30 de novembro de 2023

As Geniais Rebarbas

VIRGO'S GROOVE
Beyoncé

E você sabia que Virgo's Groove foi lançado como quarto single do Renaissance? Então, nem eu estava sabendo até recentemente, mas fiquei extremamente feliz com a escolha.

Fugindo um pouco da vibe do álbum sem perder, porém, a coesão sonora, Virgo’s Groove é uma suculenta e graciosa disco/funk que é construída usado apenas diamantes em uma das produções mais refinadas da carreira da Beyoncé. E isso é dizer muito devido a qualidade sempre alta que a cantora sempre entregou. A batida é como um tapete que foi feito no mesmo tear, mas é adornado com texturas, cores e nuances diferentes que cria toda uma sequencia com começo, meio e fim. E a imagem costurada aqui é de uma discoteca/boate nos anos setenta em que existe essa atmosfera de sensualidade, excitação e sedução. Virgo's Groove é a canção que muitos não lembram tanto de Renaissance, mas que é uma das joias mais brilhantes da coroa da Beyoncé. 
nota: 9

Uma Genialidade de 2022

Gorilla
Little Simz


Apesar de ter sido lançada no ano passado no álbum No Thank You, a canção Gorilla da Little Simz foi lançada com single em Junho. E, queridos leitores, a canção é uma das “must listen” do ano sem nenhuma dúvida.

Assim como qualquer outra canção da rapper britânica, Gorilla é recheado até explodir de uma qualidade impressionante em todos os sentidos possíveis. Entretanto, a performance da rapper é o grande momento da canção em que a mesma “entoa cada verso como se fosse uma improvisação em uma jam session, mas sempre mostrando uma precisão rítmica e de uma personalidade cortante”. Produzida pelo colaborador de sempre Inflo, a canção é um riquíssima e impotente hip hop com toques de jazz que é adicionado uma orquestra para dar corpo e um verniz magico para o resultado final. E o clipe da canção é de uma genialidade impar e de cair o queixo que está no mesmo nível que os melhores trabalhos da Missy Elliott, Kendrick Lamar e Beyoncé. E assim é feito as genialidades.
nota: 8,5

Bate Cabelo de Primeira

thicc
Shygirl & Cosha


Nem sempre uma canção precisa ser mais do que realmente precisa ser para ser uma ótima canção. Esse é o caso de thicc da Shygirl ao lado da cantora Cosha.

Resumidamente, a canção é para ser um perfeito bate cabelo house/eletrônico e é exatamente que entrega de maneira irrepreensível. Elétrica, vibrante e deliciosamente despretensiosa, thicc apresenta uma batida tão deliciosa e marcante para quem escuta que até mesmo a sua repetitiva composição é deixado de lado para dar espeço para o brilhante trabalho de produção. Além disso, a canção conta com a brilhante performance de Shygirl que ganha ainda mais corpo com os backvocais de luxo da Cosha que poderia até ser melhor usada. De qualquer forma, thicc é o tipo de canção que cumpre o promete com louvor.
nota:8 

Reinas

Labios Mordidos
KAROL G & Kali Uchis

Os lançamentos de parcerias entre mulheres deram um boom no final desse ano que, sinceramente, foi muito bem-vindo. E um desses momentos é a ótima parceria da Kali Uchis ao lado de Karol G na deliciosa Labios Mordidos.

Single do álbum Orquídeas que será lançado no começo de Janeiro, a canção não tem nada de original, mas é extremamente bem feito ao fazer o famoso arroz com feijão na medida certa. Uma latin pop/reggaeton redondo, dançante, sexy e refrescante, Labios Mordidos é a prova que dá para fazer esse tipo de canção atualmente sem soar clichê ou/e massificada sem perder o lado radiofônico devido a produção ligar os pontos de maneira azeitada do começo ao fim. A presença da Karol G é, infelizmente, o lado menos excitante da canção, pois não dá peso para o resultado final. Todavia, a mesma faz um bom trabalho, deixando Kali brilhar plenamente devido a uma performance perfeita para o tipo de canção. E assim o ano se fecha com as mulheres no ápice.
nota: 8

Real Mother

My Body
Coi Leray

Sabe aquela música que basicamente todo mundo odeia, mas você realmente gosta? Então, esse é caso da divertida My Body da rapper Coi Leray,

