Chappell Roan
27 de abril de 2025
O Passado é o Seu Presente
Pink Pony Club
Chappell Roan
Chappell Roan
Com o sucesso imenso que Chappell Roan vem alcançando, as canções do seu debut estão sendo "ressuscitadas", e a cantora emplaca outro sucesso do passado com a linda Pink Pony Club.
Primeiro single lançado do álbum ainda em 2020, a canção é uma doce, melancólica e sentimental crônica sobre os grandes sonhos da cantora, que vão contra a maneira como ela foi criada. Tudo é descrito de maneira tão genuína e com uma estética tão refinada que fica claro entender, depois de ser descoberta, o motivo de Pink Pony Club ter se tornado um sucesso comercial. Isso também se deve ao fato de a produção entregar uma excepcional, carismática, madura e grudenta mistura de pop rock com synth-pop, que consegue fazer a cantora se diferenciar da concorrência e, ao mesmo tempo, criar uma perfeita tempestade radiofônica. Afinal, logo após ouvir pela primeira vez, a canção já fica na cabeça. E esse é claramente o fator de sucesso de Chappell Roan.
nota: 8
A Porrada do Ano
2004 (feat. The Gang & Buddy)
YG
YG
Sabe aquelas canções que nos deixam sem ação pelo impacto que causam? 2004, do rapper YG, é exatamente assim.
A música aborda um tema delicado: o abuso sexual que YG sofreu na adolescência. Não é um assunto fácil ou comum no rap, especialmente porque, no caso dele, o abuso foi cometido por uma mulher — algo que ainda é cercado por tabus, machismo e preconceito. YG expõe esse relato com uma honestidade desconcertante, em uma crônica emocionalmente devastadora. Ele descreve como enfrentou a situação na época, a reação de seus amigos e, principalmente, os impactos desse trauma em sua vida adulta. A composição é tão sincera e eloquente que transmite a dor de maneira visceral. O tema, por si só, já seria suficiente para tornar 2004 uma obra marcante, mas a música vai além. A produção mistura west coast hip hop e R&B, evocando o som clássico do início dos anos 2000. Esse contraste entre a melodia envolvente e a intensidade da letra cria um efeito poderoso. A performance de YG é crua e quase apática, como se ele estivesse emocionalmente anestesiado, narrando a história de forma desolada. Esse detalhe adiciona profundidade à canção, reforçando a sensação de vazio e dor. 2004 é uma experiência marcante, um soco emocional que deixa uma impressão duradoura. Bravo, YG!
nota: 9
A Lorde Tá Viva!
What Was That
LordeO antecipado e aguardado retorno de Lorde com o lançamento de What Was That ajuda a mostrar que a cantora não perdeu o prestígio, mesmo após a recepção morníssima da era Solar Power. Além disso, demonstra que ela está de volta aos trilhos, embora a canção ainda careça de algo.
O que falta aqui é o “boom” de um clímax à altura do que a ótima produção promete durante a construção sonora da música. Produzida pela cantora ao lado de Jim-E Stack e Daniel Nigro, What Was That estabelece uma ponte direta com a sonoridade de Melodrama, entregando um alt-pop/electropop requintado, melódico, inteligente e estilizado, que se equilibra perfeitamente entre o artístico e o comercial. É fácil ouvir a canção e associá-la imediatamente ao estilo de Lorde, mas com uma evolução em relação ao que já foi feito anteriormente. Todavia, como já mencionado, o fato de o instrumental construir toda uma atmosfera crescente sem atingir plenamente o clímax esperado impede que o single seja genial, embora seja excepcional. Com uma letra direta, emocional e cortante, Lorde apresenta uma performance inspirada que explora sua persona vocal de maneira primorosa. Não é Lorde em sua forma plena ainda, mas é um retorno certeiro e extremamente bem-vindo.
nota: 8
Seda
Silver Lining
Laufey
Preparando o lançamento do seu terceiro álbum, a sensação do jazz pop Laufey lançou a ótima Silver Lining.
