Kacey Musgraves
Desde que venho acompanhando a carreira da Kacey Musgraves, o resultado de Deeper Well é definitivamente o seu momento menos inspirado. E, mesmo assim, é entregado um solido, cativante e terno trabalho que conquista quem escuta devido ao talento da cantora em fazer reverberar sentimentos tão familiares.
O que sustenta perfeitamente todo álbum é essa capacidade da Kacey de falar sobre coisas que fazem a gente facilmente associar com coisas das nossas vidas de maneira a nunca soar pretencioso e forçado, mas, sim, natural e sincero. Coração quebrado, mudanças de vida, novo amor e até mesmo questionar alguma crença que parecia inabalável são apenas dos temas abordados em Deeper Well. Em nenhum desses momentos, a cantora e seus parceiros de escrita querem fazem “pregações” sobre suas reflexões ou/e querem fazer letras que sejam tomadas como shows de autopiedade. As letras aqui são apenas e nada que belas crônicas sobre o que a cantora viveu, sendo histórias contadas de maneira simples e tocantes sem fazer a gente querer sentir nenhum sentimento além empatia ao notarmos que por muitas vezes estivemos no seu lugar.
Acredito que o álbum tem alguns pontos que a simplicidade lírica da artista é levado ao pé da artista é levado ao pé da letra demais, deixando a impressão que certas faixas parecem rasas e sem a mesma força quando a mesma explorar a sua temática. Felizmente, isso não acontece com frequência e a impressão geral é que um trabalho lírico a par com que a Kacey já entregou. E o seu melhor momento é a linda faixa que dá nome ao álbum Deeper Well em que “a cantora faz uma crônica sobre a gente perceber que a gente pode e deve se livrar daquelas pessoas e/ou situações toxicas. E isso é feito de uma maneira que é, ao mesmo tempo, ácida e delicada com a cantora dando tapas de luva de película que deixam as marcam mais vermelhas”. O problema do álbum é a sua sonoridade. Longe de ser uma decepção e mais longe ainda ser ruim, a produção entrega um seguro trabalho de country pop com ecos de folk, pop rock e americana, mas que não ter o brilho tão forte que outros trabalhos da cantora. Acho que a melhor comparação é que Deeper Well de um sol ao amanhecer enquanto um trabalho como Golden Hour (vencedor do Grammy de Álbum do ano) que tem o brilho de um Sol do meio dia. Todavia, a competente instrumentalização e inteligência na construção do álbum ajuda a segurar o resultado final. Alguns momentos que é necessário serem destacados no álbum ficam por conta da reflexiva The Architect sobre a presença de Deus ou não nas nossas vidas, a pop country/rock Cardinal sobre a fragilidade da vida, Too Good to Be True e sua letra sobre o medo de entregar a alguém e, por fim, Dinner with Friends sobre as pequenas coisas que sentimos saudades no outro depois de um termino. Longe de ser um trabalho realmente memorável, Deeper Well é um trabalho que ajuda a compreender o quanto memorável é a presença da Kacey Musgraves para o atual cenário da musica country. E isso é inestimável.
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