29 de janeiro de 2021

Conexões

Hardline
Julien Baker

Uma das minhas maiores descobertas pessoais no ano passado foi a cantora Phoebe Bridgers. E como não existe coincidências, uma das primeiras grandes músicas de 2021 que descobri é da cantora Julien Baker, companheira de Phoebe no projeto Boygenius. Essa é a ótima Hardline. 

Diferente da sonoridade da amiga, Julien Baker entrega uma poderosa e de tirar o fôlego indie rock com pitadas de rock pesado e art rock que vai entrando debaixo da pele de quem escuta de maneira lenta. A construção instrumental é simplesmente espetacular com uma complexidade crescente que vai acrescentando camada de pura riqueza sonora. Todavia, Hardline mantem um verniz reluzente que a faz um trabalho acessível para um público bem maior que o esperado. Dona de uma composição acachapante dividida em dois blocos que não precisam em nada de um refrão para uni-las, o grande ponto alto da canção é a tocante performance de Julien ao colocar um peso descomunal na sua interpretação que se contrasta com o timbre doce que a mesma possui. Espero que o ano possa continuar essa boa fase de grandes descobertas. 
nota: 8,5

Uma Rainha Chamada Carol

Levanta Mina
Mc Carol

Não irei mentir que o atual cenário da música brasileira mainstream não é nenhum pouco atrativo para mim. Felizmente, existe tudo um mundo de artistas realmente interessantes que estão nas margens, mas, felizmente, encontram a sua voz para mostrar o seu talento. Um dos nomes que mais gosto é da icônica MC Carol. Em Levanta Mina, a funkeira/rapper prova novamente a importância da sua voz e, também, o seu talento bruto. 

Chamando a minha atenção desde o lançamento do divertido e importante Bandida de 2016, MC Carol é uma voz que precisa ser escutada com mais intensidade não apenas pela sua música, mas, também, pelo o que a artista tem para falar sobre o seu lugar de fala dentro da sociedade. E Levanta Mina faz isso com louvor. Empoderada, consciente, afrontoso e deliciosamente carismática, a canção é um clamor para que vozes silenciadas possam ter o seu devido espaço dentro do “mainstream” da sociedade: 

É difícil sempre estar feliz 
É difícil estar feliz 
Com tanta cicatriz 
É difícil se amar sendo excluída 
Olhar pra TV 
E ainda ver paquitas 
Cadê as gays? 
Cadê as pretas? 
Cadê as gordas? 
Nas capas das revistas 

E se mensagem já tem impacto, Levanta Mina também tem uma “carapaça” ótima. Com produção de DJ Thai, single é uma inspirada, classuda e marcante mistura de funk com hip hop e pop que cria uma batida direta e radiofônica que poderia muito bem está no topo das canções mais ouvidas no Brasil. Infelizmente, ainda falta um caminho grande para isso acontecer, mas MC Carol é uma das guerreiras que vão carregando nas costas todo uma parte excluída da sociedade que finalmente pode ter uma voz na sua figura. 
nota: 8

Desperdício

Talk About Love (feat. Young Thug)
Zara Larsson

É extremamente frustrante ver uma pessoa tão talentosa como a sueca Zara Larsson não ter em mãos trabalhos que deveriam estar no seu mesmo nível. O mais novo caso é da mediana Talk About Love. 

A canção tem em teoria tudo que faz uma boa canção pop, mas a produção não consegue dar força para nenhuma delas. A batida electropop é até inteligente e consegue ter alguma personalidade, mas, infelizmente, não consegue ter carisma suficiente para conquistar logo na primeira ouvida. E, sejamos sinceros, canções pop que são defendidas que irão conquistar depois de várias vezes ouvindo realmente não são boas, pois uma música pop deve conquistar logo na primeira vez. Talk About Love tem uma boa participação de Young Thug em um verso bem colocado dentro da canção. Isso, porém, não tira o fato de sua participação não ter quase nenhum peso no resultado final. Apesar de um refrão até bom, Zara parece perdida dentro da sua canção ao entregar mais que a mesma exige. Seria tão interessante ver a cantora com um material que pudesse dar vida para o talento e, não, que a mesma tem que carregar nas costas o tempo todo. 
nota: 6

26 de janeiro de 2021

Especial

Demorou, mas está aqui a lista de Melhores de 2020. Espero que gostem!




