Doja Cat
29 de outubro de 2023
As Loucuras de Doja Cat
Paint The Town Red
Demons
Doja Cat
Doja Cat
A Doja Cat é o que podemos chamar de artista coringa. Não apenas devido ao fato da mesma coringar de tempos em tempos, mas como o fato de ser sempre uma grande surpresa sobre o que vai lançar. E a mesma provou esse status com o lançamento de dois singles interessantes: Paint The Town Red e Demons.
Primeiro lugar na Billboard despois de viralizar, Paint The Town Red é uma cadenciada, original e viciante mistura de rap, R&B e pop que se mostra bem mais substancial devido a sua cuidadosa produção. Equilibrada entre o lado artístico e o comercial, a canção apresenta o uso sensacional e inteligentíssimo do sample da clássica Walk On By da Dionne Warwick que não se sobrepõe ao resto da canção e também não é usado à toa. Lançada como single promocional, Demons é uma verdadeira porrada sonora ao ser ruidosa e áspera trap/harcore hip hop que é o tipo de canção que gera amor ou ódio. Na minha opinião, a canção funciona devido ao fato de Doja levar tudo para outro nível com a sua explosiva performance e o impressionante clipe. Ambas canções apresentam ótimas letras em que a rapper vai fundo em dizer o que se passa na sua mente. Acredito que essa nova da Doja Cat seja o momento que a artista irá o seu total potencial para o bem ou para mal.
notas
Star is Born
Co-Star
Amaarae
Amaarae
Uma das qualidades da Amaarae é fazer as canções de Fountain Baby entrarem no nosso consciente se a gente perceber devido a sua habilidade de ser delicadamente pungente. Esse é o caso de Co-Star.
A canção é uma encantadora fusão de afobeat, R&B e pop que não explode, mas, sim, causa pequenos e constantes tremores em que escuta. Existe uma sexualidade tão latente na canção que contrasta perfeitamente com a batida sem soar, porém, vulgar ou desesperada em ser sensual. Co-Star é sexy, queer e tentadora porque Amaarae é todas essas coisas com a sua brilhante interpretação única e iluminada. A divisão do refrão quase como em duas partes intercaladas dá toda uma personalidade para a redonda composição que a eleva de maneira considerável. E assim temos o nascimento de uma estrela única na presença da Amaarae.
nota: 8
25 de outubro de 2023
La Diva
Te Mata
Kali Uchis
E com a continuação da divulgação do seu próximo álbum Orquídeas, a Kali Uchis lança o que é a sua melhor canção até o momento: a incrível Te Mata.
Depois da elétrica Muñekita, Te Mata é uma mudança completa ao ser uma power balada bolero que capta perfeitamente a pomposidade do gênero adicionando uma camada bem vinda de latin-pop para modernizar sem perder a essência. Grandiosa, dramática e lindamente instrumentalizada, Te Mata poderia fácil ser o tema de uma daquelas novelas mexicanas icônicas como, por exemplo, A Usurpadora. E isso escrevo da melhor maneira possível, mas Kali se joga sem medo em toda essa riqueza sonora sem medo e com uma estética refinada. Na verdade, gostaria que a canção tivesse um clímax ainda maior que é entregue, mas o que ouvimos já espetacular devido bastante da poderosa performance da cantora que segura cada momento perfeitamente. Te Mata finaliza com uma composição que fica no limiar entre o cafona e o sentimental com versos inspirado como “Você tem que aceitar que agora eu sou uma memória/ Se você está procurando um culpado, olhe-se no espelho/ Você nunca me conheceu, lembre-se que não valeu a pena”. É assim a Kali Uchis dá aula de como fazer música latina que fundo o moderno e o tradicional.
nota: 8,5
A Ideia Ideal
Black Eye
Allie X
Allie X
Existem algumas músicas que tem um conceito tão excitante que normalmente o resultado é meio decepcionante. Entretanto, algumas conseguem executar perfeitamente como é o caso de Black Eye da Allie X.