Assim com o toque da mais pura seda, a canção é um deleite para os ouvidos com sua melodia refinada, graciosa, madura e tocante. Um pop tradicional infundido de jazz, Silver Lining não entrega nada de novo na sonoridade da cantora, mas, sim, mostra a continua refinação do seu estilo que consegue ter elementos vintages sem soar datado e, ao mesmo tempo, soar contemporâneo sem perder esse toque bem vindo de nostalgia. Com uma letra esteticamente simples, mas lindamente escrita que consegue ser romântica e “divertida” ao mesmo tempo e uma magistral performance vocal que apenas confirma a Laufey como uma verdadeira joia musical.
nota: 8,5
Guilty Pleasure by Marina
CUNTISSIMO
MARINA
MARINA
Devo dizer que mesmo não sendo perfeito, o retorno da Marina é, no mínimo, o mais divertido do ano. E continua com a prazerosa e brega CUNTISSIMO.
A canção é uma brega, divertida, exagerada, estilosa e carismática crônica sobre empoderamento feminino que consegue ter um forte fator de prazer culposo que a transforma em um trabalho irresistível, amando-a ou odiando-a. E a principal razão é sua composição que consegue cair em lugares comuns ao mesmo tempo que soa datada e também com momentos geniais como, por exemplo, nos versos do refrão: “(Cuntissimo) Salma Hayek in the sun/(Cuntissimo) Louise and Thelma on the run”. A produção caminha no mesmo lugar ao ser uma mistura de synth-pop com tecno-pop que parece estar na linha exata entre o icônico e o irritante, mas que, felizmente, termina pendendo para o primeiro devido a ótima condução da produção. E a presença da Marina em uma performance primorosa é o que dá o tom perfeito para CUNTISSIMO. Na minha visão, a canção é um trabalho que realmente gosto, mesmo tendo alguns problemas que para outros são o prego no caixão.
nota: 8
20 de abril de 2025
A Era Country da Lana
Henry, come on
Lana Del Rey
Lana Del Rey
Ao que parece existe uma onda de artistas que estão embarcando na “era country” nos últimos tempos. E a mais nova participante dessa onda é a Lana Del Rey com o lançamento de Henry, come on.
Primeiro single do seu aguardo décimo segundo álbum, a canção até faz sentido seguir esse caminho, pois a cantora já demonstrou afinidade com o gênero algumas vezes e também faz parte das influencias da mesma. Entretanto, apesar de ser uma boa canção, Henry, come on tem algo que ainda não parece totalmente afinado com a personalidade da cantora. Parece estar meio off o resultado final, especialmente devido a dinâmica performance vocal e a produção instrumental. E é estranho isso porque quando a cantora regravou Take Me Home, Country Roads existia essa sintonia entre esses dois aspectos, mas aqui parece algo que ainda não deu o clique correto. De qualquer forma, o single não é exatamente country puro, mas, sim, uma mistura adulta de chamber pop, country pop e americana com um instrumental bem cuidado e melodicamente lindo. Além disso, a letra capta a vibe country muito bem sem fazer a cantora perder a sua persona lírica tão distinta e única. É um começo bom, mas que gera certas dúvidas em relação ao quanto apurada é nova fase da Lana.
nota: 8
New Faces Apresenta: d4vd
Crashing
d4vd & Kali Uchis
d4vd & Kali Uchis
Apesar de já ter alguns anos de carreiras com lançamentos de varias canções solo e em parcerias, o cantor d4vd vai lançar o primeiro álbum apenas esse ano. Como single foi lançada a promissora Crashing.
Com a presença da Kali Uchis, a canção é uma auspiciosa, delicada e graciosa balada indie pop/R&B com toques de soft rock e soul que desce lindamente nos nossos ouvidos. Tenho que dizer que gostaria de ouvir mais profundida na canção, especialmente se a mesma tivesse mais um minuto de duração, e também que os dois cantores pudessem interagir mais diretamente, mas, felizmente, Crashing tem uma performance extremamente solida do d4vd e a presença iluminada e graciosa da Kali em um verso que realmente agrega substancia para a canção. E essa primeira amostra do debut do d4vd dá a ótima sensação que algo realmente bom estar por vim.
nota: 8
Um Ápice
Tonight
PinkPantheress
PinkPantheress
Tenho que dizer que apesar de achar talentosa, a PinkPantheress não tinha ainda mostrado para o que veio realmente. Acho que isso pode mudar como mostra Tonight.