Top 75 Singles - Parte Final

 


Os Melhores Álbuns de 2020 - Final

 


Artista do Ano

 


Single do Ano

 


Revelação do Ano

 


Categorias Artísticas

 






Categorias Individuais




Categorias Técnicas

 




Pior Single



24 de janeiro de 2021

Top 75 Singles - Parte VII


 

Relação Morna

34+35 Remix (feat. Megan Thee Stallion & Doja Cat)
Ariana Grande

Pior canção da carreira da Ariana Grande, 34+35 é o tipo de canção que não tem como piorar devido a sua “produção apática, sem graça e pouco interessante”. Felizmente, isso parece ser verdade com o lançamento de 34+35 Remix com a participação de Megan Thee Stallion e da Doja Cat. O problema, porém, é que a canção também não melhora consideravelmente. 

Parte da melhora da qualidade da canção é a presença das duas convidadas, especialmente a da Megan. Sem mudar quase nada em relação ao instrumental, 34+35 Remix conta com a presença marcantes das rappers para dar alguma vida para a batida. E isso acontece, pois ambas conseguem mostrar personalidade e, principalmente, entram muito bem na pegada da canção ao falar de sexo de forma aberta. Apesar de não elevarem em nada o fator vergonha alheia original, a letra dos versos de Megan e Doja parece mais orgânicos e realmente divertidos. Uma pena que faltou química entre as mesmas e a dona da canção, pois isso daria para 34+35 Remix a pimenta necessária para resultar em uma boa música. 
nota: 5,5

Esperança Seu Nome é o Futuro

Walk With Me
Joss Stone

Apesar de tudo ainda parecer sombrio como a noite mais escura de todas é preciso ainda manter alguma esperança viva dentro dos nossos corações. E um bom veículo para fazer essa chama se alimentar é através da música. Walk With Me, single de retorno da Joss Stone, é um exemplo perfeito para isso. 

Sumida desde 2017, a britânica volta com uma canção esperançosa, revigorante e de um otimismo quase cego, mas que consegue aquecer os nossos corações. Clamando pela união contra as injustiças sociais, Walk With Me é uma elegante e classuda power balada soul/gospel que casa perfeitamente com a voz poderosa de Joss. Não existe nada de novo sob o Sol na construção da canção, mas a sua execução é certeira para sustentar a força da mensagem da canção. Ouvir Walk With Me é como tomar uma dose de chocolate quente recheado da mais doce esperança. Pode até ser momentânea, mas é um pequeno alivio no meio da loucura que vivemos.
nota: 7,5

Presente de Ano Novo

Real Groove (Studio 2054 Remix)
Kylie Minogue & Dua Lipa

Como um presente para os fãs que se deliciaram com a nova era da disco no pop, o lançamento do remix de Real Groove, single de Disco, une a sua dona Kylie Minougue com a Dua Lipa. Apesar de bem vinda, a versão remix está bem longe do potencial das suas participantes. 

Lançada a partir de uma apresentação ao vivo no projeto live stream Infinite Disco, Real Groove (Studio 2054 Remix) é uma inofensiva, dançante e um pouco decepcionante dance-pop/R&B/funk que não empolga como deveria devido a presença reduzida de Dua Lipa. Renega a entoar ao lado de Kylie o refrão, a cantora não consegue colocar o seu charme usual, deixando a canção quase sem sentido de ter a usa presença. Longe de ser ruim a sua participação, Real Groove (Studio 2054 Remix) poderia ser uma explosão se tivesse um equilíbrio entre as duas cantoras. Além disso, a produção do remix tira certo brilho ao adicionar uma batida que pende mais para o eletrônico. O lado bom é que o remix realmente parece um remix e, não, a mesma canção com adição de novos vocais. Poderia ser melhor? Sim, mas a gente dá um desconto pela qualidade que as duas envolvidas vêm entregando nos últimos tempos. 
notas 
Original: 7,5 
Remix: 7

23 de janeiro de 2021

Os Melhores Álbuns de 2020 - Parte II

 


O Delicado Equilíbrio Entre o Conteúdo e a Aparência

Lo Vas A Olvidar
Billie Eilish & ROSALÍA


Provavelmente duas das melhores novatas que surgiram no cenário pop nos últimos cinco anos, a estadunidense Billie Eilish e a espanhola Rosalía fazem uma surpreendente parceria em Lo Vas A Olvidar. A canção poderia ser um dos melhores momentos da carreira de ambas, mas, infelizmente, tropeça ao não ter substância necessária para sustentar o peso de suas participantes. 

