27 de março de 2022

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Bust Your Windows
Jazmine Sullivan


Um dos maiores nomes da atualidade do R&B, a Jazmine Sullivan vem construindo uma carreira praticamente impecável desde o começo lá em 2008. E a prova que a cantora sempre mostrou ser um talento bem acima da média foi o sucesso da genial Bust Your Windows.

Lançada como single do seu álbum debut Fearless, a canção é uma refinadíssima e original R&B/soul que adiciona uma dose surpreendente de tango para marcar a sua cadenciada batida. Incrivelmente bem estrutura, a instrumentalização da canção é simplesmente uma aula sobre como pega um conceito simples e elevar para um outro patamar ao ser um trabalho intricado, complexo, estilosa e com uma finalização excepcional. A cantora domina cada momento da canção com a sua voz rouca, áspera e com uma força extraordinária que sabe colocar uma imensidão de emoção de maneira única que a transforma naquele tipo de canção que parece impossível fazer um cover que possa minimamente chegar perto do resultado aqui ouvido. E a cereja em cima do bolo é a magistral composição. Quando parece que a temática coração quebrado/vingança feminina parece está em alta atualmente, Jazmine Sullivan já tinha colocado a sua marca ao entregar uma robusta, genial e memorável letra ao narrar a fúria de uma mulher traída em busca de vingança ao quebrar as janelas do carro do ex. Entretanto, o grande ponto alto do trabalho é força emocional que é coloca na letra, pois, apesar do ato de desespero, a cantora admiti seus verdadeiros sentimentos não serão remendados de maneira tão fácil. Bust Your Windows é um trabalho atemporal que é o abre alas perfeito para a carreira de uma artista com o potencial da Jazmine Sullivan.
nota: 9,5

2 Por 1 - Rosalía

CANDY
HENTAI
Rosalía

Com um dos álbuns mais aclamados dos últimos tempos, a Rosalía continua a sua caminhada para remodelar os conceitos do pop da sua maneira. E essa é a função dos singles Candy e Hentai.

Ambas canções mostram a característica principal da cantora que é pegar o que já conhecido para descontruir ao seu bem prazer em uma nova, excitante e realmente genial sonoridade. Essa percepção é claramente vista na sublime Hentai. A primeira vista, a canção é uma tocante, delicada e quase minimalista balada pop/art pop que tem na voz cristalina de Rosalia a sua aparente principal qualidade. Entretanto, ao olhar com um pouco de mais cuidado irá perceber que a produção capitaneada pelo The Neptunes é uma desconstrução do que era esperado. A espetacular e surpreendente composição que não tem medo de ser uma ode ao sexo de forma explicita e deliciosamente sem vergonha. Empoderada, liricamente refinada e com uma estrutura inteligente, a canção se expandi na sua parte final ao dar uma guinada para adicionar uma batida industrial que marca a canção de forma poderosa e quebra qualquer expectativa. E a voz da Rosalía é de uma ternura envolvente que consegue derreter gelo no ártico. Candy, porém, é a canção mais direta de Motomami, mas ainda consegue entregar uma música com a personalidade da cantora. Uma mid-tempo mistura de R&B alternativo, reggaeton e neoperro, a canção consegue mostrar que é possível fazer uma canção comercial que vá além do lugar comum devido a sua muito bem pensada produção, a introdução de nuances ricas e elegantes e a presença luminosa de uma artista em estado de graça. E assim a Rosalía vai se tornando o maior nome do pop atual sem precisar seguir formulas ou abrir exceções.
notas
CANDY: 8
HENTAI: 8,5



Uma Beleza Modesta

5.17 
Thom Yorke

Apesar de não ser um dedicado fã preciso admitir que o Radiohead é uma das maiores banda de todos os tempos. E é por isso que ouvir uma canção da mente principal por trás da banda é sempre algo revigorante. E em 5.17, o Thom Yorke entrega exatamente isso, mas com um resultado levemente abaixo do esperado.

