31 de outubro de 2021

Divas Pop, Assemble!

Kiss of Life
Kylie Minogue & Jessie Ware


Ouvir a parceria da Kylie Minogue com a Jessie Ware em Kiss of Life para o relançamento do álbum Disco é como ver a reunião dos heróis da Marvel pela primeira vez no cinema: excitante, explosiva e poderosa. E, felizmente, a canção consegue fazer jus aos nomes envolvidos.

Kiss of Life é uma mistura perfeita das sonoridades das duas cantoras em seus últimos álbuns: de um lado, a energética vibe de Kylie e, do outro, o aveludado envolvimento de Jessie. Entretanto, a canção consegue manter intacta a elegância madura que ambas trazem para esse post-disco que marcaram os seus últimos trabalhos. E a produção consegue equilibrar de maneira exemplar as personalidades das cantoras sem deixar ninguém brilhar mais que a outra. E isso é outra qualidade, pois a canção termina como sendo uma parceria de verdade e não apenas um caça níquel barato apenas para ter a canção ter destaque. Resumidamente: Kiss of Life tem a qualidade garantida pela Kylie e Jessie como tudo que as cantoras vêm fazendo nos últimos tempos. E isso é algo para ser celebrado genuinamente.
nota: 8,5

Emotion By Foxes

Dance Magic
Foxes

Depois de seguir a cartilha Body Talk, a Foxes segue reescrevendo a sua história ao caminhar pela mesma estrada que a Carly Rae Jepsen ao lançar a ótima Dance Magic.

Soando como uma canção retirada do E•MO•TION, Dance Magic é uma synth-pop efervescente, doce e divertida que brilha pela forma como a produção entrega um produto redondo e honesto. Sem querer ser mais que apenas uma boa canção pop, o single consegue ter essa deliciosa vibe despretensiosa que deixa espaço para todas as qualidades do pop vim a tona. Letra simples e eficiente, vocais sem firulas e cativantes e composição leve e com a profundidade necessária para não ser fútil. E o mais importante é que a Foxes se banha dessa influência direta de E•MO•TION, mas consegue impor a sua personalidade do começo ao fim. Espero que assim possa seguir o seu próximo álbum, pois estaremos diante de uma verdadeira pérola pop.
nota: 8

Algo de Kate

Giving Into The Love
AURORA


Amadurecendo como artista de maneira realmente surpreendente, a cantora AURORA entrega a sua terceira canção inspirada na sequencia com o lançamento de Giving Into The Love. Dessa vez, a jovem mostra que a sua sonoridade tem raízes em lugares extremamente auspiciosos.

Em vários momentos de Giving Into The Love é possível notar uma forte e recompensadora influência da britânica Kate Bush. Especialmente quando se nota o cuidado da produção em criar uma mistura refinada e complexa de art pop com indie pop que consegue ser complexa devido a seu bem construído e substância arranjo. Sem medo de criar uma canção que não seja exatamente comercialmente viável, a produção encontra o equilíbrio em saber referenciar sem soar como uma cópia ou pretensiosamente artístico. Outro ponto que lembra a Kate Bush são os vocais de AURORA quando a mesma canta as notas mais altas, mas isso não transforma a sua performance em uma imitação no instante que a cantora sabe como mostra a sua distinta personalidade durante toda a canção. Giving Into The Love não é tipo de canção para hitar como o grande público, mas é perfeita para mostrar que a AURORA está se transformando em uma artista realmente magnifica.
nota: 8

Memorias de Um Passado Quase Perdido

If You Say The Word
Radiohead


Devo admitir que não sou um conhecedor profundo da discografia do Radiohead, mas sempre que ouvi a banda tive uma atração genuína pela sonoridade deles. E esse é o caso da sensacional If You Say The Word.

Canção divulgada da compilação Kid A Mnesia que vai reunir canção não lançadas dos álbuns Kid A (2000) e Amnesiac (2001), If You Say The Word é uma soturna e densa indie/ambient rock e experimental que soa exatamente como uma obra feita no comecinho dos anos dois mil. Ao não soar datada, a canção também deixa claro a força da sonoridade da banda que consegue ser atemporal e, ao mesmo tempo, a frente do seu tempo em qualquer momento que se a escute. Acredito que a força principal da canção, porém, vem da sua poética e desconcertantemente direta composição sobre dar mão para alguém com problemas. Obviamente, If You Say The Word não é a melhor canção da banda, mas ainda assim é uma obra sensacional.
nota: 8,5

29 de outubro de 2021

Primeira Impressão

Daddy's Home
St. Vincent



O Mundo Segundo St. Vincent

The Melting of the Sun
Down
St. Vincent


Se a sonoridade da St. Vincent já tinha uma forte sensação de que a cantora vivia em mundo apenas seu, Daddy's Home veio para comprovar de maneira cabal essa teoria. E isso fica bem claro com os sensacionais singles The Melting of the Sun e Down.

