A-ha em Take on Me e adiciona uma dose pesada do The Killers para criar uma canção vibrante, dançante, cativante e divertida. Entretanto, para realmente perceber essas qualidades é preciso ter essas referências mínimas, pois sem elas é fácil achar o resultado estranho quando se comparado com o que cantor mostrou nos trabalhos anteriores. Ainda mais com o encorpado e estilizado vocal que Conan usa para entoar Never Ending Song que busca uma inspiração direta do Brandon Flowers. A decisão de entrega a canção com essa diretriz base é realmente louvável de um ponto de vista artístico, mas comercial é necessário perguntar: a fanbase do Conan tem a noção do que o mesmo tentou alcançar? 
nota: 7,5

Vapor Barato

Tá OK
DENNIS & MC Kevin O Chris


A coisa está tão feia para o cenário mainstream brasileiro que a canção Tá OK é o que a gente tem de melhor.

Parceria do DJ Dennis e o funkeiro MC Kevin O Chris, a canção viralizou devido especialmente o seu clipe e a canção ser uma nostálgica volta aos funks do começo dos anos 2000. E tenho que admitir que a ideia é ótima e execução é bom, pois consegue passar essa atmosfera perfeitamente adicionando uma boa camada de verniz modernoso. O problema é que a canção é um sopro que quando começa a esquentar de fato termina com o seus parcos um minuto e trinta e dois segundos. Sem tempo para expandir sua própria ideia, Tá OK perde o momento que poderia ser um verdadeiro banger. E mesmo assim ainda é melhor que 80% do atual cenário pop nacional.
nota: 6

Peças Certas, Montagem Errada

Home To Another One
Madison Beer

Quem já montou um quebra-cabeças sabe que em vários momentos tudo parece está fora de lugar mesmo com todas as peças corretas sendo usadas. Essa é a minha sensação ao ouvir o single Home To Another One da Madison Beer.

Vocais: belíssimos. Letra: bem construída. Produção: sólida e interessante. Todavia, a montagem dessa synth-pop/electropop parece estar errada ao fazer as suas peças não se encaixarem como deveriam. Os vocais são bonitos e mostram o lindo timbre de Madison, mas a mesma performance com uma intencional vibe descolada que não deixa muito espaços para a mesma criar texturas com a sua voz, deixando tudo meio blasé. A produção erra ao parecer duas canções em uma sem achar o fio condutor entre o estilo balada e a batida dançante, criando uma bela e desconjuntada colcha de retalho. E, por fim, a composição não tem a força necessária para explodir emocionalmente ou mesmo tem o fator radiofônico/viral devido a seu mediano refrão. Home To Another One é um bom quebra-cabeça que precisaria ser melhor encaixado.
nota: 6

16 de julho de 2023

Pride, Sex & Pop

Rush
Troye Sivan

A evolução na carreira do Troye Sivan pode ser alinhada com a ascensão de artistas queers contemporâneos no mainstream pop mundial. E nesse momento o resultado de Rush, primeiro single do seu terceiro álbum, é exatamente parte desse processo.

Continuando a mostrar a vontade de continuar a explorar a sua sonoridade, Sivan entrega uma refinada, madura, sexy e inteligente dance-pop com toques de house que rivaliza com o fator viciante de Padam Padam. Elétrica do começo ao fim, Rush apresenta logo de cara a quebra de expectativa com os vocais distorcidos que dão para a canção uma personalidade marcante e são usados para incrementar o refrão em contraste com os aveludados e sensuais vocais do cantor. Essa dinâmica dá para a canção uma personalidade única, pois cria uma áurea de estranheza controlada que refinas qualquer ponta solta da produção. E esse quesito não decepciona, pois é coesa, criativa e extremamente viciante. Poderia ser um pouco maior já que nem chega a ter dois minutos e meio direito. Todavia, o grande trunfo da canção é continuar a dar a possibilidade para a expressão de Sivan ao explorar a sua sexualidade sem amarras ou metáforas complexas, especialmente no seu homoerótico vídeo clipe. Rush é um triunfo em várias instancias que ajuda a continuar esse caminho sem volta para a comunidade queer. 
nota: 8

Uma Promessa Verdadeira

Don't Say Love
Leigh-Anne


O início da carreira da Leigh-Anne tem a vantagem de ter em comparação o fracasso que foi o da Jesy Nelson. Então, o nível está bem baixo para os projetos das ex- Little Mix. E, queridos leitores, a cantora surge praticamente humilhando a colega com o lançamento de Don't Say Love.

