23 de julho de 2024

Primeira Impressão

Wall of Eyes
The Smile



Nem sempre gênios entregam genialidades. Nem sempre um bom álbum é um trabalho que realmente me atrai pessoalmente. E nem sempre um bom trabalho é algo que faz a gente querer escutar várias vezes. Esse é o caso de Wall of Eyes, segundo trabalho da banda The Smile.

Segundo álbum da banda formado por dois terços do Radiohead, o álbum é um maduro, impressionante, sóbrio e complexo trabalho de art rock que aglutina outros subgêneros como, por exemplo, o rock progressivo, o post-rock, o indie rock, ambient pop e até mesmo um toque de bossa nova. É impressionante o trabalho devido a magnifica instrumentalização, a composição sempre inteligente e complexa e a produção impressionante capitaneada por Sam Petts-Davies. Todavia, o álbum nunca parece conquistar de fato quem escuta devido a um distanciamento entre a obra e o ouvinte. Sabe aquele meme de “don’t touch, it’s art” da Narcisa? É exatamente assim que me senti escutando Wall of Eyes. É um belíssimo trabalho sem dúvida, mas soa frio e distante para o ouvinte sendo que deveria fazer a gente conectar de maneira devastadora desde o começo. E isso não acontece em quase nenhum momento, fazendo admiração ser de longe e sem um vínculo real com a obra. O único momento que realmente senti essa conexão foi na estupenda Bending Hectic ao ser “uma jornada épica de oito minutos nas profundezas do que faz a sonoridade dos envolvidos ser tão especial. Espetacularmente bem instrumentada, Bending Hectic é uma grandiosa, sufocante, contemplativa e magnética art rock que é construída com o detalhamento de um escultor ao talhar cada pedaço da sua obra de forma terna e, ao mesmo tempo, furiosa. Uma slow burn que alcança seu clímax de forma cativante em que a gente nem perceber o passar do tempo, o single poderia ter algumas quebras de expectativas para realmente fazer distinção entre a sonoridade aqui ouvida e a do Radiohead”. Apesar de menos inspirada, a faixa Read the Room também é outro destaque do álbum, especialmente devido a performance visceral do Thom Yorke. Com certeza, um dos grandes álbuns de 2024, Wall of Eyes não é exatamente a minha praia. E isso está tudo bem.


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