3 de janeiro de 2021

Nirvana Disco

Murphy's Law
Róisín Murphy


Algumas vezes durante a vida desse humilde fui pego por uma sensação que quem estava ali era, em primeiro lugar, o fã de música e não a persona critica que existe em mim. Claro, sempre que isso acontece preciso respirar, recalibrar e repetir a canção para conseguir ter uma visão critica sobre a mesma. Esse foi o caso da genial Murphy's Law em que Róisín Murphy leva o público a uma viagem ao passado na melhor redenção disco de 2020. Felizmente, essa conclusão veio majoritariamente do critico em mim dando uns tapinhas de felicitações no meu lado fã. 

Apesar de ser um trabalho que transita em uma pegada mais alternativa/experimental, Murphy's Law é a canção mais tradicional do álbum, saindo quase que completamente da linha criativa. Entretanto, a canção, além de ser a melhor, ainda guarda pequenas e preciosas nuances que ajudam a elevar o resultado final a um outro patamar. Essas quebras se revelam bem no começo em uma espécie de introdução em que a cantora apenas declama parte do refrão ao som de batidas de palmas para depois dar uma guinada para o instrumental, repetindo na parte final o mesmo mecanismo do começo com algumas diferenças. Pode até parece bobo apontar essas ideias como algo que possa elevar a canção, mas é preciso ouvir Murphy's Law na sua totalidade para entender a genialidade dessas decisões. Especialmente no momento que isso ajuda a canção a dar ainda mais personalidade para a deliciosamente vintage batida disco/post-disco/soul do resto da canção que foi construída para a faixa. Envolvente, carismática, elegante, madura, poderosa, melódica e atemporal, o single ainda se beneficia da brilhante composição que deixa de lado construções de versos complicados por uma linguagem relativamente simples para narrar as aventuras da fatalidade de encontrar o ex em todo o lugar que vai. Usando o trocadilho com a lei de Murphy com o seu próprio, Róisín cria um perfeito exemplo de canção para chorar e dançar na balada. E completando o pacote está a aveludada e marcante performance da cantora arremata a canção de maneira acachapante. E dessa maneira, 2020 teve um dos seus ápices que, infelizmente, não parece ter o devido reconhecimento pelo grande público, mas será tem o seu lugar na minha playlist de melhores do ano. 
nota: 9

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