Megan Thee Stallion
Assim com a Raye, a Megan Thee Stallion se tornou uma artista independente. Ao contrário da sua colega britânica, a rapper já tinha alcançado o sucesso comercial inegável, mas estava completamente desconte com a maneira que a sua gravadora lidou com a divulgação do álbum Traumazine, levando-a a processar a gravadora para depois terminar seu contrato. Com liberdade criativa, a rapper lança o seu melhor trabalho até o momento em MEGAN, mesmo que ainda não esteja como um todo a altura do seu talento.
Não apenas o fato da rapper estar livre de amaras faz do álbum ser o seu melhor, pois é fácil notar que o trabalho é o seu mais maduro em todos os sentidos. Sonoramente, o trabalho é o mais direto da carreira da rapper ao ser predominante hip hop/rap com a adição de alguns elementos de R&B e trap. E isso é feito por um time de produtores que consegue tirar o melhor que o estilo por trás da ideia central do álbum, mostrando versatilidade sem precisar fugir ou embelezar com adições de sonoridades feitas para comercializar o álbum. MEGAN é um álbum hip hop não tem medo de nos acertar na cara com batida fortes, potentes e texturizadas. Não posso dizer que o álbum acerta o tempo todo. Novamente, essa mania de ter um álbum com uma quantidade grandes de faixas (aqui são dezenove) atrapalha a fluidez do trabalho, pois existem algumas faixas aqui que se saíssem dariam mais força e dinamismo para o resultado geral. Não que sejam ruins, pois existe um bom nível que é mantido por todo o álbum. O problema é que as mesmas surgem como pequenos solavancos no encaminhamento do álbum. Isso pode tirar alguns pontos, mas ao final é Megan brilha lindamente.
Uma das melhores rappers surgida nos últimos vinte anos, Megan entrega grandes performance uma atrás da outra no álbum em uma verdadeira tour de force. Apesar de alguns convidados, a rapper é a verdadeira estrela mor que domina cada segundo com uma força incontrolável, indo da raiva para o irônico para o sexy e até o emocional com a mesma impressionante maestria do seu oficio. E o melhor momento do álbum mostra com clareza essa qualidade da rapper em Hiss que entrega uma “performance avassaladora que parece ter entrado em transe para gravar a canção”. Entretanto, o grande trunfo da canção é a sua espetacular composição ao “não ser um diss track rasa que serve apenas para “brigar” com alguém, mas, sim, uma complexa, intrigada e espetacularmente bem escrita crônica sobre os sentimentos que a rapper possui sobre seus últimos e complicados anos na vida pessoal e profissional. É uma metralhadora na velocidade onze, mas que não é uma bagunça de insultos vazias e provocadores. A lírica em Hiss é certeira, limpa, divertida, cheia de referências e com uma polidez técnica perfeita”. Essas características permeiam basicamente todo o álbum, mostrando uma clara evolução artística da rapper em ter a capacidade de não apenas escrever boas canções com rimas certeiras, mas principalmente ter a capacidade de se aprofundar em assuntos espinhosos como é o caso de Cobra que é “louvável na sua pungente e desnorteante composição em que Megan fala abertamente e com uma vulnerabilidade tocante sobre os problemas que enfrentou com a sua saúde mental. Gostaria de ter ouvido mais a rapper explorar esses sentimentos em uma letra maior, mas ainda assim é louvável a maneira com ela se abre”. Mesmo mantendo o resto do álbum em nível parecido, outros momentos é o inteligentíssimo uso do sample de What You Waiting For? da Gwen Stefani na ótima BOA, a porrada de Rattle, a divertida Where Them Girls At e, por fim, a parceria com a rapper GloRilla em Accent. Em um novo começo de era, Megan Thee Stallion dá um passo importante para continuar a ser a melhor rapper mulher da atualidade. E mal esperar para ver o que vem daqui para frente.
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