Na avaliação vinda dos usuários do site Album of The Year está com uma nota 9 em 100, sendo uma das canções com menor nota do ano no sistema de avaliação. E o pior é que a canção nem é tão ruim. Na verdade, a canção é uma legalzinha hip hop, pop/teen pop que usa do clássico It's My Party da Lesley Gore para construir o cativante refrão. Falta, porém, para o resto da canção essa mesma vibe energética do refrão, deixando os versos pasteis e prevísseis demais. A composição poderia ser bem mais trabalhada criativamente, mas a mensagem de “meu corpo, minhas regras” é bem vida. Coi é uma rapper novata que ainda parece encontrar seu lugar já que a sua performance em My Body é ainda vacilante. Apesar dos tropeços, a canção está bem longe de ser a pior que já foi lançada em 2023. 
nota: 6

26 de novembro de 2023

Primeira Impressão

the record
boygenius



Sinergia

Not Strong Enough
boygenius


Melhor canção de The Record, Not Strong Enough é uma previa perfeita sobre o verdadeiro potencial do trio boygenius.

Uma direta e carismática indie rock/pop rock, a canção tem na química entre as três integrantes como o ponto alto, mostrando a sinergia impar e especial que as jovens possuem. Apesar de personalidades distantes, as três artistas conseguem se fundir lindamente em uma produção que deixa essa sinergia brilhar. Liricamente, Not Strong Enough é uma crônica honesta, simples e tocante sobre admitir que talvez não seja a pessoa ideal para quem se ama em que é entoada a cortante declaração: “Not strong enough to be your man/ I lied, I am/ Just lowering your expectations”. Com uma indicação a Gravação do Ano, Not Strong Enough é o tipo de canção que é perfeita para popularizar ainda mais o boygenius.
nota: 8



Primeira Impressão

I Inside the Old Year Dying
PJ Harvey



O Retorno de uma Titã

A Child's Question, August
PJ Harvey


Um dos maiores do rock alternativo da década de noventa, a cantora PJ Harvey está de volta aos holofotes com o lançamento I Inside the Old Year Dying depois de hiato de sete anos. Como primeiro single foi lançada a bela e soturna A Child's Question, August.

Irei ser sincero: nunca tinha escutado nenhuma música da artista apesar de já ter ouvido falar da mesma faz anos. Por isso, não sabia o que esperar exatamente da canção, mas, ao mesmo tempo, não foi pego de surpresa pelo o que escutei devido a “fama” que a cantora carrega. Por isso, a A Child's Question, August é uma canção que encontra um lugar na minha percepção musical, mesmo que não seja a genialidade que poderia esperar. Uma balada folk rock densa, contida e melancólica, a canção apresenta uma produção extremamente segura em criar um instrumental simples tecnicamente e, ao mesmo tempo, inspirado para a construção da sua sufocante atmosfera. O melhor da canção, porém, é a presença dos vocais deslumbrantes e distintos da PJ Harvey contrastados com a marcante e fugaz presença do ator Ben Whishaw cantando em alguns momentos. A Child's Question, August é uma canção tão peculiar que merece ser escutada com todas as percepções zeradas para apreciar toda a sua grandiosidade.]
nota: 8

Primeira Impressão

REVAMPED
Demi Lovato




22 de novembro de 2023

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

The Architect
Dawn Richard




Encontro Entre Água e o Fogo

Oral
ROSALÍA & Björk


Anunciada no mês passado, o lançamento de Oral marca uma das colaborações mais inusitadas dos últimos tempos ao unir a lendária Björk e o fenômeno da Rosalía. E o resultado é a altura das envolvidas, mesmo que existam algumas pontas soltas.

Escrita em 1998, a canção terá todos seus lucros revertidos para uma entidade de ativismo ecológico e, por isso, não é o possível começo de um trabalho conjunto entre as artistas. E é uma pena, pois Oral tem algo meio difícil de encontrar atualmente: originalidade. Produzido pelas duas cantoras ao lado de Seda Bodega, a canção é uma inusitada, inspirada e encorpada mistura dancehall, trip hop, art pop e eletrônico em batia elétrica e quase comercial. Na verdade, Oral é provavelmente a canção que mais se aproxima do pop comercial para a islandesa da sua carreira, mesmo que ainda seja envolto em uma teia pesada de excentricidade típica. E, queridos leitores, o resultado é de um brilhantismo sonoro ao fazer o que foi pensado há mais de vinte anos atrás em algo moderno e instigante. O único problema da canção na minha visão é que apesar de uma performance ótima da Rosalía aliado com uma química áspera com a Björk, a espanhola cantar quase tudo em inglês e, não espanhol faz perder certa ousadia que poderia elevar ainda mais o resultado final da canção. E assim temos um encontro para marcar 2023 com louvor que apenas as envolvidas poderia dar.
nota: 8

O Padam Padam da Polachek

Dang
Caroline Polachek


Single da versão deluxe Desire, I Want to Turn Into You, Dang é uma prima excêntrica da Padam Padam da Kylie Minougue. E funciona devido a força desconcertante da Caroline Polachek.

