10 de julho de 2024

Primeira Impressão

THE TORTURED POETS DEPARTMENT
Taylor Swift




Demorei um pouco para escutar o novo álbum da Taylor Swift, pois o trabalho foi inundado da percepção mais divida da carreira da cantora. Apesar do sucesso comercial grandioso como sempre, a crítica especializada recebeu o álbum que ficou entre a aclamação e as mais duras críticas negativas até hoje para um trabalho da cantora. E isso se intensifica ao olhar a recepção do público. Afastado dessa fogueira direta posso afirmar que The Tortured Poets Department está no meio desse caminho dessas duas percepções. E o grande problema da cantora artisticamente é que a mesma é vítima da sua própria sonoridade.

Acredito que é notória afirma que a cantora ao lado do seu parceiro de longa data e uber produtor Jack Antonoff conseguiram moldar a sonoridade para se tornar algo tão bem construída que parece que se tornou sinônimo da sua carreira. E isso é louvável. Entretanto, o que estamos ouvindo aqui é simplesmente a repetição dos mesmos esquemas, saídas, texturas, bases e ideias em quase constante loop que não sai do mesmo lugar. É necessário apontar que tecnicamente são trabalhos impecáveis e, curiosamente, sozinhos funcionam lindamente, mas quando a gente vai escutando uma após a outra vai se tornando uma massa uniforma tão grande que fica até difícil de diferenciar cada faixa da outra. Estagnado artisticamente, The Tortured Poets Department é um álbum synth-pop/indie pop/alt pop que parece ser maior do que realmente é devido, especialmente, o seu imenso tamanho que na versão standard tem dezesseis faixas e mais de uma hora de duração. O resultado se torna repetitivo, vazio, arrastado e cansativo. Não há quase nada de realmente excitante para a gente se agarrar nesse desfile de canções perfeitas, mas sem brilho verdadeiro. E é interessante analisar o álbum ao comparar com trabalhos anteriores que tiveram recepção menos positivas como, por exemplo, reputation de 2017 e Lover de 2019. Ambos álbuns não estão no topo da discografia da cantora, mas apresentam tentativa interessantes de manter a sonoridade construída da cantora ao mesmo tempo que adicionam camadas novas e, no mínimo, interessantes. Funcionou? Em alguns casos sim e outros casos passaram bem longe. Todavia, havia vontade de surpreender e correr algum tipo de risco. Em The Tortured Poets Department, porém, tudo é tão asséptico e previsível que deixa tudo ainda mais anticlimático e chato ao seu final, pois não chega a ser ruim e nem chega a perto de ser realmente bom. Liricamente, o caminho não é muito diferente, mesmo que seja um ponto bem mais excitante.

É preciso afirmar que Taylor é uma grande compositora. Isso é notado em todas as faixas do álbum, mesmo que divida autoria com seus parceiros e alguns convidados. A maneira como são construídas e a sua estética vem se refinando ao longo dos anos, criando grandes momentos na parte técnica. Entretanto, Taylor não apresenta nada que realmente possa fazer quem não seja fã se conecta com suas crônicas sobre amores tóxicos, boys lixos, relacionamentos em fase de paixão e o seu eterno debate sobre suas aflições internas. Não acho ruim a mesma discutir sua vida pessoal em forma de letras, mas isso se tornou um truque que vem se tornando tão irritante quanto cansativo devido a exposição que a mesma tem da sua vida pessoal devido a mídia e, claro, a mesma que alimenta de maneira consciente rumores e teorias. E parece que não há nenhuma evolução sincera em como a cantora cria essas crônicas. E, como disse, não é nenhum problema em uma cantora falar abertamente sobre a sua vida nas suas canções. Vejamos o caso da Adele. A mesma construí a sua carreira falando sobre seu coração destruído e a dor que causa em 21, mas em 25 fazer a sua mea-culpa e analisar sobre as feridas deixadas para depois se mostrar amadurecida e mais esperançosa em 30. Taylor parece dar voltas e voltas nos mesmos pontos de vistas, mas envernizado pelo ótima escrita da cantora. E, na minha opinião, parece que falta um amigo para dizer para a cantora que se ela se encontra em tatos relacionamentos ruins e homens tóxicos talvez seja a hora de pensar que a mesma tem algum problema também com ela e que está na hora de começar a fazer algumas auto críticas. Acredito que a Taylor nem precisa ir muito longe para dar uma sacudida na sua sonoridade, pois acho que o caminho é começar a trabalhar com pessoas com diferentes perspectivas com é o caso da Florence Welch na melhor canção do álbum Florida!!!. Não apenas a sobreposição dos vocais da duas é interessante, mas o toque na composição dando pela cantora britânica dá vida para a canção. Obviamente, The Tortured Poets Department não afetou diretamente o domínio da Taylor no mercado atual fonográfico, mas deveria acender um leve sinal amarelo para a artista que deveria começar a pensar em como reverter esse gosto amargo na boca de parte do publico e da critica. 


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