29 de janeiro de 2023

Uma Nova Era?

LLYLM
ROSALÍA

Com a sua consagração definitiva com o sucesso comercial e de critica de Motomami, Rosalía parece já começar a sua nova era com o lançamento da fofíssima e curiosa LLYLM.

A canção é uma cruza da sonoridade original da cantora com a pegada flamenco pop ao ser envernizado pelo toque pop comercial. Essa mistura resulta em uma canção peculiar em que dois mundos se colidem de maneira menos impactante que o esperado, mas de um refinamento ímpar em todos os quesitos. É estranho ouvir algo menos ousado com os trabalhos recentes da cantora, mas LLYLM parece ser um passo importante para Rosalía entrar de forma mais abrangente. Apesar dessa estranheza inicial, a canção consegue realmente se firmar devido a linda e natural performance da Rosalía que consegue embarcar em todas as mudanças da canção sem perder a sua personalidade. A composição funciona até mesmo no refrão de inglês, pois a sua adição soa orgânica devida ao teor da canção. Agora é esperar para ver se essa será o caminho dessa nova era ou apenas um trabalho solto da Rosalía.
nota: 8

Personalidade da Mídia

You Only Love Me
Rita Ora

O caso da Rita Ora é extremamente curioso: apesar de ter feito sucesso incialmente com a música, a mesma vem se mantendo por outros fatores que vão de tentar ser atriz até ser jurada em vários realities. Além disso, a cantora vem entregando basicamente a mesma música já tem anos como mostra o lançamento da mediana You Only Love Me.

Basicamente, uma nova versão de I Will Never Let You Down, a single que parece ser o primeiro do seu terceiro álbum é uma dance-pop/eurodance/electropop que parece requentada pela décima vez. Sem um pingo de carisma verdadeiro, You Only Love Me poderia facilmente ter sido lançada a cinco anos atrás e relançada agora que não faria nenhuma diferença artista para a Rita já que não acrescenta nada de novo para a sua fraca discografia. Tenho que admitir que a cantora entrega uma boa performance, deixado bem claro o seu belo timbre e o todo o potencial desperdiçado. E enquanto não tem nada para entregar que seja realmente a sua altura, Rita Ora é apenas uma personalidade da mídia mais famoso que a média.
nota: 5,5


Salada Mista

Can't Tame Her
Zara Larsson


A carreira da sueca nunca decolou de verdade, mantendo-se no limbo entre a promessa e o sucesso. Não sei se com Can't Tame Her será a canção que será a ponte, mas é um single no mínimo interessante.

Can't Tame Her tem uma produção que consegue ser uma prima de Dancing in the Dark da GaGa com toques dos trabalhos da Ava Max, misturado com pitadas de The Weeknd e a sua sempre presente influência dos anos oitenta sem, porém, nunca encontrar uma personalidade apenas sua. Entretanto, a canção consegue se sustentar por si devido a boa condução da produção que entrega uma simpática synth-pop. O seu ponto alto é a boa composição co-escrita pelo MNEK que consegue ter alguma força, especialmente com o redondo refrão. O que poderia fazer de Can't Tame Her algo realmente única era a presença de Zara, mas a cantora entrega uma performance apenas sólida sem adicionar nada realmente especial para a canção. Uma salada mista bem feita, mas sem sabor real que não vai marcar de fato. Uma pena.
nota 7



Golden Girls

Gonna Be You
Dolly Parton, Belinda Carlisle, Cyndi Lauper, Gloria Estefan & Debbie Harry

Poucas vezes uma canção realmente com vários nomes envolvidos realmente valeu a pena sua existência como é caso de Gonna Be You.

Entoado por um time de divas que fizeram basicamente a base da música pop em Dolly Parton, Belinda Carlisle, Cyndi Lauper, Gloria Estefan e Debbie Harry, Gonna Be You é um simpático e fofo tema sobre amizade que é especialmente para o filme 80 for Brady que conta com protagonistas outro time de atrizes que fizeram parte da história do cinema e da TV: Lily Tomlin, Jane Fonda, Rita Moreno e Sally Field. E como cereja do bolo, a canção é escrita pela rainha dos temas Diane Warren. Sinceramente, essa balada mid-tempo pop não faz jus a união de tantos pesos pesados, mas, sinceramente, a canção é provavelmente a única chance que teremos tantas divas envolvidas em apenas uma canção e por isso já vale a pela ser ouvida.
nota: 7



24 de janeiro de 2023

O Renascimento do Remix

Welcome To My Island (George Daniel & Charli XCX Remix)
Caroline Polachek

Se o remix de Ovule já me surpreendeu, então o resultado do Welcome To My Island da Caroline Polachek é a de cair o queixo de maneira realmente positiva.