Acredito que nas mãos de outra artista, a canção teria resultado em uma amontado sonoro sem a ousadia necessária para dar vida a sua urgente, estranha e descontruída batida electropop com pedaços de art pop, hyperpop e deconstructed club. Por exemplo, a repetição insistente de Dang durante toda a canção poderia fácil ser irritante, mas aqui é uma tática que dá estilo e personalidade para a canção. Além disso, o nome remete ao álbum da cantora de 2019 intitulado Pang, criando esse veiculo criativo. Todavia, o que amarra a canção é corajosa e explosiva performance de Polachek que faz realmente tudo funcionar. Não acredito que a Dang vai ter o sucesso de Padam Padam, mas merecia na mesma medida. 
nota: 8

Sono Profundo

exes
Tate McRae


Será que a Tate McRae será o próximo grande nome do pop? Ainda é cedo para dizer, mas não levo muito fé com lançamento como exes.

Surfando no sucesso de Greedy, a canção perde toda o fator divertido da canção anterior ao ser apenas sonolenta. Um pop/dance-pop sem graça e meio arrastado, exes não tem nada interessante para ser considerada um veículo para o estouro definitivo da cantora, mas atualmente a gente pode esperar de tudo. E o que poderia ser o fator decisivo para a canção ser ao menos legal deixa a desejar devido a performance morna e sem personalidade da Tate. A canção pode até fazer sucesso, mas está longe de lançar a carreira da Tate McRae.
nota: 5

Fun Jack

Lovin On Me
Jack Harlow

Sabe aquela música que é simplesmente divertida e apenas divertida? Então, esse é perfeito caso de Lovin On Me de Jack Harlow.

A principal razão para canção conseguir se destacar principalmente pelo lado divertido é a sua atmosfera despretensiosa, leve e animada devido ao ótimo uso do sample de Whatever (Bass Soliloquy) de Cadillac Dale de 1995. Nostálgica sem ser forçada, Lovin On Me também conta com a composição boba, sexy e engraçada sobre o “sexy appel” de Jack Harlow mostra que o rapper não quer se levado a sério e, sim, se divertir. E isso é o grande trunfo de Lovin On Me.
nota: 7

17 de novembro de 2023

Primeira Impressão

Lahai
Sampha



Samphificado

Only
Sampha


Only, single de Lahai, é o tipo de canção que a gente nem precisa saber de quem é para realmente gostar. E quando descobrir que é do Sampha vai ficar simplesmente samphificado.

Menos atmosférico que Spirit 2.0, o single é um excecional e incrível mistura de neo-soul, R&B alternativo e trap que consegue ser original sem perder um toque de familiaridade. A batida aqui é limpa, contagiante e de uma euforia contida e deliciosa, resultado em uma canção “alegre” sem necessariamente ser rasa ou comercial. É como se Sampha fizesse a sua versão do que é comercial para Only, mas sua visão é tão apurada que cria algo tão artístico como qualquer outra canção mais estilizada. A sua excepcional performance é o que dá aquele toque final para a canção que ao final estamos já completamente convertidos ao samphlismo.
nota: 8,5

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

Forever Means
Angel Olsen



Bedtime Stories

Tears can be so soft
Christine and the Queens

Uma das melhores canções de Paranoia, Angels, True Love, Tears can be so soft parece uma versão modernizada de uma das canções do Bedtime Stories da Madonna. E isso não poderia ser melhor.

