30 de julho de 2021

Desconexão

Don’t Go Yet
Camila Cabello


O que aconteceu com a carreira da Camila Cabello? Depois de um inicio promissor para um segundo álbum completamente esquecido, a cantora vem sofrendo de escolhas pessoais e artistas completamente equivocadas como é o caso de Don’t Go Yet.

O pior de Don’t Go Yet é o fato que a canção teria tudo para ser uma ótima canção, mas perde a chance devido a decisões completamente equivocadas. Parece haver uma desconexão entre composição e vocais com a batida latin pop/salsa pop. Ao sair do atual lugar comum da latin music, a produção acerta em uma divertida e mais tradicional batida que chega a realmente empolgar na sua parte final ao desaguar totalmente em uma batida latina. Entretanto, a pobre composição não chega realmente a acompanhar esse clímax e, principalmente, a performance de Camila é especialmente pobre. Em especial, no segundo verso a cantora parece estar entoando outra canção devido a mudança de ritmo realmente inexplicável. E para piorar a situação vem a primeira performance de Don’t Go Yet com a acusação que fizeram brown face em um dos dançarinos brancos para jogar a última pá de cal em cima das pretensões de voltar por cima da Camila Cabello.
nota: 5,5

A Ocidentalização do BTS

Permission To Dance
BTS


Uma das coisas que realmente gostei no BTS era que, apesar de usarem gêneros ocidentais, a boy band parecia adicionar uma camada única de personalidade nas suas canções que refletia diretamente sobre a visão do k-pop sobre o pop. Todavia, percebi que a sonoridade deles vem mudando infelizmente para soar mais alinhado com o pop ocidental e, não, a visão deles sobre o mesmo. E isso resulta na péssima Permission To Dance.

Parecendo algo feito na em 2009 pelo Taio Cruz, Permission To Dance é uma dence-pop medíocre, repetitiva e completamente maçante que passa longe de estar perto do potencial do BTS. Produzida de qualquer maneira e sem nenhum cuidado especial, a canção é um amontoado de clichês juntos que dariam uma canção boa se tivessem nas mãos de alguém realmente capaz de criar algo fora de quaisquer expectativas. E a péssima composição coescrita pelo Ed Sheeran apenas aumenta essa sensação clara que estão fazendo uma sanitização no BTS para o ocidente ao não ter nada em coreano ou japonês, mas sendo completamente em inglês. Nem as performances dos integrantes salvam Permission To Dance, pois a mesma já nasceu sem salvação. Uma pena de verdade.
nota: 4,5

Bad Shakira

Don't Wait Up
Shakira

Apesar de nem sempre acertar em suas canções, a Shakira sempre apresentou um nível sempre bastante elevado de qualidade desde os tempos de Estoy Aquí. E é por isso que ouvir Don't Wait Up é praticamente um soco na cara.

Possivelmente, a pior canção solo da sua carreira, Don't Wait Up não tem um pingo de personalidade que a fez a colombiana uma estrale mundial. E olha que estou falando de uma canção que apresenta os vocais da cantora com todas as coisas boas e, também, os motivos por muitos não curtirem a sua voz. Entretanto, a performance da cantora parece ter sido feita no automático ruim, resultado em uma espécie de imitação feita pela própria Shakira. O pior, porém, está na péssima produção de Ian Kirkpatrick ao lado da própria artista que entrega o que tem de pior no electropop/EDM comercial que de tão genérica deveria ser apenas recomendada por receita médica. Se esse não foi o fundo do poço artístico da Shakira tenho até medo do que vem por aí.
nota: 4,5

Valorização

Tragic
Jazmine Sullivan


Ainda não consigo entender o motivo que a Jazmine Sullivan não é mais valorizada pela indústria. Depois do ótimo EP Heaux Tales, a cantora lançou a interessante Tragic.

A primeira grande sacada da canção é o usar como sample a frase dita pela deputa estadunidense Maxine Waters durante uma audiência no congresso dos Estados Unidos em que a mesma pedia para ser ouvida durante o seu tempo de direito que acabou virando o meme de “reclaimin' my time”. Esse momento é usado aqui como ponto de partida para Jazmine mostrar que precisa se colocar em primeiro em uma relação desgastada e que nem vale pelo sexo apenas. Empoderada do começo ao fim, Tragic também usa do humor para se fazer entender como na hilária estrofe do refrão em que a cantora proclama: “When your dick is tragic/ Who was lying when they told you you was all that?”. Sonoramente, a canção é redondo e cadenciado R&B que a cantora não precisa de muito para dominar e mostra toda a sua imensa personalidade. Espero que essa nova era possa realmente trazer o reconhecimento que a Jazmine Sullivan realmente merece.
nota: 8

27 de julho de 2021

Lorde Lanou

Stoned At The Nail Salon
Lorde

A boa noticia do novo single da Lorde é o resultado está no mesmo nível de Solar Power. A má notícia sobre Stoned At The Nail Salon é que a canção poderia ter sido facilmente lançada pela Lana Del Rey.