Single menos impactante da cantora do seu novo álbum, a canção recebe um tratamento de luxo pelas mãos do produtor George Daniel e da Charli XCX. Na verdade, esse remix é a definição total de reconstrução, pois o resultado final é basicamente uma canção da Charli com participação de Caroline Polachek. E, sinceramente, isso não é nenhum problema, pois o público é agraciado com uma eletrizante EDM/electropop que usa a base de Welcome To My Island para criar uma batida explosiva, viciante e completamente dentro do nicho do seria uma canção da Charli da melhor qualidade. O único problema aqui é que a presença da Caroline poderia ser maior, pois a produção usa basicamente o refrão cantado pela cantora para a canção, soando mais como uma sample do que um remix. Isso não atrapalha o resultado final, pois Welcome To My Island (George Daniel & Charli XCX Remix) é uma ótima canção que consegue o feito raro de ser melhor que a original para a felicidade da nação.
nota: 8


Um Remix Raro

Ovule (Sega Bodega Remix) [with Shygirl]
Björk

Nos últimos tempos surgiram essa modalidade de remix que não é remix de verdade ao serem a mesma canção acrescida apenas de um convidado especial que é algo refrescante ouvir uma verdadeiro remix em Ovule da Björk.

Remixado por Sega Bodega e com participação da rapper Shygirl, a versão é uma desconstrução da versão original de maneira eficiente, original e revigorante que se mostra bem melhor que o esperado. Na resenha da original disse que a canção era “uma mistura de art pop com glitch pop e toques de jazz que criam uma instrumentalização que transita entre o minimalista e o intricado com uma facilidade imensa”. A produção mantem essa base e adiciona uma camada de trip trop e uk garage que adiciona personalidade nova para a canção, mas sem perder a ótima base da faixa remixada. A presença da Shygirl poderia ser mais pungente, mas, felizmente, a rapper adiciona a sua marca de maneira exemplar que se mistura com a canção de maneira orgânica. Obviamente, Ovule (Sega Bodega Remix) não é tão boa como a canção de origem, mas é uma ótima aula de como fazer uma remix verdadeiro.
nota: 7.5

Batidão Moderado

Contact
Kelela


Entre as canções lançadas até o momento do próximo álbum da Kelela (Raven), Contact é menos impactante. Isso não quer dizer, porém, que tenha alguma perda de qualidade no resultado final.

Uma estilizada, sensual, convidativa, envolvente e graciosa mistura certeira de R&B e uk garage que consegue encontrar frescor pelas mãos da cantora. Ao contrário das outras canções lançadas, Contact trabalha em uma linear sonora do começo ao fim que segura a canção de não levantar voo completo, mas, felizmente, a capacidade impressionante da produção de manter sempre excitante a batida ajuda a diminuir drasticamente os efeitos que essa decisão poderia tomar. Alia-se isso ao sempre ótimo vocal de Kelela que invoca os sentimentos perfeitos para a classuda composição sobre desejos latentes e explosivos encontros sexuais. E assim a cantora prepara de maneira excepcional o território para o lançamento do aguardadíssimo Raven.
nota: 8

Por Favor, Mais Valesca!

Proibidona
Gloria Groove, Valesca Popozuda & Anitta


Proibidona, novo lançamento da Gloria Groove, é uma canção surpreende, pois funciona bem melhor que o esperado. Entretanto, a canção tem um erro que impede da canção ser realmente um acerto completo: a falta de mais Valesca Popozuda.
A ideia da canção é muito boa: um funk que remete aos “proibidão” do gênero que o ajudar a fazer um sucesso no final dos anos noventa e começo dos dois mil. E, sonoramente, a produção acerta ao entregar exatamente esse estilo com toques de pop que ajudar a modernizar a canção. A composição é legal, apresentando alguns momentos acima da média e um refrão redondinho. Gloria e Anitta entregam boas performance, mas é no carisma de Valesca que a canção realmente ganha vida. O problema é que a Popuzuda tem uma participação relativamente pequena, repetindo o mesmo verso duas vezes, sendo a única representando original do gênero emoldurado e que deveria ter mais destaque em Proibidona. De qualquer forma, a canção é melhor que o esperado, mas bem longe do que poderia ser de verdade.
nota: 7

22 de janeiro de 2023

Especial - Os Melhores de 2022

 


Artista do Ano

 


Single do Ano

 


Revelação do Ano

 


Os Melhores Singles de 2022 - Final


Os Melhores Álbuns de 2022 - Final


Categorias Técnicas

 




Categorias Artísticas

 





Categorias Individuais




 

Categorias Gêneros




Pior Single

 


20 de janeiro de 2023

Grammy 2023

Esse ano o Grammy tem uma característica que, sinceramente, é pouco comum para premiações: ser justo. Apesar de alguns erros e omissões aqui e ali, alista dos indicados para 65th Annual Grammy Awards é bastante coerente e pode finalmente corrigir algumas injustiças. Então, irei fazer uma rápida resenha dos indicados e previsões para quem acredito que irá vencer em 5 de Fevereiro.