The Melting of the Sun é uma psicodélica mistura de rock e blues que se baseia em uma extraordinária guitarra e os vocais ásperos e sensuais de St. Vincent. Climática e elétrica, a canção emoldura com perfeição toda uma sonoridade vinda direto dos anos setenta sem parece estar copiando, mas, sim, prestando uma homenagem/recriação de maneira extremamente respeitosa e revigorante. Tematicamente, a canção é uma homenagem a mulheres que influenciaram a cantora e que de alguma forma resistiram aos seus “fins do mundo” ao longo da história com uma escrita de um refinamento espetacular. The Melting of the Sun é uma canção espetacular, mas Down dá um paço a mais.

Construída como uma funk, art rock com toques de psicodélico e synthpop, Down é organicamente uma explosão que consegue grudar na nossa cabeça como chiclete emaranhado no cabelo. O explosivo, soulful e empoderado arranjo é construído de forma a conseguir expressar toda uma raiva que a performance de St. Vincent apresenta do seu começo ao fim. E também pudera: Down narra a vingança emocional e física de uma mulher abusada/agredida contra o seu agressor. Sem meias palavras ou com medo de soar politicamente incorreta, a cantora se mantem contida em uma letra surpreendentemente direta, mas com um soco no estomago guardado na sua significação final. E assim embarcar no mundo de St. Vincent é uma aventura sem volta que realmente compensa a jornada.
notas
The Melting of the Sun: 8,5
Down: 9



26 de outubro de 2021

Bem Acima Da Expectativa

Moth To A Flame
The Weeknd & Swedish House Mafia


Quando vi a notícia que o The Weeknd iria lançar uma parceria com o trio sueco Swedish House Mafia tive duas perguntas:

1°: o Swedish House Mafia não tinha acabado?
2°: o The Weeknd vai se associar ao um eletrônico farofa?

E eis que que surge a ótima Moth To A Flame para provar que Swedish House Mafia ainda está na ativa e que o The Weeknd não se envolveu com farofada.

O single é uma synth-pop/EDM que não chega a se render a clichês devido a ótima produção do trio que consegue dar para a canção um refinamento e, principalmente, um toque sombrio que consegue criar uma atmosfera madura e substancial. É interessante notar que a sonoridade segue os caminhos da sonoridade de The Weeknd, mas com personalidade suficiente para se sustentar por si e tendo nuances diferentes que já ouvidos na voz do cantor. Entoando de maneira envolvente e levemente triste, o cantor entrega uma performance realmente suculenta e inspirada que se torna a cereja em cima do bolo. Uma pena que Moth To A Flame não tenha um refrão linear demais para uma canção que deveria ser esse momento o seu ponto alto. De qualquer forma, a canção é um trabalho que excede todas as expectativas de maneira a não deixar perguntas no ar.
nota: 7,5

A Lenda ABBA

Just a Notion
ABBA

Continuando a divulgação do seu comeback lendário, o ABBA lançou mais uma canção como single de Voyage: Just a Notion. Apesar da canção soar como um filler em comparação as duas canções já lançadas, o single ainda mostra a força do quarteto sueco.

Escrito originalmente para o álbum Voulez-Vous de 1979, a canção é uma leve, alegre e esperançosa balada mid-tempo europop/disco que consegue tirar um sorriso sincero do nosso rosto enquanto escutamos. Não irei colocar a canção como o suprassumo do ABBA, mas Just a Notion mostra o quanto relevante e atemporal é a sonoridade da banda. Com vocais originais, mas com uma instrumentalização gravada recentemente, a canção é uma pequena aula de como fazer pop mesmo que não seja o melhor é sempre inspirada e inspiradora.
nota: 7,5

O Refrão Perfeito

A Second to Midnight
Kylie Minogue & Years & Years


Continuando a sua jornada para levar a palavra do pop para todo o mundo, a Kylie Minogue irá lançar uma versão especial do seu sensacional último álbum intitulado Disco: Guest List Edition. E como primeiro single foi lançado a divertidíssima A Second to Midnight com a presença do Olly Alexandre (Years & Years).

