29 de setembro de 2017

Colecionador de Baladas

Perfect
Ed Sheeran


Não há dúvidas que o Ed Sheeran se tornou o "trovador" pop da atualidade. Depois do mega sucesso de Thinking Out Loud e o bom desempenho de Photograph, a nova aposta é a canção Perfect do álbum ÷.

Perfect é descaradamente uma canção feita para embalar e emocionar casais apaixonados. E qual o problema disso? Nenhum quando é bem feito e "de coração" como Ed faz em Perfect. Feita como uma balada pop com arranjo de base de guitarra, lembrando muito Thinking Out Loud, e com uma atmosfera que soa como quase como uma valsa moderna. Um pouquinho longa demais, Perfect ganha quem ouve pela composição clichê, romântica e totalmente emocional em que Ed, vocalmente inspirado, fala sobre ter encontrado a mulher da sua vida. Lançada apenas como quarto single de ÷, Perfect pode não ter o mesmo impacto comercial. Entretanto, não duvide da capacidade de Ed Sheeran emplacar uma balada e fazer da canção um dos últimos sucessos de 2017.
nota: 8

28 de setembro de 2017

Independente

Provider
Frank Ocean

Nem sempre todas as canções que são gravadas para um álbum entram no corte final. Alguns artistas já chegaram a gravar centenas de canções para depois cortarem para 12 ou 14 faixas. Esse pode ser o caso do Frank Ocean que vem lançando faixa soltas nos últimos tempos depois do lançamento do álbum Blonde. Ou simplesmente o cantor estava inspirado e resolveu lançar Provider simplesmente porque quis. Seja quase for a razão, a canção continua a mostrar todo o imenso do talento do cantor.

Criador exemplar e talentosíssimo de baladas românticas que possuem a capacidade de soarem extremamente descoladas e, ao mesmo tempo, atemporais, Frank Ocean entrega uma das suas melhores composições em Provider ao falar lindamente de um seu possível relacionamento e como esse amor está sendo construindo. Sem medo de falar da sua orientação sexual, Frank sabe como construir as suas metáforas com imagens reais e de uma beleza honesta. Experimentando sonoramente, o cantor faz de Provider uma ótima mistura de R&B experimental com música eletrônica e jazz, mas que, assim como no segundo álbum, parece menos brilhante que as canções lançadas mais no começo da carreira dele. Isso não impede que Provider seja uma música sensacional e muito melhor que a maioria daquelas que estão nas paradas, ficando com o titulo de uma das melhores canções do ano que você não deve ter escutado.
nota: 8

27 de setembro de 2017

Uma Banda de Ator

Walk On Water
30 Seconds to Mars

Em Hollywood a existência de artistas que se dedicam a carreira de atores e, ao mesmo tempo, também são cantora é imensa e vários são muito bem sucedidos. Apenas dois exemplos clássicos são Frank Sinatra e a Cher, ambos vencedores do Grammy e do Oscar. Outro exemplo bem sucedido é do atual Coringa nos Cinemas, vencedor do Oscar e vampiro na vida real (o cara tem 45 anos e possui a aparência de quem nem chegou ao trinta) Jared Leto que voltou a se dedicar recentemente a sua banda 30 Seconds to Mars, preparando o quinto álbum deles e tendo como primeiro single a canção Walk On Water.

Vocalista da banda que também conta com a presença de Tomo Miličević e Shannon Leto, seu irmão mais velho, o ator/cantor é um bom cantor apesar de quase sempre achar que cantar rock é simplesmente vencer no grito. Felizmente, em Walk On Water Jared parece mais contido, utilizando seu poder vocal de uma forma que dê força para canção e, não, que a mesma pareça um trabalho desesperado. A composição tem uma forte sensação de ser genérica ao falar de maneira vaga sobre a atual situação da nossa sociedade, mas tem um boa construção e um refrão poderoso. O problema aqui é a produção resolve dá para banda uma sonoridade rock/eletrônico que pode até acerta na atmosfera grandiosa, porém, como a várias canções desse estilo, fica soando como um canção que qualquer outra banda poderia fazer como, por exemplo, Imagine Dragons. Não é a melhor canção do ano, mas Walk On Water tem os seus atrativos. Não tantos como o Jared Leto.
nota: 7

26 de setembro de 2017

Uma Música Para Salvar

1-800-273-8255 (feat. Alessia Cara & Khalid)
Logic

Música serve para diversão. Música serve para acalmar. Música serve para encantar. Música serve para embalar corações apaixonados. E música também serve para salvar. Esse é o exemplo da canção 1-800-273-8255 do rapper Logic.

