29 de outubro de 2014

Uma Década Depois...

Baby Don't Lie
Gwen Stefani

Já muito bem estabelecida como vocalista do No Doubt, Gwen Stafani lançou a sua carreira solo com o álbum Love. Angel. Music. Baby em 2004. O álbum foi muito bem acolhido pela critica e pelo público com uma vendagem de cerca de sete milhões de cópias. Pessoalmente, eu considero o trabalho com um dos mais refinados do pop da última década e um marco para o estilo com a sua produção original, ousada e, em vários momentos, genial. Então, por causa disso, considero o sucesso The Sweet Escape de 2006 uma verdadeira decepção, não sendo apenas inferior, mas como uma coleção de canções que pareciam apenas descartes do trabalho anterior. Uma década depois do começo da carreira solo e seis do último lançamento do último single em que nesse meio tempo a cantora voltou ao No Doubt, teve filhos e, atualmente, serve de mentora do The Voice, Gwen retoma a sua carreira solo com o lançamento do single Baby Don't Lie. E a sensação de decepção ainda não foi apagada.

A canção não chega nem perto dos piores momentos de LAMB, apesar de não ser realmente ruim. Sempre exalando sua personalidade única e uma voz marcante, Gwen tem em mãos um pop reggae que não faz jus ao talento da cantora. A produção é dividida entre Ryan Tedder (?) e Benny Blanco e não resulta em um encontro realmente feliz entre os estilos, pois Baby Don't Lie careceu de uma sonoridade menos caretinha e mais irreverente, mesmos acertando no aspecto radiofônico. Porém, o que realmente pesa em Baby Don't Lie para um resultado tão abaixo do que eu esperava é a sua composição: se não bastasse a pobreza criativa que sofre a canção, Baby Don't Lie é repetitiva e possui um refrão bem meia boca. Uma pena que uma década depois, Gwen ainda não consiga trazer de volta a sua "hollaback girl" interior e arrasar como ela já fez.
nota: 5,5

24 de outubro de 2014

Qual a Direção?

Steal My Girl
One Direction


Quem é o One Direction? Essa é a pergunta que a boy band deve responder nos seus próximos trabalhos, pois os seus integrantes estão exatamente na fase que estão virando adultos e começam a encontrar definitivamente a suas personalidades. Isso deve levar aos cinco integrantes a perguntar o mesmo: quem é o One Direction? A resposta pode estar no novo single deles Steal My Girl, apesar da canção não ser nada de especial.

Steal My Girl tem uma sonoridade bem mais marcante e, consequentemente, mais madura em
comparação aos singles anteriores. Porém, a produção erra ao fazer um pop sisudo demais e com um pé nos anos noventa. O fator comercial tão bem desenhado para o grupo se perde e isso se vai boa parte do divertimento do grupo. É preciso dar para One Direction uma sonoridade que faça os garotos parecem adultos, mas ainda divertidos, atuais e vendáveis. Provavelmente por causa disso, o impacto da música nas paradas está sendo morna em relação á músicas como Live While We're Young, Best Song Ever e, claro, What Makes You Beautiful. Além da produção equivocada, a composição é bem fraca e tem um apelo machista quando fala:

Todos querem roubar minha garota
Todos querem levar seu coração
Alguns bilhões de pessoas no mundo
Procurem outra pessoa, porque ela me pertence

Infelizmente, muitas fãs vão achar esse trecho como apenas romântico. Caso não encontrem um caminho mais eficiente e original já prevejo, no final de contratos, os integrantes do One Direction procurando seus caminhos solos. E não seria uma surpresa.
nota: 5,5

23 de outubro de 2014

Uma Segunda Chance Para "Locked Out of Heaven"

Locked Out of Heaven
Bruno Mars


Lançada como primeiro single do álbum Unorthodox Jukebox, Locked Out of Heaven continua sendo o single mais fraco do Bruno Mars até hoje. Mesmo assim, a canção não deixa de ter as suas qualidades e ter melhorado com o tempo.