A canção é uma sequência direta da sonoridade do álbum original ao ser uma deliciosamente nostálgica e despretensiosa de dance-pop/disco com uma batida leve, clean e viciante. Kylie e Olly tem uma química impressionante que já tinha sido sentida no remix de Starstruck. Em A Second to Midnight, a sensação se consolida, pois os dois artistas parecem ainda mais conectados e orgânicos em como as suas vozes iram se combinar. Todavia, o grande ponto alto da canção é o seu incrível refrão que consegue ser uma aula sobre como fazer um refrão pop sem usar de clichês ou muito menos esquecer a sua função de ser o cartão visita de uma canção pop. Infelizmente, Second to Midnight não é perfeita, pois a maneira que termina abruptamente sem tempo para o público curtir o seu clímax é um pecado que não é mortal devido a fator de estamos falando de uma canção de Kylie Minogue.
nota: 7,5

2 Por 1 - Måneskin

I WANNA BE YOUR SLAVE
Måneskin & Iggy Pop

MAMMAMIA
Måneskin

Uma das revelações de 2021, a banda italiana Måneskin pode não ser para todos os gostos, mas tenho que admitir que a banda é boa no que faz. E as provas disso é o lançamento de dois novos singles: I WANNA BE YOUR SLAVE e MAMMAMIA.

I WANNA BE YOUR SLAVE é uma agradável surpresa, especialmente a sua versão “remix”. A grande surpresa é ter incluído a participação do lendário Iggy Pop dando a sua personalidade única para a canção, conseguindo dar ainda mais personalidade. Sonoramente, a canção é uma sensual e quase sexual mistura de glam rock e hard rock que ter um verniz extremamente comercial. Felizmente, esse toque radiofônico não atrapalha, pois a composição ousada na medida consegue criar um equilíbrio bem o resultado final. Em MAMMAMIA, porém, a banda repete os mesmos artifícios em uma canção elétrica, repetitiva e levemente clichê, mas que se salva devido ainda o frescor da banda e a presença explosiva do vocalista Damiano David. Gostando ou não, o Måneskin é um dos rostos de 2021 para o bem ou o mal.
notas
I WANNA BE YOUR SLAVE: 7,5
MAMMAMIA: 7


22 de outubro de 2021

A Voz Que Faz a Diferença

Pa' Mis Muchachas
Christina Aguilera, Becky G, Nathy Peluso & Nicki Nicole

Com uma carreira tão prolifera é fácil esquecer das raízes latinas da Christina Aguilera. Filha de pai equatoriano, a cantora lançou um quase esquecido álbum em espanhol chamado Mi Reflejo em 2000 que era na verdade na sua maioria versões do seu debut. Depois de mais de vinte anos, a cantora irá lançar um novo trabalho em espanhol que tem como primeiro single a divertida Pa' Mis Muchachas.

Devo admitir que quando escutei pela primeira vez não embarquei na canção, mas ao analisei com cuidado maior percebi que Pa' Mis Muchachas é bem melhor que a primeira impressão. E isso é devido principalmente a estrela máxima da Aguilera. Apesar das boas presenças das convidadas é em Aguilera que a canção encontra a sua força para conseguir sair de uma latin pop com toques salsa/rumba bem produzida para uma canção realmente viciante. Além disso, a canção continua com a presente temática de empoderamento que a cantora sempre entregou até antes de entrar na moda. E assim Pa' Mis Muchachas continua a mostrar a Aguilera tem razão de ter sido alcunhada como a voz de uma geração.
nota: 7,5

Pequenas Mudanças

Wildest Dreams (Taylor’s Version)
Taylor Swift


Regravando quase todas as suas canções da primeira parte da carreira devido aos direitos autorias, a Taylor Swift começa uma nova era com o relançamento de Wildest Dreams, single de 1989. E, infelizmente, a cantora ainda não conquistou a minha opinião sobre essas canções.

Acredito que Wildest Dreams (Taylor’s Version) melhora a versão original devido o amadurecimento da voz da cantora, criando uma camada mais profunda de significação que a versão original. Tirando isso, a nova versão continua a ter para mim uma superficialidade e artificialidade que parece não sair do lugar comum do dream pop/synth pop que a cantora fez durante essa era. Caso Taylor tivesse regravado a canção com o interessante verniz folk/indie que os dois últimos álbuns apresentam, Wildest Dreams poderia se tornar um musica realmente bem acima da média.
nota: 6,5

O Remix Que Vale A Pena

fue mejor
Kali Uchis & SZA


Se a tendencia de fazer um remix de uma canção que não é um remix veio para ficar é melhor que o resultado seja acima da média como é o caso de fue mejor em que a Kali Uchis chamou a SZA para uma parceria bem azeitada.

