13 de janeiro de 2021

Os Melhores Álbuns de 2020 - Parte I




30. The End Of Everything 
Noah Cyrus 


“The End Of Everything é uma coleção surpreendente, melancólica, muito bem produzida e, por várias vezes, emocionante de uma mistura de indie pop com country, folk e pop rock em que podemos perceber uma artista bem melhor que é possível imaginar. Claro, falta ainda para Noah certo amadurecimento, mas é nítido que a jovem de vinte anos tem muito para mostrar e, principalmente, falar.” 


29. Affair 
Gloria Groove 


“Mesmo tendo lançando canções com apelo comercial/mainstream brasileiro, a Gloria Groove sempre mostrou uma queda grande pelo R&B. E esse amor é muito bem ouvido no ótimo EP Affair.” 

28. Such Pretty Forks in the Road 
Alanis Morissette 


“Quando lançou o seu definitivo álbum Jagged Little Pill em 1995, Alanis se tornou a voz de uma geração reverberando sonhos, aflições, iras, medos e desejos de um público em busca de um caminho. Mais de vinte anos depois, a cantora perdeu toda a urgência, pois, assim como o seu público, os anos passaram, a maturidade chegou e os problemas mudaram para dilemas contemplativos em que a cantora se coloca em uma posição de reflexão e, não, de ataque quando atingiu o seu ápice na carreira. E isso não é nenhum problema, pois Such Pretty Forks in the Road, além de manter várias qualidades da artista, é o perfeito veículo para narrar os sonhos, aflições, iras, medos e desejos de uma geração com que chegou à meia idade com filhos, casamentos e hipotecas para pagar. E nessa figura que entra Alanis aos seus quarenta e seis anos é mãe, esposa e, provavelmente, teve ter algumas dividas para pagar. E, por isso, o nono álbum da cantora é experiência de uma artista madura que sabe dialogar com seu público como se fosse uma conversa entre amigos de longa data.” 



27. Song Machine, Season One: Strange Timez 
Gorillaz 


“Sem ter exatamente um gênero especifico como base, mas, sim, uma abundância de influências que vão do electropop ao indie rock, passando britpop ao R&B, Song Machine, Season One: Strange Timez tem nos seus ilustres convidados um pilar tão forte e precioso que até consegue jogar um holofote que distraí em partes os erros do álbum.”  

26. folklore 
Taylor Swift 


“Ao ouvir folklore é possível notar facilmente que Taylor está começando a sua maturidade artística. O álbum é uma coleção intrigada, coesa e inspirada de canções que conseguem estabelecer uma evolução sonora e, ao mesmo tempo, retornar de certa forma as raízes da cantora como adulta. Tente imaginar o álbum como um Man of The Woods que realmente deu certo. Uma das razões para a elevação do álbum em relação aos trabalhos anteriores é a consagração definitiva da compositora Taylor. Entregando as suas melhores letras até o momento, a cantora consegue abrir o seu coração de uma maneira que coloca completamente abaixo a minha sensação de que a cantora queria sempre soar desesperadamente descolada, inteligente e profunda. Em folklore, porém, Taylor consegue parecer todas essas coisas de forma natural, orgânica e, várias vezes, genial. Uma das razões para isso está no fato de Taylor realmente parecer não dar atenção para o que os outros irão pensar sobre o que a mesma está escrevendo, tirando um peso importante e limitador de sua liberdade.” 

25. Plastic Hearts 
Miley Cyrus 


“Plastic Hearts fica por muito pouco de estar a um passo do paraíso ao não ter um toque de genialidade que pudesse o elevar a uns dois ou três degraus acima. Isso não quer dizer que o sétimo trabalho da Miley seja nem perto de ser um ruim ou mesmo mediano, pois estamos falando de um ótimo álbum. E a principal razão para essa conquista é a própria artista que ao encontrar qual a sonoridade em que melhor se encaixa deixa a sua voz realmente brilhar do começo ao fim. Sempre fui um critico de como a cantora entoava boa parte das suas canções, pois ao ser dona de um timbre tão distinto qualquer exagero pode causar um ruído não agradável nos ouvidos. Isso passa longe de acontecer no álbum no instante em que a cantora parece confortável para explorar sem medo as possibilidades da sua voz porque a produção dá a base robusta capaz de amortecer algum possível grande deslize. Funcionando vocalmente melhor que os seus melhores momentos no passado, Miley transita da roqueira enfurecida para a arauta de baladas sentimentais com a mesma força, coerência e brilho e impondo a sua personalidade a todo instante.” 