A ideia é bastante interessante: uma dark synth-pop mistura com post-disco que emoldura os anos oitenta de maneira a ficar na linha entre a nostalgia e a parodia. E é exatamente isso que acontece, pois Black Eye termina deliciosa, sombria, cativante e totalmente dentro da sua intenção. Acredito que o grande trunfo da canção é deixar suas ideias serem trabalhadas em uma canção de mais de quatro minutos em que o clímax vai sendo talhado de maneira cuidadosa a todos os detalhes. Allie X entrega uma performance espetacular como quase uma versão musical de Elvira, A Rainha das Trevas. E a sua composição é profunda sobre ter que se levantar mesmo com as porradas da vida, mas existe uma ironia ácida que dá sabor ao resultado final. Em resumo: Black Eye é o que deveríamos esperar de todas as divas pop.
nota: 8,5
Um Encontro Meio Inusitado
In The City
Charli XCX & Sam Smith
Charli XCX & Sam Smith
Não é exatamente fácil achar que a parceria entre Charli XCX e Sam Smith é algo que nasceu para ser, mas In The City funciona direitinho.
O grande trunfo da canção é a química e o contraste entre os envolvidos que dá para a canção personalidade que no final termina sendo extremamente necessária. In The City é bem produzida, mas termina sendo uma massificada e apenas passável mistura de electropop/house que a Charli já fez melhor dezenas de vezes. Enquanto isso, a composição não tem nada de especial que possa ajudar o resultado final, mas não faz feio devido a ainda ter alguma criatividade. In The City é bom encontro que poderia ser ótimo.
nota: 7
E Lá Vamos Nós
Mil Veces
Anitta
Anitta
Não consigo acreditar que depois de ouvir Mil Veces passou pela cabeça da Anitta que a canção fosse boa. Ou mesmo ok.
Provavelmente, umas das piores lançadas pela brasileira, a canção é uma massificada, medíocre e sem graça mistura de lantin pop com funk que tem a mesma personalidade de uma batata assada. A canção é tão ruim que assim que a gente ouve é esquecida pelo nosso cérebro quase que na mesma hora. E o pior é a sua desastrosa e horripilante composição que faz de Mil Veces praticamente uma parodia do que seria uma canção de verdade. E assim a Anitta continua a sua carreira fora de qualquer eixo passível de defesa.
nota: 2
21 de outubro de 2023
Colosso Livre
Undergrowth
Squid
Squid
Depois de um começo “contido” para promoção do novo álbum com o lançamento de Swing (In A Dream), o Squid aciona o detonador para entregar a esplendorosa Undergrowth.
Apesar de ser uma das canções sonoramente mais lineares, deixando um pouco de lado a profusão cacofônica, a banda entrega um verdadeiro colosso instrumental ao erguer um verdadeiro colosso. Misturando art rock, funk, punk e toques de experimental, Undergrowth é uma canção pegajosa, grandiosa, apurada, ácida e transcendental que com seus mais de seis minutos e meio vai nos levando em uma jornada interrupta que não tem não grandes altos ou arrombos de tirar o folego, mas que conquista pela viagem do que exatamente pela chegada. A performance Ollie Judge também tem essas mesmas características ao deixar o seu entorno falar mais que a sua própria presença. Talvez a composição seja o ponto baixo em Undergrowth, pois não tem uma conexão tão rápida e profunda que outras canções da banda. Entretanto, o resultado final da canção é tão impressionante que isso fica meio de lado ao frigir dos ovos. E assim o Squid continua a ser uma banda simplesmente colossal.
nota: 8,5
O Salvador
White Horse
Chris Stapleton
Chris Stapleton
O estado do country atualmente é deplorável com o nível de qualidade mais no fundo que a Samara no fundo do poço, especialmente relacionado os artistas masculinos. Felizmente, existe alguns salvadores como é o caso Chris Stapleton que lançou o primeiro single do seu novo álbum (Higher), a interessante White Horse.