Depois de se apresentar na cerimônia do VMA, 1-800-273-8255 não apenas ganhou popularidade em vendas e nas rádios, mas, também, aumentou em 50% as ligações para linha anti-suicídio nos Estados Unidos já que o seu nome é o em referência ao telefone da organização. A canção como pode se perceber fala justamente sobre suicídio e sobre saúde mental. Com uma composição que sabe passar uma mensagem positiva para aqueles que estão passando por um momento em que pensam seriamente em tirarem a própria vida e, também, mostrar um pouco da perspectiva de quem está sentindo essa dor, 1-800-273-8255 ajuda e muito a colocar luz sobre um assunto que apesar da gravidade e o aumento em vários nichos da sociedade não tem a atenção necessária na grande mídia. A grande qualidade na composição é ser emocionante sem precisar ser clichê ou forçar a barra. Direta e emocionante, 1-800-273-8255 erra na sua sonoridade, pois esse hip hop/pop até é bom, mas não chega a empolgar de verdade. Fica no meio termo entre o interessante e o apenas ok. O que dá vida de verdade para a canção é a presença de três jovens talentos: o dono da canção Logic mostra personalidade em uma performance sólida enquanto Alessia Cara e Khalid ajuda a dar substância para o trabalho em boas performances, mesmo que o segundo só aparece no finalzinho. Mesmo com alguns defeitos artísticos, 1-800-273-8255 é uma das canções mais importantes do ano sem dúvida nenhuma.
nota: 7,5

25 de setembro de 2017

Algo Entre Aqui e Acolá

Two Ghosts
Harry Styles

A melhor característica da carreira solo do Harry Styles é o fato do ex-1D não ter tido medo de se basear nas suas verdadeiras influências e, não, entregar algo pensando apenas no lado comercial. Two Ghosts, segundo do álbum, é uma boa prova disso.

A canção é uma delicada e melódica balada mid-tempo que faz uma elegante mistura de pop rock com folk rock com algumas faíscas de country. Claro, Harry Styles não é o primeiro a fazer isso, mas é louvável ver um ídolo tão jovem seguir esse caminho nos dias atuais. Buscando base na sonoridade dos anos '70, Two Ghosts também tem pinceladas de cores fortes de Oasis, os Beatles e Ryan Adams. Produção redondinha e instrumentalização perfeita não esconde, porém, que a canção parece soar limpa demais, isto é, Two Ghosts é dentro da sua proposta segura demais. Não que isso impeça a terna e solida performance de Harry e boa composição de emocionar de forma contida. O álbum até tem outras canções melhores para serem single, mas Two Ghosts ajuda a dar ainda mais a personalidade que Harry Styles vem construindo na sua carreira solo.
nota: 7,5

24 de setembro de 2017

Drakeish

Unforgettable (feat. Swae Lee)
Unforgettable (Mariah Carey Remix) [feat. Swae Lee & Mariah Carey]
French Montana

Quando um artista consegue "inventar" uma moda pode ter certeza que apareceram outros tentando emoldurar esse diferencial. Desde que o Drake começou a introduzir o dancehall ao hip hop a sua sonoridade, apesar dele não ter sido a fazer com os gêneros, começaram uma chuva de "imitações" dessa sonoridade. Algumas bem sucedidas e outras que não tiveram o mesmo resultado. Esse segundo caso é do rapper French Montana com o single Unforgettable.

Maior sucesso da carreira do rapper, Unforgettable erra pesadamente em uma produção que não sai do lugar. A batida dancehall/hip hop é até ok, porém, assim como os piores momentos do Drake, a batida não tem substância suficiente para conseguir segurar uma canção inteira. Rasa e sem brilho, Unforgettable ainda sofre da falta daquilo que deveria ter mais: o próprio French Montana, deixando as partes cantadas para o fraco Swae Lee e ficando com pequenos e dispensáveis versos. Como cereja ensina do bolo fica a composição que não quer dizer nada com nada. A canção dá uma leve melhorada  na versão remix com a presença da Mariah Carey, não devido a presença morna da cantora, mas pela restruturação da canção com uma leve aumentada na cadencia e mudanças da disposição dos versos. Isso, porém, não salva muito a canção que realmente não está a altura do seu próprio nome.
nota
Versão Original: 5
Versão Remix: 5,5

22 de setembro de 2017

Dirty Laundry

Think About That
Jessie J

Depois de lançar um não primeiro single do novo álbum, Jessie J finalmente revelou que o seu quarto álbum será intitulado de R.O.S.E. e como primeiro single de verdade foi lançada a instigante Think About That.

