Sam Smith
Não há como negar que a carreira de Sam Smith desbravou conquistas que pouquíssimos artistas tiveram a oportunidade de alcançar. Apesar de nomes como Elton John, Ricky Martin e George Michael serem alguns dos principais e mais importantes nomes LGBTQI+, todos citados “saíram do armário” bem depois de alcançarem o sucesso comercial e de crítica. Já Sam alcançou o sucesso orgulhosamente livre dessas amarras pessoais e, felizmente, isso não afetou negativamente o lado comercial da sua carreira. E o britânico foi mais além: recentemente Sam se revelou como não-binário e que os pronomes para se referi a sua pessoa seriam os they/them (no blog irei usar o pronome neutro criado elu). E apesar do preconceito, Sam ainda continua sendo um dos nomes mais importantes do mainstream. Chegando no terceiro álbum intitulado Love Goes, elu mostra confiança na sua persona artística, mas, infelizmente, ainda parece deslocadu e perdido sonoramente na tentativa de evoluir sem perder a essência inicial que fez Sam estourar.
Love Goes é divido em duas partes bem definidas: a primeira composta de um pop dançante misturado com soul/R&B e a segunda que contem baladas pop soul que dialogam com o que o público acompanhou no começo da carreira de Sam. Todavia, apesar da qualidade técnica e de produção, a parte que deu fama ao artista é a que menos tem impacto no resultado final. Genérica, sem ousadia e nenhuma força parecida com a dos trabalhos anteriores, as baladas aqui refletem precisamente a falta de caminho que a sonoridade base de Sam sofre ao repetir uma formula pronta sem mostrar quase nenhuma evolução e maturidade. Até mesmo o melhor momento dessa parte, a emocionante Forgive Myself, não apresenta nada mais que uma balada simples com base de piano que poderia ser de qualquer artista sonoramente. Enquanto isso, a primeira parte de Love Goes é que mostra a verdadeira personalidade que Sam parece querer explorar e que não tem a possibilidade ou espaço para concretizar tal fato.
Recheado de dance-pop com influencias de eletrônico, eletropop, pop soul e R&B, a primeira metade do álbum é que dá a sustentação e, principalmente, a qualidade necessária para o álbum não ficar bem abaixo da expectativa. Sem precisar mostrar algo novo ou realmente sensacional, essa parte de Love Goes cumpre com louvor a proposta de dar personalidade para Sam de forma a quebrar expectativas, criando uma persona excitação e empatia com o público. E o ápice desse momento é a ótima Dance ('Til You Love Someone Else): lembrando o primeiros passos de Sam ao estrelato como voz de Latch da dupla Disclosure, a faixa que clama para ser single é uma envolvente, dançante e azeitada dance-pop com deep house e leves nuances de pop soul que realmente mostra a evolução sonora de Sam. E não por acaso, a canção é coproduzida por Guy Lawrence, uma das metades do duo britânico. Apesar de ser uma canção dançante, a faixa ainda revela o lado emocional de Sam ao ser a história de como superar um coração quebrado na pista de dança. E é aqui que é possível perceber outro problema em Love Goes.
Desde o primeiro álbum e o mega sucesso de Stay With Me, Sam se mostrou artista capaz de expressar de forma honesta e direta as dores de um coração quebrado seja pelo por quem se ama ou pela falta de alguém para chamar de seu. Passado alguns anos, Sam ainda se mostra capaz de desenvolver letras com o mesmo apelo que é capaz de trazer uma lágrima solitária ou/e aquecer o nosso coraçãozinho com um acalanto de alguém saber o que a gente viveu de forma tão sincera e empática. Apesar de qualidade é necessário dizer que as letras em Love Goes não demostram uma evolução nítida sobre o oficio de Sam, mostrando que elu parece presu as mesmas fórmulas prontas de antes. Em Another One, uma boa dance-pop com pop soul, Sam narra a história da traição de alguém e como esse outro segui em frente parecido com a temática I'm Not the Only One. E essa sensação que Sam parece não ter saído do lugar é repetida por tudo o álbum, criando uma sensação forte de déjà-vu forte. A boa qualidade que se pode observar é a valorização do eu, mostrando que Sam pode até sofre pelos mesmos problemas, mas que aprendeu a amar a si próprio ao longo do caminho. Felizmente, Sam ainda mantem a sua melhor característica é a capacidade de derreter qualquer coração de gelo com a sua voz que consegue temperar até as canções mais sem graça como um molho perfeito em cima de uma carne mal feita. E quando a faixa é boa, o resultado da presença é ainda melhor: o ótimo How Do You Sleep? colocado erradamente como apenas um bônus é a prova cabal da capacidade vocal de Sam. Outros momentos de destaque ficam por conta da legal Diamonds, Young é a prova que a voz de Sam supera até mesmo os auto-tunes da vida e a parceria com a Normani em Dancing with a Stranger. E é preciso apontar que a faixa que dá nome ao álbum Love Goes, uma parceria com o cantor Labrinth, é um erro do tamanho da péssima I’m Ready com a Demi Lovato que, felizmente, ficou renegada a ser um bônus track. Apesar do resultado geral ser acima da média e ter momentos realmente inspirados, o álbum mostra que Sam deve apostar firmemente em diversificar a sua sonoridade ao apostar em mais canções dançantes e menos em baladas. O lado bom é ver alguém poder ser quem é sem precisar se preocupar em ser ou não apoiadu por parte do público.
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