Assim como toda a sua carreira com a banda ou solo, o musico entrega em 5.17 um trabalho tecnicamente espetacular. O instrumental é de uma delicadeza complexa que fica muito bem entre o limiar do melancólico e o contemplativo sem pender para nenhum lado e muito menos se transformar a canção em um trabalho arrastado. Além disso, existe uma falsa ideia que estamos diante de um trabalho minimalista, mas que na verdade apresenta uma complexidade de construção bastante impressionante. Thom entrega uma performance a altura da magnitude da produção ao usar o seu timbre único para dar envolver de maneira etérea toda a composição. O motivo de 5.17 não ser melhor do que realmente é a sua simples composição. Conhecido por colocar uma imensidão de sentimentos em letras sucintas, o artista não mostra todo esse potencial aqui ao deixar a canção carente do soco que as suas obras sempre apresentam. Apesar disso, a canção é um trabalho modesto para os parâmetros do Thom Yorke, mas isso não quer dizer que não seja louvável.
nota: 8

Felicidade Nostálgica

Bring Back The Time (feat. En Vogue, Rick Astley & Salt-N-Pepa)
New Kids On The Block

Muitos se falam de nostalgia, mas poucos realmente conseguem explorar essa sensação de forma realmente satisfatória. Entretanto, existem alguns momentos que parece que os astros estão alinhados e aparece uma canção como a sensacional Bring Back The Time do New Kids On The Block.

Conhecidos pelo imenso sucesso de Step by Step de 1990, a boy band que hoje está mais para tiozão band apresenta na canção uma aula sobre nostalgia pura e incandescente do começo ao fim. Primeiramente, a banda entrega uma deliciosa mistura de symth-pop com new wave que parece que sai diretamente da metade dos anos oitenta em uma máquina do tempo. Sem soar datada, porém, a canção consegue empolgar pela sua luminosa construção instrumental que não tem medo de ser pop, despretensiosa e superficial. Em segundo e mais importante, Bring Back The Time traz uma lista de quem é quem dos mainstream dos anos oitenta/noventa que faz qualquer um voltar realmente no tempo. Além do próprio New Kids On The Block, a canção tem a participação do britânico Rick Astley, a dupla Salt-N-Pepa e os vocais do En Vogue. Quem viveu ou conhece um pouco dessa época é automático a sentir uma nostalgia pura e verdadeira imediatamente, especialmente no sensacional clipe que valeria uma indicação ao MTV Awards pela criatividade. E que viva a nostalgia.
nota: 8

22 de março de 2022

Uma Luz nas Sombras

Fair
Normani


É fascinante ver como a carreira da Normani vai tomando forma já que a sua direção parece vai criando as próprias regras. Ao se jogar de cabeça no R&B, a cantora se mostra completamente natural ao gênero como mostra o exemplo Fair.

Um exemplar e deliciosa balada mid-tempo R&B, a produção não tem medo de soar fortemente influenciada por um período da música que pode soar datados para alguns ouvintes. Lembrando músicas do final dos anos noventa e começo dos dois mim, Fair apresenta uma construção simples, eficiente e elegante que ajuda a Normani a ganhar ainda personalidade. A ótima composição consegue ser sensual e romântica na medida certa, mesmo não tendo um refrão marcante. Mesmo com uma performance realmente apurada, a cantora tropeça quando é decido colocar um efeito vocal estranho para as suas vocalizações após o refrão que deixa a canção “cortada”. De qualquer forma, Fair é mais tijolo bem colocado na construção da carreira da Normani.
nota: 7,5

New Faces Apresenta: GAYLE

abcdefu
GAYLE


E vamos falar da mais nova artista a surfar na onda iniciada pela Billie Ellish e impulsionada a estratosfera pela Olivia Rodrigo: GAYLE e o seu sleeper hit abcdefu.