Jessie J sempre se mostrou uma artista que era capaz de entregar composições pessoais e bastantes intimas como Who You AreBig White Room. Em Think About That não é diferente, mas aqui o resultado parece um pouco mais profundo que o normal. A canção fala sobre uma pessoa que fez muito, mais muito, muito, muito mal para a Jessie que, resumidamente, só queria estar com ela para sugar da sua fama e até a fez parecer louca na frente de outras pessoas. O tom confessional é forte e não deixa espaço lágrimas de emoção, pois a atmosfera de Think About That é como arrancar de uma vez um band-aid de uma feridade, lembrando muito o que fez a Kelly Rowland em Dirty Laundry. Curiosamente, a canção lembra a sonoridade da canção da ex-Destiny's Child, pois Think About That constrói a sonoridade pop com uma base com poucos instrumentos e uma batida cadenciada, espaçada e marcada. Todavia, ao contrário de Dirty Laundry, Think About That não tem uma base tão rica e profunda, acabando em se transformar em uma canção que não tem a forma suficiente para se nivelar a potencia da composição. Finalizando de forma seca e sem um clímax adequando, Think About That termina sonoramente como uma canção inacabada. Felizmente, a composição e a interpretação contida de Jessie dão para Think About That uma sobrevida melhor que o esperado. Só não sei se a canção tem alguma chance de sucesso real.
nota: 7

21 de setembro de 2017

A Garota Que Veio De Outro Mundo

The Gate
Björk

Nos quase vinte e cinco anos de carreira a Björk conseguiu cravar o seu nome no mundo pop ao ser uma verdadeira antítese de tudo que o pop representa. Seja a sua sonoridade, seja a sua estética e de seus clipes e até mesmo sua aparência. E mesmo para aqueles que não são fãs da cantora finlandesa é necessário de qualquer um respeito pelo o que ela fez e ainda faz com o single do seu nono álbum (Utopia), a incrível The Gate.

Com um pouco mais de seis minutos e meio, The Gate é um verdadeiro musicão da porra em todos os sentidos e, como a maioria das canções da Björk, não é um trabalho para todos os públicos. The Gate é uma longa, soturna, melancólica, minimalista e de esquisitice melódica acachapante. Björk novamente nos convida para uma jornada sem volta para o seu mundo e não pede licença para fazer isso, mas muito mais que uma jornada, The Gate revela um novo ciclo na sonoridade da cantora. Mesmo que tenha já brincado com esse tipo de música eletrônica experimental/industrial, a cantora mergulha em um bolsão completamente novo e revigorante com The Gate que tem a sua própria produção ao lado de um dos nomes mais quente da atual música eletrônica indie, o venezuelano Arca. Se não bastasse a complexidade da produção existe também a bela composição que usa de maneira magnifica o conceito de menos é mais. Simples, sucinta e de uma beleza poética impressionante, a letra de The Gate é uma reflexão sincera e um pouco aterrorizante na atual situação de vida de Björk que parece curada das feridas do fim do casamento refletidas no seu último álbum Vulnicura de 2015. Como disse antes, The Gate não é para todos os gostos, mas para aqueles que apreciam verdadeiramente a Björk irá encontrar a finlandesa em dos seus melhores momentos em anos.
nota: 9

18 de setembro de 2017

New Faces Apresenta: Alma, Grace VanderWaal & Khalid

Chasing Highs
Alma

Moonlight
Grace VanderWaal

Young Dumb & Broke
Khalid


Sempre é muito bom conhecer novos talentos musicais, pois assim temos a chance de ampliar alguns dos nossos horizontes e, mais importante, temos a oportunidade de conhecermos novos possíveis ídolos. Então, reuni quatro nomes de novatos que, talvez, possam interessar vocês em descobrir novos sons. Começamos com a finlandesa Alma.