Começando o Ano em Alta Versão 2023

I Wish you Roses
Kali Uchis


Já uma tradição aqui do blog, o ano só realmente começa com o lançamento de uma canção realmente boa. Em 2023, quem cumpre esse ponto como louvor é a Kali Uchis com a ótima I Wish you Roses.

Primeiro single do seu próximo álbum em inglês, I Wish you Roses é uma volta considerável a sonoridade do começo da carreira da cantora, mas sem perder o frescor e originalidade que a mesma sempre apresenta. Uma melódica, sensual, envolvente e aveludada mistura de R&B, pop e indie, a produção é de uma maturidade ímpar que dá para a canção uma atmosfera que consegue ser épica e, ao mesmo tempo, intimista. E a linda e sentimental composição sobre saudades e o sentimento de finitude de um relacionamento mostra o talento lírico de Kalis que é sabe muito bem explorar com profundidade sem precisar pesar a mão para ser dramática e ser realmente sentimental. A sua sexy, relaxada e delicada performance vocal é o toque perfeito para aumentar toda o poder coativamente de I Wish you Roses. Assim de forma auspiciosa 2023 vai dando as suas caras.
nota: 8


Velhos Hábitos Que Não Precisam Morrer

Love From The Other Side
Fall Out Boy


O Fall Out Boy é um dos artistas que surgiram da leva do emo/punk do começo dos anos dois mil que melhore envelheceram, pois souberam evoluir a sua sonoridade sempre mantendo certa personalidade original. Nem sempre é um acerto, mas quando isso acontece é músicas como Love From The Other Side que é entregue.

O grande trunfo da canção é a sua ótima instrumentalização que não busca lugares comuns, mas, sim, uma construção revigorante, madura, texturizada e muito bem pensada que emoldura todas as boas qualidades da banda em um lindo e explosivo pacote. E por isso Love From The Other Side, uma fusão de rock alternativo, post-punk, emo pop e dance, se mostra até melhor que os últimos trabalhos da banda, voltando a glória do excepcional e pouco apreciado Save Rock and Roll de 2013. A performance sempre sólida e pungente de Patrick Stump é sempre muito bem e arremata a força da produção de maneira concisa. Devo admitir que liricamente, a canção parece mais do mesmo em relação ao que a banda já entregou, mas o ótimo refrão ganha pontos devido a sua carga viciante. A qualidade Love From The Other Side não garante que o álbum vai ter a mesma qualidade. Entretanto, isso é um começo bastante auspicioso.
nota: 7,5

17 de janeiro de 2023

Uma Segunda Chance Para: Anaconda

Anaconda
Nicki Minaj


Com a volta da Nicki Minaj ao sucesso comercial com Super Freaky Girl que resenhei devido a presença de certo produtor envolvido resolvi voltar alguns uns e olhar novamente para a canção que colocou a rapper definitivamente no panteão das grandes estrelas pop: Anaconda. E para o bem ou para o mal, a canção é um dos momentos mais importantes da década passada.

Acredito que a canção seja a representação bastante fiel de toda a carreira da Nicki: ame-a ou odeia-a. Não existe meios termos ou opiniões medianas. Ou você gosta ou odeia com muita força. Lançada como segundo single do terceiro álbum da rapper The Pinkprint de 2014, Anaconda é uma explosiva, afrontosa, grudenta e comercial ao extremo mistura de hip hop, pop rap e toques de drum bass que cria algo tão distinto e excêntrico que fica bem no limiar entre o absurdamente viciante e gigantescamente irritante. E o uso do sample Baby Got Back do Sir Mix-a-Lot ajuda amentar essa sensação, pois a canção apresenta essas mesmas características. E tudo colide com a explicita e controversa composição que é simplesmente uma ode ao pênis grande. Cheias de referencias e boas sacadas, a letra de Anaconda é vulgar, divertida, estridente e deliciosamente cafona, mas que funciona no instante que está de acordo com a persona que a Nicki sempre impôs durante os primeiros anos de carreira. O que para mim não tem como não apontar sendo o grande motivo para a canção funcionar é a performance espetacular, magnética, versátil e com uma dose cavalar e lendária da Nicki Minaj. Não apenas Nicki adiciona tanta personalidade que Anaconda se torna o tipo de canção que nunca poderia funcionar sem a sua presença e todas as versões que possam existir são apenas parodias pálidas do que a mesma alcançou. Anaconda é, sim, um dos momentos mais importantes da recente história do pop, mesmo que seja para ser odiada.
nota: 7,5