Tema do especial da série Euphoria, Lo Vas A Olvidar é dona de uma composição simples e com toques poéticos que não consegue, porém, entregar a força emocional que a produção constrói para a canção. Produzida por Finneas, a canção é uma tocante, madura e exuberante mistura de indie pop, experimental e art pop que consegue com eficiente unir as personalidades distintas das duas cantoras. Todavia, a força emocional é jogada por terra devido a falta de pungência da composição que deixa a desejar. É como se fosse experimentar um molho de pimenta sem estar picante. Pode até ter gosto, mas fica faltando o verdadeiro sabor do condimento. As performances e a química de Billie e Rosalía ajudam a elevar a canção, pois adicionar doses boas de personalidade, mas o delicado equilíbrio entre conteúdo e a aparência foi quebrado como um vaso de cristal.
nota: 7,5

A Ofuscada

Treat Myself
Victoria Justice


O mundo da indústria do entretenimento é um verdadeiro carrossel com surpresas em um frenético e constante rodopio. Em uma dessas voltas está a carreira da Victoria Justice. Estrela da série Victorious e um dos principais nomes teen da Nickelodeon durante os anos dois mil, a cantora/atriz viu o que seria uma carreira no topo ser ofuscada pela ascensão da sua coadjuvante na série, a Ariana Grande. Sem conseguir decolar, Victoria decidiu tentar mais uma vez o seu lado musical ao lançar o single Treat Myself. O resultado é o famoso nem lá, nem cá. 


Treat Myself não tem muito o que falar sonoramente ao ser uma contida, linear e esquecível soft pop com toques de R&B. Até que a produção é bem pensada e com intensão de soar diferente do que está em alta no pop, mas falta personalidade para fazer a canção ter energia suficiente para saltar aos olhos. Anêmica e com uma direção muito nichada, a canção ganha alguns sopros de vida devida a boa interpretação de Victoria. É possível ver que a cantora tem uma voz com potencial e um timbre aveludado que parece ter força suficiente para carregar canções com apelo emocional pesado. Apesar da performance sólida, os esforços da cantora não são suficiente para dar cor e vida a uma batida pouco inspirada de Treat Myself. Esperança para a carreira musical de Victoria Justice é real, mas é preciso saber como brilhar sem nenhuma sombra atrapalhando. 
nota: 6

Quase Esfriando

r u ok
Tate McRae

Impulsiona no rabo de foguete do sucesso da Billie Eilish, a cantora Tate McRae parece que vai queimar antes mesmo de estourar. Depois do sucesso viral de You Broke Me First, a canção r u ok flopou bonito. E a sua qualidade ajuda a explicar o feito. 

r u ok (Are You Ok?) não impressiona em nada, mesmo não sendo um verdadeiro fiasco. O problema principal é total falta de personalidade da produção ao entregar uma balada mid-tempo pop/electropop que parece com medo de tirar as amarras das comparações com a Billie e, ao mesmo tempo, decidi por um instrumental batido e nada inspirado que tenta injetar alguma vitalidade para a sonoridade em construção da cantora. Resumindo: nada funciona como deveria. Pior: r u ok passa longe de qualquer verniz comercial. Acho até razoável a sua composição que parece que mostra um lado empoderado de Tate, mas isso não é suficiente para segurar o resultado final acima da média. Além disso, a performance vocal da cantora é insonsa, mesmo que tecnicamente bem produzida. Será que a Tate McRae já vai antes de realmente despontar? 
nota: 5,5

19 de janeiro de 2021

Primeira Impressão

Notes on a Conditional Form
The 1975


Cadê a Música, Dona Selena?

De Una Vez
Selena Gomez


Quando descobri que a Selena Gomez iria lançar o seu primeiro projeto em espanhol fiquei animado para ver a cantora se voltar para as suas raízes latinas, poiso poderia finalmente dar para a sonoridade da cantora o tão necessitado estofo que precisa. Então, escutei De Una Vez e a pergunta que veio na minha cabeça é: cadê a música, Dona Selena? 