O meu álbum preferido da rainha do pop, Bedtime Stories é uma linda reflexão intima e uma exploração atemporal do pop/R&B. E assim é Tears can be so soft também segue na sua construção slow burn, delicada, sentimental e inspirada que mistura alt-pop, trip hop e R&B contemporâneo. A batida nunca sobre o nível, mas isso não é necessário devido a sua construção intricada e meticulosa para criar uma atmosfera aveludada, triste e envolvente. Liricamente, Chris discute sobre as tristezas que precisamos viver como, por exemplo, solidão e saudade. Essa reflexão casa bem com as meditações feitas por Madonna em 1994, pois existe uma simplicidade lírica que contrasta com a profundidade emocional. E a canção ainda tem a sensacional performance do Cris que é que uma das suas melhores até o momento. Na verdade, Tears can be so soft é possível uma das melhores canções da carreira do artista com louvor.
nota: 8,5

Nova Era Para Megan

Cobra
Megan Thee Stallion

A nova era da Megan Thee Stallion é tem um fator bem diferente para uma artista que alcançou o sucesso da rapper: independência. Depois de disputas com a sua gravadora, a rapper começa a sua carreira independente com o lançamento da ótima Cobra.

Apesar de rápida, a produção aproveita cada segundo para criar uma excitante e surpreendente batida hip hop com toques pesados de rock que consegue ser madura e incrivelmente profunda. É louvável o cuidado que se dá para a construção do instrumental, especialmente no longo solo de guitarra ao final da canção que quebra qualquer expectativa. Todavia, Cobra é louvável na sua pungente e desnorteante composição em que Megan fala abertamente e com uma vulnerabilidade tocante sobre os problemas que enfrentou com a sua saúde mental. Gostaria de ter ouvido mais a rapper explorar esses sentimentos em uma letra maior, mas ainda assim é louvável a maneira com ela se abre. Não acredito que a canção tem chances de fazer sucesso comercial, porém, esse novo começo para a carreira da Megan começa em um nível bem alto.
nota: 8

14 de novembro de 2023

Ideias Na Brisa

Sou Musa do Verão
Marshmello & Luísa Sonza


Sou Musa do Verão, parceria do DJ Marshmello com a Luísa Sonza, é basicamente melhor que todo o álbum recente da cantora. Todavia, a canção ainda perde a oportunidade de ser realmente boa.

Single do álbum do DJ com apenas featuring latinos, a canção tem uma ideai até ótima por trás ao fazer uma electropop com adição pesada de funk carioca, usando o inusitado sample de Musa de Verão do Felipe Dylon. Funciona? Em partes, Sou Musa do Verão é bem menos clichê que poderia esperar ao criar uma batida cadenciada, sexy e bem trapalhada. O problema é que a canção parece murchar no momento mais importante: o clímax. Nada contra quebrar algumas regras e expectativas, mas Sou Musa do Verão não faz isso de maneira a gente entender o motivo dessa decisão e, sim, deixa tudo estranho já que a condução inicial parece preparar a gente para um final grandioso. Sonza faz um trabalho bom ao entoar a vulgar composição que facilmente poderia ter outra intenção. Todavia, a cantora não tem afinada com o gênero, tirando certa personalidade do resultado final. E apesar disso, a canção é melhor que tudo que a mesma fez até hoje. Pelo menos não cantando para macho especifico dessa vez.
nota: 6,5

Não Salva Um Sample

QUER DANÇAR (com Bonde do Tigrão)
Priscilla


Priscilla, ex-Alcântara/ex apresentadora infantil e ex evangélica, mudou totalmente o foco da sua carreira para se dedicar ao pop. Isso não é problema, mas, sim, que novamente o pop brasileiro não parece saber muito bem como usar um sample direito como mostra QUER DANÇAR.

A ideia é genial: uma electropop/house que usa samples de dois clássicos do funk carioca O Baile Todo e Cerol Na Mão do Bonde do Trigão. O recorrente problema no pop acomete QUER DANÇAR: a realização. Apesar de dar um molho especial os samples e a presença do Bonde, o resultado não está a altura do pensado devido a sua execução confusa e que não aproveita a ideia para extrapolar os clichês/massificações. Devido a isso, a canção resultado em algo previsível e não muito excitante. Além disso, a composição é tão mais do mesmo que fica difícil realmente querer entoar a mesma e, apesar de boa, a performance da Priscilla falta certa malicia para encontrar o melhor tom para a canção. E assim temos outro desperdício de sample que poderia ser simplesmente genial. 
nota: 6



A Pior

Monstrão
Anitta & DENNIS


Sempre tento escrever algo que possa exprimir o que achei de uma canção, apontando o motivo para dar a nota que escolhi para a mesma. Entretanto, as vezes a gente precisa ser direto sem muitos rodeios: Monstrão é a pior canção da carreira da Anitta. E por isso merece a minha pior resenha.