Continuo achando que a quantidade de produtores (The Smeezingtons, Mark Ronson, Emile Haynie e Jeff Bhaske) tão talentosos e diferentes entre si causa um choque de criação e deixa a canção com uma enxurrada de influências sem uma definição de qual lado seguir. Contudo, a instrumentalização dada para Locked Out of Heaven é sensacional garantindo o bom resultado. Assim também temos a performance aveludada e sexy de Bruno durante toda a canção. O melhor da canção é a sua composição poderosa e o seu refrão único e cativante. Um trabalho menor de Bruno, mas que está envelhecendo igual vinho.

nota original: 6,5
nota atual: 7

22 de outubro de 2014

O Renascimento de um Brother

Jealous
Nick Jonas


A história é antiga e batida, mas, dessa vez, tem uma vertente nova: não bastando o fato de está passando pela transição de adolescente para adulto, Nick Jonas também faz a passagem para ser um artista solo. Até agora, o ex-Jonas Brothers está fazendo tudo pela cartilha e direitinho: após o fim do grupo com os irmãos, o mais jovem dos três começou a mudança de visual indo de "franguinho" para homem sexy. Além disso, a sua carreira musical ganha um novo caminho com o lançamento do seu primeiro álbum solo (Nick lançou um com a banda Nick Jonas & the Administration). Para divulgar o CD que vai levar o nome do cantor foi lançada a canção Jealous que, surpreendentemente, está fazendo certo sucesso na parada americana.

Sinceramente, eu nunca tinha prestado atenção na voz de Nick. Nada muito espetacular para falar a verdade, mas em Jealous ele segura bem o papel de "branquelo" cantando soul pop. Porém. o que realmente faz da canção um trabalho bom é a produção bem intencionada que faz um trabalho decente ao construir um arranjo que fica entre Justin Timberlake e o Robin Thicke (antes de Blurred Lines). Não é a produção mais original do ano, mas é simpática o suficiente para ajudar Nick a criar a sua própria história na música. O que não dá para elogiar é a composição fraca que chega, em alguns momentos, cair no famoso "vergonha alheia" (Porque você é muito sexy, linda/ E todo mundo quer tirar uma casquinha). E assim mais uma vez o mundo da música mostra o quanto pode ser uma caixa de surpresas fazendo um dos Jonas realmente fazer sucesso na carreira solo.
nota: 6,5

18 de outubro de 2014

O Genial Paolo

Iron Sky
Paolo Nutini


Vivemos em uma sociedade em que cultuamos uma falsa liberdade. Enquanto vivemos a mais avançada era da tecnologia em todos os sentidos, somos, ao mesmo tempo, colocados em um circulo de ódio, segregação e desrespeito quando dos diretos básicos de todas as pessoas são colocados de lado em detrimento dos desejos de alguns líderes sociais, culturais e políticos. E, por isso, músicas como Iron Sky de Paolo Nutini ainda são necessárias para lembrar que ainda vivemos em uma sociedade longe da perfeição.

Iron Sky resgata a tradição de usar a música como forma de protesto e que não quase estranheza vindo de Paolo, pois a sua sonoridade é retirada dos soul/rock que se fazia durante os anos sessenta e setenta em que se proliferou canções com o intuito de contestar a sociedade. Porém, nada nos prepara para o "tour de force" em que Paolo nos leva em Iron Sky. O extraordinário arranjo se transforma em uma especie de mantra poderoso que consegue carregar a consciência de quem ouve em uma viagem acachapante ao arrancar os sentimentos mais viscerais. Não há como não ouvir a canção e não sair mexido em todos os sentidos. Não bastasse a excelência do arranjo, Paolo entrega a performance da sua vida usando todas as qualidade da sua voz para simplesmente ser o grito de quem clama por uma vida melhor. Finalmente, a composição não precisa escolher um alvo especifico para ser um trabalho simplesmente genial ao afirmar que o poder ainda está nas mãos do povo e, apenas ele, tem a capacidade de se erguer contra o "mal" que os domina. Apesar de uma qualidade inigualável, Iron Sky só tem o impacto tão fulminante que possui devido ao uso de um pedaço do discurso feito por Charlie Chaplin em O Grande Ditador colocado estrategicamente antes do "clímax" final. O poder emocional que essa escolha traz é algo avassalador em todos os sentidos e faz a gente abrir os olhos para o quanto não evoluímos em mais de setenta anos quando o filme foi lançado. Iron Sky ainda se faz necessário em um mundo que precisa mudar a partir da revolução pessoal de cada um.
nota: 10