É necessário dizer que a canção não tem nada de péssimo, mas, sim, não apresenta nada de novo ou que faça a cantora realmente se destacar perante a suas contemporâneas. Uma pop rock/punk bem feitinha, mas basicamente uma repetição de tudo o que já se ouviu recentemente em uma versão ainda mais massificada. Liricamente, a canção tem alguns bons momentos que se perdem em uma canção vingança/coração quebrado engraçadinha que apresenta partes de vergonha alheia, especialmente no refrão. Como cantora, Gayle tem uma boa voz, mas que precisa desesperadamente de personalidade própria. E assim seguimos esperando quem será o próximo exemplo de “imitação” que vai surgir.
nota: 5,5

Cute & Esquisito

Lost Track
Haim

Primeiro lançamento da banda Haim depois do álbum Women in Music Pt. III, Lost Track é o tipo de canção que não deveria funcionar, mas terminando sendo até melhor que o deveria ser.

Bem diferente do que a banda de irmãs lançou nos últimos tempos, a canção é uma fofa e esquisita indie rock/folk que apresenta um instrumental quase minimalista. Sem ser uma canção que parece realmente marcar quem escuta, Lost Track consegue se sobressair devido a boa intenção por trás do que pelo resultado final. Entretanto, a canção apresenta pinceladas que ajudam o resultado final como os interessantes vocais, mas que não são suficientes para a transformar em uma ótima canção. Espero que se esse for o caminho que a banda for seguir para um próximo possível que seja aparadas as pontas soltas, pois potencial parece ter esse caminho.
nota: 7



18 de março de 2022

Especial: Oscar

Última premiação da indústria cinematográfica, o Oscar vem perdendo relevância com o público geral nos últimos anos. E uma das categorias que vem mais sofrendo com isso é o de Melhor Canção Original. Tirando as vitórias de Shallow de 2018, Let It Go de 2013 e Skyfall de 2012, a maioria das canções indicadas ou vencedora não tem um grande impacto. Entretanto, esse ano é especial, pois qualquer um dos que vencerem será um feito histórico. Então, vamos as resenhas das canções que ainda não tinham sido feitas e, principalmente, na minha avaliação sobre quem deve vencer a categoria.



15 de março de 2022

Uma Segunda Chance Para: Love on Top

Love on Top
Beyoncé

A escolhida para ser revistada hoje não é uma canção que teve uma recepção ruim ou mesmo morna no seu lançamento. Na verdade, desde o momento que a Beyoncé lançou Love on Top como single sempre elogiei a canção, mas devo admitir que o tempo fez a canção se revelar melhor que a recepção original. Na verdade, não apenas melhor, mas, especialmente, como um dos melhores momentos da carreira da Beyoncé, especialmente vocalmente.

Existe uma cresça que mostra potência vocal é apenas possível em grandes baladas que exigem alcance, versatilidade e controle. Em Love on Top, Beyoncé demonstra a capacidade de fazer uma canção dançante um tratado sobre poder vocal. Para aqueles que não sabem, a canção apresenta uma impressionante mudança de tom na sua parte final. Em apenas dois minutos, Love on Top muda de tom quatro vezes ao ir do Ré bemol maior ao Mi maior apenas durante a repetição do refrão. Essa mudança poderia facilmente se tornar irritante ou exagerada, mas é aqui que entra a força da voz da Beyoncé. A cantora faz essas transições de maneira tão fluida e natural que parece aos ouvidos de quem não entende muito bem que não aconteceu nenhuma mudança. E isso não apenas na versão de estúdio, pois a cantora repete exatamente a mesma façanha em qualquer apresentação ao vivo como fez na já lendária performance do MTV Video Music Awards de 2011 quando anunciou a sua gravidez da Blue Ivy. Sonoramente, a canção é outro imenso acerto ao ser uma volta ao R&B old school de maneira graciosa. Sem soar “datada”, mas, sim, repaginada em uma celebração, Love on Top é uma irresistível R&B up-tempo que envolve a gente de forma doce e cadenciada até explodir no seu grandioso clímax. Exaltando o amor de forma sincera, romântica e deliciosamente otimista, a canção continua a envelhecer como o melhor dos vinhos que vai ressaltando as suas qualidades de forma acentuado e se transformando em algo sublime.
nota: 9,5

Life on Mars

It Gets Dark
Sigrid


O pop é o gênero mais democrático que existe, pois consegue buscar inspiração nas mais diversas fontes. Em It Gets Dark, a cantora Sigrid volta seus olhos para o David Bowie ao se inspirar no clássico Life on Mars para construir uma adorável surpresa.

