Melanie Martinez
Com quase uma década de exibição nos Estados Unidos, o The Voice se tornou o maior reality show musical ao desbancar o tradicional American Idol. Na verdade, o programa ainda mantem relevância na TV americana com bons índices de audiências devido ao seu formato e, principalmente, a sempre renovação dos seus jurados. Todavia, ao contrário de seus concorrentes, o programa não conseguiu gerar nenhum grande nome que pudesse realmente entrar na indústria para fazer alguma diferença significativa. E isso fica ainda mais grave quando a gente percebe que o maior nome comercial saído do reality é a cantora Melanie Martinez que, apesar do talento, não tem exatamente o que se pode ser chamado de “a voz”. E tudo fica ainda mais claro com o fraco EP After School.
Participante da terceira temporada e integrante do time do Adam Levine, Melanie Martinez conquistou mais o público pelo seu jeito alternativo e “estranho” do que exatamente pela voz. Os shades que a Aguilera dava na cantora ao avaliar as suas performances são épicos. Eliminada no top 6, a cantora que tinha dezessete anos na época começou a ganhar a atenção de um público que gosta de um pop alternativo com o lançamento do single Dollhouse em 2014. Unindo um visual único e marcante com um apelo forte, a cantora não alcançou nenhum hit comercial dentro do mainstream, mas vem tendo ótimos desempenhos com os dois álbuns lançados até o momento. O EP After School é uma continuação/epilogo do seu segundo álbum intitulado K-12 de 2019. Sonoramente, consigo entender todo o shade da Aguilera, pois o EP é uma coleção de canções pretenciosas entoadas por uma cantora razoavelmente comum.
Apesar de ser dona de visual único, Melanie Martinez é dona de uma sonoridade indie pop que a própria e, principalmente, os fãs acham que é a coisa mais inovadora de todos tempos, mas a verdade é que tudo soa entediante, repetitivo e bastante afetado liricamente. O EP começa com a faixa menos pior do trabalho: ao não cair de cara na personalidade cansativa da cantora, Notebook é uma canção passável que até uma batida electropop redondinha. O desastre começa de fato com Test Me em que na tentativa de criar algo estilo dark pop, a produção termina soando como uma pastiche chata e arrastada. Em Brain & Heart, o sample de If You Had My Love da Jennifer Lopez é dispersado de forma quase imperdoável em uma canção entediante e com uma batida sonolenta. A situação piora quando a artista tenta ainda mais mostrar que consegue ser intelectual, ao mesmo tempo, descolada para falar sobre sentimentos complexos, mas acaba soando extremamente pretenciosa, rasa e, por várias vezes, causando vergonha alheia. Numbers tem versos de deixar a gente corado como, por exemplo, “I'm just the chicken giving you the egg”, “Emotions on 100,000 who's gonna/Shake me like soda creme but of course” e “They lack the tenderness of the sensitive empathetic bodies crying from the pain”. Em Glued existe o ápice da vergonha alheia em:
Perfectly attached like a noodle in a soup (Huh)
You're good with the XYZ, (YZ)
I'm good with the ABC
And DEFG, HIJK, baby
We all have our strong suits built differently
Se você quer saber como ser tudo que a Melanie Martinez tenta desesperadamente ser é só dar uma conferida no excepcional trabalho da Phoebe Bridgers. After School continua um pouquinho melhor com Field Trip em que dá para ver certa versatilidade vocal da cantora. Todavia, isso não quer dizer que a mesma seja dona de uma grande voz e, sim, de uma voz limitada que soa perfeita para o tipo de música que a mesma faz. Se tivesse um material melhor poderia ter mais alcance e brilho. O EP termina da mesma maneira com The Bakery: pretencioso, entediante e sem nenhum brilho. Saída de um reality que já mostrou vozes melhores que os próprios mentores/jurados, Melanie Martinez é a prova que o The Voice funciona apenas como um programa de TV quando está no ar.
notas
Notebook: 6
Test Me: 5,5
Brain & Heart: 5,5
Numbers: 5
Glued: 5
Field Trip: 5,5
The Bakery: 5,5
Média Geral: 5,4
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