24 de março de 2016

Primeira Impressão

This Is What the Truth Feels Like
Gwen Stefani



É muito complicado falar sobre a carreira solo da Gwen Stefani. Não que eu não goste da pessoa Gwen ou não admire ela como artista, mas os sentimentos que tenho pelos dois álbuns dela são os mais contraditórios possíveis. De um lado está o meu mais profundo amor por Love, Angel, Music, Baby que é, em minha opinião, a obra pop mais perfeita dos anos '00 e um dos álbuns da minha vida. Do outro lado está o meu desprezo pelo medíocre The Sweet Escape que é apenas um esboço do outro álbum e um bem mal acabado. Essa impressão não é só minha, pois Gwen apenas agora, depois de dez anos, resolveu voltar a investir na carreira solo com o lançamento de This Is What the Truth Feels Like.

A primeira característica para entender o álbum é que o momento do seu lançamento é completamente diferente daqueles em 2004 e 2006. Não apenas comercialmente, mas, principalmente, pessoal. O mercado fonográfico é outro bem diferente e mais complicado e Gwen já não precisa provar que pode ser uma estrela longe do No Doubt. Além disso, a cantora se separou do marido, o também cantor Gavin Rossdale, que resultou em um divorcio complicado, mas encontrou um "porto seguro" nos braços de Blake Shelton, companheiro no The Voice. Soma-se um bloqueio criativo que a fez jogar fora várias canções em 2015. Resumidamente: um turbilhão de emoções ao mesmo tempo. Dessa maneira This Is What the Truth Feels Like deveria refletir todo esse momento na vida da cantora. Até acontece essa reflexão, mas não tão boa como era o esperado.

This Is What the Truth Feels Like não tem medo de ser um álbum pop comercial, mas também não esconde a sua ambição de ser um trabalho mais profundo e significativo. Os temas das canções giram entre a dor da separação, o empoderamento da descoberta de ser feliz sozinha e o prazer de encontrar um novo amor. Temas recorrentes que poderiam ser trabalhados de uma maneira que desse uma real sensação de estarmos diante de uma grande crônica desabafo. O que acontece, na verdade, é que o trabalho estético feito nas letras é mediano apenas, nada muito original ou genial, mas muito menos vergonhoso ou repreensível. O resulta final geral é que a maioria são composições fofinhas e bonitinhas demais que terminando soando como "blands". Nem ao mesmo o álbum possui aqueles refrões viciantes e grudentos para compensar. Felizmente, o imenso carisma e talento de Gwen Stefani ajuda a melhorar This Is What the Truth Feels Like, pois sem a ousadia magistral ouvida no seu primeiro álbum, a sonoridade da cantora nas mãos de produtores como Greg Kurstin, Mattman & Robin, Stargate e Jonathan "J.R." Rotem se torna um comum e redondinho pop adulto com toques de eletrônico e pop rock, mas que é muito bem finalizado. O álbum melhora da sua metade para frente com as boas Send Me a Picture, Red FlagMe Without You. Entretanto, o sabor inicial é mais forte e This Is What the Truth Feels Like termina como uma boa oportunidade desperdiçada, mas que tem o lado positivo de não ser um verdadeiro desastre. Um meio do caminho na carreira da Gwen Stefani.

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