A canção é acima de tudo bem produzida do começo ao fim. Nada de lugares comuns do atual cenário country, nada de saídas fáceis e nada de tentativas de fazer a sonoridade de Cris ser popular apenas para ser popular. E isso já ganhar vários pontos, mas White Horse é por si uma ótima canção. Uma fusão refinada de country e rock, o single tem uma força direta que atinge o ponto certo de quem escuta logo nos primeiros acordos e vai aumentando essa sensação ao longo da sua duração devido a ao impressionante instrumental. Stapleton é o perfeito vocalista para esse tipo de canção, pois a sua grave e poderosa está no meio do caminho entre o astro do country e a aspereza de um vocalista de rock. A composição é até simples estruturalmente, mas é um trabalho maduro ao falar sobre a noção que o narrador tem de perceber que não está exatamente pronto para ser o que a outra pessoa espera em um relacionamento. Em tempos de trevas como o que vive o country sempre terá alguns faróis como é o caso de Chris Stapleton.
nota: 8
O Salvador 2
I Remember Everything (feat. Kacey Musgraves)
Zach Bryan
Zach Bryan
Outro nome que pode ser considerado como um ponto fora da curva no country é do Zach Bryan. E isso fica bem claro em I Remember Everything.
A melhor definição para a canção é sólida. Nada de extraordinária, mas, sim, sólida no seu proposito de fazer uma clássica e classuda balada country. Com um instrumental simples e eficiente, I Remember Everything ganha vida pelas performances de Zach e a convidada Kacey Musgraves. A cantora adiciona uma doçura que contrasta com a voz rouco e terrosa do cantor, criando um ruído intenso e dramático para entoar a tocante composição sobre duas pessoas tentando esquecer a outra e acabando esbarrando nas pequenas e grandes memorias. I Remember Everything é a prova que o bom country tem espaço quando é feito com talento verdadeiro.
nota: 7,5
New Faces Apresenta: 070 Shake
Black Dress
070 Shake
070 Shake
Apesar de já ter aparecido no blog algumas vezes como um featuring, a rapper/cantora 070 Shake ainda não tinha tido uma canção sua resenhada. E isso termina com a interessante Black Dress.
A canção é uma mistura de pop rock, indie pop e eletrônico que resultado em algo sombrio, sensual e com personalidade. Existe uma clara vontade da produção que dá para Black Dress uma atmosfera que possa fazer a artista exala uma versatilidade grandiosa que, felizmente, funciona devido a maneira como a artista entrega a sua segura e misteriosa performance. Mesmo sem ser dona de uma voz grandiosa, 070 Shake entrega na sua voz nuances e texturas que combina com a atmosfera da canção de maneira fluida. Tenho que admitir que a composição da canção poderia ser melhor, mas o seu refrão é um ponto alto no contexto da canção devido a sua imagem inusitada e, ao mesmo tempo, dramática criada: "My baby was in a black dress when she married me/ I'm the reason that you walked that way/ In your two-inch heels”. Acredito que Black Dress seja uma boa entrada para conhecer a carreira da 070 Shake.
nota: 8
New Faces Apresenta: Jung Kook
3D
Jung Kook & Jack Harlow
Seven
Jung Kook & Latto
Jung Kook & Jack Harlow
Seven
Jung Kook & Latto
Ao contrário das boy/girl bands ocidentais, os integrantes de grupos de k-pop não precisam necessariamente saírem para se lançarem em carreira solo. Esse é caso de JungKook do BTS que começa a sua carreira solo com dois hits: 3D e Seven.