A primeira escutada não dá para perceber perfeitamente toda a qualidade da canção, pois a batida electropop dá uma leve puxada para o massificado. Entretanto, Don't Say Love é um trabalho com uma camada de criatividade tão suculento que fica difícil não se envolver para batida que é mistura com uma dose de uk garage que garante uma personalidade única para a canção. Existe ainda nuances de R&B e afrobeats que incrementam o resultado final sem, porém, tirar o lado perfeitamente radiofônico. Vocalmente, a cantora segura a canção de maneira segura do começo ao fim, deixando o seu bonito timbre brilhar quando necessário. Faltou algo que a pudesse diferenciar em sua performance para a separar definitivamente de contemporâneas que trançam o mesmo caminho atualmente. Com um refrão viciante, Don't Say Love é a canção ideal para impulsionar a carreira da Leigh-Anne.
nota: 8

Barbie Electropop

Speed Drive
Charli XCX


E o evento do ano continua a lançar seus braços para o mundo da música que irá pautar o mundo pop nesse meio de ano. Agora é a vez da Charli XCX lançar sua música para a trilha de Barbie com a boa Speed Drive.

Novamente, assim como a parceria da Nicki Minaj e Ice Spice, a canção é rápida demais com nem dois minutos direito. Todavia, Charli consegue entregar mais nesse tempo do que a canção das rappers, especialmente devido ao ótimo uso do samples de canções icônicas: Mickey de Toni Basil e a versão da Robyn de Cobrastyle. E o uso no refrão da melodia da primeira canção é em especial inspirada. Speed Drive é essencialmente uma canção com o carimbo de qualidade da Charli XCX ao ser uma direta, elétrica e irresistível hyper-pop/eletropop que exala a personalidade da cantora e, ao mesmo tempo, consegue ter a áurea do filme. Poderia ser um banger maior? Sim, poderia facilmente com uma canção com maior trabalho. Entretanto, Speed Drive é perfeitamente o encontro entre o mundo da Barbie e o da Charli XCX.
nota: 7,5

Um Toque de Surreal

The Universe
Róisín Murphy

Adicionar uma dose de surrealismo em uma música é algo bem difícil, pois, normalmente, o feito é conseguido através de imagens concretas. Entretanto, algumas canções tem essa cabeça sem depender de fatores externos como é o caso da ótima The Universe da Róisín Murphy.

Segundo single do aguardado Hit Parade, a canção é construída de maneira a contar uma história de uma viagem de barco que dá muito errado. Essa imagem é elaborada para ser a condução para a metáfora sobre um romance destinado ao fracasso por vários motivos assim como esse desastre marítimo. E o toque surreal não é pela curiosa composição, mas também pela adição de uma voz off que narra a viagem, pelas mudanças vocais que Murphy passa ao longo da canção e também pela produção da canção. The Universe, assim como todo álbum, é produzido por DJ Koze que cria aqui uma estranha, descolada e única mistura de psicodélica, eletrônico, indie pop e chillwave que parece ir a lugar nenhum, mas que chega sem ser convidado e fica na cabeça da gente desde a primeira vez. E a condutora perfeita para a canção é a presença iluminada e cool de Róisín que faz toda a canção fazer sentido, mesmo que tenha partes de The Universe que realmente não sejam plenamente compreendidas.
nota: 8,5

Barbie Curta

Barbie World
Ice Spice, Nicki Minaj & Aqua


O filme Barbie mesmo antes de estrear já pode ser considerado um dos eventos pop mais importantes dos últimos dez anos. E isso também se associa com as canções da sua trilha recheada de nomes hypados. Depois da Dua Lipa foi lançando Barbie World da Ice Spice e a Nicki Minaj com o icônico sample do Aqua.

A canção poderia facilmente ser um desastre, mas, felizmente, escapa disso ao ser uma divertida e leve hip hop, drill, pop rap que com o bom uso do sample de Barbie Girl consegue exatamente pegar toda a vibe do filme adicionando as personas rappers de maneira a criar uma coesa e, principalmente, despretensiosa canção. O problema de Barbie World é que a canção tem apenas um minuto e quarenta e nove segundos, deixando tudo rápido e rasteiro demais até mesmo para uma canção que não tem intuito de ser profunda. Essa decisão corta bastante a graça que a canção poderia ter, especialmente devido a não continuar elaborar a presença de Nicki e Ice e a química que as duas possuem. De qualquer forma, Barbie World é mais um tijolo na construção do mega evento que vai ser Barbie.
nota: 6,5

O Batidão Tove Lo

I like u
Tove Lo


Você consegue perceber o talento de um artista quando em uma música que tinha tudo para dar errado é salva pela apuração sonora que o mesmo possui. Esse é o caso de I like u da Tove Lo.

