31 de maio de 2016

Um Rapper Para Esquecer

Panda
Desiigner

O ano não poderia continuar caso não houvesse o aparecimento de um rapper novato que estourasse com uma canção bem longe de ser boa e, depois, esse rapper fosse esquecido para dar lugar ao próximo. Por enquanto, o nome de 2016 é um dos protegidos do Kanye West: o rapper nova iorquino Desiigner. A canção que o levou ao "estrelato" é Panda que alcançou o primeiro lugar na Billboard.

A canção não é exatamente um hip hop tradicional, mas, na verdade, um dos seus subgêneros mais conhecidos: o trap. A produção até consegue tirar alguma coisa interessante devido a batida marcante e atmosfera grandiosa, mas não é o suficiente para tirar a sensação de massificação que a canção passa, isto é, Panda parece uma canção feita apenas para ter sucesso comercial. Esse não é o único problema da produção, pois a escolha da construção da canção é estranha e de uma criatividade questionável. O que é mais curioso em Panda é que a canção, lançada em 2015, foi usada como sample em uma das canções do último álbum de Kanye. Panda também não tem nenhuma qualidade em sua composição fraca, repetitiva e sem inteligência que faz culto a um carro. Com uma voz forte e uma presença até marcante, Desiigner poderia ter em mãos uma canção muito melhor. Até o momento, ele é o rapper que vamos esquecer em breve.
nota: 5

30 de maio de 2016

Confissões de Uma Diva

Sorry
Beyoncé

Sorry, o segundo single de Lemonade, é a canção mais confessional da carreira da Beyoncé em que o já famoso verso "He better call Becky with the good hair" é apenas a cereja em cima do bolo.

Durante toda a composição, Beyoncé é extremamente claro sobre do que fala: a traição de Jay-Z. Sem meias palavras, a cantora não dispara apenas contra os erros do marido, mas, principalmente, sobre como a situação a fez sentir e como ela deu a volta por cima. Com um coleção de frases fortes e um tom de ironia misturada com uma raiva, Sorry tem o seu momento mais poderoso quando a cantora relata a sua "saída" de casa e colo ela e a sua filha ficarão e, claro, o seu recado para Becky. A produção é outro trunfo da canção a transformando em uma deliciosa e viciante mistura de eletropop e trip hop em que Beyoncé domina a canção como se fosse um passeio no parque , deixando a sua emoção por trás da faixa fazer o "trabalho pesado". Uma canção que já se torna um clássico moderno do pop.
nota: 9

29 de maio de 2016

Adele Pop

Send My Love (To Your New Lover)
Adele

Em toda a relativamente curta carreira da Adele, a cantora nunca foi tão pop como no seu novo single Send My Love (To Your New Lover). E isso é sensacional.

Apesar de acreditar que o single anterior de 25When We Were Young, deveria ter sido melhor trabalhado pela cantora para ter se tornando o sucesso que merece, vejo com bons olhos a escolha de Send My Love (To Your New Lover) como nova música de trabalho, pois é uma mudança bem vinda na trajetória de Adele. Produzida por Max Martin e Shellback, o single é um pop/R&B com uma batida deliciosa, animada, descontraída e contagiante que combina perfeitamente com o intuito da composição. A canção é uma "celebração" ao fato da narradora ter conseguido se "livrar" daquele amor que a fazia mal e, para mostrar a sua felicidade, apenas deseja o melhor para a pessoa. Mesmo com uma força emocional mais leve que os grandes sucessos de Adele, Send My Love (To Your New Lover) continua a mostrar a capacidade da cantora em escrever letras fortes que conseguem encontrar ressonância em qualquer pessoa, pois o sentimento exposto é humano e verdadeiro. É Adele. E é também pop. É outro acerto na sua carreira.
nota: 8,5

28 de maio de 2016

Quando GaGa Encontra Björk

Blossom
Kerli

Nascida na distante Estônia, a cantora Kerli é o que seria a "cruza" entre Lady GaGa e a Björk. A cantora parece está exatamente no meio do caminho que separa as duas cantoras com todas as suas particularidades e excentricidades, o que resulta em um hibrido bem interessante. O mais interessante é notar que ela e GaGa surgiram na mesma época: enquanto uma se tornou um fenômeno global, a outra ficou conhecida no mundo "underground" do pop. De qualquer forma, Kerli parece que irá fazer o seu retorno bem antes de GaGa. A canção Blossom foi lançada como single.