Devo admitir que fiquei surpreendido pelas duas canções, pois ambas são melhores que estava esperando. Bem longe de serem momentos de genialidade pop, mas os singles que marcam o inicio da promoção do álbum Golden são bem produzido, despretensiosos e, principais, divertidos. Primeiro lugar na Billboard, Seven é uma legal e redonda dance-pop com toques de rap e UK garage que desce sem maiores problemas. O problema maior da canção é que a rapper Latto rouba todo os holofotes, deixando JungKook meio que de lado na sua própria canção. E olha que o mesmo entrega uma performance. O cantor brilha de verdade é em 3D. Uma mistura apurada de R&B/pop/dance que tenta vender o cantor como o próximo Justin Timberlake. Apesar da fácil comparação, a canção funciona de verdade devido a produção bem azeitada. Jack Harlow entrega um bom verso que adiciona personalidade para a canção sem se sobressair demais. O que realmente notei é que ambas canções tem um teor sexual bem mais acentuado que as canções do BTS, mostrando uma vontade clássica do artista se separar da boy banda. Com esses lançamentos é fácil acreditar que o JungKook poderá ser o próximo grande astro pop. notas
3D: 7,5
Seven: 7
16 de outubro de 2023
Uma Música Para os Parças Românticos
One Of Your Girls
Troye Sivan
Troye Sivan
Uma das melhores canções do álbum Something To Give Each Other, One Of Your Girls já pode ser também considerada como a melhor da carreira do Troye Sivan. E o cantor fez isso fazendo o tema para pegar hétero confuso.
Como dito na resenha do álbum, a canção “é uma reflexão irônica, inteligente e real sobre suas as experiências em ter se relacionado com homens “héteros”. Irônica, divertida e com uma desconcertante veracidade, a canção consegue misturas critica com reflexão e, ao mesmo tempo, apenas um relato de vivencia com um toque latente de sensualidade que a transforma um trabalho icônico e memorável”. E se fosse apenas isso já seria marcante, mas One Of Your Girls é um trabalho realmente memorável em todos os sentidos. A produção vocal acerta perfeitamente nas camadas e texturas que são dadas para a voz de Sivan, alternando entre a parte cantada naturalmente nos versos, a parte falada no pré refrão para depois dar gravidade no refrão para simular como se estivesse conversando entre os parças. Sonoramente, a canção é mid-tempo balada synth-pop/alt-pop/nu-disco sensual e envolvente que consegue ser um novo caminho para a sonoridade do cantor sem precisar perder certas qualidades. E com a cereja em cima do bolo que é o clipe, One Of Your Girls se tornar um dos grandes momentos do pop em 2023.
nota: 8,5
Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single
Novacane
Frank Ocean
Frank Ocean
Frank Ocean se tornou um dos maiores nomes da música contemporânea se dando ao luxo de ficar em hiato por anos sem perder a sua relevância. Apesar de ter dado a devido atenção ao começo da sua carreira com o lançamento de Channel Orange em 2011, o verdadeiro princípio passou batido por mim. Então, resolvi analisar o primeiro e derradeiro momento que o artista se revelou para o público com o lançamento de Novacane.
Single da mixtape Nostalgia, Ultra laçada mesmo antes do seu álbum debut, a canção é uma excepcional introdução para o que estava diante da carreira ao conseguir capsular toda as qualidades básica do artista em apenas uma canção. Produzido excepcionalmente por Tricky Stewart, Novacane é uma vigorosa e elegante mistura de neo-soul, R&B, hip hop e alternativo que fica perfeitamente na linha entre o comercial e o artístico. Lindamente finalizado e com uma batida suculenta, a canção não é exatamente uma revolução sonora, mas é um trabalho de uma confiança madura e uma certeza estética grandiosa. O que faz a canção ser ótima é a presença de Frank Ocean. Primeiramente, a sua performance impressionante que parece ser despretensiosa demais como quase se o mesmo não tivesse querendo entoar a canção, mas que na verdade emoldura a composição de Novacane que tem como um dos plots de ficar entorpecido pelo uso da droga do título. Em segundo, a própria composição que, apesar de ter coautores, exala a personalidade de Ocean ao ser uma ácida, inteligente e pungente crônica sobre ser queer na indústria, sexo, drogas e o preço da fama. Queria de verdade ter descoberto a canção quando foi lançada, mas isso não tira do fato que Novacane foi a perfeita para a carreira extraordinária do Frank Ocean.