17 de outubro de 2014

2 Por 1 - Jennifer Hudson

It's Your World (feat. R. Kelly)
Walk It Out (feat. Timbaland)
Jennifer Hudson


Um dos principais motivos pelo flop do novo álbum da Jennifer Hudson é o fato que nenhum dos singles lançados, até agora, consegui qualquer destaque nas paradas da Billboard. E, infelizmente, não é difícil entender o motivo desses desempenhos: as canções são boas, mas não são nada comerciais.

It's Your World é uma gostosa mistura de disco e soul em que a química entre Hudson e R.Kelly fica bastante evidente e ajuda a canção a se destacar como uma produção redondinha. Porém, a canção não tem apelo para se tornar um hit e sua duração de mais de cinco minutos não ajuda em nada. Com um pouco mais de fator comercial está a produção assinada pelo Timbaland que se beneficia bastante da visão única do produtor em uma batida sensacional que vai crescendo aos poucos. Jennifer também entrega uma performance sensacional conseguindo segurar a canção do começo ao fim. Uma pena que para competir no atual mercado faltou ainda muito apelo comercial para ter alguma chance de verdade.

notas
It's Your World: 7

Walk It Out: 7,5

16 de outubro de 2014

Um Coração Quebrado e Uma Lata de Cerveja

Cold One
Eric Church


No country, temas como coração partido e o amor pela bebida são comuns. Juntar tudo isso em uma
canção é mais difícil. E quando o resultado é um coração parte por causa da bebida é um feito para pouquíssimos. Esse é o caso da canção Cold One do Eric Church.

O single, terceiro do álbum The Outsiders, tem uma composição sensacional: começa falando sobre o dia em que a amada do narrador o deixou, mas, na verdade, o que ele sente falta é o pacote de cerveja que ela levou junto. Divertida e irônica, a composição mostra como sair do lugar comum sem perder o espirito original do country. Outro ponto positivo é a produção que segue uma linha country rock, mas que tem uma ótima surpresa em uma virada sensacional. No final, uma pessoa apenas precisa de um coração quebrado e uma lata de cerveja para fazer uma música boa.
nota: 8

15 de outubro de 2014

Primeira Impressão

8
Marjorie Estiano


Ao contrario do acontece nos Estados Unidos, os artistas que desempenham a função de cantor/ator no Brasil não tem o mesmo prestigio perante o público. Então, ver o sucesso no mundo da música que a Marjorie Estiano obteve é surpreendente. Ajudada pelo estrondoso sucesso da temporada em que em que foi uma das protagonistas de Malhação entre 2004 e 2006 na qual era integrante da banda ficcional "Vagabanda", Estiano vendeu com seu primeiro álbum homônimo mais de 300 mil cópias. Porém, seu lado atriz (uma das melhores da sua geração) falou bem mais forte e a artistas deixou de lado a música para se dedicar aos projetos ligados a TV, o teatro e o cinema. Depois de uma hiato de sete anos, Marjorie, agora de forma independente, lança o seu terceiro álbum intitulado 8