Com cerca de dois minutos e meio, De Una Vez soa muito mais como uma intro que levaria para o começo de uma outra canção que realmente se parecesse como uma música de verdade. Não que o single seja exatamente ruim, mas, sim, não tem força nenhuma para poder ser chamado realmente de uma música completa. Além de curta demais, De Una Vez falta instrumental, atmosfera e tempero para dar vida a promessa que é feita logo nos começos segundos da canção: uma power balada latin pop. Saído de lugar e chegando no mesmo lugar, a canção ainda erra devido ao excesso de auto tune no vocais de Selena que, por sua vez, não entrega nada mais que uma performance contida e sem sal. O único ponto positivo é a composição que apresenta alguns momentos interessantes que poderiam ter sido melhor desenvolvidos para chegar no ponto certo da emoção que parece querer evocar. Tudo ainda fica pior quando a gente descobre que foram necessários oitos pessoas para escrever a composição e mais quatro para produzir uma canção que não parece ser uma canção. Sinceramente, me ajuda a te ajudar Selena, pois está difícil com lançamentos como esse. 
nota: 5

Primeira Impressão

Song Machine, Season One: Strange Timez
Gorillaz



A Mistureba Divina

The Pink Phantom (feat. Elton John & 6LACK)
Gorillaz

Assim como na criação das Meninas Superpoderosas, a produção de The Pink Phantom do Gorillaz parece ter reunidos os ingredientes mais distintos para criar o single de Song Machine, Season One: Strange Timez. E assim com no desenho, o resultado não poderia ser melhor. 

The Pink Phantom é uma inesperada, grandioso e poderosa mistura de pop rock com R&B, glam rock e indie rock que combina perfeitamente com a presença magnifica de Elton John. Em uma participação resplendorosa que emana da sua força lendária, o britânico encontra a estranhamente perfeita química com os vocais 2-D e da participação inesperada do rapper 6LACK. Um caldeirão que poderia desandar, mas que ganha uma espetacular instrumentalização que apresenta uma robustez suculenta que ajuda The Pink Phantom ser classuda e, ao mesmo tempo, modernosa. Um trabalho que passou batido em 2020, mas que precisa ser descoberto por todos que gostam de uma ótima música. 
nota. 8,5

17 de janeiro de 2021

As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer

Segundo o Wikipédia a definição de one-hit wonder é “o termo usado para denominar uma pessoa ou grupo conhecido por apenas um single de sucesso. O termo é mais utilizado para descrever músicos que conseguiram emplacar apenas um hit single nas paradas de sucesso”. Existem uma infinidade de nomes que poderiam ser citados, mas irei falar hoje daquele que considerado a carta magna de todos os one-hit wonder. Uma música tão marcante que consegue ser também uma das melhores canções de todos os tempos, dona de um dos clipes mais icônicos da história e a música que melhor explicada a sonoridade pop dos anos oitenta. E sem mais delongas está no hora de falarmos sobre... 



Novamente, Nada de Novo

Chemtrails Over the Country Club
Lana Del Rey

Consagrada e ovacionada, Lana Del Rey descobriu o seu verdadeiro nicho musical ao ser a musa numero um do indie pop com uma formula muito bem azeitada e orgânica. Por isso, ouvir Chemtrails Over the Country Club é entender perfeitamente todo o hype em cima da cantora e, ao mesmo tempo, questionar ser a mesma não caiu em uma mesmice repetitiva. 

Como sempre, a canção lançada como single do álbum que leva o mesmo nome é uma melancólica e contida indie pop com elementos pesados de indie rock que tem uma qualidade técnica perfeita e imaculada. Apesar de uma produção exemplar da própria Lana ao lado do Jack Antonoff, Chemtrails Over the Country Club peca parecer encaixar em qualquer outro álbum da carreira da cantora. Parece não existir algo dê distinção a canção do que a gente já ouviu várias vezes, mesmo que a canção tenha personalidade de sobra. Uma performance inspirada de Lana emoldura a canção de maneira elegante e com a sua personalidade de garota em eterna contemplação melancólica da vida em estado puro. Uma entrega vocal ótima, mas nada que a gente já não tinha ouvido antes e, em alguns momentos, resultado em uma performance avassaladora. O ponto fraco de Chemtrails Over the Country Club é sua composição esteticamente bem feita e de acordo com a persona da Lana. O problema é que a letra exala um “white people problems” que deixa um gosto levemente amargo ao final. Longe de ser um trabalho ruim, a canção é mais um trabalho da Lana Del Rey em toda sua glória e os seus defeitos. 
nota: 7,5

O Sucesso é a Minha Vingança

Save Your Tears

The Weeknd

Depois da gigantesca esnobada do Grammy, o The Weeknd parece compreender melhor que o sucesso é o seu maior reconhecimento. Ainda trabalhando o After Hours, o cantor lançou Save Your Tears como single, sugerindo que pode ser o fim dessa era. 