Uma balada mid-tempo electropop/pop rock, It Gets Dark apresenta uma construção encorpada, criativa e edificante que sai de qualquer lugar comum para entregar uma canção realmente inspirada. Com uma produção cuidadosa que cria um instrumental muito bem articulado, a canção apresenta a mesma vibe de sonoridade da canção de Bowie ao ir crescendo para poder explodir ao longo da sua construção. Todavia, o que realmente liga as canções é a sua composição que usa metáforas sobre o espaço para construir a sua metáfora. Obviamente, It Gets Dark não tem a mesma genialidade de Life on Mars, mas Sigrid entrega uma letra inteligente, forte e de uma beleza simples e rara. Pode até ser coincidência e que esteja errado que a canção tenha essa influência, mas o fato é que o resultado final mostra a originalidade de Sigrid.
nota: 8

A Força do Original

Frozen
Madonna & Sickick

Existem algumas canções que apesar de toda a boa vontade nunca irão funcionar em sua versão remix. Esse é caso de Frozen da Madonna que ganhou um remix viral pelo produtor Sickick.

O grande problema aqui é o fato da versão original ser uma das canções mais geniais da carreira da rainha do pop. Caso até hoje você não tenha escutado o single de 1997 está perdendo um dos motivos da Madonna ser bem mais que apenas uma cantora pop e, sim, um gênio da música. De qualquer forma, o remix é até bem amarrado, especialmente ao valorizar em partes os vocais originais. Todavia, essa versão de apenas dois minutos que mistura EDM e dubstep não chega perto da magnitude da incrível sonoridade original. E o fato de apenas repetir o refrão tira boa parte da força emocional da composição. Nem a presença da própria cantora no clipe pode ajudar a fazer dessa versão algo que realmente tenha sentido para existir além do fato de poder viralizar no TikTok para as novas gerações.
nota: 6

11 de março de 2022

2 Por 1 - Florence + The Machine

Heaven Is Here
My Love
Florence + The Machine

Aparentemente, o ano promete ser o momento que finalmente as “filhas das bruxas que não foram queimadas na fogueira” irá voltar a festejar com o lançamento do novo álbum do Florence + The Machine. Depois da incrível King, a banda lança mais dois trabalhos imperdíveis por diversos motivos em Heaven Is Here e My Love.

O lançamento de Heaven Is Here é bastante curioso, pois a canção não tem nenhuma cara de ser um single típico da banda devido a sua parca duração de apenas um minuto e cinquenta e um segundos. Soando como um interlude que deve funcionar perfeitamente dentro do contexto do álbum intitulado Dance Fever, a canção termina sendo uma leve decepção como single no instante que termina quando parece que a canção começaria a decolar de maneira impressionante. Essa impressão é devido ao excepcional trabalho de produção e de instrumentalização que clama por ser uma canção “inteira”. Com uma base pesadamente aos sons de instrumentos de percussão, Heaven Is Here cria uma atmosfera sombria, cortante e sufocante que consegue impressionar desde a primeira nota até o último segundo. E a contundente composição é um trabalho que apenas a estética da banda poderia entregar. Esse erro de incompletude passa bem longe da ótima e inusitada My Love.