Marjorie Estiano é uma boa cantora e, sem dúvida nenhuma, deveria ter em mãos um material drasticamente melhor do que é apresentado em 8. O grande motivo para o trabalho dela seja tão ruim é até bem simples: 8 é uma coleção de clichês em cima de clichês sobre a música brasileira. Claramente, a produção tenta emoldurar a sonoridade das grandes divas da época de ouro do Rádio adicionando aqui e ali influências de estilos diferentes como samba, MPB e até mesmo reggae e música latina, mas, tragicamente, tudo não passa de imitação canhestra, sem graça, pobre e deprimente estereotipada. Não há nenhum momento em que a essa sonoridade pretendida seja realmente realizada com qualidade e também não existe nenhuma tentativa de sair do lugar comum com acréscimo de novas ideias. Enquanto isso, a delicada e suave voz de Marjorie se perde em uma enxurrada de composições fracas que tentam soar inteligentes, mas que acabam resultando em uma coleção de belas palavras soltas no ar. Contudo, há dois momentos que despertam alguma simpatia: a regravação de Ta-Hi da Carmen Miranda e a parceria com a sambista Mart'Nália em A Não Ser o Perdão. Só que isso não é o suficiente para melhorar o resultado final de 8. Marjorie Estiano merece e tem condições de entregar um trabalho musical bem melhor que esse álbum. Era só mirar no que ela faz quando está trabalhando como atriz.

14 de outubro de 2014

Estranhamente Bom

i
Kendrick Lamar


Uma das missões mais difíceis para um artista em começo de carreira é superar o sucesso de vendas quando o seu primeiro álbum é um sucesso comercial. A situação piora caso o primeiro álbum também seja um trabalho criticamente aclamado pela mídia especializada em geral. Da ótima safra de 2012, o primeiro a fazer o seu comeback primeiro e enfrentar o desafio é o rapper Kendrick Lamar que lançou o seu novo single intitulado apenas i (eu em português) recentemente que abre os trabalhos para o seu terceiro álbum de estúdio (ok, disse que esse seria o segundo, pois considero good kid, m.A.A.d city o seu verdadeiro álbum de estréia).

O novo single do rapper quebra com todss as expectativas de quem esperava algo parecido com as músicas do trabalho anterior como, pro exemplo, Bitch, Don't Kill My Vibe ou Poetic Justice. I é uma curiosa produção em que o rapper abre o seu repertório para uma batida mais leve, animadinha e despretensiosa em uma instrumentalização um pouco "lotada", mas que funciona de uma maneira estranha. Há influência de funk e soul music em i criando uma sonoridade que caminha na mesma direção que os trabalhos anteriores, mas que estão em estradas bem diferentes. Devo admitir que essa mudança é um pouco impactante em um primeiro momento e vai se dissipando quando se ouve a canção mais vezes quando se percebe que Kendrick usa desse verniz para elaborar uma composição bem mais profundo que pode se imaginar ao falar sobre depressão e o a luta em superar a doença. Novamente, o rapper se mostra bem acima dos seus contemporâneos ao ir além do lugar comum dos assuntos vinculados normalmente com o hip hop e mostrar uma pouco de humanidade em uma letra que consegue ser passar a sensação de "feel good" sem precisar recorrer a pieguismos fáceis. Transitando por diferentes maneiras de encarar o papel de um rapper, Lamar mostra sua imensa versatilidade ao flertar com seu lado "cantor" mesmo não sendo a sua melhor performance até hoje. "i" é uma música estranhamente boa, mas que pode ser apenas um pedaço do que Lamar está preparando para o seu novo trabalho. Vamos aguardar.
nota: 7,5

13 de outubro de 2014

Muito Barulho Por Quase Nada

Animals
Maroon 5

Desde o lançamento do clipe para o segundo single do álbum V, o Maroon 5 se viu envolto em uma
polêmica bem grande ao serem acusados de "desumanizar a mulher e glorificar a violência". Não tiro a razão das criticas, mas ao menos o grupo liderado por Adam Levine poderia ter escolhido uma música melhor que a mediana Animals para ser o "catalisador" da polêmica.