Ao serem produzidas por Jack Antonoff, Lorde e Lana (também pode ser incluída a Taylor) estão propensas a terem trabalhos comparados. Ainda mais que as artistas caminham entre o indie pop/rock, folk e pop. Em Stoned At The Nail Salon, porém, as semelhanças se tornam ainda mais visíveis devido a produção de Jack (coproduzindo ao lado da própria cantora) transformar em uma balada indie/folk com base contida e foco nos vocais e na composição. Escolha que já ouvimos várias vezes pela voz de Lana e que soa levemente off na voz da Lorde. O que salva Stoned At The Nail é a sensacional composição que remete a velha “Lorde triste”, mas com uma melancolia pesada que é resultado das suas vivencias e um tino sempre apurado para construção de momentos realmente inspirados e esteticamente pop como, por exemplo, o verso “Got a memory of waiting in your bed wearing only my earrings”. Além disso, Lorde entrega uma performance inspirada, tendo como destaque os backvocais da Phoebe Bridgers, Clario, Lawrence Arabia e Marlon Williams. Resumidamente: para gostar da nova era da Lorde precisa realmente gostar dos trabalhos recentes do Jack Antonoff e esperar que o resto do álbum tenham algumas surpresas.
nota: 7,5



O Cover do Cover

Gloria
Angel Olsen


Nem sempre encontramos toda a força de uma canção apenas durante os seus minutos de duração, mas, sim, no contexto que a envolve. Em Gloria, a cantora Angel Olsen entrega um cover envolvido em vários contextos diferentes para alcançar o seu verdadeiro poder.


Primeiro single de um EP com regravações de canções dos anos oitenta, Gloria é a releitura do sucesso de 1982 da cantora Laura Branigan que já tinha sido uma regravação do original do italiano Umberto Tozzi de 1979. Liricamente, a canção apresenta dois versões distintas, apesar de ter a mesma personagem principal. A original, o protagonista sonha com a tal Gloria e promete encontra-la na realidade para a livrar de todos os problemas. Já na regravação, a narradora adverte a personagem que tem problemas pessoais a tomar cuidado com os sentimentos das outras pessoas, pois o final da história sempre é o da solidão. Nessa segunda versão, o tom é mais sombrio e melancólico, indo na direção contrária da produção que entrega uma cativante e vibrante mistura de disco, synthpop e pop rock. E é dessa contradição que regravação de Laura Branigan ganha um lugar especial no panteão da cultura pop. Com Angel Olsen, Gloria ganhar contornos sonoros que acompanham de maneira alinhada a composição em inglês.

A produção dessa versão cria uma densa, madura e realmente sombria indie rock com toque de arte rock e leves pinceladas do synthpop original, criando uma base perfeita para a composição melancólica. Mesmo que perca esse interessante atrito entre forma e conteúdo, Angel Olsen consegue preencher essa lacuna devido a espetacular instrumentalização que aposta na utilização de instrumentos como, por exemplo, violinos para dar força a construção da atmosfera. Enquanto isso, a tocante performance da cantora é aprimorada pelo uso sábio de efeitos vocais que auxiliam a cantora a dar ainda mais sentido para a sua belíssima interpretação que transita entre o contido para o épico no seu clímax. Obviamente, ouvir Gloria na voz de Angel Olsen sem conhecer todo o seu contexto é uma experiencia única, mas tudo muda de patamar ao ter o conhecimento de como as coisas chegaram aqui.
nota: 8,5

New Faces Apresenta: Måneskin

ZITTI E BUONI
Måneskin


A tiktokzação da indústria fonográfica tem as suas desvantagens e, claro, a suas vantagens no momento que fica possível para artistas fora dos Estados Unidos terem a capacidade de se tornarem hits mundiais. Esse é caso da banda italiana Måneskin. Impulsionada pelo sucesso do cover da canção Beggin’ de 1967, a banda vem conquistando ótimas colocações nas paradas, milhões de streamings e, claro, reconhecimento mundial. E isso ajuda outra canção a também ter destaque: ZITTI E BUONI.

Segundo colocados no The X Factor italiano na décima primeira temporada, a banda de rock conseguiu vencer o tradicional Sanremo Music Festival e, também, o Eurovision Song Contest com a canção presente no seu segundo álbum. Até queria dizer que é fácil entender o motivo, mas a canção não tem nada parecido com as músicas que normalmente vencem essas competições. E isso não é algo ruim, pois ZITTI E BUONI é uma surpreendente e excitante canção hard rock que com toques de dance rock e pop rock ajuda o resultado se tornar deliciosamente comercial e abrangente para todos os públicos. Lembrando uma cruza de The Killers com Franz Ferdinand, ZITTI E BUONI ganha personalidade devido a ótima instrumentalização, a performance explosiva do vocalista Damiano David e da sua composição em italiano verborrágica e irresistivelmente contagiante. Infelizmente, para cada Måneskin que surge irá existir umas dez pragas em forma de canção para virar hit durante a nova era da viralização de músicas.
nota: 8

Emoção e Texturas

Wrecked
Imagine Dragons

Como uma das poucas bandas de rock ainda fazerem sucesso comercial, o Imagine Dragons está longe de ser uma unanimidade entre críticos e o público. E é por isso que Wrecked é uma canção que pode diminuir esse distancia entre a banda e os seus detratores.

Possivelmente uma das melhores canções que a banda já lançou, Wrecked consegue esse feito ao adicionar texturas para a sua produção. Sem precisar recorrer para saídas fáceis, a construção da instrumentação apresenta uma nítida vontade de sair do lugar comum ao ter camadas diferentes para cada parte sem precisar soar como uma colcha de retalhos mal feita. Mesmo assim, a canção não tem uma produção revolucionária que ainda deixa a desejar criativamente. Felizmente, a emoção dos vocais de Dan Reynolds e a composição realmente tocante sobre a perda da cunhada do vocalista ajudam Wrecked a encontram um equilíbrio raro para o Imagine Dragons. Uma pena que a canção soa mais como um tiro que acertou o alvo no escuro do que um novo caminho para a banda.
nota: 7

25 de julho de 2021

Primeira Impressão

Nurture
Porter Robinson



Emoção Eletrônica

Unfold
Porter Robinson & Totally Enormous Extinct Dinosaurs

Não é raro alguém se emocionar ao ouvir uma canção, pois, como já discutido algumas vezes aqui no blog, a arte tem uma das suas razões de existir para fazer a humanidade poder expressar e sentir sentimentos que por muitas vezes não conseguimos entender de maneira racional. Entretanto, não é sempre que relaciono emoção com uma canção eletrônica, mas Unfold consegue fazer essa quebra de expectativa com maestria.