Monstrão é uma merda sem tamanho. Sem mais. Obrigado pela atenção.
nota: 0

10 de novembro de 2023

Primeira Impressão

GOLDEN
Jung Kook



E Assim Começa a Nova Era

Houdini
Dua Lipa


E com o lançamento de Houdini entramos oficialmente na nova era da Dua Lipa. Apesar de gostar da intenção artística da canção, o single é menos inspirado que imaginaria que seria.


Produzido por Danny L Harle e Kevin Parker (Tame Impala), Houdini é uma refinadíssima e graciosa synth-pop com adição deliciosas de nu-disco, synth funk e psychedelic-pop que resulta em uma canção dentro do nicho sonora da cantora, mas é claramente embelezado por influencias novas e reluzentes. Funciona bem devido a engenhosidade rítmica da produção, mas parece que faltou um momento de explosão para elevar a canção para o outro parâmetro. Entretanto, o principal problema de Houdini é a sua composição que é até boa com um refrão ótimo, porém, faltou trabalhar para que não fosse tão previsível em momentos que poderia facilmente quebrar expectativas. Dua Lipa, felizmente, domina a canção lindamente, injetando a sua personalidade de sobra. De qualquer forma, a cantora tem todo o credito para a gente estar hypado para sua nova era.
nota: 7,5

Celestial

Now And Then
The Beatles


Não sou fã dos Beatles, mesmo conhecendo várias canções e reconhecendo a importância da banda para a história da música. Isso não quer dizer que fiquei emocionado de verdade a ponto de rolar algumas lágrimas com o lançamento da espetacular Now And Then.

Gravada como uma demo em 1966 e esquecida devido a morte do Lennon, a canção foi recuperada com ajuda de inteligência artificial devido a qualidade ruim da versão demo. E o que mais tinha medo não acontece ao fazer a canção parecer algo caça níquel ou/e artificial. O trabalho de separar a voz de Lennon com a adição dos vocais Paul McCartney é impecável e natural. Ouvir o cantor que foi assassinado em 1980 entoar a canção é como embarcar em uma máquina do tempo que faz a gente voltar para uma época que nem viveu e, ao mesmo tempo, está com os dois pés fincados no presenta. A realização de Now And Then também teve que recuperar os instrumentais gravados por George Harrison em 1995 com a inclusão do trabalho Ringo Starr, criando uma atemporal, épica e emocional do mais clássico rock que apenas a banda poderia fazer. Todavia, o que bate forte em quem escuta é sua devastadora composição que quando foi escrita tinha a intenção de ser uma declaração romântica, mas com o passar dos anos ganhar um significado completamente diferente em especial no seu devastador refrão: Now and then/ I miss you/ Oh, now and then/ I want you to be there for me/Always to return to me. Now And Then se torna um novo marco para o The Beatles ao mostrar que música boa não envelhece, mas, sim, ganha novos significados.
nota: 9

A Garota do Amanhã

Mosquito
Capable of love
PinkPantheress


A PinkPantheress vem se tornado cada mais claramente a próxima grande estrela da música. Depois do sucesso de Boy's a Liar e a sua versão remix, a cantora lança mais dois singles: Mosquito e Capable of love.

Não sei se comercialmente as canções podem ganhar destaque, mas no quesito artístico são dois ótimos exemplos da recrescência de PinkPantheress. Ambas canções tem uma base sólida de drum and bass que estendem os galhos de sonoridade para lugares diferentes, mas mantem constante a efusiva personalidade das artistas. Entre as duas, Mosquito é menos inspirada devido a sua batida linear que funde toques de 2-Step e alt-pop, mas mesmo assim ainda é um trabalho delicioso devido a presença radiante da artista. Capable of love eleva o nível com uma canção mais trabalhada sonoramente que vai se desenrolando de forma surpreendente e excitante. A canção também mostra a capacidade lírica de PinkPantheress ao entregar profundidade temática e uma estrutura original. E assim vai se revelando uma artista realmente merecedora de ser a próxima estrela do pop.
notas
Mosquito: 7,5
Capable of love: 8



New Faces Apresenta: Remi Wolf

Prescription
Remi Wolf


Já falei dezenas de vezes sobre o artificio de usar a nostalgia para conseguir fazer uma canção ter melhor recepção do público. Todavia, nem todas conseguem alcançar isso, pois falta estofo em suas tentativas vazias de repetir o passado para mirar no futuro. Esse não é o caso da excelente Prescription da cantora Remi Wolf.