Ex-participante da versão do American Idol na Finlândia, Alma ganhou destaque fora do seu país com a canção Chasing Highs que alcançou o 18° na Inglaterra. A canção é um bom pop dance que deixa a mostra a principal qualidade da cantora: a sua limpa e poderosa voz. Com um timbre levemente anasalado, Alma tem o tipo de voz que é perfeita para qualquer tipo de canção, não limitando-a a cantar apenas um gênero. Dito isso, é necessário apontar que Chasing Highs poderia aproveitar bem mais da qualidade vocal da cantora, pois esse dance pop redondinho pode até bons momentos como, por exemplo, o bom refrão, mas não tem a força necessária para deixar uma marca realmente profunda. Por falar em deixar uma marca, Grace VanderWaal nem precisou chegar na maioridade para fazer isso.

Com apenas 12 anos de idade, Grace VanderWaal surpreendeu os jurados do America's Got Talent no ano passado ao cantar uma música da sua própria autoria. Rapidamente, a menina virou um fenômeno na internet, ajudando a jovem a ganhar o programa e, por consequência, a conseguir um contrato com uma grande gravador. Como primeiro single do seu primeiro álbum foi lançada a bonitinha Moonlight.

Chamada de "próxima Taylor Swift", Grace VanderWaal, agora com 13 anos, tem realmente um talento que parece estar a frente da sua idade. A principal característica disso é o teor e qualidade das suas composições: sem querer soar como uma adulta, mas com uma maturidade impressionante a jovem consegue compor letras emocionantes e com uma profundidade rara no meio pop. Em Moonlight, Grace faz uma fofíssima e sentimental sobre uma pessoa que se ama se distanciar de você aos poucos. Pode até parecer um tema batido, mas a qualidade da composição vinda de uma menina de 13 anos é indiscutível e louvável. Claro, ainda existe muito espaço para crescimento, mas o que é apresentado aqui é de uma maturidade lirica que muitas cantoras bem mais velhas e experientes não possuem. A sonoridade pop estilo Jason Mraz é um pouco datada, mesmo que feita com total esmero e bastante carisma. Vocalmente, Grace tem potencial para ser melhor que a Taylor Swift, pois a jovem possui um timbre mais interessante. Também é interessante notar o começo da ascensão do cantor Khalid.

Uma das promessas do soul music, Khalid vem aos poucos desbravando e conquistando o seu lugar ao Sol nos últimos tempos. Já com um álbum lançado (American Teen) o cantor de 19 anos parece que tem muito a oferecer como comprova o single Young Dumb & Broke.

Bem longe de ser uma R&B tradicional, Young Dumb & Broke tem uma batida que puxa mais para o indie R&B/pop do que para qualquer outro gênero. Isso é graças a presença do produtor Joel Little que tem no currículo trabalhos importantes com nomes como Lorde (Royals), Ellie Goulding, Sam Smith, entre outros. A produção é ousada e tenta algo realmente original para a canção, mesmo que pareça estar presa na tentativa de fazer Khalid um artista cool. E isso nem era preciso já que a presença vocal do cantor faz todo o trabalho. Dono de uma voz um pouco rouca, o artista tem uma maneira de cantar tão descolada e despretensiosa que o ajuda a criar uma personalidade própria e, atualmente, única. Espero que em alguns anos possa ainda estar falando sobre os três artistas aqui resenhados, pois seria uma pena suas carreiras não forem para frente.
notas
Chasing Highs: 6,5
Moonlight: 7
Young Dumb & Broke: 7,5

17 de setembro de 2017

A Perdida

You Already Know (feat. Nicki Minaj)
Fergie

Faz onze anos que a Fergie lançou o seu primeiro álbum solo. The Dutchess foi um dos maiores sucessos de 2006 e ajudou a fazer da Fergie uma potencia do pop, indo mais longe que apenas a cantora gostosa do The Black Eyed Peas. Desde 2014, Fergie vem preparando o sucessor de The Dutchess e, mesmo marcando a data de lançamento de Double Dutchess para próximo dia 22, a cantora até agora parece completamente perdida. Nenhum single lançado funcionou até agora e não será You Already Know que irar melhorar essa situação, mesmo que a qualidade melhore um pouquinho.