Animals é a velha receita de formula pronta para o Maroon 5 fazer um pop rock rasteiro, mas que tenha a cara do grupo. A composição, que combina com o clipe, tenta passar uma atmosfera sexy que acaba transmitindo mais agressividade que energia sexual. Não é exatamente machista, mas banaliza o sexo de uma maneira pouco cativante. Adam está correto em sua performance ajudando a carregar a canção com certa qualidade. O que não dá para entender é o uivo antes da parte final que soa o mais clichês dos clichês. Mesmo assim, qualquer burburinho em relação a música é apenas devido ao seu clipe, pois a canção não é essas coisas.
nota: 6

11 de outubro de 2014

Primeira Impressão

Goddess
Banks


Nos últimos tempos apareceram uma nova leva de artistas que estão começando mudar a cara do R&B transformando o gênero com a adição de dezenas de outros estilos. Novas texturas se misturam com as já estabelecidas. Nuances de todos os tipos são inseridas em arranjos que tentam sair da obviedade. Cores e batidas são retiradas de outros gêneros para construir, ou melhor, reconstruir o R&B. O resultado é um gênero multifacetado que se renova com uma grande rapidez. Contudo, essa nova configuração ainda não encontrou o sucesso da maneira plena. Tirando alguns casos específicos, nenhum desses artistas tiveram músicas hits ou grandes números em vendas de álbuns mesmo com o total aprovação da critica. Sem mudar esse quadro, a novata Banks ajuda a entender o motivo pela falta de sucesso comercial ao mesmo tempo em que mostra um caminho plausível com Goddess, o seu interessante álbum de estreia.

A produção, de uma maneira geral, busca por uma sonoridade em que o menos é mais, ou seja, os arranjos tem o mínimo de instrumentalização. Esse R&B minimalista em Goddess é enfeitado por um verniz muito bem definido e lustroso que traz uma bagagem do indie eletrônico, do trip hop misturando com o pop mais tradicional. Sólido do começo ao fim, Goddess é um álbum acima da média de uma maneira geral e que tem uma grande qualidade sobre os álbuns que seguem o mesmo caminho: transitar bem entre o aspecto artístico sem deixar de lado o "comercial". Isso significa que a produção consegue manter o espírito de inovação ao buscar uma nova sonoridade e também entregar faixas que possam ser "comercializadas" mantendo um padrão de qualidade. Infelizmente, porém, a produção não consegue unir esses dois aspectos ao mesmo tempo o que resulta em uma alternância de canções estritamente "artísticas" e aquelas mais "vendáveis". Apesar de criar uma quebra no álbum essa falha é compensada, como já disse antes, pela boa produção geral do álbum. Também ajuda o fato que a própria Banks e sua voz delicadamente instigante entregando boas performances. Entre as faixas o grande destaque é a lindíssima Someone New ao lado de You Should Know Where I’m Coming From que estão no lado comercial de Goddess. Já a outra faceta conta com as boas Waiting Game, Alibi e a que nome ao trabalho, Goddess. Banks e o seu álbum debut provam que essa nova geração tem a capacidade de renovar a música e também conquistar o público. Falta apenas unir todos os aspectos em apenas um pacote.

10 de outubro de 2014

O Bom Paolo

Let Me Down Easy
Paolo Nutini


Para quem acompanha o blog sabe que esse ano um dos melhores álbuns que passou por aqui foi Caustic Love do inglês Paolo Nutini. Então, não é de se estranhar a resenha que vem a seguir do seu último single lançado, a ótima Let Me Down Easy.

