27 de setembro de 2019

Plot Twist

People
The 1975

Um artista resolver mudar a sua sonoridade pode ser algo bom, mas é preciso sabedoria para mudar sem parece algo desesperado ou artificial. Felizmente, esse não é o caso da banda The 1975 que surpreende com o lançamento de People.

Normalmente conhecidos pela sonoridade electropop/indie pop/rock, a banda britânica tem em People a sua canção mais diferente da carreira ao lançar uma dance punk/punk rock. Surpreende ao extremo, a canção poderia ser uma tentativa desesperada de mudar a sonoridade da banda, errando miseravelmente em todos os requisitos. Isso, felizmente, passa longe de ser a realidade, pois People é eletrizante, bem construída e orgânica faixa que resulta em um trabalho realmente orgânico para o The 1975. Lembrando a urgência dos trabalhos do Green Day em seu ápice, People é uma cortante, ácida e inteligente reflexão sobre a geração millennial que ajuda a dar uma ideia sobre como deve ser o álbum Notes on a Conditional Form. Ainda é cedo, todavia, para afirmar se o álbum em si irá seguir a mesma pegada de People ou irá flertar com outros gêneros ou a canção foi apenas uma curva fora da reta, mas a mesma cria uma ótima expectativa para a gente descobrir. Aguardemos.
nota: 8

25 de setembro de 2019

Late For The Party

Torn
Ava Max

Com o lançamento de Torn, a Ava Max tem a sua melhor canção da sua curta carreira. A má notícia que a canção está alguns anos atrasada.

Torn é um divertido, dançante e empolgante dance pop que tem uma influência pesada de músicas do ABB. Na verdade, a canção parece ter usado um sample de Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight) do grupo que, sem ter os créditos devidos, pode gerar um belo de processo. De qualquer forma, a canção se sustenta perfeitamente com uma produção refinada e que sabe entregar uma batida leve, clean e comercial na medida certa. Além disso, Ava entrega uma performance segura e a canção apresenta um refrão muito bem estruturado. O problema é que a canção parece um trabalho que deveria ter sido lançado lá pelo final da década passada quando a GaGa começou a sua carreira com o de The Fame. Soando um pouco datada, Torn já nasceu para não ser sucesso comercial. Uma pena.
nota 7,5

23 de setembro de 2019

Entre o Pop e Arte

holy terrain (feat. Future)
FKA twigs

A linha entre o pop(ular) e a arte pode ser tão fina quanto ao de uma linha de costura e, ás vezes, nem existe essa separação. Entretanto, aqueles artistas que transitam precisam de extra cuidado e talento para não cair em lugares fáceis que esse caminho pode apresentar como, por exemplo, a tentação de ser apresentar algo soberbo intelectualmente ou que simplesmente seja apenas comercial. E uma das artistas que consegue entregar o perfeito equilibro entre a arte e o pop é a FKA twigs que, depois de entregar a genial cellophane, voltar a maravilhar com o lançamento da sensacional holy terrain.

A melhor definição sonora para holy terrain é que a FKA twigs foi capaz de criar uma das primeira trap indie pop art. De cada um dos gêneros fundidos, a canção se beneficia das melhores qualidades de cada uma: a batida marcante e bem marcada do trap, a sensação de quebrar as barreiras do convencional que o indie é impregnado, o delineamento estrutural do pop e o refinamento intelectual e estético que a elevação a categoria de art pode trazer. Tecnicamente, holy terrain é um espetáculo, mas é a sensação que canção exala que ajuda a transforma-la em um trabalho memorável. Sensual, delicada, romântica, dançante, sombria e com uma áurea de mistério que apenas adiciona nuances para o resultado final, holy terrain é um tipo de trabalho que parece feito para se descoberto anos depois de seu lançamento e virar algo o mais próximo do cult, pois não acho que boa parte do público atual esteja realmente preparado para a sua magnitude. Com uma composição inspiradíssima que consegue misturar imagens fortes com a expressão de sentimentos tão humanos e mundanos, FKA twigs entrega uma contida e avassaladora performance que a ajuda a colocar como uma das melhores artistas da atualidade. O único problema da canção é a interessante participação de Future que, apesar de boa, soa um pouco deslocada no contexto geral. De qualquer forma, holy terrain é um exemplo primoroso sobre como caminhar as difíceis, por muitas vezes, quase impossível estradas que dividem a arte e o pop.
nota: 8,5 

22 de setembro de 2019

Aqueles Bons Dias do Passado

Ibtihaj (feat. D'Angelo & GZA)
Rapsody

Enquanto as rappers femininas começam a ganhar mais e mais espaço, o mercado ainda é uma pequena bolha que nem todas conseguem alcançar o mesmo sucesso perante o público. Por isso, hoje irei jogar uma luz em uma rapper que precisa ser descoberta, pois Rapsody é, talvez, a melhor da atualidade. E isso fica muito bem claro na avassaladora Ibtihaj.