Uma das melhores canções de Nurture, Unfold é a única canção do álbum de Porter Robinson que apresenta umaa colaboração direta na produção ao trabalhar com o também produtor/DJ Totally Enormous Extinct Dinosaurs. A parceria entre os dois parece abençoada pelos deuses da música, pois o resultado é algo poderoso, épico e desconcertantemente emocional. Construindo uma espécie de power balada eletrônica, a dupla entrega um instrumental complexo e com um verniz impressionante que mistura sentimentos reais e tocantes. A decisão por fazer a voz de Porter mais feminina com a performance segura de TEED (abreviação do nome artístico de Orlando Higginbottom) é um acerto raro no instante que a decisão cria textura para Unfold e uma química entre as duas vozes. Liricamente, a canção relata de forma tocante o desejo de poder finalmente encontrar o seu lugar no mundo ao voltar para as coisas que realmente nos importam como, por exemplo, quem a gente ama e nos ama de volta. Quem escutar o trabalho e não sentir uma sensação de emoção no fundo do coração pode não se considerar humano.
nota: 8,5

23 de julho de 2021

Ele é o Momento

INDUSTRY BABY
Lil Nas X & Jack Harlow


Ao lançar INDUSTRY BABY, o Lil Nas X comprova que é o presente e o futuro do pop ao fazer exatamente a estratégia que grandes nomes do pop já fizeram ao chegar nesse patamar.

Depois de ser envolvido em polêmicas com o lançamento de Montero (Call Me by Your Name) que, sejamos sinceros, é resultado apenas do fato do rapper ser gay e não ter medo mais medo de deixar isso bem claro e, não, devido ao clipe em si ou os “tênis do Satã”, Lil Nas X aproveitou a chance para monopolizar de tudo isso para lançar INDUSTRY BABY em seu momento I’m Slave for You/Dirtty. Completamente a vontade na sua pele e com um conhecimento de como funciona a internet, o rapper lança um espetacular e já icônico clipe que consegue tirar sarro da situação e dar um tapa na cara daqueles que achavam que o artista não tinha fogo para queimar depois de Old Town Road. Sonoramente, o single também é outro acerto, tornando-se a sua melhor música até o momento. Produzido por Take a Daytrip e Kanye West, INDUSTRY BABY é uma excitante e encorpada mistura de rap e pop que acerta na mosca em uma produção que consegue ter força criativa e ser comercial na medida certa. Com uma performance poderosa de Lil Nas X até mesmo a participação de Jack Harlow funciona melhor que o esperado, mesmo que alguns versos da sua parte não desçam tão bem como poderia. De qualquer forma, a canção é a prova que Lil Nas X é o novo astro pop que o gênero precisava já fazia algum tempo.
nota: 8

Um Caso Curioso

could cry just thinkin about you 
Troye Sivan


Sabe quando uma música fica com aquele gostinho de quero mais? Então, o Troye Sivan meio que resolveu isso com o lançamento de could cry just thinkin about you.

No EP In Dream, o cantor usou a faixa em uma versão intro de cerca de cinquenta segundos, mas que não tinha maiores atrativos a não ser essa sensação que poderia resultar em algo melhor com mais tempo. Então, Troye Sivan lança uma versão estendida para preencher essa possibilidade com uma interessante e tocante balada indie pop que apresenta uma produção inspirada. Começando apenas com uma baladinha acústica, could cry just thinkin about you se torna em uma requintada e melancólica power balada ao adicionar instrumentos em uma rápida, mas substancial mudança de rumos. Em uma performance contida, triste e tocante, o cantor lamenta o fim de um amor e se pergunta como seguir em frente. Mesmo com esse ótimo uprgrade, Troye Sivan ainda fica devendo uma canção ainda maior para podermos comtemplar toda a força que could cry just thinkin about you ainda poderia exalar.
nota: 7,5

Uma Nova Vida Para Jaden

BYE
Jaden


Assim como está acontecendo com a irmã parece que o Jaden Smith também pode está a beira de um renascimento na sua carreira musical. E a interessante BYE é o que pode ser o ponto de partida.

O grande triunfo da canção é a sua cuidadosa e cheia de nuances instrumentalização que consegue dar personalidade para uma mistura de trap com pop rock/emo. Ao contrário de contemporâneos que abusam de batidas repetitivas, BYE consegue agregar substância a estética de forma orgânica ao mostrar que é possível sair do lugar comum. Outro momento interessante é a performance de Jaden, pois, apesar de tentar cantar, o rapper entregar uma boa interpretação, especialmente quando alterna para o verso em rap. Ao contrário da irmã, Jaden não tinha encontrado um porto seguro para chamar de seu, mas esse pode ser a pedra fundamental.
nota: 7,5

K-Bom

Perfect World
TWICE


Não sou o maior conhecedor do k-pop, mas seu reconhecer uma boa canção pop. E é por isso que digo que Perfect World da girl group TWICE.