nota: 8,5
Uma Segunda Chance Para: Somebody That I Used to Know
Somebody That I Used to Know
Gotye & Kimbra
Gotye & Kimbra
Alguém sabe o que aconteceu com o Gotye? O australiano dominou as paradas em 2011 com o seu gigantesco sucesso Somebody That I Used to Know que venceu dois Grammys (Best Pop Duo/Group Performance e Record of the Year) e depois simplesmente sumiu. Nem podemos chamar o mesmo de um one hit wonder, pois o mesmo não lançou nada depois. Enquanto esse mistério não é solucionado iriei olhar para o passado para responder a questão: a canção mereceu todo o sucesso que teve?
A resposta é simples: sim. Escrita e produzida pelo próprio artista, a canção foi lançada como segundo single do álbum Making Mirrors e foi galgando aos poucos as paradas aos poucos ao longo dos meses. Quando você olha para o cenário das canções que foram sucesso naquele ano será notado que ter Somebody That I Used to Know como um dos maiores é algo impressionante. E não apenas pelo desempenho, mas também pela qualidade refinadíssima e pela sua peculiaridade sonora. A canção é uma art-pop/indie rock que tem uma estrutura que remete aos trabalhos conceituais/inovadores de nomes como Peter Gabriel e David Bowie, especialmente feito nos anos oitenta. Por isso, a canção é um recheado de experiencias sonoras que vão do seu instrumental quebrado, a sua estrutura quebrada e a suas estranhezas de texturas. E apesar disso, a produção tem um apelo comercial ao entregar uma carismática e grandioso refrão que gruda na cabeça desde a primeira que a gente ouve. Outro trufo da canção é a sua divisão entre a parte de Gotye com a da cantora Kimbra que remete a uma discussão entre duas pessoas em que o narrador conta a sua versão dos fatos para vim a outra pessoa para contradizer o que foi dito ao expor sua versão dos fatos. E a performances de ambos são ótimas ao ponto de quase fundirem com a estética da canção ao irem de calma e contemplativas para explosivas e raivosas. Somebody That I Used to Know é um dos hits da década passada que melhor envelheceram ao longo dos anos devido o fato de ser realmente uma grande canção.
nota: 8,5
14 de outubro de 2023
Tinashe on Fire
Talk To Me Nice
Needs
Tinashe
Se for fazer uma lista de maiores injustiças do pop é preciso incluir a Tinashe. Apesar de continuar entregar ótimos trabalhos um atrás do outro, a cantora não recebe o mesmo reconhecimento do público. E isso não vai mudar com os ótimos singles Talk To Me Nice e Needs.
Single do álbum BB/ANG3L, as canções é a amostra perfeita da qualidade que a cantora apresenta ao serem dois excitantes, criativos e bem produzidos R&B/pop que são pincelados por trap, hip hop e neo-soul. Ambas canções são perfeitas para virarem virais, mas, felizmente, ao contrário de muitas canções lançadas atualmente não parecem forçar a barrar querendo ser. Na verdade, existe uma fluidez e maturidade nas construções de ambas canções que as tornam irresistivelmente dançantes. Entre as duas, Talk To Me Nice é mais encorpada sonoramente devido a sua produção refinada, sóbria e lindamente cadenciada. Needs, porém, tem um apelo leve, descontraído e sexy que a faz ser deliciosamente irresistível. E as duas canções são defendidas com graças e carisma por Tinahse que deveria fazer a mesma ser uma gigante na indústria.
notas
Talk To Me Nice: 8
Needs: 7,5
12 de outubro de 2023
Glória! Caroline!