Single da sua mixtape Fancy That, a canção mostra um substancia aprofundamento da sonoridade da artista, resultado uma canção com suas qualidades preservadas e um toque bem vinda de amadurecimento. Tonight apresenta a performance mais estilizada e marcante da cantora, sabendo se impor vocalmente ao mesmo tempo que demonstra versatilidade e personalidade. Gosto da composição muito bem estruturada, mas o ponto algo mesmo é a ótima produção que entrega uma sedosa e reluzente fusão de dance-pop, funky, house e bassline que, sinceramente, é completamente viciante. Espero que esse seja o caminho daqui para frente da PinkPantheress, pois é um caminho realmente inspirado.
nota: 8
Only Fine
Headphones On
Addison Rae
Addison Rae
Desde o início de sua carreira, Headphones On é, sem dúvida, a melhor canção que Addison Rae já lançou. Entretanto, ainda não é suficiente para provar o talento da cantora.
A grande qualidade da canção está em sua interessante produção, que entrega uma sonoridade nostálgica ao buscar influência do R&B/pop dos anos noventa, especialmente do álbum Bedtime Stories, da Madonna. Embora não tenha a mesma profundidade que o clássico da Rainha do Pop, é um trabalho agradável e muito bem construído, ficando longe de ser apenas uma música rápida e rasteira para se tornar um viral. Headphones On, porém, perde força devido à performance de Addison. Apesar de ser sólida, sua interpretação não apresenta a profundidade necessária para elevar a canção, que demanda uma voz com maiores recursos. É uma canção boa, mas não é boa suficiente para fazer a cantora ser boa.
nota: 7
Ainda OK
Still Bad
Lizzo
Lizzo
Ainda tentando emplacar seu comeback, a Lizzo entrega em Still Bad nada interessante que possa a fazer a volta ao topo.
Uma boa canção que tem a marca da cantora, o single não tem, porém, o fator especial que a fez estourar alguns anos atrás como sucesso como em About Damn Time ou Truth Hurts. Quase como se fosse produzida no automático mediano, Still Bad é divertida dentro do que pretende entregar que é ser uma dance-pop/boogie/pop rock dançante e com uma mensagem positiva sobre se reerguer. Funciona bem, mas não anima a gente em comprar de foto o que a Lizzo está “vendendo”. O que funciona mesmo aqui é a performance ótima da Lizzo que demonstra seu poder vocal de maneira confiante e segura. Uma pena que a canção não esteja exatamente na mesma altura para que ao mesmo seja um comeback criativamente interessante.
nota: 7
13 de abril de 2025
3 Por 1 - Miley Cyrus
Prelude
Something Beautiful
End of the World
End of the World
Miley Cyrus
Depois de uma era de imenso sucesso, mas de qualidade apenas mediana, a Miley Cyrus está de volta com o que parece ser a sua consagração artística definitiva.
Preparando para lançar o seu nome álbum intulado Something Beautiful, a cantora lançou dois singles promocionais e um single oficinal para apresentar o que dever ser a sonoridade da sua nova era. E, queridos leitores, a cantora deixou claro que está pronta para ser elevada a um outro nível artisticamente. Nessas três canções é possível notar que a cantora está na sua fase mais madura, experimental e refinada da sua discografia ao entregar três canções completamente diferentes uma da outra, mas que conversam perfeitamente entre si e tem uma ótima fluidez sonora. Começa com Prelude que é literalmente o preludio do álbum, mas apresenta uma estrutura muito bem definida que deixa claro a intenção sonora da Miley. A canção apresenta um instrumental intenso e grandioso que cria um clima intenso ao misturar eletrônico, art pop e experimental, sendo emoldurado pela cantora falando os versos como um poema. A canção poderia ser realmente excepcional se fosse maior, pois a sua curta duração a impende de ir mais profundo na sua excepcional construção. Entretanto, cumpre com louvor a função de ser a introdução da nova era da cantora. Então, surge a sensacional e excêntrica Something Beautiful que dá nome ao álbum.
A canção começa como uma delicada e suave balada pop soul com toques de jazz para se transformar no seu refrão em uma espinhosa e barulhenta art/ progressive rock que quebra todas as expectativas, voltando novamente para a sonoridade “calma” do começo ao voltar para os novos versos e mudar de novo na parte final dos refrões. Essa total mudança quase um susto quando a gente escuta da primeira vez que a gente escuta e pode afastar algumas pessoas, mas depois da segunda vez é possível entender perfeitamente a ligação sonora entre sonoridades tão diferentes que faz a canção funcionar bem melhor que o esperado, criando um verdadeiro joia na carreira da Miley. Entretanto, também para entender o motivo das duas canções serem promocionais e deixar como oficial a ótima End of the World.
