Shakira
Não há nenhum duvida que o sucesso da música latina atualmente no mercado mainstream dos Estados Unidos e, por consequência, do resto do mundo é legado da Shakira e o que a mesma fez entre o final dos anos noventa e, principalmente, durante todo os anos dois mil. Mesmo que esteja longe do seu auge criativo, a colombiana ainda prova seu valor no seu décimo segundo álbum da sua carreira, o sólido Las Mujeres Ya No Lloran.
O grande ponto do álbum é a presença forte, marcante e inegável da cantora que adiciona personalidade até mesmo quando a canção carece de criatividade e de força artística. E isso é qualidade de uma verdadeira estrela, pois nas mãos de um artista com menos talento, versatilidade e carisma o resultado poderia simplesmente ser apático e sem graça. Não que o álbum não tenha problema em vários momentos, mas a presença iluminada da cantora mascara certos erros da produção. O principal deles é a massificação da sonoridade ouvida em Las Mujeres Ya No Lloran. Algo que já venho falando sobre os lançamentos de singles da cantora nos últimos tempos, Shakira que sempre foi aventureira na exploração da sua sonoridade parece ter caído no poço da massificação ao entregar canções que parecem em várias vezes terem saído de uma fabrica em larga escala de canções para viralizarem no TikTok. Esse problema é o grande problema do álbum, pois podemos ouvir essa tendência em vários momentos de maneira tão forte que meio que ofusca os bons momentos. E o melhor deles é quando a Shakira volta com força para o seu passado ao entrega a boa latin pop/rock na Tiempo Sin Verte.
Outra qualidade que é preciso apontar é que Las Mujeres Ya No Lloran é um álbum sobre o térmico conturbado e polemico do seu casamento com o Piqué, mas, felizmente, esse não é o único assunto do álbum não o deixando cair em um longo e chato lamurio. E quando esse tópico aparece claramente é feito de maneira bem interessante como é caso da balada pop Última que a própria Shakira disse que é a literalmente a última canção sobre o assunto. Claro, o outro momento de lavação de roupa suja é no hit Shakira: Bzrp Music Sessions, Vol. 53 com “sua explosiva, ácida, honesta e completamente desconcertante (para o Piqué, claro) composição em que a cantora ativa a sua língua de chicote e manda pérolas como, por exemplo, “Uma loba como eu não é pra caras como você”, “Você me fez ter a sogra como vizinha/ Com a imprensa na porta e devendo à Receita Federal”, “Você trocou um Rolex por um Casio” e “Me tornei grande demais pra você/ E, por isso, você tá com uma igualzinha a você”. Apesar de bem explicitas, a composição funciona perfeitamente devido também a ótima, raivosa e cínica performance da Shakira que dá o lanço de ouro em cima do presente de Grego para o ex”. Todavia, o momento mais divertido do álbum é a parceria da cantora com a Cardi B em Puntería que abre o álbum de maneira bem interessante. Pena que o resto do álbum fica em uma montanha russa bem acentuada, especialmente na sua segunda metade. Outros bons momentos que podem ser citados são a outra parceria com o produtor/DJ Bizarrap em La Fuerte e em Cómo Dónde y Cuándo que novamente resgata a Shakira do pop/rock. Longe da gloria de outros tempos, Las Mujeres Ya No Lloran mostra que a Shakira ainda tem fogo para queimar, precisando apenas saber direcionar as chamas para o caminho mais certo.
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