A canção é uma mistura de várias nostalgias que se fundem em uma enorme, suculenta e divertidíssima canção que consegue fazer isso ao não querer copiar e, sim, se inspirar no passado. Começa pelo fato de a produção criar uma explosiva e envolvente que mistura funk, neo-soul, synth-pop, rock e R&B para criar uma batida inspirada nos anos setenta, mas sem nunca parecer mofada. Existe força vital e, principalmente, criativa por trás da criação da sensacional instrumentalização. Além disso, Prescription também se beneficia da grandiosa e marcante performance da Remi Wolf que lembra o timbre da Janis Joplin em alguns momentos sem nunca, porém, procurar imitar a lendária cantora ao encontrar o seu espaço devido as suas outras influencias. Existe uma versão estendida da canção que adiciona ainda mais sabor e consistência para a canção que apenas complementa a versão original. Prescription é sem dúvidas um dos pontos brilhantes de 2023.
nota: 8,5

7 de novembro de 2023

Um Oscar Para Olivia Rodrigo?

Can't Catch Me Now
Olivia Rodrigo


Será que a Olivia Rodrigo irá seguir os passos da Billie Eilish irá vencer o Oscar de Melhor Canção? Ainda é cedo dizer, mas pela qualidade de Can't Catch Me Now existe uma possibilidade real.

Tema do filme The Hunger Games: The Ballad of Songbirds & Snakes, a canção é uma sóbria, profunda e estilizada balada indie pop/folk que se torna de longe a canção mais madura até o momento da carreira da cantora. Mesmo não tendo o frescor da sua sonoridade normal, Can't Catch Me Now mostra que a artista consegue entregar algo que mostre uma faceta sua diferente e, principalmente, dá um passo importante para a sua evolução. E isso é auspicioso, pois a canção é produzida pelo constante colaborador da artista Dan Nigro. Não conhece bem a trama da franquia, mas ao que parece a composição faz alusão aos acontecimentos do filme atual e a quadrilogia estrelado pela Jennifer Lawrence. E mesmo sem compreender esses links é necessário dizer que a letra funciona muito bem ao ter uma poesia simples, eficiente e com lindas imagens construídas como, por exemplo, os versos que abrem o refrão em “But I'm in the trees, I'm in the breeze/My footsteps on the ground”You'll see my face in every place. Nesse momento Can't Catch Me Now tem como principal rival um dos temas do filme Barbie (sendo um deles da Billie), mas acredito que bem trabalhada ao menos pode dar uma indicação ao Oscar para Olivia.
nota: 8

2X Simpática

Glue Song
Beabadoobee & Clairo


Todo mundo conhece uma pessoa que é uma querida de tão fofa e simpática. Então é essa energia que passa a canção Glue Song da Beabadoobee ao lado da Clairo.

Delicada, simples e redondinha, a canção é uma versão remix da original entoada apenas pela Beabadoobee, mas que mantem a mesma base sonora. Uma balada indie pop/bedroom pop, Glue Song é um pouco inofensiva demais, faltando certo tempero para ser um trabalho realmente marcante. Entretanto, a presença das duas artistas dá para a canção uma sensação de reconforto que dá vontade de escutar a canção tomando uma xícara de chocolate quente em dia frio de outono. E essa é uma sensação que é bem vinda de tempos em tempos ao ouvir uma canção como Glue Song.
nota: 7,5

2X Simpática ²

A Night To Remember
beabadoobee & Laufey

Se Glue Song da beabadoobee já era simpática, A Night To Remember é simpática ao dobro. Mais do que isso: a canção é um musicão.

Parceria com a sensação indie pop Laufey, a canção é elegante, inspirada e aveludada mistura de indie pop e bossa nova que funciona bem melhor que a gente pode imagina. Existe um cuidado minucioso pela produção de fazer o gênero brasileiro soar verdadeiro e natural, mesmo sendo de uma artista filipina/britânica com a participação de uma islandesa/chinesa. Parte dessa sensação vem do espetacular instrumental que se mostra um trabalho lindamente conduzido por uma escolha orquestral revigorante. A química entre beabadoobee e Laufey é palpável e cada uma traz personalidade distintas e iluminadas para canção, sabendo fundir perfeitamente com toda a atmosfera de A Night To Remember. E assim temos uma das melhores colaborações do ano.
nota: 8,5

New Faces Aprsenta: KAYTRAMINÉ

4EVA (feat.Pharrell Williams)
KAYTRAMINÉ


Single do álbum debut do projeto que junta o rapper Aminé e o produtor Kaytranada, a canção 4EVA ainda tem a coprodução do Pharrell Williams. Uma pena que o mesmo não está mais presente na canção.