A canção é uma bela, melodramática e sombria metáfora sobre crescer e se libertar das amarras que nos prendem com o florescer de uma flor. Apesar do lugar comum, Blossom tem uma eficiente construção de imagens e acerta no refrão. A voz de Kerli tem um timbre que, ás vezes, soa familiar e comercial e, em outros momentos, parece tão distinta e atrativamente estranha que se torna um verdadeiro enigma vocal. Em Blossom, a cantora caminha entre esses dois caminhos de maneira sólida e pouco ousada, mas o resultado final é bem acima da média. A balada pop/eletrônico com atmosfera épica mistura o alternativo com o pop de forma correta, conseguindo algo resultado surpreendente no seu final apoteótico. Não acredito que seja a canção que irá colocar Kerli de fato no mapa pop, mas é uma canção que merece ser descoberta por fãs de GaGa, Björk e, claro, da cantora.
nota: 7,5

27 de maio de 2016

Um Hit Contido

Like I Would
Zayn

Depois do sucesso inesperado e surpreendente de PILLOWTALK, Zayn  precisa encontrar a canção que irá continuar o seu momento. Infelizmente, não será com Like I Would que isso acontecerá, apesar das suas qualidades.

Ao contrário da canção anterior, Like I Would aposta no pop/dance pop para conseguir se tornar um hit mundial. Essa característica tira um pouco da personalidade que o cantor mostrou até aqui, porém, ainda manter várias qualidades, principalmente os bons vocais de Zayn, mostrando que tem potencial para se tornar um grande cantor. Além disso, a composição é bem correta e com uma construção redonda, ainda falta profundida para criar algo realmente marcante. A canção tem potencial, mas parece que não irá passar de hit contido.
nota: 7

12 de maio de 2016

Pequena Grande Mudança

Dark Necessities
Red Hot Chili Peppers

Estou começando a acreditar que existe algo alinhas nos astros para que 2016 se torne o ano dos comebacks de grandes nomes. Um desses nomes é da banda Red Hot Chili Peppers que se prepara para lançar o décimo primeiro álbum da carreira, intitulado The Gataway. A grande novidade é o fato que pela primeira vez em vinte cinco anos de parceria com o produtor Rick Rubin, a banda será produzida por um nome diferente: o escolhido foi Danger Mouse, conhecido por ser uma das metades do duo Gnarls Barkley.

Com um currículo que tem produções para The Black Keys, Norah Jones, Adele, Beck, U2, entre outros, Danger Mouse tem a bagagem necessária para ajudar o Red Hot Chili Peppers a voltar a ser relevante e não perder a personalidade. Dark Necessities, primeiro single do álbum, tem todas essas qualidades, mesmo que não seja a melhor faixa da banda já lançada.

A sonoridade tão única da banda parece que irá se manter parecida com trabalhos anteriores, mas Dark Necessities apresenta na sua mistura de rock alternativo com funk rock um refinamento ainda pouco ouvido da banda. A canção soa mais clean, melódica e com uma pegada mais contida que sucessos como, por exemplo, Dani CaliforniaCalifornication. O que falta em Dark Necessities é a urgência em precisa ser ouvida que era o ingrediente principal dessas músicas. Talvez a força de criação de Rick Rubin era o estopim para essa sensação. Não importa o que esteja faltando, o fato principal é que Dark Necessities é uma nova e necessária etapa para o Red Hot Chili Peppers. Apenas espero que o nível continue o mesmo.
nota: 7,5

9 de maio de 2016

Quase um Comeback

Can't Stop the Feeling
Justin Timberlake

Em um ano tão movimentado como está sendo 2016 para o mundo pop, eis que Justin Timberlake resolve fazer um "comeback". Na verdade, não é exatamente um retorno completo, pois, até o momento, não existe nenhum anúncio oficial de lançamento de um novo álbum. O que acontece é que Justin irá emprestar a sua voz para a animação Trolls e, também vai servir de produtor executivo da trilha sonora do filme. Devido a isso, o cantor lançou Can't Stop the Feeling como single do álbum, que deve ainda ter as participações de Gwen Stefani e Ariana Grande.

Can't Stop the Feeling é o primeiro single solo de JT que não tem a participação do parceiro de longa data Timbaland desde 2003 e, também, marca a primeira parceria com o produtor Max Martin desde os tempos do N'Sync. Além da primeira com a co-produção de Shellback. Com isso em perspectiva, o single é um dos trabalhos mais comerciais do cantor, mas isso também significa que a canção é a mais genérica e massificada da sua carreira. Felizmente, o talento de Justin é tanto que consegue salvar a canção do lugar comum. 