Single do relançamento de Dirt Femme, a canção facilmente poderia se tornar uma farofada clichê ao descambar para um eurodance/tecno house de inspiração dos anos noventa. Entretanto, a produção adiciona nuances que mantem a ideia principal e eleva o material de maneira realmente impressionante. Não é exatamente genial, mas I like u tem toque sofisticado tão genuinamente interligado com a persona da Tove Lo que ganhar vários pontos ao quebrar expectativas devido a sua construção rítmica inteligente e carismática. Liricamente, a canção é o que a protagonista de Dancing On My Own teria feito se não ficasse apenas no fundo da boate vendo o amado com outra ao literalmente ir para cima. Acho que a parte final poderia ir além e fazer um clímax ainda mais explosivo para arrematar com chave de ouro toda a canção. Isso, porém, não tira o fato de I like u de ser mais um acerto da Tove Lo.
nota: 7,5

Clichê Vogue

VULGAR
Sam Smith & Madonna


A ideia por trás Vulgar du Sam Smith é ótima: entregar uma canção basicamente ballroom com participação da primeira artista mainstream a levar o gênero para o grande público. Entretanto, a parceria du Sam com a Madonna termina apenas como um grande amontoado de clichês.

A produção parece querer demais evocar a vibe ballroom do que ser algo natural e fluido assim como fez a Beyoncé. Exagerada em algumas partes, Vulgar tem a capacidade de ter cinco nomes assinando a produção e entrega um trabalho tão aquém de todas as expectativas. Entretanto, o pior da canção é a sua péssima composição que, sinceramente, está pior que o pior verso feito por uma drag para o desafio do Rumix em Rupaul’s Drag Race. Sério, Vulgar tem perolas como “Rich like I'm in the Louvre, got nothin' left to prove”, “So watch what you say or I'll split your banana” e “Vulgar will make you dance, don't need a chorus”. O que realmente salva a canção é a química entre Sam e a Madonna que adiciona algo natural para a canção, pois sem isso teríamos uma bomba nível nuclear em Vulgar.
nota: 5,5

2 de julho de 2023

Mad Olivia

vampire
Olivia Rodrigo

Depois de se tornar um verdadeiro arrasa quarteirão quase da noite para o dia, a Olivia Rodrigo começa os trabalhos para o seu segundo álbum com o desafio de comprovar a sua imensa popularidade e, principalmente, o seu talento. Como primeiro single de Guts foi lançada a interessante vampire.

A canção é uma continuidade do que a mesma mostrou em Sour e, ao mesmo tempo, demostra uma evolução considerável. Continuando o seu trabalho com o produtor Dan Nigro, vampire é uma pop rock/indie pop bem orquestrado e com uma apelo comercial reluzente, mas existe uma clara procura por refinar a sonoridade ao soar mais encorpada, madura e densa. A quebra de expectativa ao começar como uma balada pop para depois de tornar uma vigorosa pop rock é muito bem feita, emoldurando o que a Billie Eilish entregou em Happier Than Ever. Liricamente, a canção também mostra também evolução ao sair da melancolia/tristeza/amargura pelo ex para uma raiva áspera, sombria e contemplativa. A temática é a mesma, mas existe uma clara visão amadurecida que pode mostrar que a mesma está começando a seguir em frente pessoalmente e artisticamente. Com vampire, Olivia Rodrigo dá um passo sólido em um dos momentos mais crucias na carreira de uma pop star que é o segundo álbum.
nota: 8

Nova Era

Attention
Doja Cat

Doja Cat é a artista que a o mundo fonográfico precisava tem algum tempo. Sem medo de ser controversa sem ainda ultrapassar barreiras sem voltas e, principalmente, entregando trabalhos com qualidade. Abrindo a divulgação do seu próximo álbum foi lançada a interessante Attention.

Longe de ter a cara de um single que poderia ser esperado, a canção é um acerto no instante que mostra a artista está na busca de ampliar seus horizontes sonoros ao flertar com o experimental. Uma mistura bem intencionada de hip hop, neo soul, trip hop e boom bab (subgênero do East Coast hip hop) em que a produção trabalha em criar toda uma densa atmosfera em invés de querer dar uma batida que seja apenas para hitar. E, apesar de não ser para todos os gostos, Attention funciona no instante que se mostra como esse amadurecimento da Doja sem perder, porém, o seu lado carismático. Isso é mostrado com a sua contida, mas agressiva e irônica performance que consegue expressar toda a raiva que a mesma coloca na sua ótima composição que é uma resposta aos seus críticos e o reforço da sua persona. Attention é um começo auspicioso e surpreendente para a nova era da Doja Cat.
nota: 7,5

Straight Up, Carly!

Shy Boy
Carly Rae Jepsen


Acredito que já está mais do que certo que a Carly Rae Jepsen é uma artista extremamente talentosa, mas apesar disso ainda fico surpreendido com os seus novos lançamentos. Esse é o caso de Shy Boy.