Um dos atos mais populares do gênero desde 2016 quando estouraram em países asiáticos, a girl group formada por nove integrantes já consta na lista de maiores vendedoras do gênero. Em Perfect World ajuda a mostrar o motivo dessa popularidade, pois a canção é uma efervescente, divertida e cativante mistura de dance-pop e toques leves de latin music que faz o resultado final terminar soado como uma Spice Girl anabolizada. Transitando bem entre o fator de prazer culposo e o despretensioso, a canção consegue transcender estilo e a língua devido a sua ótima produção e, principalmente, a excepcional entrega vocal das integrantes que dão carisma e força para o resultado final sem recorrer a clichês exagerados e adicionando uma boa dose de personalidade genuína. Outro motivo da canção funcionar melhor que a encomenda é o fato da composição seguir alguns elementos diferentes do que vemos em canções do gênero ao ser uma direta letra sobre dar o famoso pé na bunda. E é assim se faz um verdadeiro hit pop.
nota: 8

21 de julho de 2021

Um Passo a Frente, Uma Olhada Para o Passado

Wild Side (feat. Cardi B)
Normani


Finalmente, a Normani irá iniciar de verdade a sua carreira solo que vem sendo prometida já faz algum tempo. Para começar a divulgação do seu primeiro álbum foi lançada a interessante Wild Side em que a cantora olha para o passado para construir o seu futuro.

Quem ouvir a canção sem ter o seu contexto poderá confundir com um trabalho lançado durante o final dos anos noventa e começo dos dois mil. Surpreendentemente, a produção aposta em um R&B com uma batida cadenciada, sensual e fortemente inspirada em uma época em que o gênero era um dos principais do mainstream. A grande sacada aqui é não fazer Wild Side não soar datada e, sim, moderna e comercialmente viável para os tempos atuais. E isso acontece relativamente bem, mas não impede da canção poder também não agradar parte do público atual. Isso não tira, porém, a qualidade da performance contida e envolvente de Normani e a boa participação de Cardi B em um verso pingando a sua personalidade. Com uma dose cavalar de sexualidade em sua composição, Wild Side continua essa tendência de ouvirmos mulheres reclamando o seu direito de falar sobre sexo de forma direta e livre. Se a canção flopar não será por motivo de qualidade e, sim, porque o público não entendeu o conceito.
nota: 7,5

New Faces Apresenta: Shygirl

BDE (feat. slowthai)
Shygirl

Tenho algumas apostas que fiz sobre promessas de artistas ainda no começo que os mesmos seriam grandes nomes que realmente sinto orgulho de ter previsto. As minhas preferidas são a Nicki Minaj e a Adele. Espero que a britânica Shygirl possa ser outro acerto.

A rapper, DJ, cantora e compositora Blane Muise, seu nome de nascimento, vem conquistando aos poucos o nicho alternativo com lançamentos próprios e participações especiais. Ainda sem lançar um álbum, a artista dá um belo e surpreendente gosto do que esta por vim com a desnorteante BDE. Como não tinha ouvido nada de Shygirl fiquei bastante impactado com o tapa na cara que a produção dá desde os primeiros segundos dessa hyperpop/hip hop devido a sua batida explosiva e nada massificada. Beirando o experimental, mas sabendo como aprumar o caminho para um resultado bem mais fácil de digestão, a batida cria uma atmosfera tão áspera e sexual que se torna perfeita para a sensacional e explicita composição. Chegando a beirada do vulgar, mas como uma personalidade que apara qualquer exagero fora do lugar, Shygirl faz de BDE (anacrônico de big dick boy) uma canção que consegue estar no mesmo reino de WAP, mas com uma percepção lírica bem mais aceitável devido a qualidade artista da produção. A canção também é um belo exemplo de como se utilizar de efeitos vocais de forma a acrescenta ao resultado final, pois a artistas transita entre efeitos e estilos que dá nuances importantes para a canção. Já a participação do rapper slowthai é um sopro de ar fresco já que a sua forte, indecente e cativante performance completa o pacote de BDE como uma fita de ouro. Até pode acontecer da minha previsão de estouro de Shygirl, mas isso não vai deixar de fazer você conhecerem essa promessa extraordinária.
nota: 8

Uma Nova Mulher

Mal Nenhum
Karol Conká


A experiência da Karol Conká no BBB não é garantia da mesma realmente ser uma mesma mulher vida pessoal, mas artisticamente parece que serviu de inspiração para a mesma entregar suas melhores canções. Depois da excelente Dilúvio, Karol lançou a legal Mal Nenhum.

Menos impactante que o trabalho anterior, Mal Nenhum tem uma atmosfera grave que realmente parece apontar para a tentativa da rapper de explorar novos sons e melodias. A produção é uma verdadeira faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo que aposta em batida nada convencional, soturna e com ótimas nuances também deixa espaço para possibilidades que não se concretizam. Seria interessante a exploração das batidas de percussões, mas o instrumental vai para uma direção mais sintética que não alcança o esperado. Isso não quer dizer que a canção seja ruim, pois Mal Nenhum apresenta uma letra forte que ajuda Karol a reformular a sua figura de uma nova mulher. Digo e repito: o problema da Karol não é estético.
nota: 7,5

Um Possível Hit?

Cambia el Paso
Jennifer Lopez & Rauw Alejandro


Em meio ao renascimento da música latina como um verdadeiro arrasa-quarteirão musical é possível até distinguir quais são aquelas promessas de se tornarem um hit. Esse é caso de Cambia el Paso, novo single da Jennifer Lopez.