Single do seu terceiro álbum, Ibtihaj é em homenagem a primeira americana muçulmana a competir nas Olimpíadas. E, assim como esse fato, a canção apresenta uma força sonora impressionante e que consegue dar a rapper uma dimensão artista incomparável com a suas contemporâneas. Dona de uma batida marcante, madura e que beira o épico, a canção apresenta uma produção que consegue prestar uma homenagem a sonoridade clássica do rap/hip hop, mas sem parecer uma cópias ou perder o senso de modernidade. Dinâmica e com várias nuances bem vidas, Ibtihaj é o tipo de musicão que parece cada vem raro no gênero povoado por batidas trap simplistas e repetitivas. Mesmo com a presença dos lendários rapper GZA (dono da canção que inspira o trabalho) e do cantor D'Angelo (a única critica aqui é a voz distorcida do cantor), a estrela da canção é a versátil e poderosa presença de Rapsody que domina cada momento de forte direta e sem usar de maneirismos desnecessário para passar o seu recado. Ibtihaj é, além da demonstração do talento de Rapsody, a lembrança que ainda existe aquele bom e velho rap de bons dias que ainda podem voltar.
nota: 8,5

19 de setembro de 2019

Frustração

I Warned Myself
Charlie Puth

Depois de lançar o segundo álbum, o Charlie Puth parecia que estava em um bom caminho para o sonoridade. O banho de água fria nas expectativas vem através da frustrante I Warned Myself.

A canção parece mostrar um novo caminho para a sonoridade do cantor que, na verdade, nada mais é uma espécie de "imitação" do low pop que vem dominando as paradas com nomes como o da Billie Eilish. Não tem nada de errado em seguir uma tendência, mas a produção de Charlie ao lado de Benny Blanco erra pesadamente na construção do entediante arranjo. Repetitivo e pouco criativo, o arranjo ainda tem o imenso banho de água fria ao não entregar o clímax que o mesmo promete desde os seus primeiros segundos. E mesmo com uma boa performance e uma composição que acerta no tom, a canção nunca consegue se recuperar desse erro de produção primário. Frustrante.
nota: 5

17 de setembro de 2019

Boa IZA

Meu Talismã
IZA

Mesmo no topo da sua carreira, a IZA ainda precisa refinar a sua sonoridade para conseguir encontrar exatamente qual é o melhor caminho para seguir. Acredito que Meu Talismã dá uma boa ideia de qual é esse caminho.

A canção remete à varias faixas do álbum Dona de Mim em que a cantora flertou com graça com o R&B mistura com o pop nacional. Meu Talismã é uma balada quase mid-tempo com uma batida delicinha e uma atmosfera romântica que poderia ter mias estofo sonoro, mas funciona bem devido a sua pegada despretensiosa e melódica. A composição é bem escrita, mas só mostra de fato o real potencial que a cantora pode alcançar nos versos após o primeiro refrão em que se faz várias referências divertidas a outros artistas brasileiros. Espero que os próximos lançamentos possam seguir a mesma crescente que Meu Talismã pode ter iniciado. Talento para isso é algo que ninguém mais dúvida que a IZA possua de sobra.
nota: 7

15 de setembro de 2019

Don't Call Me Destiny

Don't Call Me Angel (Charlie's Angels)
Ariana Grande & Miley Cyrus & Lana Del Rey

O encontro de grandes divas para lançarem uma canção não é mais novidade nenhuma, mas ainda causa bastante burburinho quando feito de forma correta. A mais nova a realizar esse feito é a antecipada e inusitada parceria da Ariana Grande, Miley Cyrus e Lana Del Rey em Don't Call Me Angel (Charlie's Angels), tema do reboot de As Panteras. O problema é que a canção já tinha antes do nascimento uma grande barreira para vencer: a comparação com o tema musical mais famoso da franquia, o clássico moderno Independent Women das Destiny's Child.