Let Me Down Easy é um funk rock delicioso sobre a difícil arte de amar. A produção busca inspiração na sonoridade dos anos sessenta/setenta e podemos ouvir nitidamente na ótima instrumentalização e na atmosfera transmitida. Um dos acertos da canção é a alternância dos vocais de Paolo com o sample da canção de mesmo nome cantada por Betty LaVette que é usado como refrão da canção. Essa escolha dá um toque atemporal para a nova canção ajudada pela "química" inesperada entre Paolo e Betty. Let Me Down Easy é uma ótima canção, mas não é ainda é o melhor do cantor. Fica para a próxima resenha.
nota: 8,5

9 de outubro de 2014

Um Pharrell, Uma Miley e Uma Canção Mais Ou Menos

Come Get It Bae (feat. Miley Cyrus)
Pharrell Williams


Certas músicas poderiam funcionar, mas tem "coisas" de mais acontecendo e isso impede o resultado ser realmente bom. Come Get It Bae, terceiro single do álbum G I R L do Pharrell, tem esse problema.

A canção é uma bagunça interessante, mas que se perde ao não aparar certas arestas. O primeiro problema é participação insossa de Miley Cyrus: não é exatamente a sua presença, mas a forma como ela é usada na canção que acaba parecendo uma coadjuvante de luxo. Pharrell poderia ter dado mais espaço para cantora ou ter cortado a presença da mesma. A letra sobre sexo é divertida e ao mesmo tempo genérica ao fazer metáforas com o ato de fazer sexo com o andar de motocicleta. Com produtor, Pharrell faz uma boa mistura de funk com pop para a canção que, infelizmente, não sai do lugar comum, Come Get It Bae é uma boa canção, mas que tem coisas demais acontecendo e nenhuma ajuda de fato a canção.
nota: 6

8 de outubro de 2014

Aquela Que Deveria Ser a Maior

Something in the Water
Carrie Underwood

Desde que renasceram como reality show, os programas para descobrir talentos musicais revelaram muitos artistas de todos os estilos ao longo dos anos em várias partes do mundo. Infelizmente, para a maioria deles o destino após o fim do programa que participou é o limbo artístico. Para alguns, porém, o futuro que está diante é bem mais promissor. De todos os nomes, na atual configuração do mundo da música, os três artistas mais bem sucedidos, nessa ordem, são: Kelly Clarkson (American Idol), One Direction (The X Factor UK) e Carrie Underwood (American Idol). Só que para Carrie a comparação pode ser um pouco injusta, pois o seu sucesso é, quase exclusivamente, dentro dos Estados Unidos devido ao fato dela ser uma artista country. Se o gênero foi mais aceito ao redor do mundo ou se Carrie fosse uma cantora pop com os mesmos resultados de agora, eu acredito que ela poderia ser a número com vantagem. Assim mesmo, o que Carrie conquistou nos últimos anos é impressionante com os mais 64 milhões de cópias vendidas (entre CD's e downloads) e seis Grammys em apenas dez anos de carreira. Comemorando a sua primeira década, a cantora vai lançar o seu primeiro álbum greatest hits em breve e como single foi lançada a inédita Something in the Water.

O interessante da canção é notar que o trabalho é uma volta ao começo da carreira de Carrie em que alguns dos seus principais sucessos foram canções com forte apelo gospel. Assim como em Jesus, Take the Wheel e Don't Forget to Remember Me do álbum debut de Carrie Some Hearts de 2005, Something in the Water é uma mistura country/pop/gospel que mostra que falar sobre fé não precisara ser uma "pregação" de fanatismo cego e castrador. A composição sobre redenção não é genial, mas é bem escrita e tem emoção na medida certa. A produção não se atreve a fazer mais que o necessário para dar a atmosfera ideal para a canção resultar em obra impactante. O que realmente segura a canção é a sensacional performance de Carrie que não se limita apenas em mostrar o seu  imenso alcance, mas, também, a sua versatilidade alternando com momentos mais suaves e delicados. Além disso, o coro adotado no final é o toque final para os vocais de Carrie. Uma pena que nem todos conhecem o trabalho da Carrie e, mesmo assim, ela conseguiu ser uma das maiores artistas da nova geração.
nota: 7