Melhor single da cantora desde Midnight Sky, a canção é uma deliciosa, graciosa, madura e iluminada soft rock/pop rock com pinceladas de dream pop e synth-pop que continuar a mostrar a seguir o caminho mais profundo das canções anteriores, mas tem uma camada radiofônica brilhante. Todavia, a canção tem essa qualidade de realmente parecer ter saído do mesmo tecido sonoro, criando essa fluidez entres as canções que mostram bem nítido o caminho da Miley nessa nova era. E o grande ponto de ebulição das canções é a presença magistral da cantora, entregando uma sequencia de performances incríveis, versáteis e que as colocam no topo da sua carreira até o momento. Mesmo com o desempenho mediano do lançamento do single oficial, a nova era da Miley é algo realmente que será memorável. E assim espero.
notas
Prelude: 7,5
Something Beautiful: 8,5
End of the World: 8
End of the World: 8
Até Passa
YIPPEE-KI-YAY.
Kesha
Kesha
Completamente livre das amarras que seguram por muito tempo, a Kesha prepara para lançar seu primeiro álbum de forma independente chamado Period. E o novo single é divisível YIPPEE-KI-YAY.
Pelas reações que vi não foram das melhoras, mas, sinceramente, eu achei melhor do que esperava. Despretensiosa, divertida e na linha perfeita de ser um prazer culposo, a canção é uma mistura estranha, mas funcional, de pop rap, country rap, pop rap e electropop. A produção não sabe exatamente como fundir todos esses elementos, mas essa energia estática entre todos é que dá graça ao trabalho. Não é nem de longe tão carismática como JOYRIDE, mas YIPPEE-KI-YAY tem seu chama pela performance enérgica e deliciosa da Kesha, mesmo que ache que tenha certos exageros no uso de efeitos vocais aqui e ali. E a presença espirituosa e nostálgica do T-Pain na versão “remix” da canção funciona até bem e adicionar camadas interessantes para a canção. Entendo quem realmente não gostou da canção, mas apenas de ver a Kesha se divertindo tanto já vale a existência da canção.
nota: 7,5
Agradável Surpresa
Don't Forget About Us (KAYTRANADA Remix)
Mariah Carey & KAYTRANADA
Mariah Carey & KAYTRANADA
Para comemorar os vinte anos do lançamento de The Emancipation of Mimi, a Mariah Carey vai lançar um álbum especial com novas faixas. E como primeira música divulgada foi esse surpreendente remix de Don't Forget About Us feito pelo KAYTRANADA.
Lançada originalmente como single da versão deluxe, a canção é um dos singles da cantora a atingir o número um da Billboard menos lembrado da sua carreira, mas que merecia muito mais. E esse remix faz não apenas jus a canção original como também faz o que um remix deveria fazer. KAYTRANADA dá para Don't Forget About Us uma nova roupagem ao a transformar a batida em algo mais sensual e cadenciada, remodelando completamente o instrumental para uma fusão de R&B, soul e eletrônico. O grande trunfo, porém, é manter os vocais da Mariah praticamente intactos e, também, manter toda a composição original, saindo longe dos remixes que cortam partes a fazendo sendo repetidas até enjoar. E isso dá toda a força que essa nova versão necessita, pois mostra o respeito do produtor com o material original e deixa intacto toda a personalidade desse clássico meio esquecida da Mariah Carey.
nota: 8
Decepção Surpresa
Physical
Dua Lipa & Troye Sivan
Dua Lipa & Troye Sivan
Tem decepções que a gente consegue ver a distância, mas tem algumas que pegam a gente de surpresa. Esse é o caso do remix de Physical da Dua Lipa com o Troye Sivan.
Pensada para ser lançado lá em 2021, a versão foi descartada pela equipe da cantora, mas vê a luz do dia depois da própria cantora dar um pen drive com a canção para fãs e o incentivarem a vazar. Fico feliz da canção ser finalmente lançada, mas tenho que dizer que até entendo a equipe que queria um remix com a presença do The Weeknd. Apesar de ser talentoso, o australiano não adiciona nada realmente interessante para a versão, pois seu verso parece estar em uma cadencia completamente diferente da frenética batida de Physical. Não é um problema que faz a canção ser derrubada ao poço, pois a canção é sozinha um marco pop dos últimos tempos. E isso é quase impossível destruir. Todavia, eu esperava bem mais da união dois artistas em uma canção tão marcante e icônica. Uma pena.
nota: 7,5
No Meu do Caminho Tinha o Ed
Azizam
Ed Sheeran
Ed Sheeran
Alguém estava aí sabendo que o Ed Sheeran lançou uma nova música? Então, nem eu estava e olha que o sigo nas redes sociais. E eis a minha surpresa em saber da existência de Azizam.