Can't Stop the Feeling é uma divertida e dançante disco pop com pitadas de R&B e funk. Nada o que Justin já tenha feito e muito melhor, mas a produção é tão redondinha que fica difícil não se deixar leva pela batida leve e contagiante. A composição segue essa mesma vibe, pois é tem uma clichê e bem feita mensagem estilo feel good e um refrão grudento. JT segura a canção basicamente com o seu carisma magnético. Não é o melhor que o cantor já fez, mas deixa um gostinho de quero mais delicioso.
nota: 7

8 de maio de 2016

Uma Canção Para Sandy

Me Espera
Tiago Iorc & Sandy

Para quem foi, assim como eu, pré-adolescente ou adolescente nos anos noventa e começo dos anos dois mil deve ter sido fã de Sandy & Júnior. Se não foi deve, ao menos, lembrar de uma ou mais músicas dos irmãos cantores. Seja como for, existe uma memória afetiva em tornos dos dois cantores que marcaram uma geração inteira. Depois do fim da dupla, os dois entraram em carreira solo, mas, obviamente, sem alcançar o mesmo sucesso. Sandy, porém, conseguiu solidificar a sua carreira com a ajuda dos fãs das "antigas". Entretanto, a cantora não tinha provado o seu talento, apesar das tentativas de se transformar em uma artista contemporânea de MPB. Com isso em mente, ouvir Me Espera é um verdadeiro sopro de esperança.

Escrita por Sandy, Lucas Lima, seu marido, e Tiago Iorc, Me Espera é uma melancólica e delicada canção de amor que tem na pureza a sua maior qualidade. A pureza de vocais inspirados de Tiago e Sandy, confirmando o seu posto de melhor voz jovem da atualidade do mainstream nacional. A química simples e eficiente entre os dois cantores é reconfortante e ajuda a criar a atmosfera ideal para Me Espera e a sua contida instrumentalização. A canção é construída em nuances entre o pop indie, o folk e a MPB, ajudando a criar uma personalidade distinta para a canção ainda mais comparando com o atual cenário musical no Brasil. Muitos podem até achar a canção monótona, mas a sua suavidade e a lentidão são, na verdade, o que transforma Me Espera em uma obra tão especial. Talvez, a composição seja um pouco redundante em suas escolhas, mas é, sem dúvidas, um trabalho acima da média e lindamente emocionante. Me Espera é a canção que, talvez, seja o ponto inicial da virada na carreira da Sandy em que ela possa mostra o seu talento de verdade.
nota: 8,5

7 de maio de 2016

Alicia Pronta Para Guerra

In Common
Alicia Keys

Apesar de alguns lançamentos nos últimos anos, Alicia Keys está em "parada" na carreira desde que lançou o seu quinto álbum, Girl on Fire. Entretanto, esse ano promete ser marcado pelo retorno da cantora ao mercado. Além de se tornar treinadora no The Voice americano, a cantora acaba de lançar o single In Common, mostrando que veio "armada" para a batalha.

Produzida por Illangelo, responsável por boa parte da discografia do The Weeknd, In Common é um passo arriscado na carreira de Alicia, mas, ao mesmo tempo, contém as principais características do sucesso da artista. A ousadia da produção está em envernizar a sonoridade R&B de Alicia com elementos contemporâneos como, por exemplo, a adição de uma batida eletrônica que acaba misturada com a base da canção. Dessa maneira, o resultado final é uma sonoridade atual, envolvente e com uma cadencia deliciosa. Uma pena que não exista nada de excitante de verdade em In Common, mesmo com essa mudança no som de Alicia. Tirando isso, a cantora continua entregando uma performance vocal primorosa: dessa vez, a cantora prefere se utilizar do seu timbre aveludado para dar a sensual e intimista para a canção, deixando de lado todo o seu alcance vocal. É apenas uma amostra, mas Alicia Keys promete fazer um retorno triunfal. Aguardemos.
nota: 7,5

4 de maio de 2016

A Volta do Que Deveria Ter Nunca Voltado

My House
Flo Rida

Assim como aquela frieira que nunca se cura e fica voltando constantemente, o rapper Flo Rida surge quase do nada para mostrar que ainda está por aí. Desse vez, a música escolhida é My House.