Apesar de não ser estranha ao latin music, pois J.Lo é uma das responsáveis por ajudar a difundir o gênero durante o começo dos anos dois mim, a cantora embarga na onda do reggaeton em uma canção realmente boa. Nenhuma revolução sonora acontece em Cambia el Paso, mas, sim, uma simpática e redondinha mistura reggaeton com pop que funciona melhor que o esperado. E é por isso que é fácil perceber que a canção tem esse potencial de ser o próximo grande sucesso já que realmente consegue se sobressair entre suas concorrentes. E boa parte disso é devido a presença carismática de Jennifer que combina perfeitamente com a canção. O único defeito de Cambia el Paso é a presença dispensável de Rauw Alejandro que realmente não acrescenta em nada par ao resultado. A dificuldade agora é que existem dezenas de canções com o mesmo potencial que estão na briga para ser o próximo hit mundial.
nota: 7

16 de julho de 2021

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Bye Bye Bye
*NSYNC

Uma das coisas que a gente aprende com o tempo é que tudo na vida é composto de ciclos que se alternam repetidamente. E isso se aplica também para a indústria da música. Se hoje os grupos de k-pop estão em alta é porque estamos vivendo um novo ciclo de boy/girl banda em alta. Na minha geração (sim, sou cringe), houve um desses ciclos com o sucesso de alguns nomes que ajudaram a modelar o pop durante os anos dois mil. E irei falar sobre o que é a melhor canção que surgiu nessa era: Bye Bye Bye do *NSYNC.

Quando lançaram Bye Bye Bye em janeiro de 2000, o *NSYNC já tinham se tornado uma força no mercado estadunidense, mas ainda patinavam para conquistar o mercado internacional. Então, a canção que serviu como primeiro single do terceiro álbum da boy band (No Strings Attached) veio para consolidar a boy band como uma dois maiores atos do começo do novo milênio. Entretanto, a canção não é apenas um sucesso comercial, mas um acerto pop imenso. Carregando elementos básicos do que uma boa canção pop precisa ter, Bye Bye Bye conta com o brilho e carisma de dois dos integrantes que eram os vocais principais: JC Chasez e Justin Timberlake. Ao alternar entre os dois, a canção ganha dinamismo e uma força vocal, pois ambos são ótimos cantores e apresentam personalidades diferentes e cativantes. Uma pena que na carreira solo apenas um dos dois realmente tiveram êxito.

Como dito anteriormente, a canção carrega na sua excepcional produção os principais fatores para uma canção pop triunfar. A sua batida viciante é despretensiosa e extremamente cativante. A batida faz a gente querer fazer a também memorável coreografia do clipe memorável. A composição consegue ser rápida e rasteira para fazer a gente conseguir repetir o genial refrão até não aguentar mais, mas também apresenta um trabalho de criação cuidadoso ao saber contar uma história bem delimitada e envolvente. Ao analisar com cuidado, Bye Bye Bye parece responder o hit Oops!... I Did It Again da Britney Spears, pois as suas histórias parecem completar uma outra. De um lado, a garota que brinca com os sentimentos do cara ao limite que percebe o quanto está sendo toxica. De outro, o cara que cansou de sofrer e resolver dar um “tchau” para a garota que o faz de otário. Mesmo que o hit do *NSYNC tenha sido lançando três messes antes do que a canção da Princesa do Pop não duvido que nos bastidores tenham rolado alguma sinergia, pois um dos produtores de Bye Bye Bye tinha trabalho com a cantora antes. Tirando teorias da conspiração do contexto, Bye Bye Bye foi um dos picos de um dos ciclos da eterna vida das boy/girl band que deveria ser olhado com cuidado para ensinar algo para as novas gerações.
nota: 9

13 de julho de 2021

Desconcertante

Rollin Stone
Little Simz


Dona de duas das melhores canções até o momento, a rapper Little Simz lança o terceiro single do seu já aguardadíssimo Sometimes I Might Be Introvert. Intitulada Rollin Stone, o single não repete o mesmo impacto que seus antecessores, mas mesmo assim a rapper entrega um trabalho desconcertante.

Sem querer erguer nenhum ponto importante socialmente na verborrágica letra, Rollin Stone é uma dura, densa e pungente mistura de hip hop, trap e pinceladas de UK garage que deixa quem ouve completamente desnorteado com a complexidade da construção instrumental. Dividindo a canção em dois momentos, a produção primeiramente entrega uma batida direta que vai se transformando em uma batida mais experimental e com base de sintetizadores que mostra a extensão da versatilidade sonora de Little Simz. Mesmo com perigo de soar como dois canções que foram amarradas juntas, a produção acerta a atmosfera de Rollin Stone devido ao trabalho minucioso de ligar os pontos com uma inteligência precisa. Todavia, a grande responsável por tudo fazer dar certo é a própria Little Simz, pois a sua performance inegavelmente espetacular e de uma simetria prefeita com a narrativa instrumental. Alguns podem até perceberem Rollin Stone como uma queda de qualidade da Little Simz, mas é um leve desvio para ampliar o seu já impressionante currículo.
nota: 8,5

Expectativa x Realidade

Renegade (feat. Taylor Swift)
Big Red Machine


Devido os seus últimos lançamentos, a Taylor Swift realmente conseguiu mudar a minha opinião sobre a sua carreira. E é por isso que agora realmente fico animado para um lançamento envolvendo o seu nome como é caso Renegade. Apesar da qualidade, a canção ainda apresenta uma decepção.