A grande qualidade dessa versão é não mexer demais no já ótimo resultado final, mas também adicionar a personalidade da convidada de maneira natural e equilibrada. fue mejor é uma deliciosa, sensual e climática mistura de latin pop com R&B que consegue ter personalidade única distinta e ter essa qualidade comercial tão perfeita que chega a doer se a canção não virar um sleepy hit igual a Telepatía. Outra qualidade é a forma orgânica que as duas artistas combinam sem soar como um caça níquel barato. fue mejor continua a provar que a Kali Uchis é o tipo de artista que continua a crescer e que precisa de ainda mais reconhecimento.
nota: 8

Sabrina Swift

skinny dipping
Sabrina Carpenter


É bem obvio que a Taylor Swift já gera uma nova geração de artistas que são influenciadas pela sua persona artística diretamente. E essa é a clara percepção que se tem ao ouvir skinny dipping da Sabrina Carpenter.

A canção é uma balada indie pop com toques de folk aqui e acolá que claramente busca a atmosfera de canções da Taylor nos últimos tempos para criar estética pop de garota descolada/sentimental. Obviamente, a canção não consegue ter a mesma força dos melhores momentos de Swift e soa por várias vezes como uma imitação descarada, mas skinny dipping funciona no final das contas melhor que o esperado. A letra que conta a sobre o encontro casual com um ex é fofa, bem amarrada e tem até seus momentos interessantes. E Sabrina entrega uma performance honesta que não chega a empolgar, mas deixa claro que o que falta para a jovem é maturidade. E isso seria a cereja em cima do bolo para transformar a carreira da artista de uma promessa para uma realidade concreta.
nota: 7

19 de outubro de 2021

Uma Outra Gloria

A QUEDA
Gloria Groove


Sempre disse que a Gloria Groove é uma artista de um talento imenso, mas que ainda não tinha o reconhecimento do grande público no mesmo nível. Acredito que a sua participação no Show dos Famosos pode mudar esse problema, pois isso já pode ser visto em A QUEDA.

Maior lançamento da sua carreira, A QUEDA é o tipo de canção que poderia nem ser um sucesso comercial, mas encontrou seu lugar ao Sol devido ao imenso talento de Gloria. Primeiro, o clipe é simplesmente sensacional e digno do nível internacional. Em segundo, Gloria entrega uma performance avassaladora, ajudando a canção ganhar uma força gigantesca. Sonoramente, a canção é uma electropop/R&B sombrio e com uma batida realmente marcante e única. Devo admitir que o resultado poderia ser bem melhor, mas é algo completamente diferente que se ouve atualmente no cenário nacional o que ajuda a ganhar uma simpática extra em saber que a Gloria pode entregar coisas de personalidade sem recorrer aos clichês de sempre. Além disso, a composição fala sobre as consequências do famigerado cancelamento é bem feita e tem essa urgência que consegue trazer mais significação para a canção. Curiosamente, A QUEDA tem tudo para ser o a ascensão da Gloria Groove para outros parâmetros dentro da música nacional.
nota: 7,5

Existe um Lado Bom

Faking Love (feat. Saweetie)
Anitta

Continuando a sua jornada de não lançar uma canção realmente boa, a Anitta comete dessa vez a insipida Faking Love com a presença da rapper Saweetie.

Na teoria, a canção funciona ao ser uma mistura de electropop, hip hop e funk que deveria equilibrar as raízes da brasileira com a sua pretensão de ser uma diva pop internacional. Na pratica, porém, Faking Love tem uma batida minguada, repetitiva e sem muita inspiração que só começa a mostrar para o que veio na sua parte final quando a canção já está terminando. Além disso, a presença da Anitta que deveria ser a estrela é resumida a quase uma coadjuvante de luxo, deixando para a Saweetie roubar a canção com dois versos que ajudam um pouco o resultado final. Apesar da qualidade mediana, a Anitta pode dizer que ao menos não entregou uma canção pior que a da Jesy Nelson.
nota: 5,5

2 Por 1 - Rina & Phoebe

Enter Sandman
Rina Sawayama

Nothing Else Matters
Phoebe Bridgers

Devo admitir: nunca tinha ouvido uma música do Metallica. Provavelmente, devo ter escutado partes aqui e ali, mas parar para ouvir não lembro realmente de ter feito. Todavia, devo admitir que vou mudar essa história devido aos ótimos covers feitos pela Rina Sawayama e pela Phoebe Bridgers.