A canção apresenta uma pequena mudança na sonoridade do Florence + The Machine ao apresentar um lado dançante bastante acentuado, marcando a primeira canção original da banda a ter essa pegada desde You Got the Love de 2009. Não imagine, porém, que quando estou falando de dançante para a banda é algo que possa ser exatamente com qualquer outra canção do estilo. My Love é uma climática, dramática e complexa art-pop/folk pop/post-disco/synth-pop que foge de qualquer estereótipo para criar algo original e com a força da personalidade da banda. A performance vocal de Florence é sublime e de uma graça tocante, mostrando o lado mais leve da cantora em anos. E assim também a sua otimista composição que deixa de lado sentimentos densos para dar a graça da versão do amor da banda. Obviamente, My Love apresenta uma força lírica impressionante devido ao fato da canção falar sobre o fato de nem sempre sabermos lidar com o amor verdadeiro que é direcionado para a gente. Com três canções completamente diferentes e com resultados impressionantes até quando “erra”, o Florence + The Machine veio realmente para criar um dos maiores hypes dos últimos tempos.
notas
Heaven Is Here: 7,5
My Love: 8

Doce Quase no Ponto

Sweetest Pie
Dua Lipa & Megan Thee Stallion


Existem algumas canções que parecem estar a passo de se tornaram simplesmente geniais, mas não consegue ir além do porto seguro. Assim vejo o resultado de Sweetest Pie, parceria da Megan Thee Stallion com a Dua Lipa.


Primeiro single do próximo álbum da rapper, a canção tem tudo encaixado perfeitamente para ser uma ótima canção rap/pop. A produção acerta na atmosfera doce, sensual e despretensiosa para criar uma batida de fácil assimilação sem nunca parecer desnecessário ou sem personalidade. A composição pode até não ter arrombos de criatividade, mas é carismática, ousada na medida certa e com um refrão cativante. Apesar de não terem a maior das químicas, as performances das duas artistas são ótimas dentro dos seus papeis, especialmente uma envolvente Dua Lipa. O grande Sweetest Pie é não explodir logo de cara e também não subir o nível no seu clímax, deixando o resultado final linear demais e, principalmente, sem um efeito marcante para elevar a canção. Faltou um pouquinho de cozimento para que a canção se tornasse um trabalho excepcional, mesmo que seja apetitoso.
nota: 7,5

2 por 1 - Troye Sivan

Wait (with Gordi)
Trouble (with Jay Som)
Troye Sivan

Troye Sivan é um artista pop que discretamente apresenta umas ousadias na sua carreira que pode não fazer sucesso comercial, mas é sempre imprescindível para a evolução artística do cantor. Esse é o caso dos singles Wait e Trouble.

Temas compostos para o filme Three Months em que o cantor é o protagonista, as duas canções mostram um lado aventureiro dentro da discografia do artista, especialmente Trouble. A canção que tem a participação da cantora Jay Som é uma interessante bedroom-pop/synth-pop com toques de indie pop que funciona exatamente pela sua construção esquisita. Com blocos sonoros distintos que se comunicam com fluidez, Trouble é complementarmente não comercial, pois caminha no lado do experimental com quase os dois pés. Entretanto, o resultado é simplesmente refrescante, deixando claro que Troye Sivan é capaz de se aventurar sem perder o seu caminho. O resultado de Wait é menos impressionante, mas também é um trabalho elogiável. Com a presença da cantora Gordi, a canção é mais tradicional ao entregar uma sucinta, atmosférica e delicada balada mid-tempo indie pop/synth-pop/pop rock que não apresenta grandes mudanças sonoras para o que a gente já tinha ouvido o cantor fazer e, sinceramente, até melhor que o resultado pastel da canção. Todavia, a canção se salva plenamente devido ao ótimo trabalho de instrumentalização que consegue dar força para o resultado final. Esses tipos de trabalhos menores que realmente fazer a carreira de um artista pop como o Troye ganhar estofo como artista para trabalhos maiores.
notas
Wait: 7
Trouble: 8


8 de março de 2022

O Hora e A Vez do Denzel Curry

Zatoichi (feat. slowthai)
Denzel Curry

Assim como o caminho da Little Simz no ano passado, o rapper Denzel Curry parece trilhar o mesmo percurso para a sua consagração. Depois da genial Walkin, o rapper lança a inspirada Zatoichi.