Sem Ir Para Lugar Nenhum

Gimme (feat. Jessie Reyez & Koffee)
Sam Smith

Depois de descobrir um novo nicho para a carreira com o sucesso de Unholy, Sam Smith lança a legalzinha Gimme que, infelizmente, não chega lugar.

Bem longe de ser a grande bomba que li muitos falarem, o single é uma mistura ok de dance pop com afrobeat que não passa de um amontoado de boas ideias que não chegam a ser bem explorados em nenhum momento. Sensual, mas repetitiva em seu refrão quase de uma palavra só, Sam entrega uma boa performance que é eclipsada pela presença da rapper Koffee que merecia um verso maior. A coitada Jessie Reyez fica responsável pelo backvocal e entoar o refrão da canção, sendo o ponto fraco de Gimme. Ao final, porém, a canção parece se encaixar melhor, mas isso não impede de ter essa sensação de algo que poderia ser bem melhor se tivesse uma produção a altura. Uma pena.
nota: 6

Esquisitices Adoráveis

C’est Comme Ça
Paramore


O hype para o novo álbum do Paramore tomou um desvio bem interessante com o lançamento de C’est Comme Ça. Apesar de ser a mais fraca, a canção mostra que a banda deve pisar no acelerador dos experimentos e isso é uma ótima notícia.

Dance-punk com pitadas generosas de alternativo, o single não deve agradar a gregos e troianos devido a sua construção esquisita e escolhas nada convencionais, mas quem embargar nessa pequena viagem irá se recompensado com uma canção irreverente, deliciosamente estranha e inteligente. C’est Comme Ça conta com uma performance de Hayley Williams tão explosiva como versátil, transitando do falar ritmado para a total diva punk. C’est Comme Ça é o tipo de canção que deve crescer depois de um tempo do seu lançamento e isso só mostra o atual ótimo momento do Paramore.
nota: 7,5

15 de janeiro de 2023

Antes Tarde do Que Nunca

Love Deluxe
Sade



Primeira Impressão

SOS
SZA



Matadora

Kill Bill
SZA


Ao contrário da Beyoncé, a SZA aproveitou o sucesso orgânico de Kill Bill para fazer da canção um verdadeiro sucesso com lançamento de clipe e uma pesada promoção. E o mais interessante é que a canção é essencialmente uma canção da SZA.

Kill Bill, que faz referência direta ao filme de Quentin Tarantino, é uma carismática, inteligente e viciante R&B com toques de pop que não reinventa a roda, mas faz um arroz com feijão tão gostoso que fica difícil de resistir. A melhor qualidade vem da sua ácida, humorada, divertida e emocional composição que narra a fúria/ressentimento da narradora depois do fim de relacionamento que resta apenas matar o seu ex. Nada de novo sob o sol, mas a inteligência lírica de SZA entrega momentos inspirado como, por exemplo, “I'm so mature, I got me a therapist to tell me there's other men” ou “I might kill my ex, I still love him, though/Rather be in jail than alone”. E com isso, SZA se torna dona do primeiro grande sucesso de 2023.
nota: 7,5

13 de janeiro de 2023

Miley Light

Flowers
Miley Cyrus

Acredito que depois do ótimo resultado artístico de Plastic Hearts, a Miley Cyrus tenha finalmente se comprovado como uma força pop de respeito. E é por isso que o começo dos trabalhos do álbum Endless Summer Vacation com o lançamento de Flowers seja um pouco abaixo do esperado.