Parte do álbum comemorativo The Metallica Blacklist que celebra o álbum de maior sucesso da banda intitulado apenas Metallica (conhecido como The Black Album) de 1991, as regravações de ambas artistas são apenas algumas das várias versões de cinquenta e três artistas para as faixas do álbum. E mesmo mergulhadas em uma profusão de artistas e estilos, ambas ganham destaque fácil devido a qualidade de suas versões. Especialmente a ótima Enter Sandman pela Rina Sawayama. Para quem ouviu o seu álbum debut sabe que a britânica é uma artista versátil a ponto de ir do pop comercial ao metal com uma facilidade incrível. E aqui a cantora prova que é capaz se segurar esse tipo de canção de maneira natural e completamente adaptada vocalmente e emocionalmente. Rina consegue manter o espirito da canção original e adicional uma tonelada de personalidade na batida frenética e épica de Enter Sandman. Enquanto isso, Phoebe Bridgers empresta a sua delicadeza melancólica para dar sentimentalismo puro para Nothing Else Matters. Acredito que a aspereza do Metallica pode perder certa força na visão da jovem cantora, mas é repensado pela atmosfera lindamente construída que fica soando como o tema de um conto de fadas sombrio. Acredito que uma das maneiras de um artista mostrar que o seu legado é imortal é manter a sua força mesmo em versões de artistas completamente diferentes da sua essência. E isso é o que acontece com o Metallica.
notas
Enter Sandman: 8
Nothing Else Matters: 8


Queimando Palha

Shivers
Ed Sheeran

Parece que o Ed Sheeran entrou no automático sonoramente, pois depois de Bad Habits ser realmente medíocre, o britânico entrega a mediana Shivers.

Vamos aos pontos positivos: Ed entrega um trabalho extremamente comercial e com um refrão realmente divertido. Todavia, qualquer pingo de personalidade é colocado de lado para dar vez para uma batida repetitiva, batida e pouco interessante. Sem acrescentar nada novo ou mesmo diferente do que já ouvimos por outros artistas, Shivers e ajudada pela performance simpática e radiante de Ed. E mesmo tendo momentos bons, a letra entrega momentos de vergonha alheia como, por exemplo, “I wanna be that guy/ I wanna kiss your eyes/ I wanna drink that smile”. Queimando palha dessa maneira faz com que o Ed se repita de maneira nada atrativa.
nota: 6


17 de outubro de 2021

Primeira Impressão

Dancing With The Devil…The Art of Starting Over
Demi Lovato


Força Sem Base

Met Him Last Night (feat. Ariana Grande)
Demi Lovato


Met Him Last Night tinha tudo para ser um dos melhores momentos pop do ano, mas, infelizmente, termina sendo uma canção apenas ok. E devo admitir que isso não é por causa da presença de Demi Lovato e da Ariana Grande.

Entregando performance sensacionais, Demi e Ariana tem uma química realmente forte, mas que não é suficiente para elevar ainda mais essa dark electropop/R&B que não chega exatamente onde deveria chegar. A produção parece claramente dar para a canção uma força emocional que deveria tirar quem ouve do chão. O problema é que faltou exatamente o que a canção quer proporcionar: emoção. Linear demais para esse tipo de entrega, Met Him Last Night tem uma composição que superficialmente parece forte, mas não tem o apuro necessário realmente criar esse soco no estomago que seria necessário para fazer da canção algo realmente pungente. Restou para Demi e a Ariana carregar a canção da melhor maneira que podem sem terem a base necessária. Uma pena.
nota: 6,5

15 de outubro de 2021

O Retorno da Titã

Easy on Me
Adele

Depois de um hiato de seis anos, Adele volta aos holofotes com o seu lançamento do quarto álbum. Seguindo a já consagrada linha de dar o nome ao trabalho com a idade que a mesma o escreveu, 30 deve retratar os últimos acontecimentos da sua vida privada que foram da maternidade ao divórcio. Como primeiro single foi lançada a delicada e emocional Easy On Me.

Longe do soco no estômago que foram os primeiros singles dos seus dois últimos álbuns (Rolling in The Deep e Hello), Easy On Me é uma balada pop/pop soul que claramente o grande destaque é a capacidade da cantora de entregar uma composição relativamente direta, mas elevar a mesma em uma performance devastadora. Na canção, Adele faz uma crônica tocante e bittersweet sobre entrar em acordo com o passado ao rever seus próprios erros em um relacionamento no seu final, mas sem esquecer de mostrar para o outro em que o mesmo errou. Honesta, clara e lindamente composta, a canção tem em seu primeiro verso um dos melhores momentos da carreira da cantora em um momento realmente avassalador e de uma beleza poética exuberante. Adele, por sua vez, entrega uma performance sentimental, forte e tecnicamente perfeita que acerta ao não exagerar, mas, sim, usar de uma suavidade para explorar cada pequeno momento de emoção da composição. Obviamente, Easy On Me é sonoramente uma balada que a cantora já fez várias vezes. Todavia, Adele mostra novamente a sua imensa força ao transformar algo que poderia ser apenas uma balada pop em um momento de emoção avassaladora e possível novo smash hit em uma carreira já lendária.
nota: 8

Primeira Impressão

Batidão Tropical
Pabllo Vittar



Bom Com de B de Bom Mesmo

Triste Com T
Pabllo Vittar

Melhor canção de Batidão Tropical, Triste Com T entre com louvor no hall das melhores canções da carreira da Pabllo Vittar. E olha que a canção ainda tem alguns problemas que sempre permeiam as canções da artista.