Parte do álbum que contem as canções pop com inspiração dos anos oitenta como, por exemplo, In Your Eyes e Blinding Lights, Save Your Tears é como é uma balada mid-tempo syntyh-pop com toques de soul e um verniz levemente dançante. Feita nos moldes para dançar e chorar na pista de dança, a produção dá uma atmosfera melancólica para emoldurar a composição sobre o arrependimento de terminar um relacionamento. Não acredito que seja o melhor trabalho lírico do cantor, mas a canção apresenta um refrão sensacional. Além disso, a performance de The Weeknd que parece querer misturar uma persona crooner com um cantor pop é como a cereja suculenta em cima do bolo. Claro, o ego de um artista sempre é inflado e acalentado com o reconhecimento dos seus contemporâneos em premiações, mas o sucesso comercial imenso deve suprir essa falta para o The Weeknd. 
nota: 8

Previa de 2021

The Other Lover
Little Dragon & Moses Sumney

Mesmo com tantos problemas graves, 2020 foi um ano até melhor que o esperado para a música devido a qualidade alta de dezenas de trabalhos variados. Espero que 2021 mantenha parte dessa qualidade. E como primeira grande previa está a sensacional The Other Lover. 

Parceria da banda eletrônica Little Dragon com o cantor Moses Sumney, The Other Lover é uma climática mistura de trip hop com R&B/soul/alternativo que resulta em uma batida sensual, melódica e delicada que parece unir a duas pontas artísticas dos envolvidos de maneira elegante. Inspirada e com uma batida contida sem nunca perder o poder de envolvimento, a canção é o tipo de canção que vai lentamente conquistando quem ouve para depois grudar nos nossos ouvidos da melhor forma possível. O grande ponto alto da canção é a química estranha entre os vocais soulful e poderoso de Moses e a delicadeza áspera da vocalista Yukimi Nagano que ajuda The Other Lover a ter uma personalidade única, impressionante e vigorosa. Assim sendo 2021, o ano promete grandes surpresas e um nível de qualidade altíssimo. 
nota: 8,5

15 de janeiro de 2021

Primeira Impressão

Good News 
Megan Thee Stallion


A Primeira Grande Música Ruim de 2021

Vibez
Zayn

Quando a carreira solo do Zayn começo tinha esperança verdadeira que o ex 1D tinha um caminho no mínimo auspicio pela frente. Não sei exatamente o que deu errado, mas de uns tempos para cá apenas tenho constado que tudo foi apenas fogo de palha. Depois da ruim Better, o cantor lançou a péssima Vibez. 

Não que a cação seja exatamente ruim, mas é completamente sem sal, tempero ou qualquer personalidade. Uma tentativa de fazer um R&B/pop envolvente e sensual, Vibez termina na verdade como sendo apático, sonolento e massifico. A produção parece que não sabe dar vida para uma instrumentalização até decente tecnicamente, pois decide dar a atmosfera mais morna possível para canção que deveria resplandecer de personalidade. Nem mesmo os vocais sólidos de Zayn conseguem salvar Vibez já que a performance do cantor segue o mesmo tom da música. Uma pena que o cantor tenha se perdido tanto assim. 
nota: 4,5

Um Milagre de Ano Novo

Anyone
Justin Bieber


Depois de entregar um ano de mediocridade, Justin Bieber parece prometer que em 2021 poderá ser um ano diferente com o lançamento da surpreendente ok Anyone. 

Longe de estarmos diante de uma canção realmente boa, Anyone é, possivelmente, uma das melhores canções do artista desde praticamente o começo da sua carreira. Olhando os meus arquivos, a última vez que o cantor teve tão alta em uma canção solo foi em 2016 com Sorry. O motivo desse aumento de qualidade é o fato da produção construir uma batida concreta e com nuances para a canção, indo na onda contrária do minimalismo pobre dos seus outros trabalhos recentes. Em uma instrumentalização que vai crescendo ao longo da sua duração, Anyone consegue terminar em de forma realmente bem acima da média ao dar vida para o pop comercial do cantor. Dona de uma composição piegas, mas eficiente, o single apenas erra no uso exagerado de efeitos na voz de Justin, atrapalhando a fluidez da canção especialmente na parte do refrão. De qualquer forma, é preciso elogiar o Justin que em um ano foi da bomba Yummy para uma decente Anyone. Será que o nível vai ser mantido no resto do ano? 
nota: 6

Um Pouquinho Demais

Treat People With Kindness
Harry Styles

Provavelmente, o cantar do cisne para o álbum Fine Line, o lançamento de Treat People With Kindness como single é também um agrado aos fãs do Harry Styles. Uma pena que a canção é a mais fraca do álbum ao tentar demais. 