Mostrando versatilidade, Denzel entrega uma canção completamente diferente em Zatoichi ao misturar hip hop, rock alternativo e toque de R&B em um instrumental frenético, complexo e lindamente finalizado. Cada detalhe na construção instrumental é fácil de notar em toda a sua complexidade, deixando ainda mais impressionante o resultado final. O mais incrível é que com três minutos e meio, a canção soa bem rápida que realmente é na verdade, deixando uma vontade de querer ouvir uma versão estendida. Zatoichi não alcança o ápice do single anterior devido a produção vocal dar um verniz para a voz de Denzel como se fosse uma voz off que tira um pouco de efeito da sua sensacional performance, mas o mesmo efeito funciona perfeitamente para a frenética performance de slowthai no marcante refrão. E assim Denzel Curry vai criando o maior hype de 2022.
nota: 8

Ensaio Sobre o Pop

Baby
Charli XCX


Com o lançamento de Baby, quarto single do álbum Crash, a Charli XCX parece mostrar que irá fazer um ensaio sobre o pop ao entregar uma coleção de canções que transitam por subgêneros de sucesso do final dos anos oitenta e começo/meio dos noventa. E isso é algo realmente excitante.

Baby é uma hibrido criativo, distinto e levemente esquisito de dance pop com toques de new wave e electropop que parece ter saído exatamente deu um limbo entre a transição dos anos oitenta e noventa. Lindamente produzido, a canção acerta ao adiciona uma dose cavalar da personalidade excêntrica de Charli XCX que coloca nuances de eletrônico para deixar a canção relativamente moderna sem perder o seu toque nostálgico. A canção não deve agradar parte dos fãs, pois não é o tipo de entrega uma explosão logo de cara, especialmente devido a sua rápida duração. Outro destaque é para a performance carismática da cantora que consegue muito bem passar toda a vibe da canção. Baby é outro acerto para a Charli XCX, mas que deve funcionar melhor ainda dentro do contexto do álbum.
nota: 8

Meh Meh!

Bam Bam (feat. Ed Sheeran)
Camila Cabello

Preparando para lançar o seu terceiro álbum (Familia), a Camila Cabello lança a sua melhor canção dessa nova era em Bam Bam. O problema é que a canção parece uma decisão completamente errada.

Seguindo o caminho de criar uma sonoridade latina para o álbum, Bam Bam é uma simpática e redondinha mistura de latin pop, salsa e reaggaeton que não é o suprassumo e muito menos uma bomba. O grande erro é a participação de Ed Sheeran. O britânico não combina em nada com a atmosfera da canção, deixando ainda mais claro a vontade de ser apenas uma canção para inglês ver, isto é, apenas para surfar na onda do sucesso desse tipo de canção. Além disso, Camila e Ed não tem nenhum tipo de química mais caliente que seria necessário para dar o tom de Bam Bam. Acredito sinceramente que o Maluma seria o par perfeito para tirar a canção de ser apenas meh!.
nota: 6

Tinashe, a Cofiável

Naturally
Tinashe


Uma das artistas que sempre entrega trabalhos sempre sólidos desde o começo da carreira é a Tinashe. Sem receber o reconhecimento em forma de sucesso comercial, a cantora continua a sua carreira com trabalhos elogiáveis como é o caso de Naturally.

Single da versão deluxe do álbum 333, a canção é a representação perfeita de como entregar um pop/R&B de qualidade. Deliciosamente envolvente, a canção apresenta uma batida cadenciada limpa, estruturada e cheia de personalidade, sendo algo que realmente parece não ser feito atualmente com esse mesmo resultado. Devo admitir que Naturally não é o tipo de canção extremamente memorável, especialmente devido ao seu clímax linear e a sua vibe de filler. Todavia, Tinashe em nenhum entrega menos que uma canção realmente adorável e isso é um dom raro.
nota: 7,5



4 de março de 2022

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Stan
Eminem

Thank You
Dido

Samplear uma música, ou seja, usar parte de uma para criar a outra é algo que foi se popularizando ao longo das décadas desde que surgiu nos anos 1940. Todavia, o maior caso de sample da história veio quando o Eminem resolveu samplear Thank You da britânica Dido para construir a canção Stan. E, ao contrário da maioria desse tipo de caso, ambas canções viraram sucessos devido as suas qualidades, criando dois sucessos atemporais que sustentam sozinhas e “unidas”.