Descaradamente uma deliciosa forró/brega feita para “imitar” as regravações do álbum, Triste Com T é beneficiado pelo carisma de Pabllo que consegue dar a sensualidade que a canção precisa e a transformar em uma envolvente, sexy e divertida ode a dor de cotovelo e, ao mesmo tempo, ao sexo. Acredito que a canção poderia ser ainda melhor com a adição de um segundo verso depois do refrão, mas Triste Com T é tão despretensiosa e viciante que esse problema fica esquecido no churrasco enquanto a gente dança como se não houvesse amanhã.
nota: 7,5

12 de outubro de 2021

2 Por 1 - Arca

Incendio
Arca

Born Yesterday
Arca & Sia

Apesar de ter apenas trinta e um anos, a DL/produtora/cantora espanhola Arca se tornou um dos nomes de importância única dentro do meio eletrônico devido aos trabalhos ao lado de nomes como Björk, Kanye West, FKA twigs, Kelela e Frank Ocean. Além disso, o lançamento de trabalhos solos também ajudou a artista a se transforma em uma força artística realmente impressionante. Tudo fica claro com os dois singles lançados: Incendio e Born Yesterday.

Acredito que não teria melhor nomes para Incendio, pois a canção é uma verdadeira explosão incendiaria de potencial altíssima. É complicado delimitar qual seria o gênero que melhor se adequa para a canção já que em cerca de dois minutos e quarenta é nítido ouvirmos uma gama grande de influencia que a Arca se utilizou para construir a canção. Provavelmente, o que mais se encaixa aqui é uma desconstrução de eletrônico misturado com house, EDM e electropop com toques poderosos de latin music, mas apesar dessa adjetivação é ainda difícil entender Incendio sem ouvir.

Na verdade, quem ouve ainda tem dificuldades de entender a magnitude sonora que está presenciando devido a inteligência apurada de Arca em produção uma canção cheia de camadas que se interligam de forma fluida e azeitada para criar essa apoteótica peça de arte. A cereja em cima do bolo é a performance acachapante de Arca que ajuda a dar ainda mais personalidade para a canção. Em Born Yesterday, Arca entrega uma canção mais acessível ao remixar uma demo da Sia. O problema aqui está fora das linhas da canção.

Cancelada depois do desastre que foi a recepção de seu filme Music e completamente equivocada representação do autismo, Sia é o tipo de artista que você ama ou odeia, mas deve reconhecer o seu imenso tamanho. Se conseguir superar os recentes eventos de maneira a apreciar o que é ouvido em Born Yesterday irá poder encontrar uma suculenta e pomposa power balada eletrônica com uma produção realmente sofisticada. Ouvir a união das ideias da Arca com os vocais característicos da Sai é a constatação que essa última passou muito tempo trabalhando com produtores/DJs farofentos que não sabiam de fato fazer com a sua voz e, principalmente, as suas composições. E a escolha da canção para abrir os trabalhos do álbum Kick II mostra que Arca é uma artista corajosa também publicamente ao confiar basicamente que a qualidade da canção ser capaz de “esconder” percepções de decisões tomadas pela Sia. E isso é basicamente talento.
notas
Incendio: 9
Born Yesterday: 8,5



Canceladas

BOYZ! (feat. Nicki Minaj)
Jesy Nelson


Existem canções que já nascem para serem flops. Ex-integrante do Little Mix, Jesy Nelson poderia começar a sua carreira solo de forma espetacular, mas a vida pessoal da mesma não deixaria até mesmo se a canção solo debut fosse genial. Acusada de blackfishing, prática que uma pessoa não negra tentar imitar a aparência de uma pessoa negra, e realmente não parece levar a sério, a cantora se junto com a rainha dos antivacinas Nicki Minaj para cometer a péssima BOYZ!.