Single do seu próximo álbum, a canção é até legalzinha, especialmente com um refrão tão redondo e gostoso de ouvir, mas no geral termina como uma canção que fica no meio do caminho. Azizam, palavra em perso que significa minha querida, é uma dance-pop com toques de house e electropop que não chega a ser uma bomba atômica devido a trabalho meticuloso e maduro da produção, mas não tem nadinha que seja realmente inspirada em um instrumental asséptico demais. Até a canção tem uma boa letra, especialmente no já apontado bom refrão, mas Ed continua com os mesmos cacoetes criativos que o fazem soar repetitivo e raso como um pires. É um meio do caminho que está bem longe de chegar a um lugar realmente interessante.
nota: 6
2 Por 1 - Anne-Marie
Don't Panic
Don't Like Your Boyfriend
Don't Like Your Boyfriend
Anne-Marie
É triste ver talento sendo dispersado de maneira tão esdrúxula como é o caso da britânica Anne-Marie. E a prova é nos dois singles Don't Panic e Don't Like Your Boyfriend.
Ambas canções soam mais como um produtor de IA do que musicas que foram feitas por pessoas reais em um estúdio. Em Don't Panic, a Anne-Marie parece ter perdido a capacidade de entregar uma performance que não seja irritante e exagerada em uma canção irritantemente chata e repetitiva. Existe uma clara tentativa de fazer a canção soa “engraçadona” e, ao mesmo tempo, ter ser profundidade devido a tema, mas termina sendo rasa, sem graça e embaraçante. Don't Like Your Boyfriend é um pouco melhor, especialmente que o fato de prazer culposo aqui soa mais como uma qualidade. A batida é até divertida e tem um refrão bem redondo, mas não tem como negar que a produção não parece ter a capacidade de entregar uma canção que não parece ter sido escrita por uma IA desafinada. E é uma pena que Anne-Marie tem esse tipo de canções para trabalhar, pois ela poderia ter algo bem mais a par com a sua capacidade.
notas
Don't Panic: 5
Don't Like Your Boyfriend: 6
Don't Like Your Boyfriend: 6
6 de abril de 2025
O Começo da Maturidade
Hello Heaven, Hello
YUNGBLUD
YUNGBLUD
Acredito que um artista de talento começa a realmente mostrar todo o seu potencial quando começo a amadurecer pessoal e artisticamente, mesmo que seu começo não tenha sido exatamente o mais inspirado. Com Hello Heaven, Hello, o cantor YUNGBLUD parece que irá seguir por esse caminho.
Não apenas a melhor canções do cantor até o momento, o single é realmente uma grande canção que deve facilmente integrar as melhores do ano. Com cerca de nove minutos, a canção é uma inspirada, épica, refinada e madura art rock/britpop com influencias de glam rock e post-grunge com uma estrutura épica e um instrumental realmente impressionante. Quase como duas canções unidas por um fio bastante claro sonoro, Hello Heaven, Hello funciona perfeitamente do começo ao fim devido a condução magistral de uma produção que conseguiu entender a sonoridade base do Yungblud e, ao mesmo tempo, teve a capacidade de aprofunda-la de maneira desconcertante e inteligente. E o cantor segura perfeitamente em uma performance raivosa, emocional e completamente embebido na sua personalidade. Tenho que apontar que a composição ainda soa clichê e sem um aprofundamento temático que possa realmente acompanhar o mesmo nível da produção, mas a letra é um trabalho bem escrito e bem finalizado. Espero de verdade que a carreira do Yungblud possa seguir nessa mesma toada, pois acho que se continuar assim teremos um artista realmente em transformação artística.
nota: 8,5
Uma Nova Não Tão Nova
CUPID'S GIRL
MARINA
Depois de mostrar algumas das suas peculiaridades com o single anterior, a Marina volta a entrar uma canção com a sua cara em CUPID'S GIRL.