Lançada em Outubro passado, o single alcançou o sexto lugar da Billboard,  provando que velhas formulas batidas ainda funcionam. O rapper encontrou o seu nicho em uma mistura de rap/hip hop com o mais farofa do eletrônico que, apesar de extremamente comercial, se tornou um dos estilos mais massificados da atualidade. Em My House, o rapper repete o esquema novamente, mas com uma batida um pouco menos esquizofrênica. Não que isso ajuda a canção, pois a preguiça em escrever sobre em algo que não seja "festejar" deve ser intransponível. Assim como a "ameaça" do rapper em lançar uma nova música a qualquer momento.
nota: 4,5 

3 de maio de 2016

Raízes Latinas

Duele el Corazón (feat. Wisin)
Enrique Iglesias

Vuélveme a Querer
Thalía

O Brasil está incluindo na América Latina. Entretanto, devido ao seu tamanho continental e as configurações sociais e culturais, a nossa cultura não é tão difundida ao redor dos nossos "compadres". Isso também ocorre inversamente: pouco da cultura dos países de língua espanhola entra no nosso país com destaque. O que consegue chegar ao grande público é nomes que, de alguma forma, quebraram as barreiras internacionais. Dois deles estão nessa resenha: Enrique Iglesias (nascido na Espanha) e Thalía.

Com uma carreira de mais de vinte anos, Enrique Iglesias já se consolidou com um dos nomes da língua espanhola de maior sucesso no mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos. Todavia, o cantor ainda mantém bem forte a sua ligação com o mercado latido. Uma das provas é o seu mais novo single, a boa Duele el Corazón.

A canção é um bom e bem produzido latin pop que consegue, ao mesmo tempo, respeitar as raízes da música latina e dar um pelo verniz radiofônico. Dançante e com um refrão grudento, Duele el Corazón conta com a boa participação do cantor Wisin que ajuda a modelar o estilo da canção ainda mais. O problema da canção é a falta de ousadia na sua produção, compensada pelo sólido trabalho de Enrique. Trabalho do mesmo estilo entregado pela Thalía na canção Vuélveme a Querer, single do seu novo álbum que possui o sugestivo nome de Latina.

A eterna Maria do Bairro é um caso raro de uma estrela da TV que realmente deu certo no mundo musical, apesar de ser mais conhecida no Brasil pelas novelas. Considerada uma diva pop, Thalía chega décimo terceiro álbum com uma carreira já consagrada. Vuélveme a Querer mostra um pouco do seu talento musical, principalmente vocal.

A canção é uma tradicional e deliciosamente brega balada latin pop que seria perfeito para tema de uma das novelas mexicanas que passam no SBT até hoje. A interpretação dramática e um pouco forçada é a força emocional por trás da música, dando a atmosfera necessária para a canção não ser apenas brega. Isso mostra o tamanho carisma da cantora, um dos responsáveis pelo sucesso da mesma. Um carisma bem tipico de artistas latinos que, infelizmente, não podemos ter mais contato.

nota
Duele el Corazón: 7,5
Vuélveme a Querer: 7,5

2 de maio de 2016

Um Recomeço Merecido

True Colors
Zedd & Ke$ha

Falar sobre o período que a Ke$ha atravessou nos últimos anos é redundante, pois toda a sua vida está dia após dia nos noticiários referente ao mundo das celebridades. A vergonha que sinto em ver a dor que foi causada à ela é quase insuportável que prefiro não ficar lendo ou vendo tais matérias. Entretanto, a felicidade apareceu ao saber que a cantora tem a chance de reconstruir a sua vida e a sua carreira. O primeiro passo foi dado pelo DJ/produtor Zedd ao chamar a cantora para regravar a sua canção True Colors que é faixa do seu álbum homônimo lançado no ano passado. E a escolha não poderia ser melhor.

Na época já tinha elogiado a canção como a melhor do álbum, porém, depois da regravação com a Ke$ha, a faixa ganha um novo e poderoso significado. Ao colocar a voz na canção, Ke$ha ganha o seu grito de liberdade com uma letra forte, emocionante e perfeita para o seu momento pessoal. True Colors fala sobre libertação, renascimento e deixar o mundo ver a sua verdadeira essência. Nada mais verdadeiro para a cantora. Em dos momentos mais fortes, a canção fala:

Something tells me, I know nothing at all (Algo me diz que eu não sei nada)
I've escaped my capture (Eu escapei da minha prisão)
And I have no master (E eu não tenho nenhum "dono")
And somehow it's like I've waited (E de alguma forma é como eu estivesse esperando (por isso))

Um trunfo e um marco na carreira de Ke$ha dado de presente por Zedd. Outro presente do DJ é a sua produção vocal em que, ao contrário dos trabalhos anteriores, finalmente podemos ouvir a voz da cantora sem grandes artifícios, mostrando o talento genuíno de uma jovem que merece um futuro brilhante, pois o seu passado é um mundo de sombras. Que seja feliz, querida Ke$ha!
nota
Versão Original: 7,5
Versão Nova: 8