Longe de possuir o impacto de canções como Fergalicious ou London Bridge, You Already Know é de longe a canção mais interessante e comercial que todas que saíram do álbum. Isso não quer dizer, porém, que a canção não tenha os seus defeitos e não seja um banho de água fria para quem esperava um retorno triunfal. Com co-produção do will.i.am, a canção tem ótimas ideias como a retomada da sonoridade hip hop/pop dos anos noventa com o uso do sample da canção It Takes Two. Todavia, a produção esquece de dar personalidade para a canção, erra em uma construções de versos estranha e uma instrumentalização sem substância. O resultado final mais parece uma demo ainda em processo de finalização e não uma canção lançada como single. Composição que é de uma estética pop perfeita, mas completamente oca e esquecível. Apesar de se empenhar com força e ter carisma de folga, Fergie é engolida pela presença poderosa de Nicki Minaj que nem precisa de muito para roubar a cena, sendo a segunda vez que ela faz isso só esse ano. Com o já vazamento do álbum bem antes da hora que ajuda a reforçar a sensação que o retorno da Fergie será um dos momentos musicais mais dispensáveis de 2017. Uma pena.
nota: 6,5

15 de setembro de 2017

Uma Grande Oportunidade (Perdida)

What Lovers Do (feat. SZA)
Maroon 5

Nada mais me frusta que quando um artista perde uma oportunidade única que entregar um trabalho sensacional como fez o Maroon 5 com o single What Lovers Do.

Vamos aos fatos: apesar de muitos não gostarem da banda, o Maroon 5 construiu uma respeitável trajetória dentro do pop/rock, principalmente no quesito de entregar potenciais hits comerciais sempre munidos de uma equipe produção de respeito e um círculos de "amigos" bem grande. Para fazer What Lovers Do usou todos esses artifícios e ainda deu um toque a mais ao chamar um dos melhores nomes surgidos nos últimos tempos a cantora SZA. Nada disso, porém, consegue salvar a falta de substância que esse pop mediano que perder qualquer oportunidade de sair do lugar comum. 


Primeiramente, a presença da SZA é até boa, mas não é valorizada em nada. Poderia ser qualquer outra cantora que quase daria na mesma. Nos poucos momentos, a cantora consegue brilhar e ofusca Adam Levine em uma performance mediana. Em segundo, a produção é até boazinha e bem amarrada, mas com uma vibe genérica e segura demais. O maior problema é, na verdade, a péssima composição que parece na verdade algum trabalho de um compositor aspirante em sua primeira tentativa aos doze anos: fraca, repetitiva e chatissíma. E para piorar ainda "precisou" de usar um sample de canção intitulada Sexual. Uma total perda de tempo e oportunidade para o Maroon 5 com o público.
nota: 5,5

12 de setembro de 2017

S de Segurança

Too Good at Goodbyes
Sam Smith

Preparando o lançamento do seu segundo álbum que terá a dura batalha de ser o sucessor de In the Lonely Hour, Sam Smith parece que vai apostar na velha e boa certeza de que em time que está ganhando não se mexe como comprova o single Too Good at Goodbyes.

O single segue basicamente a mesma formula que as canções do trabalho anterior ao ser um bom e sólido pop soul, tendo como principal base a linda voz de Sam. Sem precisar de muito, o cantor entregar uma performance que vai do intimista ao emocionante com a mesma força e sem soar exagerado. A produção não faz mais que um trabalho eficiente ao juntar todas as peças que ajudaram o britânico a fazer sucesso: arranjo refinado, coral estilo gospel no refrão e uma vibe tristonha. Lembrando muito Stay With Me, Too Good at Goodbyes  mostra que, ao menos, o cantor parece ter amadurecido no quesito passar a suas experiências para as composições, pois a canção fala sobre o quanto Sam está "cascudo" em relação as suas decepções amorosas. Mesmo sendo uma boa canção era esperado alguma mudança mais profunda na sonoridade de Sam. Não que eu estava esperando ele vestido de couro e fazendo coreografia sensual, mas Too Good at Goodbyes é muito segura.
nota: 7

11 de setembro de 2017

Estranhamente Disco

Disco Tits
Tove Lo

Preparando a continuação do projeto Lady Wood, Tove Lo lançou o primeiro single desse projeto: a estranha Disco Tits.

A canção dá uma mudada bem drástica na sonoridade da cantora que vai do indie pop/eletropop para algo que apenas posso definir como pós-disco indie eletrônico. Complicado é explicar, pois Disco Tits é uma misturada de estilos e ideias que rendem algo que poderia ser melhor, mas tem potencial para render um verdadeiro "discão" caso a cantora consiga refinar a sonoridade para Blue Lips. Vocalmente, Tove Lo se arrisca em uma performance complicada ao ser lotada de nuances, não sendo para todos os gostos e, obviamente, fica longe de ser comercial. É o tipo de canção que vai conquistando depois de ouvir algumas vezes quando se consegue ultrapassar a estranheza inicial. 
nota: 6,5

10 de setembro de 2017

Salvando a Lavoura

Dusk Till Dawn (feat. Sia)
ZAYN

Quando pensei que 2017 iria ser um ano de grandes sucessos comercias e de uma qualidade artística apenas mediana eis que surgem no meio do segundo tempo alguns lançamentos que começaram a mudar esse cenário. Esse é o caso de Dusk Till Dawn do Zayn.