24. how i'm feeling now 
Charli XCX 


“Novamente, Charli XCX é capaz de produzir a dose certa entre o experimental e o comercial sem prejudicar nenhum aspecto dessas duas vertentes e, principalmente, entregando uma sonoridade capaz de agradar públicos distintos. Apesar de ser menos espetacular que o trabalho anterior, provavelmente devido as limitações de gravação na quarentena e o tempo curto de produção, how i'm feeling now é um dinâmico, orgânico e rico electropop/pop experimental que desafia expectativas em uma produção que parece brincar com os limites da sua própria sonoridade. Cada canção parece querer subverter as suas próprias ideias iniciais ao adicionar uma dose cavalar de batidas ásperas, sintetizadores ruidosos e quebras sonoras que parecem uma coleção de sons desconexos, mas que no final das contas contribuem para a construção do resultado final.” 

23. Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) ∞ 
Kali Uchis 


“Para qualquer ouvinte menos cuidadoso, a grande diferença entre o primeiro álbum e esse segundo trabalho é basicamente a língua e algumas diferenças sonoras aqui e ali. Todavia, Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) ∞ é uma guinada de 180° para o primeiro álbum no momento que a cantora deixa de lado a base que conquistou de público e de critica para corajosamente se lançar em um caminho excitantemente novo. Apesar de ainda manter uma estrutura R&B/indie/alternativa, Kalis mergulha fundo nas suas próprias raízes ao trazer com força a música latina em várias de suas vertentes, indo do tradicional ao reggaeton. Um caldeirão fervilhante, excêntrico e ousado que poderia não funcionar, mas, felizmente, a prática passa bem longe de um desastre total.” 

22. High Road 
Kesha 


“High Road é um álbum divertidamente descartável. Embora isso possa parecer algo para ser entendido como ruim, a verdade é que essa é a sua principal qualidade. Kesha mostra aqui que está pronta para se divertir como se fosse 2010, mas não o mesmo em que a cantora viveu e, sim, um novo 2010 em que é a cantora que dita as suas próprias regras. E, ao mesmo tempo, continuar a viver o seu atual momento ao cuidar de forma menos intensa as feridas deixadas. Assim High Road se tornar uma aventura sobre se sentir uma merda, mas erguer a cabeça e decidir deixar tudo na pista de dança. A cantora vai da reflexão de Rainbow para extravasar todos os demônios para a pura celebração em High Road, deixando claro que a mesma está mais do que pronta para achar a sua felicidade plena. É fácil ouvir a velha Ke$ha aqui e ali, mas são apenas fleches de uma antiga personalidade que evoluiu para algo melhor. A principal mudança de antes e o agora é liricamente: Kesha pode até entregar composições engraçadonas e com aquela persona "dirty" que o público ouviu no começo, mas existe uma mudança significativa quando se percebe a maturidade que a artista coloca em cada trabalho. Não espere canções que facilmente poderiam virar hits, pois a cantora está mais preocupada no conteúdo que as suas letras apresentam. Divertida, irônica, brega quando precisa e séria quando o momento pede, as composições em High Road representam perfeitamente o atual estado da vida da cantora.” 

21. After Hours 
The Weeknd 


“Se você escutar After Hours em busca de uma revolução sonora é melhor tirar o cavalinho da chuva. The Weeknd entrega novamente uma mistura azeitada de R&B, electropop e indie R&B que é envernizado com a atmosfera sombria, sensual e depressiva que o ajudou a dar a personalidade que transformou na força que é atualmente. E não há nenhum problema nisso, pois o The Weeknd chegou em um estágio em que a sua sonoridade está no ápice em todos os quesitos. Tecnicamente impecável e sonoramente sólido, a produção em After Hours eleva a persona artística do The Weeknd ao colocar a sua sonoridade em nível em que tudo soa grande, épico, urgente, parecendo mais do que parece ser na verdade. Uma característica que já era ouvida nos trabalhos anteriores, mas que aqui chega em um patamar novo no instante que o público consegue perceber integralmente todas as nuances e texturas usadas para construir o trabalho. Se antes, o cantor poderia soar um pouco distante, o álbum faz com que o público encare de frente o The Weeknd como se fosse um trem vindo diretamente. Felizmente, a colisão acontece da melhor forma possível, principalmente para aqueles que já gostam da sonoridade do cantor, colocando todas as suas cartas na mesa sem ter medo ou mesmo muita preocupação em converter aqueles que não gostam. E uma dessas principais cartas é a versatilidade de The Weeknd em transitar entre as suas várias personas artísticas.” 

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