Na teoria, a canção funciona que é uma maravilha, pois segue essa tendencia de ressuscitar o R&B/pop dos anos noventa como foi ouvido em Wild Side da Normani e Have Mercy da Chloe. Entretanto, a pratica é bem diferente devido a produção extremamente genérica que não consegue entregar nada de novo, excitante ou mesmo acima da média. BOYZ! parece funciona no refrão, mostrando um pouco do que poderia ser com uma produção realmente criativa, mas isso se perder na interpretação afetada de Jesy que força a barra no estilo sem entregar personalidade verdadeira. Apesar de Nicki entregar um bom refrão, a rapper não consegue nem mesmo tirar um sorriso amarelo da sua performance. E assim nasce uma carreira que parece morta antes de começar de verdade. Parabéns a todos os envolvidos.
nota: 4,5

Body Talk

Sister Ray
Foxes

Terminei a resenha do EP Friends in The Corner da Foxes dizendo que “longe de ser o trabalho perfeito, o EP pode ser a virada da Foxes para trilhar um caminho realmente brilhante”. E parece que minha “teoria” estava certa com o lançamento da ótima Sister Ray.

Uma das melhores canções que a cantora já lançou, Sister Ray parece ser a combinação de dois Body Talk: primeiro, o single da própria cantora lançado em 2015 e, em segundo, o lendário álbum da Robyn com o mesmo nome. Uma mistura deliciosamente carismática de electropop, EDM e uma clara referencia dos anos oitenta, Sister Ray tem um refinamento cristalino que consegue ser comercial e, ao mesmo tempo, ter toques de pura inspiração ao ser feito para “dançar e chora na discoteca”. Acredito que algumas aparas de pontas soltas como, por exemplo, o refrão poderia ser ainda mais explosivo, mas mesmo assim Sister Ray mostra que a Foxes realmente está no caminho certo.
nota: 8

Quase um Cover

Love (Sweet Love)
Little Mix


Nada melhor que começa uma nova fase na carreira do Little Mix que olhar para o passado e celebrar a maior girl band do novo milênio com o lançamento de um greatest hits. Intitulado Between Us, o álbum lançou como single a legal Love (Sweet Love).

A canção continua a mostrar que quando acerta o agora trio entrega momentos pop realmente refrescantes. Em Love (Sweet Love), a formula é repetida novamente com uma redonda, leve, comercial e divertida mistura de electropop e R&B que pode não ser genial, mas é carismática suficiente para grudar na cabeça. A grande qualidade da canção é o fato de parecer uma regravação de algum sucesso dos anos noventa como, por exemplo da também girl group En Vogue. Isso pode até afastar aqueles que gostariam de algo mais modernoso, mas, sinceramente, Love (Sweet Love) não teria personalidade sem esse toque. E que assim continue o do Little Mix pelo tento que durar entregando pop de qualidade.
nota: 7,5

10 de outubro de 2021

Primeira Impressão

Bright Green Field
Squid


As Loucas Aventuras do Squid

Paddling
Squid

Em Paddling, single de Bright Green Field, a banda Squid parece querer fazer o publico entrar em um transe hipnótico que ajuda a entender toda a grandiosidade da sonoridade da banda.

Com um pouco mais de seis minutos, Paddling é uma mistura bem azeitada, rica, eletrizante e impressionante de rock, punk, indie rock e toques de rock industrial que poderia desandar em uma suruba sem sentido, mas, felizmente, ganha um corpo extremamente bem definido devido a extraordinária instrumentalização. Boa parte da qualidade vem da segura e forte produção de Dan Carey que consegue manter tudo no rumo certo quando parece que vai descambar para algo que passa a linha da exploração sonora para o ruído indesejado. E mesmo não sendo a melhor faixa do álbum, Paddling é o tipo de canção que conquista de forma irremediável.
nota: 8,5

5 de outubro de 2021

As Idas e Vindas de Lana Del Rey

Arcadia
Lana Del Rey


Nos últimos tempos, os lançamentos da Lana Del Rey se dividem em acertar o alvo na mosca ou serem decepções que, apesar não serem bombas, deixam um gosto estranho na boca. Todavia, quando a cantora entrega momentos como Arcadia ainda dá para entender toda sua força artística como se fosse a primeira vez.

Entrando no top 5 de melhores canções da carreira da cantora, Arcadia é o encontro perfeito de todas as características da cantora, mas com pequenas e excitantes mudanças que ajudam a canção a alcançar outro patamar. O maior trunfo aqui é a avassaladora performance da cantora que sai daquele automático que em vários momentos deixava as canções como se fosse repetições de outras para entregar um momento tecnicamente perfeito e com uma ternura vivida que emociona de maneira orgânica e profunda. Especialmente no genial refrão que é um dos pontos altos da canção e um dos melhores momentos de toda 2021 dá para sentir essa entrega vocal. Outra qualidade de Arcadia é que, apesar de ser basicamente uma balada indie pop a base de piano, a produção dá uma atmosfera cinematográfica para a instrumentalização, terminando como se fosse o ápice de um musical sobre os anos 50/60 sobre os áureos tempos de Hollywood. Não espero que os próximos lançamentos da Lana estejam no mesmo nível que Arcadia, mas espero que de tempos em tempos a cantora possa entregar algo nessa mesma grandiosidade.
nota: 8,5