Butterfly Net
Caroline Polachek
Caroline Polachek
Com o lançamento de basicamente todas as faixas como single de Desire, I Want to Turn Into You, a Caroline Polachek presenteia o público com a divulgação da melhor canções do álbum: a sensacional Butterfly Net.
Sobre a canção escrevi na resenha do álbum que era “uma balada indie pop emocionante, a canção mostra todo o magistral potencial de Polachek ao entoar com uma elegância intocável uma lidíssima e triste composição que tem o seu momento sublime no refrão”. E, queridos leitores, Butterfly Net é um daqueles momentos que a gente precisa ouvir apenas uma vez para entender todo o hype e/ou talento em relação a um artista. Com uma força emocional esmagadora, a canção consegue ser épica e ter um tom intimo sem fazer nenhuma das suas facetas serem perdidas em nenhum grau. Delicadeza e aspereza. Calma e tumulto. Essas dualidades são encontradas de maneira a sem completarem em Butterfly Net embaladas pelas etérea e cadencia performance de Caroline. E isso é uma verdadeira glória.
nota: 8,5
O Fino da Bossa
Insista em Mim
Ana Frango Elétrico
Ana Frango Elétrico
Depois de surpreender a mim com a ótima Electric Fish, a brasileira Ana Frango Elétrico volta com uma canção menos surpreendente em Insista em Mim. Isso não quer dizer que a canção seja menos inspirada.
Na verdade, a canção é tão boa como a anterior, mudando o estilo que a cantora constrói na nova canção. Dessa vez, a sonoridade aqui é mais tradicional ao ser uma elegante e contemporânea bossa nova/MPB com toques de pop que não explode, mas, sim, envolve quem escuta igual um cobertor quentinho no frio. Elegante, sofisticada, madura e um banho de maturidade sonora, Insista em Mim consegue ser esse tipo de revitalização da música nacional sem soar pretenciosa em nenhum momento. Liricamente, a canção poderia ter um trabalho mais substancia, mas o que é entregue é gracioso e de uma poética tocante. Insista em Mim é o que espero da revitalização da música brasileira em que o tradicional encontra o moderno em harmonia e qualidade.
nota: 8
New Faces Apresenta: Tyla
Water
Tyla
Tyla
Poucas vezes a gente consegue acompanhar um viral desde o seu nascimento, mas acredito que estamos nos estágios iniciais do imenso estouro que deve acontecer com Water da novata Tyla.
Começando a ganhar destaque devido a um desafio de dança no TikTok, a canção da sul-africana é o tipo que realmente vale a pena se um viral. Uma sensual, envolvente e carismática mistura de R&B, pop e, principalmente, afrobeats que consegue ser comercial sem precisar se massificada, resultando em um trabalho realmente inspirado. Existe uma “limpeza” estética na canção que pode até não a elevar para algo maior, mas impede a batida de recorrer a clichês e cacoetes dos gêneros. A performance contida e firme de Tyla ajuda a canção a ter personalidade distinta e ainda mostra o potencial da cantora ao encontrar uma persona que pode ser a ancora da sua carreira. Agora é esperar para ver se Water não vai evaporar ou esse é o começo de uma carreira promissora.
nota: 7,5
A Conquistadora
Snooze
SZAÉ necessário louvar o fato que a SZA conseguiu transformar uma carreira que tinha um alcance mediano comercialmente para ser uma verdadeira dona de uma coleção de arrasa quarteirão um atrás do outro. E fazendo isso com qualidade alta como é o caso de Snooze.