Dessa vez, Taylor não é propriamente a estrela da canção, pois serve como convidada da banda/projeto Big Red Machine que tem como integrantes os músicos Aaron Dessner e Justin Vernon. Todavia, a cantora é que canta praticamente toda a canção, deixando para os membros da banda a função de backvocais de luxo. Não é uma má decisão já que Taylor entrega um ótimo trabalho. O problema é que surge a expectativa de um dueto tão impressionante como ouvido em Exile quando Taylor dividiu o holofote com Justin (Bom Iver). Tirando essa “decepção”, Renegade é uma ótima indie pop/folk que apresenta uma composição extraordinária e com algumas passagens geniais ao contar a “súplica” de uma pessoa que, apesar de todos seus esforços, acompanha quem ama apenas se auto destruir, causando um mal a todos a sua volta. E a melhor parte fica pela cortante declaração “Is it insensitive for me to say/ Get your shit together/ So I can love you?”. Mesmo recebendo algo que não estava exatamente preparado, a canção continua a mostra o paraíso artístico da Taylor Swift.
nota: 8

Gosto Adquirido

YONAGUNI
Bad Bunny


Realmente consolidado como o maior artista latino dessa geração, o Bad Bunny tem uma sonoridade a particularidade de ser um gosto adquirido. E parece que estou realmente adquirindo como deixa claro a boa YONAGUNI.

YONAGUNI pode ser vista de dois formas: mais do mesmo ou mais do mesmo bom. Fico com a segunda opção, pois o resultado soa sensualmente convidativa e com algumas ideias que valem a pena. Uma delas é adição de um verso final cantado em japonês já que o seu nome é uma referência direta ao uma ilha entre o Japão e Taiwan. Além disso, a adição de sons e texturas que normalmente não tem uma reggaeton na construção do arranjo dá para a canção nuances importantes que mostra de Bad Bunny vem crescendo como artista. De qualquer forma, a canção não é feita para quem não curte o rapper, mas para continuar a alimentar a sua imensa e crescente fanbase.
nota: 7

Detalhes

Stop Making This Hurt
Bleachers


Algumas canções nasceram para serem grandes trabalhos, mas um detalhe atrapalha tudo. No caso de Stop Making This Hurt da banda Bleachers é a produção vocal que interfere.

Projeto do onipresente Jack Antonoff, a banda prepara o lançamento de terceiro álbum intitulado Take the Sadness Out of Saturday Night. Depois da ótima Chinatown, a banda acerta quase inteiramente com essa nostálgica e cativante mistura de pop rock, synthpop e uma dose cavalar de anos oitenta. Com uma produção ótima, Stop Making This Hurt tem uma composição que consegue ser descolada e profunda emocionalmente ao estabelecer uma crônica ao relatar as dores da vida cotidiana em tempos de covid que consegue colocar os tempos em que vivemos diretamente sob a luz estética da década de oitenta. O problema para que a canção não se torne ainda melhor é a questionável decisão da produção vocal de aplicar um efeito pesado na voz de Jack, deixando sua performance fria e distante do resto de Stop Making This Hurt. Seria necessária uma produção que natural para que toda a força da canção pudesse realmente ser completa. Uma pena que um detalhe virou essa pedra do caminho para uma canção tão promissora.
nota: 7,5

9 de julho de 2021

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

Friends in The Corner
Foxes



Falta o Momento

Call On Me
RAYE

Recentemente, a britânica Raye revelou a sua frustração de ter o seu primeiro álbum adiando por anos pela sua gravadora que parece não achar que a cantora não esteja pronta, mesmo tendo vários hits na terra da Rainha. E é por isso que a cantora ainda parece estar presa a canções como Call On Me.

Longe de ser uma bomba, Call On Me parece podar o potencial da cantora ao ser mais uma electropop/EDM comercial sem maiores trunfos. Sem dar o suporte ideal para a cantora brilhar, Raye consegue elevar e muito o resultado devido a sua espetacular performance que se sobressai no instante que começo o single. Com uma voz limpada e poderosa, a cantora adiciona uma carga imensa de personalidade que se tivesse um material melhor poderia brilhar ainda mais. Espero que a Raye encontre o seu caminho artístico para poder ser realmente a estrela que o seu talento deixa mostrar.
nota: 6,5

Uma Chance Para Sigrid

Mirror
Sigrid


Existem tantos artistas pop que conseguem ganhar destaque pelas fendas da indústria fonográfica que fica quase impossível acompanhar. E um desses exemplos é da norueguesa Sigrid, mas, felizmente, o ótimo single Mirror vem para sanar esse grave erro.

Sabe aquele tipo de canção que a gente não dá nada, mas depois de ouvir parece que era aquilo que a gente precisava? Então, Mirror se encaixa perfeitamente nessa descrição. Uma dance-pop/electropop com toques de pop rock e disco que conquista no instante que a gente percebe as inteligentes nuances e, especialmente, a deliciosa batida. A produção acerta na mosca ao dar para a canção a exata dose de estética comercial e as quebras de expectativas para fazer o resultado final se destacar. Suculenta, divertida e envolvente como poucas canções pop que estão fazendo sucesso dentro do mainstream, Mirror ainda conta com a descolada e elegante performance da Sigrid como ancora mestra. O único erro é o final abrupto da canção, mas isso não impede a canção ser o perfeito veiculo para quem quer descobrir uma nova joia do pop.
nota: 7,5

New Faces Apresenta: Aya Nakamura

Bobo
Aya Nakamura


Com a globalização dos serviços de streaming ficou muito fácil para artistas de língua não inglesa poderem fazer sucesso fora da sua terra natal. A maliana erradicada na França Aya Nakamura é um nome em ascensão no cenário pop mundial como a sua personalidade distinta como deixa a mostra na gostosa Bobo.