7 de outubro de 2014

Primeira Impressão

JHUD
Jennifer Hudson


Fazer um álbum como inspiração em uma determinada época da música pode render bons frutos. Para isso, contudo, é preciso que a produção possa ir além da superfície e buscar a essência do estilo, ou estilos, que estava em alta no período escolhido sabendo, não apenas recriar a sonoridade, mas, principalmente, desconstruir para depois reconstruir sabendo respeitar o material original e buscando modernizar para não soar datado. Em outras palavras: não basta fazer um gostoso "arroz com feijão", mas é necessário entregar uma refeição bem mais completa sem perder o sabor da original da base. Infelizmente, o terceiro álbum da Jennifer Hudson caí no lugar comum ao entregar apenas um bom prato feito em lugar de uma refeição que poderia ser espetacular.

JHUD parte da premissa de emoldurar a sonoridade soul/R&B/disco/funk dos anos '70 tendo, provavelmente, os nomes de Chaka Khan e Donna Summer como maiores inspirações. A produção, que tem nomes de peso como Pharrell e Timbaland, é certeira em criar a vibe pretendida entregando faixas sólidas e com qualidade técnica inquestionável. Porém, não há nada mais do que essas qualidades em JHUD. Não há ousadia em ir e cavar mais fundo exploração da música feita na década das discotecas. Não há uma estrutura mais apurada para criar uma sensação de imersão na música tanto do lado de quem faz como para quem escuta. Não há nada realmente excitante nessa homenagem/recriação. Uma pena constatar isso de um álbum que poderia render muito e dar para Hudson o merecido patamar artístico que combine com o seu talento vocal. Mesmo presa em amarras imposta pela produção que em vários momentos se mostra equivocada, Hudson ainda consegue mostrar suas qualidades e a evolução ao longo dos anos em boas performances que consegue equilibrar o álbum com sua produção mediana e suas composições pouco inspiradas. Apesar de haver bons momentos como em Dangerous, Walk It Out e I Still Love You, JHUD não sustenta como era para ser um trabalho que pega uma época tão rica de base e junta com uma artista como Jennifer Hudson.

6 de outubro de 2014

A Duquesa Sumida

L.A. Love (La La)
Fergie

Eu tenho que ser sincero: eu realmente não gosto do primeiro álbum solo da Fergie. Tirando uma ou outra canção, The Dutchess é uma confusão musical que atira para todos os lados e não acerta em nada. Mesmo assim, o álbum se tornou um grande sucesso de vendas (seis milhões vendidos no mundo sendo quatro milhões apenas nos Estados Unidos) ajudado pelos fãs do Black Eyed Peas e com a aquisição de novos fãs para Fergie. Por isso, não é de se estranhar que a volta de Fergie para a sua carreira solo, depois de um hiato de quase dez anos com algumas aparições aqui e ali, esteja sendo celebrada por muitos. Com primeiro passo do seu comeback, Fergie lançou a canção L.A. Love (La La).

Carro-chefe do álbum que deve ser lançado no ano que vem, L.A. Love (La La) não é exatamente o single que poderia se esperar para o retorno de Fergie. Longe da energia de London Bridge ou o prazer culposo que é Fergalicious, o single mostra uma Fergie seguindo o caminho urban com verniz hip hop/eletrônico e um pouco de reggae que resulta em uma canção linear e sem muito apelo comercial mesmo com a produção de DJ Mustard correta e bem redondinha. Com uma composição quase genérica sobre viajar/festejar que tem algumas sacadas não tão originais fica por conta da cantora dar personalidade para a canção com seus vocais sedosos e divertidos. Infelizmente, não é suficiente para que L.A. Love (La La) seja um trabalho marcante de verdade. Vamos esperar para saber se a volta de Fergie será tão triunfal como muitos estão esperando, principalmente, devido ao fato que o cenário musical que a cantora vai enfrentar é bem diferente daquele de 2006.
nota: 5,5