Provavelmente single do seu próximo álbum, Dusk Till Dawn dá uma nova perspectiva para a sonoridade do ex-1D: produzida por Greg Kurstin, a canção aposta pesado no indie pop/pop contemporâneo, deixando de lado a vertente R&B ouvida no primeiro trabalho do cantor. A mudança é relativamente pequena, mas bastante substancial para a carreira de Zayn já que começa a amadurecer a sua carreira. Claro, boa parte dessa sensação de amadurecimento vem da presença classuda de Kurstin e, claro, da Sia. Co-escrevendo a boa letra dessa power balada sobre esperar o tempo da outra pessoa, Sia também participa da canção em uma participação que poderia ter mais espaço, mas o resultado final é interessante e não brilha mais que a presença marcante de Zayn, consolidando o seu posto de um dos melhores cantores de pop da atualidade. O problema de Dusk Till Dawn é ser um pouco longo demais, deixando a sua parte final meio arrastada. Felizmente, a qualidade geral é bem maior que esse pequeno problema e isso é o que o pop estava precisando.
nota: 7,5

9 de setembro de 2017

Uma Nova Kelly

Love So Soft
Kelly Clarkson

Desde que venceu a primeira edição do American Idol, Kelly Clarkson passou por uma verdadeira montanha russa em relação a sua carreira. "Presa" em um contrato que a restringiu no começo da carreira a cantora precisou lutar para conseguir que o seu público pudesse ouvir quem era a verdadeira Kelly. Entre alguns sucessos e uns fracassos acumulados, Kelly finalmente consolidou o seu nome no pop e chega ao seu oitavo álbum da carreira finalmente livre do seu contrato de vencedora do AI quinze anos depois. Ao que parece essa liberdade estará bem refletida na sua música, pois o primeiro single da nova fase, Love So Soft, é a melhor canção da carreira dela.

Longe de qualquer formula pronta ou mesmo repetição de algum dos seus sucessos, Love So Soft mostra a versatilidade da cantora que está longe de se prender a um estilo ou gênero fixo. Depois de entregar peça de pop contemporâneo, eletropop, dance-pop e country pop, Kelly Clarkson decide investir pesadamente em um subgênero meio esquecido ultimamente: o pop soul. Love So Soft é uma faixa surpreendente espirituosa, para cima e com uma sonoridade contagiante. A produção acerta na mosca ao dar para Love So Soft uma atmosfera ousada e de um carisma peculiar, quebrando expectativas com a construção de uma instrumentalização cheia de nuances entre os versos e o refrão. Entretanto, essa construção é utilizada como uma "cama" para deixar Kelly Clarkson fazer o que sabe melhor: brilhar com seus vocais poderosos e cheios de paixão, sabendo moldar-se perfeitamente para carregar uma canção tão diferente do que já tinha feito até hoje. Talvez o defeito da canção é a composição que não é exatamente a melhor da sua carreira, mas tem os seus momentos interessantes. Se essa é a nova Kelly que a cantora quer mostrar, por favor, que venha mais dessa Kelly Clarkson, pois o começo já é sensacional.
nota: 8

Samba. Bossa. Jessie. Baby.

Selfish Love
Jessie Ware

Coincidência ou não, algumas coisas aparecem aqui no blog que, sem a minha intenção, levam diretamente para outras. Explico: recentemente falei sobre as vantagens da influência da sonoridade brasileira na construção de canções pop e aqui estamos de novo para, não apenas falar, mas para elogiar o quanto isso pode ser enriquecedor de verdade ao analisar o novo single da cantora Jessie Ware.

