16 de julho de 2024

Primeira Impressão

This Ain't The Way You Go Out
Lucy Rose




Nem sempre um álbum sobre dor precisa ser um álbum triste e/ou melancólico ou/e dramático ou/e sombrio. Em This Ain't The Way You Go Out, a cantora Lucy Rose entrega um trabalho contemplativo e reflexivo, mas que encontra felicidade ao final.

Quinto álbum da carreira da cantora e sucesso do ótimo No Words Left de 2019, o trabalho reflete um momento doloroso da vida da cantora em que descobriu enquanto gravida do seu primeiro filho que estava com osteoporoses gestacional, vindo a quebrar oito vertebras na sua coluna. Felizmente, a cantora se recuperou assim como seu bebe e durante o processo de cura escreveu as composições ouvidas em This Ain't The Way You Go Out. E mesmo abordando tamanho trauma, as letras aqui apresentam em sua maioria um tom esperançoso em que a cantora parece encontrar conforto nos aprendizados que a vida a fez passar. Em dos momentos mais emocionais do álbum, Lucy chega a tocante conclusão em Whatever You Want:

A baby, in my arms
Has given me more joy than I could know
'Cause something came from nothing
And you changed my life

Sem nunca pesar para o drama pesado, mas sempre fazendo a gente se sentir emocionado. Em um momento mais forte do álbum, a faixa Dusty Frames reflete sobre a escolha que fazemos que no futuro mudam a vidas de quem amamos: Dusty frames/ Of photographs that take me back to/ Those old days/ Life could be so simple, but it's full of pain”. Tenho que admitir que ao comparar com o álbum anterior existe uma queda de conexão das letras com quem escuta, mas isso não chega a atrapalhar de maneira crucial devido a imensa qualidade estética e temática que é apresentado em cada uma das faixas em que o estilo lírico é simples, mas de eficiência preciosa e tocante. Outro ponto importante para This Ain't The Way You Go Out é a mudança sutil, mas significativa na sonoridade da cantora ao entregar uma segura, edificante e bonita indie pop/singer-songwriter que é adicionado doses delicadas de neo-soul, jazz experimental e alt pop. Não é uma mudança drástica, pois a produção de Kwes, que tem no currículo trabalhos com nomes como Solange, Kelela e Sampha, sabe pincelar essas escolhas de maneira a apenas elevar a já solida sonoridade da Lucy. Um exemplo bom dessa nova dinâmica sonora é a abertura do álbum Light As Grass e a sua batida marcada que destaque essa influência jazz com toques de neo soul. Outros momentos de importância no álbum fincam por Sail Away e a construção atmosférica que desagua na produção mais grandiosa do álbum, a batida gostosa e despretensiosa de Life's Too Short e, por fim, a emocional faixa que dá nome ao álbum em This Ain't The Way You Go Out em que a cantora revela de maneira honesta seus sentimentos depois de passar por tamanha dificuldade para encontrar sua razão de viver. E assim a Lucy Rose entrega um dos álbuns mais tocante do ano. 


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