Um contagiante hip hop/eletrônico que acerta na batida leve, suingada e elegante. Sabe aquele tipo de canção que fica grudada na nossa cabeça bem lá fundo e volta a superfície em momentos inusitados? Então, a batida de 4EVA é exatamente assim devido a sua simplicidade assertiva em criar algo marcante e fácil de guardar sem se tornar irritante. Isso vem da mão de Williams que assina a produção ao lado do Kaytranada e dá uma colher de chá nos vocais, mas sua participação poderia ser bem mais marcante que ajudaria a canção ser melhor. De qualquer forma, a canção é uma deliciosa entrada para o que o Kaytraminé pode fazer se fizerem mais projetos.
nota: 7,5

5 de novembro de 2023

Primeira Impressão

The Land Is Inhospitable and So Are We
Mitski


Um Hit Para Mitski

My Love Mine All Mine
Mitski


Além do sucesso de critica do álbum, a Mitski ainda conseguiu emplacar comercialmente a ótima My Love Mine All Mine.

Alcançado a 26° posição da Billboard e o 8° na Inlgaterra, a canção é uma das melhores do álbum ao conseguir empacotar todas as qualidades da sonoridade do trabalho. Uma melódica, aveludada e climática soft rock/americana/soul que gruda na gente com perfume francês da melhor qualidade ao nunca ser pungente e, sim, constante. Existe uma My Love Mine All Mine sobriedade estética que não atrapalha a sua atmosfera quase sonhadora. Entretanto, o que faz a ganhar pontos altos é a presença espetacular da Mitski em “uma performance delicada, emocional, contida e atemporal da cantora que entoa cada palavra com uma classe invejável”. E o sucesso da canção é uma das boas facetas de qualquer música ter a capacidade de se transformar um viral.
nota: 8

As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhece

Existem milhares de canções que mesmo fazendo sucesso quando foram lançadas parece que meio se perderam no tempo, deixando a sensação de serem desvalorizadas. E uma delas é o tema desse As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhece. Não que seja uma canção esquecida e, sim, deixada de lado por toda uma geração. E essa canção é...


Primeira Impressão

Higher Than Heaven
Ellie Goulding



Resiliência Pop

By The End Of The Night
Ellie Goulding

Não há como negar que a Ellie Goulding não está disposta a entregar um pop realmente bem intencionado como prova a boa By The End Of The Night.

Single de Higher Than Heaven, a canção é uma sólida, simpática e rasa synth-pop/electro-pop que funciona até melhor que o esperado devido a refinada produção. O que acontece para a música não estourar é que faltou força para preencher a sua construção sonora, deixando a batida limpa demais. É como se By The End Of The Night fosse o modelo para criar uma canção nesse mesmo estilo e, não, o produto final. É um bom exemplo, mas faltou personalidade definhada para dar para a canção ganhar vida. Com uma boa performance, a canção mostra que Ellie tem o que é preciso sonoramente para fazer pop de qualidade, faltando apenas mais criatividade.
nota: 7


2 de novembro de 2023

Hello Diva

Hello Love
Jessie Ware

Uma das melhores canções de That! Feels Good! da Jessie Ware, a sublime Hello Love finalmente se torna single. E a canção é o amalgama perfeito entre as personas da cantora.

Apesar de estar encaixado na era diva disco da cantora, a canção adiciona uma carga forte de R&B/soul que relembra os trabalhos anteriores que tinham essa sonoridade como base. E dessa mistura surge uma encantadora, romântica, elegante e atemporal canção que parece abraçar a gente como em um abraço de urso gigantesco. Delicada e inspirada, Hello Love apresenta uma das suas performances mais brilhantes da Jessie em que a mesma preenche todo o espaço com o seu distinto timbro refinado e uma controle impecável, elevado pelo trabalho impecável de backvocal. Liricamente, a canção é uma crônica sobre reconexão amorosa em que depois de algum tempo a vida faz duas pessoas se encontrarem de novo no melhor momento possível. E assim Ware continua uma das melhores eras da música pop dos últimos tempos. 
nota: 9

Nas Profundezas

Bending Hectic
The Smile

Projeto paralelo do Thom Yorke e o Jonny Greenwood do Radiohead ao lado do baterista Tom Skinner, o The Smile não é uma mudança drástica na sonoridade da banda consagrada. E isso é ótimo para quem curte canções com a épica Bending Hectic.

