26 de janeiro de 2021

Top 75 Singles - Parte Final

 



Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI



5. What's Your Pleasure?
Jessie Ware



“Canção que dá nome para o álbum, What's Your Pleasure? é uma fantástica e arrebatadora post-disco/electropop com toques de soul que parece navegar entre 1978 e 2020 como se fosse um manipulador do tempo. Sensual, encorpada, envolvente, dançante, divertida, poderosa, carismática e com uma produção classuda ao extremo, a canção tem uma composição econômica liricamente, mas que acerta em todos os sentindo ao ser marcante, elegante, bem pensada e dona de um refrão memorável. Outra qualidade importante é que, apesar de ter quase quatro minutos e quarenta, What's Your Pleasure? passar tão rápido que deixa uma imensa sensação de quero mais que aumenta o fator viciante que a canção possui. E a cereja em cima do bolo é a performance sensacional de Jessie que consegue manter a sua personalidade e, ao mesmo tempo, elevar a sua faceta de diva pop para outro parâmetro. Infelizmente, a canção parece relegada a não conhecer o sucesso comercial como outras bem inferiores lançadas nesse ano.” 
Resenha


4. Jesus Christ 2005 God Bless America
The 1975 & Phoebe Bridgers




“Jesus Christ 2005 God Bless America, nome extremamente curioso e significativo para a canção, não tem nada de revolucionário em sua construção, pois o seu cerne é de indie rock/folk com uma base simples de violão que a transforma em uma canção contida e melancólica. Mesmo assim, o efeito que causa é de um verdadeiro soco no estômago. Primeiramente, a canção tem uma composição avassaladora sobre se sentir deslocado do resto de mundo devido a sua condição sexual. Ao narrar uma crise existencial de uma pessoa tem que lidar com sentimentos que vão contra o que a sociedade a sua volta diz ser errado, especialmente em relação a religião e os seus dogmas. Com uma impressionante simples composição, Jesus Christ 2005 God Bless America entrega uma profunda, complexa e tocante letra que emociona verdadeiramente e deixa uma marca profunda em quem ouve. O ponto alto da canção, porém, são as interpretações do vocalista Matty Healy que com a magistral participação de Phoebe Bridgers que sem precisarem de muito conseguem emanar toda as emoções expostas na composição.” 
Resenha


3. XS
Rina Sawayama




“XS, faixa do magistral álbum debut da cantora, é o tipo de canção que você não sabe muito bem o que está acontecendo, mas que acaba amando de qualquer forma. Uma mistura esquisita e genial de art pop com indie, pop rock e electropop, criando um híbrido surpreendente, ousado, comercial e completamente viciante. Cheio de nuances primorosas e quebras de expectativas que apenas agregam ao resultado final, XS deixa bem claro que Rina tem disposição e talento para dar um passo além dentro do pop para fazer da sua sonoridade substancial e diferenciada. Falando de forma divertida e com uma acidez picante sobre consumismo e a necessidade de manter as aparências a todo o custo por meio da ostentação, a canção é entoada por uma inspirada Rina que se mostra uma diva pop com uma versatilidade e alcance monstruosos.” 
Resenha


2. Murphy's Law
Róisín Murphy




“Apesar de ser um trabalho que transita em uma pegada mais alternativa/experimental, Murphy's Law é a canção mais tradicional do álbum, saindo quase que completamente da linha criativa. Entretanto, a canção, além de ser a melhor, ainda guarda pequenas e preciosas nuances que ajudam a elevar o resultado final a um outro patamar. Essas quebras se revelam bem no começo em uma espécie de introdução em que a cantora apenas declama parte do refrão ao som de batidas de palmas para depois dar uma guinada para o instrumental, repetindo na parte final o mesmo mecanismo do começo com algumas diferenças. Pode até parece bobo apontar essas ideias como algo que possa elevar a canção, mas é preciso ouvir Murphy's Law na sua totalidade para entender a genialidade dessas decisões. Especialmente no momento que isso ajuda a canção a dar ainda mais personalidade para a deliciosamente vintage batida disco/post-disco/soul do resto da canção que foi construída para a faixa. Envolvente, carismática, elegante, madura, poderosa, melódica e atemporal, o single ainda se beneficia da brilhante composição que deixa de lado construções de versos complicados por uma linguagem relativamente simples para narrar as aventuras da fatalidade de encontrar o ex em todo o lugar que vai. Usando o trocadilho com a lei de Murphy com o seu próprio, Róisín cria um perfeito exemplo de canção para chorar e dançar na balada.” 

1. Shameika
Fiona Apple




“Tentar definir de forma concisa qual a sonoridade de Shameika é tão complicado quanto definir o próprio álbum que a música saiu. E a canção é de longe a mais acessível de todo álbum. Tentando achar algumas palavras para classificá-la seria um indie jazz/rock alternativo com pinceladas fortes e marcantes de experimental e acid jazz. E mesmo assim parece faltar algo que consiga expressar toda a grandiosidade e genialidade por trás da espetacular, complexa e poderosa construção instrumental que vai colocando camadas por cima de camadas e que transforma Shameika em um verdadeiro desbunde sonoro. Liricamente, a canção é que apresenta a composição que mais chamou a minha atenção ao ser um trabalho ácido, divertido e sincero sobre o bullying quando criança e como a ajuda de uma desconhecida chamada Shameika a ajudou Fiona perceber o seu talento. E, queridos leitores, assim como uma Nostradamus moderna, Shameika acertou em cheio em sacramentar que Fiona Apple tinha potencial.” 
Resenha

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