Lançadas no ano 2000, as canções não poderiam ser mais diferentes uma da outra, mas a forma como foram “unidas” consegue soaram com algo que forma pensadas desde a sua criação dessa maneira. De um lado, a delicadeza de Dido e a sua pop/trip hop sobre superar os pequenos problemas do dia a dia para realmente se importar com o que importa. Do outro lado, o rapper com uma devastadora e magistral história que reflete a sua fama adquirida, problemas mentais e as consequências de pequenos atos que podem influenciar a vida dos outros. Entretanto, a maneira como a produção The 45 King com coprodução do Eminem consegue criar essa ligação ao não usar Thank You apenas como samples, mas, sim, como uma parte vital de Stan. E é esses um dos motivos que faz a canção do rapper um dos marcos da indústria musical.

Quando lançou a canção, Eminem já tinha alcançado o estrelato no ano anterior com o lançamento de The Slim Shady LP e o hit de My Name Is. Com The Marshall Mathers LP, o rapper alcança a aclamação definitiva para se tornar como um dos maiores nomes do rap da sua geração. Obviamente, parte do burburinho envolta da carreira do rapper era relativo as suas polêmicas dentro e fora da música, mas Stan mostra que o rapper poderia ir muito além para criar uma obra de arte. Com cerca de quase sete minutos, a canção é épica, inteligente e completamente única. Ao usar a base de Thank You, a produção cria um instrumental complexo que vai crescendo e se desenrolando ao logo da sua duração. Em nenhum momento, porém, o trabalho se torna arrastado ou perde a sua força, pois existem camadas de significação que vão se desenrolando a cada novo verso até chegar ao seu explosivo final.

A escolha de usar o primeiro verso da canção da Dido para ser o refrão de Stan é abertura perfeito para uma das melhores letras da história da música. Ao falar sobre pequenas coisas do dia a dia que fazem parte da nossa vida e como isso pode afetar a nossa vida, os versos de Thank You dão o tom para narrar a história de um fã do Eminem intitulado de Stan que escreve para o rapper sobre a sua adoração, mas que sem receber nenhuma resposta começa a agir de maneira violenta e perturbadora na sua vida real. Através dessas cartas narradas pelo rapper encarnando Stan, a canção mostra um leque imenso, profundo e genialmente bem escrito que fala sobre problema mentais, fama, violência domestica e obsessão. Uma composição grandiosa, intricadíssima, épica e de uma genialidade incomparável, Stan ainda guarda uma imensa surpresa: o quarto verso é visto pela visão do Eminem respondendo ao fã sem saber exatamente de tudo o que ocorreu durante o verso anterior. Culturalmente relevante, pois a palavra “stan” virou sinônimo de ser fã de alguém na era do Twitter, a canção não seria a mesma sem a performance força da natureza que Eminem entrega em cada segundo da canção seja “interpretando” ele mesmo ou o seu fã no ápice da sua forma como rapper. Apesar de não ter essa força de legado, Thank You é o tipo de canção memorável devido a sua simplicidade genial. Sensível, delicada e tocante pop/trip hop que usa da atmosfera para construir a perfeita instrumentalização para a sensacional construção da produção. A presença elegante de Dido consegue misturar melancólica e esperança na mesma medida ao entoar a sensacional composição que fala que todos os pequenos problemas que se tornam a nossa vida uma verdadeira corrida de obstáculos não tem tanta importância quando se tem alguém para amar no final do dia. Duas canções completamente diferentes que se ligaram para sempre devido a uma decisão genial. E assim que se faz a história da música.
notas
Stan: 10
Thank You: 9



1 de março de 2022

Coisas Novas, Estranhas e Facinantes

Holding Back
BANKS


Devido ao resultado dos seus dois últimos singles (The Devil e Skinnydipped), a Banks parecia que iria entregar no álbum Serpentina o seu trabalho mais interessante até o momento. Com o lançamento de Holding Back, a cantora confirma essa teoria com a sua canção mais distinta da carreira.