Lançada em 2000, Independent Women foi o tema do primeiro filme de As Panteras com a formação com Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore e, também, a canção que consolidou o agora trio Destiny's Child como um dos maiores nomes da música do começa daquela década. Número um na Billboard e sucesso mundial, a canção foi a responsável por começar a criar a persona da Beyoncé perante ao grande público como uma verdadeira diva, pois a mesma é creditada como compositora e produtora da canção. Além disso, a canção é uma ótima, empoderada e marcante mistura de R&Be pop que marcou uma época. Então, Don't Call Me Angel (Charlie's Angels) já surge com essa dificuldade em tentar manter a mesma qualidade e importância que a sua "prima" temática. Em relação ao sucesso é ainda cedo para afirmar alguma coisa, mas em relação a qualidade já pode afirmar que a parceria com três dos nomes femininos mais importantes do pop atual está bem aquém do potencial artísticos das envolvidas, mesmo apresentando algumas coisas boas.

É necessário dizer que para uma canção que uni três artistas tão diferentes, Don't Call Me Angel (Charlie's Angels) é uma canção melhor que o esperado. Entretanto, o single está longe de sustentar tamanhos talentos devido a não saber como equilibrar cada personalidade. O grande problema da canção é que a mesma é, na verdade, uma canção da Ariana Grande que tem duas participações especiais e, por isso, a grande estrela aqui é a dona de Thank You, Next. E o estilo da canção até lembra a sonoridade da cantora, mas com uma aceleração da batida para criar um tem mais adequado para um filme de ação. A produção é até boa já que temos um dance pop bem feito, divertido e comercial que tem certa personalidade. Todavia, a canção não passa de ser apenas bem feito, deixando a desejar quem esperava algo impressionante e original. A maior prejudicada é a Miley Cyrus que faz o que pode com dois versos esquecíveis no meio dos refrões e estrofes cantados pela Ariana. E mesmo também sendo renega a uma estrofe com versos repetidos, Lana impõe o seu estilo e consegue roubar a cena em pouco tempo. Esse momento dá uma visualização do que a canção poderia ter sido se os estilos de cada fosse melhor trabalhados para criar uma canção realmente a altura dos talentos reunidos.
nota: 6,5

13 de setembro de 2019

Um Passo Para o Básico

Yo x Ti, Tu x Mi
ROSALÍA & Ozuna

Mesmo sendo o maior nome feminino da música em espanhol/latina, a Rosalía precisa tomar cuidado para não se transformar na cantora massificada que o sucesso comercial pode causar. E a canção Yo x Ti, Tu x Mi deixa bem claro que a mesma está perigando cair nesse buraco.

O grande problema em Yo x Ti, Tu x Mi é que a personalidade da cantora parece bem mais diluida em relação aos trabalhos mais comerciais que a mesma lançou nos últimos tempos como, por exemplo, em Con AlturaAute Cuture. Dessa maneira, a canção se torna uma normal e bem feitinha mistura reggaeton com latin pop que coloca aqui e ali os toques da personalidade da cantora de forma que ainda é possível ouvir uma ousadia muito bem vinda na construção da canção. Felizmente, essas nuances sonoras quebram certa expectativa, ajudando Yo x Ti, Tu x Mi a ter mais substância que a maioria das canções do mesmo estilo. Outro problema é a presença descartável do Ozuma, mas que é compensado pela presença luminosa da Rosalía que sabe como dominar uma canção de forma certeira. Por enquanto, as canções dessa fase da cantora estão funcionando, mas estão caminhado em uma linha tênue entre o bom e o básico.
nota: 7

11 de setembro de 2019

2 Por 1 - Camila Cabello

Liar
Shameless
Camila Cabello

Apesar de não ter acredito no começo da sua carreira solo, a Camila Cabello virou uma potência musical considerável que já contabiliza dois números um na Billboard, alguns milhões de cópias vendidas e alguns recordes de streamings e visualizações.  Agora, porém, chegou o momento mais complicado e decisivo da sua recente carreira: o segundo álbum. É nessa era que a cantora irá provar se é capaz de se manter relevante comercialmente e, principalmente, se mostrar amadurecida artisticamente. Os sinais que chegam dos dois primeiros single do álbum Romance, Liar e Shameless, não poderia ser mais contraditórios.