Sonoramente, a canção repete com classe a formula básica da sonoridade atual da cantora: uma refinada e comercial R&B com personalidade de sobra. Apesar de não ser exatamente original, Snooze é excitante e envolvente com a sua batida sexy e, ao mesmo tempo, melancólica. E acredito que um dos fatores para a cantora se destacar tanto é o fato das suas composições serão tão possíveis de relacionar, pois a mesma consegue expressar de maneira única sentimentos como estar tão apaixonada que faria qualquer coisa por quem se ama. Espero que a SZA posso mudar essa formula para não se tornar no futuro uma cópia de si mesma, mas por enquanto a mesma pode se vangloriar de ter encontrado a receita para o sucesso.
nota: 7,5
2 Por 1 - Marina Sena
Que Tal
Marina Sena & Fleezus
Ombrim (ai que delicia o verão)
Marina Sena & Chicão do Piseiro & Roni Bruno
Tenho essa impressão que a Marina Sena está cercada de grandes ideias, mas que não chegam onde deveriam terminar. Esse é o caso dos singles Que Tal e Ombrim (ai que delicia o verão).
Ambas têm realmente ideias interessantes e que dariam ótimas canções, mas suas realizações são limitadas a se encostarem no conceito sem desenvolver na pratica. E o caso mais claro é em Ombrim (ai que delicia o verão). Não fazendo parte do álbum Vício Inerente, a canção é uma divertida pisero/forro que poderia ser um estouro se não se tornasse tão repetitiva após o primeiro minuto. Sem adicionar nada realmente criativo, a canção é um loop do seu começo que não tem força para sustentar seus parcos dois minutos e quinze segundos. E isso poderia ser facilmente contornado com a adição de nuances e texturas que pudesse dar personalidade própria para a canção e não ser mais do mesmo. Além disso, a participação apenas no refrão da Marina dá um leve banho de água fria para quem gostaria da cantora colocar a sua marca para a canção. Em Que Tal, porém, o resultado é melhor devido o fato da cantora soar mais completa, mesmo que ainda termine sendo rasa sonoramente. Todavia, a batida afrobeat/hip hop funciona bem e existe química boa entre Marina e o rapper Fleezus. Resumidamente: Marina Sena tem a faca e o queijo na mão, mas falta usar os dois.
notas
Que Tal: 7
Ombrim (ai que delicia o verão): 6
9 de outubro de 2023
3 de outubro de 2023
A Canção Mais Doce de 2023
Tiny Garden (feat.duendita)
Jamila Woods
Jamila Woods
Existem algumas músicas que não conquistam por qualidades que nem sempre são o que esperamos de uma canção. Em Tiny Garden, single da cantora Jamila Woods, a sua imensa doçura é o prato principal de um trabalho esplendido.
Primeiro single do seu álbum Water Made Us, a canção é um convite a sentir o doce sabor de amar. Não amar apaixonadamente, mas, sim, encontrar a paz de uma relação estável em que é alimentado pelas pequenas coisas do dia a dia. E isso é explicitado de maneira lidíssima com a composição, especialmente no seu sensacional e tocante refrão:
It's not gonna be a big production
It's not butterflies or fireworks
Said it's gonna be a tiny garden
But I'll feed it everyday
I'll feed it
Sonoramente, Tiny Garden é uma colorida e iluminada neo-soul/ R&B que é capaz de tirar um sorriso do rosto até de quem é mais carrancudo. Existe uma áurea de uma sensibilidade impar que emana exatamente essa doçura que a composição busca traduzir em palavras. Esse refinamento passa também para a maneira deliciosa como Woods carrega a canção em todas as suas nuances, sendo elevado pela presença inspirada do verso cantado pela artista Duendita que quebra de forma inesperada. Se o resto do álbum estiver nessa mesma toada não irei reclamar de uma overdose de sacarose.
nota: 8,5
O Problema é Outro
Got Me Started
Troye Sivan
Troye Sivan
Depois de emplacar Rush, Troye Sivan continua com a divulgação do seu álbum Something to Give Each Other com o lançamento de Got Me Started. E mesmo com alguns problemas, a canção ainda mantem o hype alto para o lançamento do seu terceiro álbum.