Nasce uma Estrela (Solo)

Have Mercy
Chlöe

Desde que conheci o duo Chloe x Halle estava predestinado ao estrelato. Com a benção da Beyoncé, as irmãs chegam ao um momento que estão ao um passo do paraíso. E o mais incrível é que ambas irão fazer isso como dupla e individualmente. Enquanto Halle deve alcançar outro nível com o lançamento da versão de A Pequena Sereia em que a jovem interpreta a Ariel, Chloe prepara o território dentro da música com o lançamento da ótima Have Mercy.

Bem diferente do que sonoridade da dupla mostrou em Ungodly Hour, Have Mercy é uma descaradamente sexy mistura de R&B, pop e hip hop que consegue criar uma batida frenética, deliciosamente viciante e comercialmente atrativa. Mesmo sendo curta, a canção consegue soar bem maior devido a excepcional produção capitaneada por Murda Beatz que consegue entrega personalidade suficiente para não apenas separar Chloe da multidão, mas também estabelecer com apenas uma canção possibilidades novas e excitantes para a cantora. E falado na jovem, a cantora é simplesmente uma estrela com uma carga de carisma que parece não caber dentro da canção com a sua performance simplesmente estonteante. Acredito que depois de Have Mercy fica ainda mais fácil entender porque a Beyoncé apostou alto das duas irmãs.
nota: 8

Música Para Amar e Ser Amado

Angel Baby
Troye Sivan


Uma boa balada romântica é sempre bem-vinda, mas quando essa balada é feita como Angel Baby do Troye Sivan é quase impossível não se deixar levar.

Possivelmente primeiro single do seu próximo álbum, a canção é uma despudoramente balada pop que não tem medo ser cafona na medida certa, chiclete e, principalmente, romântica ao ponto de ser melosa. O que faz a canção dar certo é especialmente o verniz dado que a faz soar como uma canção feita por algum astro pop ou boy band do final dos anos noventa, deixando um delicioso gosto de nostalgia ao seu final. Sabendo ser influenciada sem ser uma pastiche ou/e datada, Angel Baby também se beneficia da ótima performance do cantor que entrega delicadeza e carisma, ajudando a Angel Baby a realmente a ter personalidade além da ideia inicial. Sem precisar de redefinir nenhuma norma, Troye Sivan entrega o tipo de canção perfeita para realmente se sentir que o amor vale a pena.
nota: 8

Asperamente Bom

Skinnydipped
Banks

Depois de entregar a interessante The Devil, a cantora Banks volta a entregar outro momento realmente digno de dar uma conferida com a áspera Skinnydipped.

Um synthpop com uma batida contida e metálica, a canção parece ter algumas arestas soltas que, felizmente, não tiram o brilho final da canção. Acredito que o principal erro da canção é o seu refrão que não marca como poderia, mas isso é coloca em segundo plano devido a excepcional composição que consegue encontrar saídas inteligentes em momentos realmente inspirados. Todavia, o grande trunfo de Skinnydipped é a incrível, versátil e inegavelmente sensual que em apenas uma canção que não atinge três minutos consegue mostrar mais alcance que algumas cantoras em anos de carreira. Se continuar assim, a Banks pode entregar o seu melhor álbum até o momento.
nota: 7,5

3 de outubro de 2021

Primeira Impressão

MONTERO
Lil Nas X



O Caminho Pop

THATS WHAT I WANT
Lil Nas X

Assim como qualquer estrela pop, Lil Nas X lançou como single uma balada romântica depois de singles explosivos como foram Montero (Call Me by Your Name) e Industry Baby. Entretanto, o artista continua a sua cruzada destemida em Thats What I Want.

Novamente, o cantor entrega um hino queer se utilizando de fatores que sempre estiverem a disposição de artistas heteros. Em Thats What I Want, a produção entrega uma batida pop rock/pop até sonoramente comportada, mas muito bem construída e explosivamente comercial. O toque especial aqui é a sua temática: Lil Nas X canta e sofre por um amor de um garoto que precisa o amar sem medo. Direta, bem escrita e com um refrão pegajoso, Thats What I Want pode não virar o mesmo fenômeno que as canções anteriores, mas consegue fincar os dois pês de Lil Nas X mais fundo do terreno pop.
nota: 8