A canção que pode ser o primeiro single do seu próximo álbum ou o primeiro do relançamento The Loneliest Time é uma inteligente, vibrante, criativa e viciante mistura dance-pop/synth-pop que continua a mostrar o domínio da cantora nesse caminho pop nostálgico/modernoso. Dessa vez, porém, Carly parece buscar influência um pouco inusitada: Paula Abdul. Apesar de imenso sucesso nos anos oitenta, a ex jurada do American Idol não é exatamente citada como uma grande influenciadora musicalmente, mas Shy Boy tem essa vibe que parece emoldurar o lado dançante de hits como Straight Up e Opposites Attract. E o resultado é tão inspirado que faz da canção um dos melhores momentos recentes da Carly. Ainda mais com as texturas rítmicas que são adicionadas ao longo da canção e a deliciosa performance de Carly. Posso até vendo coisas onde não deveriam estar, mas o fato é que Shy Boy é outro acerto entre tantos da Carly Rae Jepsen.
nota: 8

Um Presente do Passado

Say Yes To Heaven
Lana Del Rey


A carreira da Lana Del Rey chegou em um ponto que funciona de uma maneira tão peculiar que acredito que se fosse para outra artista não daria certo. Só assim para que uma canção não lançada de 2014 hitasse agora como é o caso de Say Yes To Heaven.

Gravada para Ultraviolence, a canção foi vazada em 2020, mas agora ganhou um lançamento oficial e meio que ofuscando o lançamento de Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd. Tanto que a canção alcançou a 54° da Billboard, ultrapassando a sua última melhor posição em 2019 com o 59° de Doin' Time. Não tenho uma explicação exata para qual o motivo dessa canção ter feito esse sucesso, mas, sinceramente, Say Yes To Heaven é uma boa canção que merece ter sido lançada oficialmente. O grande trufo da canção é o fato da mesma ter uma simples, mas extremamente eficiente emocional composição que consegue manter a persona da Lana intacta com uma atmosfera bem diferente da sua tradicional verborragia. A produção de Rick Nowels é outro acerto ao conseguir ter complexidade instrumental e, ao mesmo tempo, ser uma balada indie pop/ downbeat fácil de deglutir logo na primeira ouvida. Existe uma semelhança sonora com Summertime Sadness, também produzida por Nowels, que ajuda a canção a ter ainda mais apelo. Say Yes To Heaven não é a melhor canção da carreira da Lana, mas é um exemplo perfeito da atemporalidade que a mesma vem construindo na sua carreira.

É O Temos Para Hoje

Funk Rave
Anitta

Livre da sua ex gravadora, a Anitta parece estar mais livre criativamente para seguir a sua carreira. E é Funk Rave que a mesma entrega.

Devo admitir que a ideia é ótima ao ser o que venho dizendo que a cantora deveria apostar na desconstrução/reinvenção/reconstrução do funk. E isso é o que tenta ser Funk Rave, mas termina sendo apenas clichê, repetitivo, raso e massificado. A batida que mistura eletrônico e funk é até bem montada, porém, assim como outras canções da cantora, não tem nada excitante ou/e criativo para que possa elevar a sonoridade da cantora. Entretanto, o grande problema da canção é a péssima composição que mistura português, espanhol e inglês que em uma tentativa canhestra de ser icônica, acabando sendo apenas vergonhosa. E a produção vocal que a Anitta continua insistindo em ter a sua voz mixada é extremamente questionável. Resumidamente: é o que temos para hoje e isso.
nota: 4



Maturidade Ofuscada

WHAT THE HELL ARE WE DYING FOR?
Shawn Mendes

Sempre defendo que o Shawn Mendes é um artista talentoso e que a maturidade vem trazendo a tona a percepção de ser realmente um cantor com algo para mostrar. Em What the Hell Are We Dying For?, o cantor dá um passo interessante para essa evolução, mesmo que ainda tropece aqui e ali.

O grande problema da canção é o seu contexto: gravada no dia 08/06 e lançada no dia seguinte, o single parecer querer refletir sobre os incêndios no Canada que lançaram uma cortina de fumaça por vários lugares dos país e no norte do Estados Unidos. Como capa de What the Hell Are We Dying For? Foi usada uma foto da cidade de Nova York (onde foi gravada a canção) coberta pela fumaça alaranjada, gerando uma certa polêmica. Acho interessante Shawn ter essa inspiração de situações atuais para se inspirar, mas tem horas que é necessário entender o conceito de entender o momento para saber com se desviar dessas polemicas evitáveis. Em relação a canção em si, o single é um maduro, previsível e bem produzido, especialmente por ter sido em feito em apenas um dia, pop rock que parece tirar inspiração sonora do U2. Obvio, Shawn ainda precisa crescer para conseguir colocar mais peso criativo nas suas canções, mas ainda acho que o mesmo está no caminho certo.
nota: 7