4 de outubro de 2014

Uma Boa Repetição

Lullaby (feat. Tori Kelly)
Professor Green

Um dos maiores sucessos da carreira do rapper inglês Professor Green é a canção Read All About It. O sucesso ajudou a deslanchar a carreira solo da, então quase desconhecida, Emeli Sandé que se tornou um dois maiores nomes da música do país da Rainha Elizabeth. Em Lullaby, recente single de Professor Green do seu novo álbum Growing Up in Public, repete o mesmo esquema, mas dessa vez o resultado é quase tão bom como o "original".

Lullaby segue a mesma estrutura que a parceria com Emeli: um desabafo sobre problemas pessoais de Green em um hip hop/R&B com refrão cantando por uma voz feminina, nessa caso com a desconhecida Tori Kelly. Aqui, todavia, a atmosfera é menos densa que em Read All About It, pois o rapper fala da falta que a sua avó faz para ele e não sobre os problemas que teve com o pai. A composição é um trabalho simples, mas tocante que acaba em um refrão lindo cantado pela doce voz de Tori. Não é tão impactante como ouvir a voz de Emeli na canção anterior, mas Tori pode ter futuro. Green também faz um trabalho sem nenhuma inovação apesar de bom. É uma fórmula repetida, mas, ao menos em Lullaby, o resultado funciona.
nota: 7

3 de outubro de 2014

Uma Nova Geração das Rock Girls

Break the Rules
Charli XCX


Em tempos em que as mulheres roqueiras andam mais sumidas no mainstream que a Janet Jackson é preciso se contentar com aquelas que flertam com o gênero. Uma delas é a inglesa Charli XCX que depois do "boom" de Fancy e e o bom desempenho de Boom Clap lançou seu mais novo single, a boa Break the Rules.

Como escrevi antes, Charli XCX não usa o rock puramente para construir Break the Rules, mas se utiliza de uma cruza entre rock, pop e eletrônico para dar cara para canção. O resultado é uma salada mista  gostosinha com uma batida muito bem estruturada que casa bem com o estilo da cantora. O erro na produção é "esticar" a canção mais do que deveria, pois, lá pelo final da música, Break the Rules perde força com a repetição da batida até o fim. Uma versão editada seria bem mais eficiente. Outro problema é a falta de criatividade da composição parecendo uma "continuação" da parte dela em Fancy. Ao menos, Break the Rules tem uma letra tecnicamente boa com um refrão redondinho. Para compensar Charli XCX segura a canção muito bem imprimindo sua personalidade sem forçar a barra. Espero que essa nova geração de "roqueiras" vingue e que possa trazer a "mulher" de volta para o rock.
nota: 7

2 de outubro de 2014

The Year of Kiesza

No Enemiesz
Kiesza


Com o ano se encaminhando para o seu fim, a canadense Kiesza vai se tornando, se não o maior, mas um dos maiores nomes da nova safra de artistas da nova safra. E o seu novo single confirma isso.

No Enemiesz, mesmo inferior aos dois singles já lançados por ela, é um aula de como fazer uma canção que seja eletrônica/pop atual sem parecer uma farofada. Tudo começa pela presença indiscutivelmente poderosa e vibrante da cantora que domina a canção impondo sua personalidade única e vocais sensacionais. A produção segue o caminho de pegar carona na influência do eletrônico dos anos '90 em arranjo mais quadrado que, por exemplo, Giant In My Heart, mas que não perde a excelência sabendo acrescentar camadas de músicas para enriquecer o trabalho final. No Enemiesz seria perfeita para se tornar o último grande hit comercial de 2014 ajudando Kiesza a estourar de vez. E esperar e torcer.
nota: 8