O ponto que Holding Back traz de novo para a discografia da cantora é a sua estranha e interessante produção vocal. Uma mistura de texturas e efeitos vocais que quebram expectativas do começo ao fim da faixa, a produção cria algo realmente original com a adição de nuances que ajuda a faixa ganhar força verdadeira. Capitaneado pela performance da Banks que brilha realmente quando a sua voz aparece nua e crua, Holding Back continua o caminho da cantora de criar uma versão de pop que seja tão pessoal e, ao mesmo tempo, consiga criar um padrão de similaridade com quem escuta. Acredito que a canção falte certa explosão para que fosse capaz de realmente ser a base para os experimentos vocais, mas é impossível negar que existe um trabalho de refinação preciosa e uma inteligência para cada escolha na faixa. Com o hype realmente alto para o lançamento do álbum, Banks pode ter em mãos o trabalho mais surpreendente de 2022. Aguardemos.
nota: 8



Um Tropeço

CHICKEN TERIYAKI
ROSALÍA


A melhor qualidade da Rosalía é notar que até quando erra é esperado algo que seja no mínimo interessante. A estranha CHICKEN TERIYAKI casa perfeitamente com essa definição.

Depois da explosão de Saoko, a espanhola entrega uma grudenta, marcante e falha mistura de reggaeton e trap que gera certo desconforto ao escutar devido a sua batida disjuntada e a sua composição bem estranha. Enquanto a adição de texturas extremas é que fez a canção anterior tão boa, o mesmo efeito em CHICKEN TERIYAKI cria um ruído esquisito e quase irritante. Existe momentos interessantes, mas a canção fica bem em cima da divisa entre uma grande canção e um baita tropeço. Outro problema é a composição que tenta criar momentos marcante, mas termina com toques de vergonha alheia misturado com frases de efeito divertidas. Não que CHICKEN TERIYAKI seja ruim, mas abaixa o hype para o lançamento de Motomami consideravelmente.
nota: 6,5

A Garota do 7

Fast Times
Sabrina Carpenter


Desde que comecei a resenhas canções da Sabrina Carpenter sempre termina na mesma nota: um sólido sete. Com Fast Times, a cantora continua no mesmo patamar, mesmo que entregue a sua canção mais original.

A canção é um interessante pop com toques de doo wop que dá uma camada brilhosa para o resultado final. O problema, porém, é que Fast Times não vai muito mais longe do que a sua boa ideia, entregando uma canção simpática demais para criar uma marca em quem ouve. A composição é até boa, mas não o suficiente para elevar o resultado final ao próximo parâmetro. Novamente, a Sabrina Carpenter tem toda a base para entregar uma canção bem acima da média, mas ainda entrega o que era esperado.
nota: 7


Pequena Grande Obra

Kissing Lessons
Lucy Dacus


Apesar de ter conhecido a Lucy Dacus tenho a impressão certa que a cantora é o tipo de artista que entrega boas canções até mesmo quando erra. E é assim na bonitinha Kissing Lessons.

Uma indie rock/pop rock direta de uma delicadeza surpreendente, a produção entrega um arranjo seguro, bem feito e com uma atmosfera fofa que não chega a empolgar totalmente, mas deixa bem claro o potencial de Lucy de criar canções chicletes de maneira fácil. Faltou tempero para o resultado final, especialmente devido a performance linear da cantora que combina com a vibe da canção, faltando, porém, a força emocional que a cantora já apresentou em outros momentos. O que continua igual é imensa capacidade da artista criar uma composição sincera e sentimental com doses de acidez e uma melancolia ao contar a história do seu primeiro crush com uma garota. Cada vez mais acredito que podemos mesurar o talento de uma artista em seus momentos menos inspirados. E a Lucy então entrega um pequeno grande momento em Kissing Lessons.
nota: 7