Primeiro single do álbum, a canção é uma simpática, redonda, bem escrita e divertida mistura de pop, R&B e pop rock que fica a desejar no quesito de memorável. Faltou aquele “boom” para dar para a canção o verniz necessário para sair do bom para o ótimo. Talvez linear demais e sem uma ponte marcante, Flowers é realmente boa devido a sua ótima composição que narra a descoberta do amor próprio da Miley em relação ao “amor” do boy lixo. Especialmente o cativante refrão que poderia até ser mais explosivo que ainda funcionaria perfeitamente. Miley entrega uma performance admirável, conseguindo adicionar toda carga emocional e sabendo usar o distinto timbre para embelezar a canção. Flowers não é o bang que esperava, mas é um começo auspicioso para a nova era da Miley.
nota: 7


Shakira: a Língua de Chicote

Shakira: Bzrp Music Sessions, Vol. 53
Bizarrap & Shakira


É fácil notar qual será o principal tema do próximo álbum da Shakira: o seu divórcio. Isso fica claro com a luz do dia com o lançamento de Shakira: Bzrp Music Sessions, Vol. 53, single da cantora com produção de Bizarrap.

Tirando o esquisito nome que tem haver com a “estética” do produtor, a canção é uma electropop/dance-pop que não faz muito peso artístico, mas é beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem melhor que as tentativas da cantora no gênero sozinha ou acompanhada. E isso acontece pelo simples fato da produção ser redondinha do começo ao fim. Entretanto, o que faz da canção um acontecimento é a sua explosiva, ácida, honesta e completamente desconcertante (para o Piqué, claro) composição em que a cantora ativa a sua língua de chicote e manda pérolas como, por exemplo, “Uma loba como eu não é pra caras como você”, “Você me fez ter a sogra como vizinha/ Com a imprensa na porta e devendo à Receita Federal”, “Você trocou um Rolex por um Casio” e “Me tornei grande demais pra você/ E, por isso, você tá com uma igualzinha a você”. Apesar de bem explicitas, a composição funciona perfeitamente devido também a ótima, raivosa e cínica performance da Shakira que dá o lanço de ouro em cima do presente de Grego para o ex. Não é perfeita, Shakira: Bzrp Music Sessions, Vol. 53 é perfeita para essa fase da Shakira.
nota: 7

8 de janeiro de 2023

Os Melhores Singles de 2022 - Parte V



Single do Ano - Votação

Depois de definir os cinco duelos para Single do Ano é chegada a vez de escolher qual é o maior entre as finalistas. Votem


A Glória de Raye

Escapism (feat.070 Shake)
RAYE

Depois de entregar dois canções simplesmente sensacionais com Hard Out Here e Black Mascara, a Raye vem agora chutando a porta com o lançamento da viral: Escapism 

Com a liberdade de ser uma artista independente, Raye é capaz de entregar canções que rompem barreiras ao não ter amarras, pois estamos diante de uma visão única e distinta sobre o que a mesma deseja para a sua sonoridade. E isso atinge o ápice em Escapism. As nuances, texturas, quebras de expectativas e toques de genialidade que são adicionados na produção é algo revigorante, refrescante, eletrizante e impressionante, transformando esse hip hop/R&B com toques de eletrônico, blues e soul em verdadeiro evento de cerca de quatro minutos e meio. Na verdade, a canção é basicamente melhor que toda a carreira de várias contemporâneas de Raye em todos os sentidos. Complexa e com um toque comercial vertiginoso, Escapism é quase um hip hop opera sobre o uso do sexo e de relacionamentos passageiros para criar um muro no nosso emocional para que se possa sentir nada. Genialmente bem escrita e com senso estético preciso, a canção tem a sua cereja em cima com a performance que remete a uma força da natureza em plena ebulição. E, felizmente, o imenso talento da cantora é recompensado com o sucesso comercial de Escapism que alcançou o topo da parada britânica. Melhor primeira notícia de 2023.
nota: 9

A Um Passo da Glória

Dancing's Done
Ava Max


O remodelamento da carreira da Ava Max vem sendo realmente um momento interessante para a história do pop, pois está fazendo exatamente o que a cantora fez no primeiro álbum com a diferença de elevar o material a um novo patamar. Entretanto, Dancing's Done poderia ter sido o ápice dessa nova fase, faltando um pouco aqui e ali.

Dancing's Done é uma carismática, sólida e redonda electropop/eurodance com um refrão grandioso que, infelizmente, não explode como deveria ser, especialmente devido a construção que vai se formando desde a primeira nota. Quando comecei a escutar a canção pensei na hora em Bad Romance da GaGa não por parecer sonoramente, mas, sim, por exalar a mesma vibe. E mesmo que a canção não tivesse no mesmo nível, o single da Ava poderia ser uma experiência memorável e não resultar em algo apenas bom. Essa sensação é aumentada devido a poderosa performance da cantora que facilmente poderia ter sido levada ao extremo se a produção não ficasse nesse linear sonoro. Felizmente, Dancing's Done é um bom tijolo nessa nova era da Ava Max. 
nota: 7,5