Lançada no meio do ano, o single é uma jornada épica de oito minutos nas profundezas do que faz a sonoridade dos envolvidos ser tão especial. Espetacularmente bem instrumentada, Bending Hectic é uma grandiosa, sufocante, contemplativa e magnética art rock que é construída com o detalhamento de um escultor ao talhar cada pedaço da sua obra de forma terna e, ao mesmo tempo, furiosa. Uma slow burn que alcança seu clímax de forma cativante em que a gente nem perceber o passar do tempo, o single poderia ter algumas quebras de expectativas para realmente fazer distinção entre a sonoridade aqui ouvida e a do Radiohead. Apesar desse pequeno detalhe, Bending Hectic tem na performance arrepiante de Yorke o seu ponto sólido de partida para se desdobrar em uma das melhores canções de 2023. 
nota: 8,5

A Mente de Yves

Heaven Surrounds Us Like a Hood
Yves Tumor


Single do mais recente álbum do Yves Tumor, Heaven Surrounds Us Like a Hood é uma amostra perfeita da mente criativa do cantor.

Encorpada, elegante e densa, a canção é uma mistura de art rock, psychedelic rock e soul que funciona devido a ter por trás a força do cantor. E isso é a base ideal para pode receber a profunda composição sobre a perda da inocência ao descobrir a mortalidade que todos passamos quando somos criança. Yves traça essa crônica sem puxar para sentimentalismos, mas, sim, uma emoção nua, crua e direta. Instrumentalmente, Heaven Surrounds Us Like a Hood é um trabalho concreto, revigorante e texturizada. A canção é uma ótima porta para entender a sonoridade do Yves Tumor. 
nota: 8

Tem Uma Ideia No Meio da Confusão

BRUXARIA 3000
Gloria Groove, Mc Aleff, Yure IDD & Pabllo Vittar


BRUXARIA 3000, primeiro single do novo álbum da Gloria Groove, apresenta uma ideia interessante que está totalmente perdida em uma confusão cacofônica que atrapalha qualquer possibilidade de ser algo bom.

E qual é a essa ideia? Acredito que seria um funk estilizado que usa referencias e a atmosfera do Hallowen para criar algo tipicamente brasileiro. Dá certo? Não. A produção parece que ao responder qual batida iria utilizar apenas falou “sim”. E com isso BRUXARIA 3000 tem uma batida esquisita, exagerada e sem rumo direito, transformando a canção em um Frankenstein sonoro. Até mesmo o uso inteligente do sample de AMEIANOITE é perdido no meio de tantas decisões equivocadas. O maior erro, porém, a sua ruim composição que é amontoado de nada com nada que tem toques divertidos, mas nada faz muito sentindo em uma canção que não precisaria fazer sentido. A canção poderia ser um trabalho tão interessante pelo razões corretas, mas se perde totalmente na sua construção conturbada.
nota: 5

Boa e Vazia

Prada (with Cassö and D-Block Europe)
RAYE

Um dos principais nomes de 2023, a britânica Raye emplacou outro sucesso comercial com a sua participação em Prada ao lado do DJ Cassö e do grupo de hip hop D-Block Europe. Ao contrário da profundidade de Escapism, Prada é bem menos inspirada e mais massificadas, mas ainda é divertida.

Curiosamente, a canção é na verdade um remix da original intitulada Ferrari Horses lançada em 2021 no álbum The Blue Print: Us vs. Them do D-Block Europe. De uma interessante e estilosa hip hop, a canção se transformou em uma redonda e previsível house/eurodance/hip hop que capta parte da qualidade original devido a manter o seu melhor elemento em destaque: a presença marcante da Raye. Nesse remix, a canção é mais da Raye convida D-Block Europe do que ao contrário, mas isso não é um grande problema porque funciona bem. Rápida e rasteira, Prada mantem em alta o nome da cantora que merece ainda sucesso. 
nota: 7