Aya Coco Danioko, nome de nascimento da cantora, mostra que é possível fazer sucesso ao fazer jus as suas origens em uma língua diferente que as pessoas esperam de uma promessa pop. Cantando em francês, mas refletindo pesadamente a suas origens africanas e  com toques de música latina como reggaeton, a cantora entrega em Bobo uma batida cadencia, sensual e original em uma produção redondinha e com uma fator viciante alto. E essa sensualidade exalada pela produção encontra respaldo na performance sexy de Aya que consegue expressar sem soar vulgar ou forçada. Não é uma revolução sonora, mas é um acalanto ver que outras visões e culturas estão começando a serem valorizadas pelo público.
nota: 7,5

7 de julho de 2021

A Nova Vida de Willow

Lipstick
Willow


A reinvenção da carreira da Willow parece que irá dar uma nova chance para que a filha do Will Smith possa se reapresentar ao grande público. Depois da boa Transparent Soul, a cantora entrega a ótima Lipstick.

Descendo ainda mais fundo aos porões do rock, a canção é uma impressionante e poderosa punk rock que relembra os trabalhos da banda Hole nos anos noventa. Empoderada, estilosa e com uma estética áspera e densa, Lipstick ajuda a mostrar que a cantora não está vivendo apenas uma fase e, sim, mostrando um lado eloquente e orgânico da sua vida artística. Apesar da ótima produção, o grande destaque são os vocais de Willow que acertam pela entrega e pela excepcional produção vocal que dá a atmosfera perfeita para esse tipo de canção. O ponto fraco da canção é a sua simples composição que, apesar de ter significação verdadeira, ainda carece de um trabalho mais apurado na construção de versos. Tirando esse problema, Willow parece conquistar o seu espaço ao recriar a sua imagem usando suas próprias regras.
nota: 7,5

Os Originadores

Somewhat Loved (There You Go Breakin' My Heart)
Jam & Lewis & Mariah Carey


Você pode não conhecer a dupla Jam & Lewis, mas provavelmente escutou alguma música que a dupla produziu ao longo da prolifera e longa carreira. E é mais provável que algum dos seus artistas favoritos não seriam quem são atualmente sem a influencia da dupla que dominaram a cena musical durante o final dos anos oitenta e todo os anos noventa dentro do pop e, especialmente, do R&B, sendo principalmente conhecidos pelos lendários trabalhos com a Janet Jackson. Depois de quarenta anos nos bastidores, a dupla resolveu lançar o primeiro álbum ao produzir uma seleta reunião de quem é quem dentro do R&B e como single foi lançada a ótima Somewhat Loved (There You Go Breakin' My Heart) com os vocais da Mariah Carey.

Obviamente, a canção não é algo que nunca ouvimos dos envolvidos, mas, sim, uma excepcional e nostálgica R&B/pop que faz a gente remeter diretamente aos áureos tempos do gênero durante os anos noventa. A batida cadenciada e melódica, as nuances executadas e o fator comercial lembram vários momentos em que Mariah e a dupla trabalharam juntos como, por exemplo, durante a era Rainbow. Felizmente, a canção não possui uma sensação de naftalina, pois funciona perfeitamente como uma capsula do tempo moderna. Outro motivo principal para que Somewhat Loved (There You Go Breakin' My Heart) funcionar é a presença radiante de Mariah que entrega uma das suas melhores performances em muito tempo, encaixando perfeitamente com a proposta da canção e colocando uma dose cavalar de personalidade. Muitos podem achar que Jam & Lewis seja coisa do passado, mas é preciso entender que quem saber direito sempre vai fazer o necessário para realmente mostrar que entende sobre boa música.
nota: 8

Acessível

Jackie
Yves Tumor


Quando resenhei o álbum Heaven To a Tortured Mind do músico Yves Tumor afirmei que, apesar de interessante, a sonoridade do artista não era para qualquer um. Ao lançar Jackie, Yves Tumor dá uma guinada de cento e oitenta graus ao entregar um trabalho realmente acessível.

Longe da estética experimental, Jackie é uma encorpada, densa e madura soul/rock/indie que não deixa a peteca cair em questão de interesse para quem escuta. Sonoramente mais direta que as canções que ouvi do artista, o single se beneficia pela ótima produção que trabalha de forma primorosa em uma batida e instrumentalização que pudesse expressar toda a riqueza artista de Yves e, ao mesmo tempo, mostrasse esse lado mais fácil consumação. Assim também caminha a performance vocal do cantor, pois não precisa de grandes efeitos, deixando o tom áspero e potente dele ser a pedra fundamental da interpretação. Acredito que o ponto negativo é a composição que não marca tão profundamente como poderia, mesmo que a crônica sobre desejos não correspondidos e amargurados funcione com resultado acima da média. Sem perder a sua essência, Yves Tumor entrega algo que possa servir de entrada para parte do público adentrar em seu mundo.
nota: 8

Dona de Si

Pasadena
Tinashe & Buddy


Conduzindo a carreira de maneira independente, a Tinashe pode direcionar a suas escolhas da melhor forma em que acreditar, tendo uma independência única e preciosa. Isso não quer dizer que todas as decisões serão as mais corretas, pois o lançamento de Pasadena como single se mostra um tropeço.