Completamente esquecida por mim, tanto que achei que era um novo single, a canção tem uma bonitinha mensagem sobre literalmente tratar as outras pessoa com bondade. Uma mensagem edificante para começar 2021, mas que parece um pouco esperançosa demais para o clima em que vivemos. Além disso, a produção de Jeff Bhasker entrega uma batida que parece querer quase desesperadamente emoldurar uma sonoridade doo-wop com rock dos anos sessenta em que o resultado final soa um levemente forçado. Ao contrário da naturalidade das outras canções do álbum, Treat People With Kindness não deixa Harry brilhar com o seu carisma devido a decisão de fazer o refrão ser cantado por um coro de vozes femininas. Mesmo assim, a canção é fofinha para terminar uma era tão vitória para o cantor. 
nota: 6,5


Um Comeback Fofo

Afterglow
Ed Sheeran

Após um hiato depois do lançamento do álbum No.6 Collaborations Project e o nascimento da primeira filha, Ed Sheeran faz o seu comeback com o lançamento da fofinha e inofensiva Afterglow. 

Provavelmente inspirado pelo nascimento da filha, Ed faz de Afterglow uma baladinha acústica e simples que não sai do lugar sonoramente, mas é um agradável e emocionante trabalho que o cantor sempre entregou. E por isso, quem gosta do cantor vai gostar do single e quem não gosta é melhor passar longe. Acredito que o melhor de Afterglow é uma leve pincelada folk/indie que pode apontar um possível caminho para a sonoridade do próximo álbum de Ed, mesmo a canção não sendo faixa de trabalho do mesmo. Será que esse é a ponto do iceberg para 2021 ser mais um ano do Ed Sheeran?
nota: 7

Primeira Impressão

Such Pretty Forks in the Road
Alanis Morissette



13 de janeiro de 2021

Os Melhores Álbuns de 2020 - Parte I



Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Diaba
Urias


Para começar esse especial em 2021 resolvi escolher uma canção que não necessariamente faz parte de uma lista de grandes músicas pop de um passado mais distante. Lançada em meados de 2019, Diaba da cantora Urias é o tipo de trabalho que fez um burburinho bastante nichado, mas que ganhou o reconhecimento merecido por aqueles que a conheceram. E é por isso que a mesma está aqui, pois Diaba precisa ser reconhecida por mais gente por ser um dos melhores trabalhos da música brasileira dos últimos tempos. 

Explosiva do começo ao fim, Diaba é uma excitante mistura de electropop, trap, indie pop e alternativo que criar uma verdadeiro porrada sonora que parece transpirar raiva em uma batida frenética, poderosa e raivosa. A produção da canção injeta doses altas de camada sonoras, nuances ousadas e referências preciosas para elaborar uma canção complexa e de uma riqueza instrumental impressionante para os padrões do atual cenário pop brasileiro. Esse cuidado e inteligência em construir algo tão impactante é necessário no instante que Diaba é sobre a forma que é preciso por pessoas trans em viverem na nossa sociedade. Colocadas na margem, renegadas aos direitos mais simples e marginalizadas de diversas formas, as pessoas trans são verdadeiros sobreviventes em um país que mata essa comunidade. E é por isso que os versos de Diaba cantados por uma mulher trans tem tanto impacto como um soco na cara: 

Sua lei me tornou ilegal 
Me chamaram de suja, louca e sem moral 
Vão ter que me engolir por bem ou por mal 
Agora que eu atingi escala mundial 

Combinando uma sinceridade crua, um tom de urgência aterrorizador e uma força cavalar, a letra Diaba é um trabalho que parece unir perfeitamente o lado intelectual com o lado comercial ao ser de fácil assimilação e com uma linguagem descomplicada. Entregando uma performance certeira e com uma personalidade ímpar ao misturar estilos diversos, Urias fica os seus dois pés no alicerce dessa geração de artistas queers que vieram para mudar a cara da música brasileira com o mesmo pé na porta que é o poder de Diaba. E que assim seja. 
nota: 8,5