Selfish Love, antes de tudo, é o tipo de canção que não nos conquista de primeira. Segundo single do próximo álbum de Jessie, a canção vai entrando nos ouvidos na cadencia quebrada e convidativa da sonoridade. Essa que, por sua vez, foi construída utilizando boas doses de bossa nova, pitadas de sambas e um toque de música latina. Não ache, porém, que a cantora resolveu radicalizar e seguir a onda do momento, pois Selfish Love é na sua essência uma mid-tempo R&B envolto em todos esses outros gêneros, remetendo um pouco a sonoridade da banda Sande nos anos oitenta. Lindamente produzida por Benny Blanco, Cashmere Cat e Happy Perez, Selfish Love erra um pouco na sua composição sobre um amor destrutivo que parece levantar voo apenas depois do primeiro refrão. Nada disso impede, entretanto, de Jessie Ware de entregar outro musicão em 2017 com a ajuda de nada mais brasileiro que o samba e a bossa nova.
nota: 8

7 de setembro de 2017

Reconstrução

More Than Friends (feat. Kelli-Leigh)
James Hype!

Basket Case (From "The Tick")
Bastille

Hold Me In Your Arms
Dami Im & Jack Jones

Sempre que um artista regrava uma canção que foi sucesso na voz do(s) artista original fica sempre uma apreensão sobre como essa versão irá resultar, pois qualquer alteração que não esteja a altura da original. Nesse post peguei três exemplos de regravações recentes que, de alguma forma, tentaram recriar as suas versões originais de outra forma. Começo com More Than Friends do DJ James Hype!.

A canção pega o sucesso de Don't Let Go (Love) da girl group americana En Vogue para remodelar ritmo e versos para gerar essa divertida faixa. Indo de um R&B/pop para uma eletropop, More Than Friends pode até sido alterada drasticamente, mas manteve alguns elementos que fizeram da original uma música sensacional. Primeiramente, a versão manteve quase intacto a composição, alterando e editando apenas o seu tamanho e a sua ordem. Mais rápida e sucinta, o single tirou sobras de composição que aqui não iria ajudar a canção em sua nova forma. Em segundo lugar, apensar de não manter os mesmos vocais, James Hype! chamou a desconhecida Kelli-Leigh para dar vida para More Than Friends e a mesma não faz feio em uma interpretação bastante correta e, felizmente, quase a mesma força que a original. Por falar em força é uma coisa que realmente faltou na próxima canção.

A banda britânica Bastille resolveu regravar a canção Basket Case do Green Day para a trilha da série paródia de super heróis The Tick. O grande problema é que a banda pega um clássico moderno do punk rock que ajudou a estabelecer o Green Day, dando a cara para boa parte dos anos noventa, e transformar em uma simpática e legalzinha indie pop/eletropop que pode até está no espirito da série, mas que acerta longe o alvo da boa regravação. Nada aqui soa parecido com a força da canção original, pois boa parte da sua urgência é perdida na tentativa de criar algo desconstruído modernoso. Não é um trabalho ruim. É um trabalho que não valoriza a canção original como deveria, pois vale aquele velho ditado: em time que está ganhando não se mexe. Esse deve ter sido o lema da última canção avaliada.



Hold Me In Your Arms foi um sucesso da banda australiana Southern Sons em 1991. Em 2017, a cantora Dami Im cantou a mesma em uma apresentação televisionada na Austrália. O sucesso foi tanto que o vocalista da banda Jack Jones a convidou para regravar a canção em um dueto. Sem alterar nada na composição e arranjo, a nova versão de Hold Me In Your Arms tem como principal trunfo o talento humano. As belas performances de Dami e Jack são a viga mestre que dá para a versão um charme especial e ajuda a transformar essa balada pop rock em uma momento realmente especial. Sem precisar ser genial ou revolucionária, a canção comprova que ás vezes é só necessário respeitar o original que metade do serviço estará pronto.
notas
More Than Friends: 7
Basket Case: 6
Hold Me In Your Arms: 8

5 de setembro de 2017

Despacito 2: A Vingança

Mi Gente
J Balvin & Willy William

A trilha deixada pelo sucesso de Despacito é tão grande que é capaz de dar chances para canções parecidas surfarem a mesma onda, porém, sem alcançar o mesmo sucesso (que acredito que nesse ponto seja quase impossível). Esse é o caso da canção Mi Gente do colombiano J Balvin com o francês Willy William.