O problema da canção é tão exatamente força para ser um single que deve marcar o começo dos trabalhos de um novo álbum ao soar como um bom filler que deve funcionar dentro do contexto do álbum. E apesar desse erro estratégico é necessário apontar que Pasadena é uma simpática e ensolarada R&B/dance-pop/hip hop que tira um sorriso sincero de quem escuta. Despretensiosa e dançante, a canção acerta na pegada good vibes e na escolha do rapper Buddy que lembra o André 3000 em um verso que poderia ser melhor trabalhado. De qualquer forma, Tinashe tem a faca e o queijo nas suas mãos para continuar a colocar a dar a sua visão sem medo ser podada por ninguém.
nota: 7

4 de julho de 2021

Primeira Impressão

Te Amo Lá Fora
Duda Beat



Ás Vezes O Brazil Conhece o Brasil

Meu Pisêro
Duda Beat

Single de divulgação do álbum, Meu Pisêro é como se fosse uma amostra perfeitas das melhores qualidades da Duda Beat. E o olha que a canção ainda tem espaço para melhorias.

Uma mistura deliciosa e viciante de forró com electrobrega e toques de MPB e pop, Meu Pisêro conquista pela qualidade técnica imensa e o cuidado de produção de emocionar devido ao empenho e a inteligência na execução. Como dito na resenha como uma das qualidades do álbum, a canção tem essa ótima sensação de ser um trabalho que realmente apresenta substância ao ter começo, meio e fim bem delimitados e encorpados. Acredito que ainda preciso ter uma conexão com as composições que Duda entrega, mesmo que sejam trabalhos realmente inspirados e com um senso de personalidade bem nítido. De qualquer forma, Meu Pisêro é o tipo de canção que vai conquistando a gente desde a primeira escutada, gerando uma sensação que envolvimento raro no atual cenário musical nacional.
nota: 7,5

Obra de Arte Nacional

I míssil
Linn Da Quebrada


Consolidando-se cada vez com uma parte importante da indústria musical, a música queer também é diversa em relação a variedade de sonoridades feitas. Em I míssil, a cantora Linn Da Quebrada entrega uma obra espetacular que não apenas se torna uma das melhores canções nacionais do ano, mas como uma forte candidata ao topo de melhores do ano na categoria geral.

Não espere nada mainstream no single, pois a produção de BADSISTA entrega o que mais se aproxima de uma canção art pop. Escolho dizer em proximidade no instante momento que I míssil é bem mais que apenas um gênero, terminando como uma fusão celestial de MPB, eletrônico, jazz, art pop e toques de ritmos brasileiros. A textura sonora da canção é de uma delicadeza reconfortante sem perder a pungência e a imensa dose de personalidade quase artesanal que é aplicada na construção do genial arranjo. Fugindo na contramão da tendência de rápido e rasteiro do atual pop nacional, I míssil é uma construção melódica e deliciosamente elegante de mais de cinco minutos que traz referencias de atmosferas de uma sonoridade dos anos oitenta da MPB como a Mariana Lima que remete também a trabalhos de nomes notórios do atual cenário indie/art pop como, por exemplo, FKA twigs. Envolvente desde a primeira nota, Linn entrega uma performance aveludada, sensual e cativante ao declamar uma fervilhante e poética composição primorosa sobre desejo e saudades que mostra ser inteligente, sucinta e com a dose certa de brincadeiras gramaticais. Uma pena que essa verdadeira preciosidade deve terminar para muitas como a melhor música de 2021 que você não escutou, mas isso não quer dizer que a Linn Da Quebrada não precise ser louvada por esse sublime momento.
nota: 8,5

O Erro da Groove

Bonekinha
Gloria Groove


Quem acompanha o blog sabe que sempre admirei a carreira da Gloria Groove. E é por isso que posso dizer que Bonekinha é a sua pior canção até o momento.

Não que seja um desastre, mas a produção de Ruxell não consegue realmente aparar as pontas da marcante batida funk/hip hop que Bonekinha apresenta. Em alguns momentos, o instrumental parece mais alto que os vocais de Gloria e algumas decisões empobrecem o resultado final com, por exemplo, a batida de um sintetizador que fica ao fundo por toda a canção, criando um ruído irritante. O que eleva o resultado de Bonekinha é a performance grandiosa da drag queen que domina a canção do começo ao fim de maneira firme, divertida e com uma dose cavalar de personalidade. Gosto do apelo comercial da composição, mas gostaria de ter ouvido um verso rap inteiro e tradicional para arrematar a estrutura de letra. Apesar de ser um tropeço, Gloria Groove ainda entrega algo acima da média dentro do pop nacional que nem todos parecem alcançar.
nota: 6,5

Poderosa Raíz

Comando
Negra Li

Apesar de ser melhor conhecida pelo grande público pelo sucesso de "Você Vai Estar na Minha" de 2006, a Negra Li é um nome importantíssimo no rap/hip hop devido a sua carreira solo e por ser integrante do grupo RZO. Sem o destaque que merece dentro do mainstream, a cantora deixa claro o talento do seu talento na ótima Comando.

Uma mistura de rap, R&B, hip hop e ritmos africanos, Comando é o tipo de balsamo que parece ser perder em um mar de mediocridade que ouvimos diariamente de artistas nacionais forçados e desnecessários. Eletrizante do começo ao fim, a canção apresenta uma força motriz dado pela ótima performance de Negra Li que compensa a sua rápida duração. Na verdade, entre nuances e texturas, Comando termina como sendo uma canção que parece preencher espaços que na voz de outra artista poderia termina como um grande desperdício. Com uma composição empoderada, marcante e com uma carga viciante deliciosa, a canção poderia ser um imenso hit se o público nacional pudesse dar espaço para talentos verdadeiros. De qualquer forma, Negra Li tem um espaço mais do que garantido na história da música brasileira mais que merecido.
nota: 8