Começo pelos sinais negativos que estão em Shameless. Tentando mostrar que tem mais para oferecer que apenas canções pop como já tinha tentando na Never Be the Same, a cantora entrega uma confusa e estranha mistura de pop rock com eletrônico e toques de punk pop que mais parece alguma canção da Halsey. E, sejamos sinceros, soar como a Halsey não é exatamente uma coisa que ajuda nem a própria Halsey, imagina com a Camila Cabello que não tem a força vocal suficiente para segurar uma canção com tamanho estofo instrumental. Por isso, a performance da cantora soa estridente e, várias vezes, inadequada para o alcançar o nível que a canção precisa. O ponto positivo é a boma e madura composição, mas que se perde no meio de tanta equívocos. Felizmente, Liar se apresenta como um contraponto muito bem vindo. 

Continuando a mostrar as suas origens latinas, Camila mostra que a música latina é muito mais ampla que o que é comum atualmente no maisntream. O single é uma divertida, bem produzida e cativante mistura de latin pop com ska e leves toques de flamenco que remetem diretamente para uma sonoridade popularizada nos anos noventa. Sexy na medida certa e com um refrão viciante, Liar é o tipo de canção que ajuda a Camila a demonstrar de verdade a sua evolução já que a faz de forma orgânica e despretensiosa. A composição poderia ser melhor? Sim, mas é o suficiente para dar a oportunidade da cantora de brilhar vocalmente, deixando o seu delicado timbre dominar a canção de forma natural. Agora é saber como a cantora irá pender para o lançamento do segundo álbum. Acredito que não tenha dúvidas de qual lado prefiro.
notas
Liar: 7
Shameless: 5,5

10 de setembro de 2019

A Delícia do Bom Brega

Escolheu a Pessoa Errada para Humilhar (feat. Boss in Drama)
Johnny Hooker

A chamada música brega no Brasil é muito mais interessante que parte do público elitista acredita que seja. Feita principalmente na parte norte/nordeste do nosso país, a música brega tem uma coleção de gêneros, ritmos e subgêneros que fala tanto quanto s sobre a nossa brasilidade como os gêneros que surgiram aqui no sul/sudeste. E é mesmo não gostando é preciso admitir a sua importância para a construção da rica sonoridade brasileira. Quando a mesma é tratada de forma digna é capaz de entregar bons momentos como é caso de Escolheu a Pessoa Errada para Humilhar do Johnny Hooker.

Sempre flertando com estilos populares, Johnny Hooker faz de Escolheu a Pessoa Errada para Humilhar uma divertida e, ao mesmo tempos, respeitosa mistura de forró, tecno brega e arrocha que empolga de verdade. Obviamente, a canção segue os passos da maioria das canções desses gêneros ao ser uma "sofrência" do começo ao fim. Dessa vez, porém, o cantor dá o seu toque ao ser uma canção com temática LGBTQ+, ajudando a canção a ter uma nova e importante significação. Apesar das qualidades, a canção não é perfeita e tem alguns problemas de produção. Capitaneado pelo produtor Boss in Drama, Escolheu a Pessoa Errada para Humilhar tem uma batida que, após o seu dramático início, termina de forma linear sem ter aquele momento de clímax que poderia elevar a canção. Além disso, o refrão poderia ter sido melhor trabalhado para não terminar um pouco arrastado na parte final. Tirando esses fatos, Escolheu a Pessoa Errada para Humilhar é a comprovação que existe o bom brega.
nota: 7

9 de setembro de 2019

Coisas da Vida

Slide Away
Miley Cyrus

Normalmente, uma canção reflete o estado de espírito/emocional de quem a escreve e, por isso, sempre é possível entender o que se passa na vida de um artista apenas ouvindo uma canção, criando uma conexão entre o que a gente está sentindo ou sentiu em algum momento. Existe uma linha fina, porém, que ajuda o público a separar o que é arte e o que é a vida do artista. E, claro, essa linha sempre está sendo atravessada, criando algum ruído que pode ou não ser bom. Felizmente, a Miley Cyrus cai na segunda posição com o lançamento da boa Slide Away.