Li algumas criticas em relação a canção que criticava principalmente o uso do sample de Shooting Stars do duo Bag Raiders, conhecida pelos memes de quando a internet ainda era mato. Sendo sincero, o sample não é parte integral do resultado da canção, mas não é para mim algo que atrapalha Got Me Started. É um toque interessante e meio que nostálgico. O problema do single é a produção vocal que dá para a performance de Sivan um efeito demasiado que atrapalha o resultado final de verdade, pois tira a naturalidade da sua voz nas partes do refrão e no pós. Em Rush, por exemplo, havia um bom equilíbrio e os efeitos eram usados precisamente para adicionar textura para a canção. Entretanto, Got Me Started ainda é uma boa canção ao ser uma eficiente, sexy e original mistura de dance-pop, 2-Step e toques de uk garage que se mostra mais complexa sonoramente que o esperado. E esse deslize não tira o fato que o Troye Sivan está vivendo uma excelente fase.
nota: 7.5
A Balada Segura
winner
Conan Gray
Conan Gray
Na dúvida do que fazer sonoramente é sempre confiável apostar em uma balada. E é isso que o Conan Gray entrega em winner.
Como já explicitado, a canção é uma power balada pop rock que segue bem a cartilha do estilo em entrega o que deve ser entregado com eficiência. Nada novo sob o Sol, mas winner funciona devido a saber adicionar toques inspirados para elevar o material. Primeiro, Conan entrega uma ótima performance que mostra emoção genuína, mesmo que dando uma leve exagerada no uso de efeitos vocais em alguns momentos. Em segundo e, o mais importante, é a marcante composição que foge do clichê ser sobre um relacionamento amoroso para refletir sobre a conturbada relação do cantor com o seu pai. Conan Gray joga no seguro e acerta mais que o esperado em winner.
nota: 7,5
Quase
greedy
Tate McRae
Tate McRae
Sinceramente, não tinha lembrança de quem era a Tate McRae mesmo já tendo resenhado algumas das suas canções. Com o sucesso inesperado greedy isso pode mudar, mas não tenho muita certeza.
A grande pergunta que fica no ar é que o sucesso da canção é sorte de principiante ou seria a canção o momento que vai fazer da jovem um grande nome pop devido a ser o resultado do seu talento? Apesar de não ser ótimo, greedy é uma redondinha, carismática, comercial e bem pensada electropop com coprodução do Ryan Tedder. O problema é que boa parte do carisma da canção vem da ideia de usar a batida do clássico de Promiscuous da Nelly Furtado com a base principal da canção, deixando boa parte da força da canção no uso do sample em si e, não, em construir algo interessante em volta da batida. Com uma boa letra e uma performance ok da Tate, greedy pode ser o começo de uma carreira promissora ou apenas fogo de palha.
nota: 7
2 de outubro de 2023
Red Flag: A Música
get him back!
Olivia Rodrigo
Olivia Rodrigo
Se existe uma música que melhor traduz o famoso “red flag” seria se nenhuma dúvida a canção get him back!.
Provavelmente uma das canções mais ácidas do álbum, o single é uma deliciosa mistura de pop rock com toques de rap rock/punk em que Olivia fala sobre um relacionamento com um verdadeiro boy toxico em que ânsia por vingança e, ao mesmo tempo, ainda se sente atraída por ele. Humorada, auto consciente e com um refrão certeiro, get him back! mostra o quanto a cantora evolui como compositora ao mostrar uma lapidação estética e temática tão inspirada e com um amadurecimento claro. Todavia, o melhor trunfo da canção é a ótima performance da cantora que consegue mostrar sua versatilidade adicionando humor na medida certa e com uma produção vocal equilibrada. get him back! não é a melhor canção de Guts, mas é um dos momentos perfeitos para mostrar a força da Olivia Rodrigo.
nota: 7,5
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