12 de janeiro de 2021

Primeira Impressão

Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) ∞
Kali Uchis




Um Canto de Esperança

É Tudo Pra Ontem
Emicida & Gilberto Gil

Para começar 2021 é necessário ter um pouco da esperança que 2020 parece ter pisado até ficar nanico. E nada melhor que construir essa expetativa para um ano muito melhor do que ser inspirado pela poética e emocionante É Tudo Pra Ontem do Emicida com participação do gigantesco Gilgerto Gil. 

Lançada junto com o documentário AmarElo — É tudo pra para ontem da Netiflix, a canção é um tapa de otimismo e poesia que não nega que vivemos os piores tempos de nossas vidas, mas tem uma forte mensagem sobre entender que a vida é feita de ciclos e que nada é para sempre. Otimista e, ao mesmo tempo, realista, Emicida entrega um trabalho liricamente primoroso e de uma inteligência ímpar que deixa bem claro a grandiosidade da figura do rapper e sua capacidade ímpar de criar grandes canções. Uma mistura fina, delicada e inspiradora de rap com MPB, É Tudo Pra Ontem tem na presença do Gil o seu toque de mestre. Narrando um texto retirado do “A Vida Não É Útil,” escrito pelo líder indígena Ailton Krenak, a lenda do nosso cancioneiro dá um toque de genialidade que poucas canções feitas atualmente no Brasil por nomes de destaque tem a capacidade de criar. Urgente e de uma força emocional tocante, É Tudo Pra Ontem é a canção ideal para tentar começar um novo ano. 
nota: 8,5

Começando o Ano em Alta Versão 2021

Good Days
SZA


Durante dois anos (2018 e 2019) comecei o ano novo com uma grande canção que parecia que ia dar o tom dos próximos 365 dias. Ano passado, porém, comecei diferente com uma música que se transformou em uma das caras de 2020. Felizmente, 2021 voltará com as boas noticias devido ao lançamento da auspiciosa Good Days da SZA. 

Diferente da sensual Hit Different, Good Days tem uma delicadeza e serenidade na sua atmosfera que ajuda a dar a pegada ideal para transportar a ótima composição. Procurando paz de espirito e autoconhecimento, SZA revela que descobriu que parte dos seus problemas era o relacionamento tóxico que a impedia de ser feliz. Apesar de certa verborragia, a letra de Good Days é um trabalho complexo, inteligente e com uma personalidade poética que sabe tirar de um tema “banal” algo realmente edificante. Além disso, a produção é outro grande acerto, pois, sem sair longe do R&B contemporâneo que a fez a cantora estourar, consegue entregar uma instrumentalização forte, rica, inspirada e com estufo primoroso, especial na parte final que o arranjo toma conta com adição de nuances muito bem vindas. Se o ano de 2020 tiver essa mesma qualidade será realmente um bom ano. 
nota: 8

Primeira Impressão

Confetti
Little Mix


Confusão

Sweet Melody
Little Mix

Terceiro single do sexto álbum do Little Mix, Sweet Melody é uma canção difícil de se caracterizar devido a sua produção seguir caminhos, digamos, estranhos. Apesar disso, a canção ainda possui uma boa qualidade. 

Uma mistura de electropop com dance-pop e drum bass que parece ter toques de latin pop e reggaeton, Sweet Melody é o tipo de canção que terá gente que vai amar ou vai odiar. Não apenas pela escolha sonora, mas, principalmente, a estrutura fragmentada da canção que é cortada por um verso que se repete apenas “doo-doo, doo-doo-doo-doo”. Essas quebras entres versos é que cria um ruído meio estranho que não chega atrapalhar de fato da canção, mas também não ajuda. Sweet Melody, felizmente, tem qualidades que realmente ajudam o resultado final como, por exemplo, o divertido refrão e a presença sempre marcante das integrantes do Little Mix. A melhor parte, porém, é a inteligente, ácida e bem escrita composição que remete diretamente ao outro sucesso da girl band, a divertida Shout Out to My Ex. Apesar da confusão que a produção entregou, a canção ainda mostra que o Little Mix consegue se sobressair. 
nota: 7