Ao contrário de Despacito, Mi Gente é um latin pop/reggaeton com mais fusão de outros gêneros, principalmente elementos africanos e eletrônicos. Essa é a parte boa da canção, pois a sua execução é bem ruim. O arranjo tem uma batida completamente irritante e uma construção que, sinceramente, não tem nada que grite sucesso comercial, especialmente no fraco refrão. Tanto J Balvin e Willy William não passam ser donos de um carisma suficiente para carregar uma canção como Mi Gente. Na verdade, as duas performances fracas soam como apenas um só cantor e, não, dois artistas. O mais interessante é que a canção é, na verdade, um remix de uma outra canção chamada Voodoo Song do Willy. No frigir dos ovos, a "continuação" de Despacito tem a mesma qualidade que a maioria das continuações de Hollywood. E isso não um elogio.
nota: 5

4 de setembro de 2017

A Verdadeira Princesa do Country

Swingin' With My Eyes Closed
Shania Twain

Muito antes de a Taylor Swift querer ser a princesa do country para depois virar artista pop existiu uma cantora que fez tudo isso, alcançando um sucesso tão grande que parece impossível de alcançar hoje em dia. Estou falando da canadense Shania Twain. 

No começo dos anos '90, Shania Twain começou o seu domínio não apenas na América do Norte, mas, também global ao lançar o álbum The Woman In Me com o sucesso Any Man Of Mine com vendas estimadas na casa dos 20 milhões mundialmente. Nada disso preparou realmente para o estouro ainda maior que viria dois anos mais tarde quando em 1995 a cantora lançou o fenômeno Come On Over que alcançou cerca de 40 milhões de cópias vendidas e se tornou o álbum feminino mais vendido de todos os tempos, gerando sucessos como Man! I Feel Like A Woman!, From This Moment On, You're Still The OneYou've Got A Way. Em 2002, a cantora lançou o seu último álbum de inéditas intitulado Up! com vendas de pouco mais de 20 milhões. Boa parte do sucesso da cantora veio devido a parceria dela com o produtor Robert John "Mutt" Lange que na época era o seu marido até 2008. Quinze anos depois do seu último álbum e quase dez da sua separação, Shania Twain vai lançar o seu quinto álbum e tem como single a canção Swingin' With My Eyes Closed.

A canção mostra que a cantora não mudou de gênero, pois Swingin' With My Eyes Closed é um country pop com toques de tropical para tentar criar uma canção comercialmente relevante e ao mesmo tempo com a cara da cantora. O resultado é, infelizmente, uma bagunça sonora gigantesca que erra totalmente em uma instrumentalização esquisita e confusa. Não dá para entender essa equivocada produção que tenta muito e não consegue se decidir qual é exatamente a sua de verdade. Piorando a situação está a pobre e fraquíssima composição que mais parece um trabalho inacabado invés de uma faixa lançada como single de uma das cantoras de maior sucesso de todos os tempos. O que dá uma salvada aqui é a presença ainda forte e carismática de Shania, mas que não salva essa grande decepção. Uma pena essa canção ser uma das amostras do comeback da Shania Twain. Quem sabe não foi um tropeço? Aguardemos.
nota: 5

2 de setembro de 2017

As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer

O especial As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer irá falar sobre uma das músicas que conseguiu captar a essência exata do maior dos sentimentos. Aquele sentimento que é o único que consegue redimir o irredimível. O único sentimento que une todos os povos. O único sentimento que está em todas as classes sociais, raças, religiões, orientações sexuais, gêneros e visões politicas. Esse é o especial que irá falar sobre aquele sentimento que é...



1 de setembro de 2017

UK Latino

Reggaetón Lento (Remix)
CNCO & Little Mix

A febre da música latina chegou com força na Inglaterra, obviamente impulsionado pelo sucesso de Despacito. A nova investida é inusitada parceria do Little Mix com o CNCO em Reggaetón Lento (Remix).

A canção é originalmente do próprio CNCO que é uma boy band criada em um reality show produzido pelo Ricky Martin e pelo Simon Cowell. Parecido com a história do Little Mix que foram criadas no The X Factor UK, produzido pelo Simon Cowell. Juntos as duas bands conseguem resultar em uma divertida e dançante canção latin pop e reggaeton, meso sendo uma produção um pouco genérica. Misturando inglês com espanhol para ambos artistas em uma composição legalzinha, Reggaetón Lento (Remix) acerta na química entre todos os participantes, apesar da girl band parecer roubar a cena com vocais mais poderosos. A canção é perfeitamente comercial com um refrão pegajoso e tem imenso potencial para virar um hit ainda maior. Claro, a canção é completamente "normal" em relação ao gênero, mas é tão bem feiinha e apropriada para a época que, no final das contas, Reggaetón Lento (Remix) fica com saldo positivo.
nota: 7