Dessa, porém, a cantora escolheu um caminho mais fácil ao emoldurar a sua própria sonoridade ao buscar influencias da era Electra Heart quando ainda era Marina and the Diamonds. Uma elétrica e carismática synth-pop com toques de dark pop e alt pop que capta perfeita a atmosfera do começo da carreira da artista com perfeição sem soar como nostalgia barata ou uma pastiche rasa. E isso é algo bem difícil de fazer, mas a produção acerta na construção de um instrumental classudo. CUPID'S GIRL também a mesma característica lírica do “material” que é baseado ao ser ácida, chiclete, inteligente e com um fator pop bem grande. Apesar de gostar da entrega da Marina vocalmente, especialmente a mostra da versatilidade ao mudar a voz entre os versos e o refrão, esse último perde certo impacto devido a essa escolha. Felizmente, a canção é uma outra amostra que a Marina acerta quando é ela mesma se medo.
nota: 8
Divertido É Bom
antidepressants
bbno$
bbno$
Uma coisa que sinto meio falta é aqueles artistas que tem um senso de humor distorcido e um ponto de vista única para a musica. Acho que esse pode ser o caso do canadense bbno$ (se fala baby no money).
Conhecido pela canção Lalala de 2019, o rapper segue a linha “engraçadão”/meio tio do pavê que, sinceramente, funciona melhor do que esperado. E isso é ouvido na divertidíssima antidepressants. Primeiramente, a produção é uma deliciosa e viciante hip house/rap/pop rap que é basicamente um banger genuíno. O problema da canção é sua duração de menos de dois minutos que dá a impressão de quando a gente empolga com a canção já termina. Em segundo, bbno$ entrega uma ótima performance que combina perfeitamente com a vibe da canção e, também, com a composição completamente despretensiosa, hilária e que tem uma boa mensagem ao “desmitificar” de certa forma o uso de antidepressivos. E mesmo não sendo uma música marcante, antidepressants cumpre com louvor a sua proposta: ser divertida.
nota: 7,5
No Limite
Itty Bitty
Ashnikko
Ashnikko
Existe uma categoria de musica que fica no limite exato entre o divertido e o irritante que é difícil de atingir, mas de tempo em tempos surge uma nova integrante desse clube. Esse é caso de Itty Bitty da Ashnikko.
Com influência clara do começo dos anos noventa e a canções que tinha forte apelo sexual/cômico, a canção busca ser uma electropop com toques de hip house/EDM com uma batida tão “in your face”, estilizada e sem amarras de querer agradar que quem se deixar embarcar vai realmente gostar do trabalho pelo o que é de verdade: despudorada e divertida. E tenho que admitir que eu embarquei nessa onda totalmente, pois acho Itty Bitt sensacionalmente criativa e engraçada. O grande ponto alta da canção e que, sinceramente, ajudou para que me conquistasse é o uso primoroso de Short Dick Man que é uma boa ilustração sobre a ideia da canção. Quem não conhece a canção basta jogar no Google junto com Planeta Xuxa para saber o quanto a canção é icônica dentro da sua proposta. E isso é aproveitado perfeitamente pela Ashnikko, pois não apenas a melodia como, também, a “temática” para a construção da hilária e estilizada composição sobre o uso de uma minissaia. Para saber se você vai gosta de Itty Bitt é só responder se você gosta de WAP ou My Humps, pois se for positiva para uma das canções então as possibilidades são altas. Se não, pode passar longe.
nota: 8
O Efeito Doja
Just Us
Jack Harlow & Doja Cat
Jack Harlow & Doja Cat
Tem alguns artistas que só as suas presenças são o suficiente para salvar uma canção do desastre total. É assim com a Doja Cat em Just Us do Jack Harlow.
Mesmo achando que com o material certo, o rapper pode até entregar uma boa performance que não é o caso desse desperdício de talento e de uma boa ideia. Começa pelo fato de que o verso da Doja é o que parece manter de pé essa pop rap/cloud rap, pois a sua performance injeta a personalidade que se adequa a proposta da canção. E até que o instrumental tem uma boa construção, mas não tem a menor profundidade para explorar as possibilidades que poderia ser a salvação da lavoura. E o grande problema Just Us é performance apática de Jack, especialmente nos primeiros versos que tudo parece se fundir em uma massa sem graça, gosto, textura ou cor. É uma perda do que poderia ser uma boa canção, mas que pelo menos a Doja Cat se sai quase totalmente ilesa.
nota: 5
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