Diferente da sonoridade básica apresentada no EP SHE IS COMINGSlide Away é uma bem estruturada mistura de dream pop com indie pop/rock que cria uma canção com personalidade, mesmo que não apresente nada realmente excitante em sua formação. A melhor parte da canção é conseguir balancear bem o lado comercial com o lado mais artístico em um batida bem trabalhada. A boa performance da cantora sem abusar de exageros e deixando o seu peculiar timbre brilhar ajuda a dar a uma das melhores letras que a cantora já tenha entoado: Slide Away é claramente sobre os problemas que a mesma enfrentava no seu casamento com o ator Liam Hemsworth que, antes do lançamento da canção, foi anunciado o seu término. Madura, melancólica e com um leve toque de esperança, a canção ajuda a dar uma nova esperança para o lançamento do próximo álbum da cantora se o resto das canções continuarem nessa mesma toada emocional/criativo.
nota: 7

7 de setembro de 2019

As 15 Melhores Vozes Femininas da Atualidade - 2019

De tempos em tempos, o blog realiza uma escolha para definir quais são as melhores vozes femininas do momento em que o post está sendo escrito. E antes de começar é necessário salientar que, obviamente, a lista é subjetiva as preferências minhas e, também, uma séria de parâmetros que uso para decidir as quinze posições. Relevância atual, últimas performances ao vivo e lançamentos recentes contam bastante assim como outros critérios que podem vale para um ou outro nome. Claro, sempre tento ser o mais justo possível como, por exemplo, não irei colocar uma cantora que, apesar ter uma voz acima de qualquer crítica, está há muito tempo sem nem fazer uma apresentação ao vivo. E mesmo assim, eu sei que terá pessoas que irá discordar das minhas escolhas e os motivos. Todos estão livres para opinião, concordar e discordar. Então, sem mais delongas, aqui a lista de 2019 de As 15 Melhores Vozes Femininas da Atualidade.



3 de setembro de 2019

A Majestosa Versatilidade de Jorja Smith

Be Honest (feat. Burna Boy)
Jorja Smith

A britânica Jorja Smith parece ser o tipo de cantora que não tem o menor medo de se aventurar nas suas próprias influências para amadurecer a sua sonoridade. Depois do promissor debut Lost & Found que a rendeu uma indicação ao Grammy de Melhor Novo Artista esse ano, a cantora parece preparar o seu segundo trabalho com o lançamento da ótima Be Honest.

Desde já a canção já pode ser chamada de a melhor música que a Rihanna nunca gravou, sendo que Be Honest é uma mistura perfeita da RiRi mais pop com aquela que ouvimos em Anti. Entretanto, não vá esperando que a canção sofra de qualquer síndrome de falta de personalidade, pois a presença majestosa de Jorja injeta doses cavalares de carisma em uma presença vocal impressionante. Sabendo com se comportar como uma tradicional e comercial diva pop e, ao mesmo tempo, injetar nuances que acrescentam "enchimento" para a sua performance, criando algo realmente empolgante e excitante. E a produção caminha exatamente na mesma toada. Apesar de ser fusão de soul com reggae que não apresenta nada de novo, a produção consegue criar uma batida sexy, melódica e com a profundidade exata para ficar em um bom lugar entre o comercial e o autoral. Até mesmo a participação do nigeriano Burna Boy é muito bem coloca, adicionando ainda mais personalidade para a canção. E é com essa majestosa Be Honest que a Jorja Smith se torna uma das artistas que estou mais esperando para os próximos lançamentos.
nota: 8

2 de setembro de 2019

O Caminho Quase Certo

Motivation
Normani

Ninguém pode dizer que a Normani não está fazendo de todo para que a sua carreira solo emplaque e, até o momento, alcançou bons resultados ao não apostar em se lançar ao de cara. Emplacando duas parcerias no top 10 da Billboard (com o Khalid e o Sam Smith), a cantora finalmente lançou o seu primeiro single realmente solo com Motivation, mas a canção ainda mostra claramente que a mesma ainda precisa crescer muito artisticamente.

Apesar de contar com um time estrelado de pessoas envolvidas na sua criação (Ariana Grande assina a co-autoria da composição ao lado de Max Martin, Savan Kotecha e Ilya Salmanzadeh com o último produzindo), Motivation sofre de um grande problema de produção ao terminar soando meio genérica e com uma batida sem refinamento. Dá para perceber que existe uma ideia boa por trás da batida pop/R&B que remete a sonoridade do final dos anos '90 e começo dos '00, mas faltou sutileza e um polimento bem definido para trazer a canção a vida de fato e não ficando soando como uma quase demo ainda inacabada. Felizmente, a sorte de Normani é que a mesma tem carisma para segurar esse tipo de canção mesmo que não esteja a sua altura e o vídeo clipe parece aquele feito para lançar uma cantora ao posto de próxima promessa de diva pop. O caminho tomado só precisa corrigir alguns erros de percurso.
nota: 6