28 de março de 2023

Crônica Moderna

Running Out Of Time
Paramore

Uma das melhores qualidade do atual era do Paramore é a capacidade ímpar de reflexões sobre a nossa vida moderna. E Running Out Of Time é uma das melhores do álbum This is Why.

No terceiro single do álbum, a banda reflete de maneira ácida, inteligente, bem humorada e desconcertante sobre a falta de tempo que lidamos no nosso dia a dia. Na verdade, Running Out Of Time é mais sobre como usamos isso como desculpa para escapamos de fazer coisas como, por exemplo, conhecer nossos vizinhos ou ir em uma festa de algum amigo. Coisas “pequenas” que no futuro é provável que vamos nos arrepender. Sonoramente, a canção é uma excitante e viciante dance punk que dá o toque pop para o Paramore sem precisar de ser pop. E assim a banda constrói uma das carreiras mais interessante da atualidade. 
nota: 8

Um Encontro Que Não Sabia Que Precisava

Heaven (Remix) (featuring Tinashe)
Shygirl

O primeiro e consistente debut álbum da Shygirl irá ganhar uma versão que consiste apenas de versões remixes. Intitulado Nymph_o, o relançamento conta como single Heaven com a presença inusitada de Tinashe.

Sem nunca ter imaginado essa união, o resultado de Heaven é algo que sinceramente não esperava que precisava ouvir. Sem mudar muito esteticamente, a canção é uma delicada, melódica e fofa syhthpop/indie pop com pinceladas de R&B que ganha contornos deliciosos devido a presença iluminada da Tinashe. Existe uma química natural entre as duas artistas que poderia ter sido trabalho por mais tempo, mas o que é ouvido é o suficiente para entender o quanto talentosas as duas são. E espero que no futuro possa ter uma colaboração original, pois esse aperitivo de Heaven deixou com muita agua na boca.
nota: 8

New Faces Apresenta: Coi Leray

Players
Coi Leray

Lançada no final do ano passado, a canção Players é mais um virial que vai conquistando espaço nas paradas tradicionais. E, ao contrário de outras canções na mesma onda, o resultado aqui é melhor que o esperado e abri portas interessantes para a rapper Coi Leray.

Produzido pelo produtor em ascensão Johnny Goldstein, a canção tem o seu toque de genialidade ao utilizar pesadamente o clássico do hip hop The Message do Grandmaster Flash and the Furious Five de 1982 como base para criar um divertido, cadenciado e pegajoso instrumental que consegue ser nostálgico e, ao mesmo tempo, adiciona uma dose precisa de pop que agrega um público. Apesar de não ter uma letra extraordinária, Players precisa ser elogiado devido ao fato da rapper ter improvisado toda a canção em apenas um take, entregando uma performance com personalidade, leve e despretensiosa. Não é revolucionário, mas é bem acima da média que boa parte das canções virais atualmente se apresentam. E se a Coi Leray continuar nessa mesma pegada é capaz de ter um futuro brilhante pela frente.
nota: 7,5

Shakira On a Mission

TQG
KAROL G & Shakira

Shakira está na missão para revitalizar a sua carreira e, principalmente, para esculachar o Piqué até o máximo possível. Depois do sucesso de Shakira: Bzrp Music Sessions, Vol. 53, a cantora desfruta de bons resultados ao lado da Karol G com TQG. Uma pena que a cantora também não esteja procurando melhorar sonoramente.

Ouvir TQG é perceber que a Shakira é bem maior que esse reggaeton/latin pop massificado que não adiciona nada artisticamente e, sim, apenas comercialmente. Rasa, repetitiva e massificada, a canção não tem um clímax que possa ao menos elevar a canção para algo um pouco mais divertido. O que realmente salva é a presença da estrela e a boa química com Karol G. Outro bom que tem algum destaque é a composição que, apesar de menos direta, tem alguns momentos deliciosos como “Fala pra sua nova mina que eu não compito por homens/ Pra ela parar de ficar provocando/ Porque, pelo menos, você era bonito comigo”. TQG é a prova que Shakira está numa ótima fase. Falta entregar uma boa música.
nota: 5,5


26 de março de 2023

Primeira Impressão

Red Moon In Venus
Kali Uchis


Vibes

Moonlight
Kali Uchis


Tentar prever qual música tem chances de fazer sucesso, especialmente os que começas por virais, é algo que está cada vez mais difícil de acertar. Entretanto, se existe uma que eu apostaria seria na deliciosa Moonlight da Kali Uchis.

Segundo single de Red Moon in Venus e uma das melhores do álbum, Moonlight tem as mesmas vibes de Telepatía, maior sucesso de Kali, ao ser vibrante, sensual, contagiante e viciante de maneira natural e fluida. Não apenas isso, mas a canção é sonoramente sensacional ao ser uma deliciosa mistura de neo-soul, psychedelic e R&B alternativo que não pende para algo denso, mas, sim, para o iluminado e completamente despretensioso. A presença aveludada de Kali e a eficiente composição, especialmente o seu marcante refrão, cria todas possibilidades para a canção ser o sucesso do próximo verão estadunidense. Queria de verdade que essa minha aposta se realizasse, pois a Kali Uchis merece tudo o sucesso possível.
nota: 8

O Inicio de Uma Imensa Era

To Be Honest
Christine and the Queens


A nova era de Christine and the Queens será simplesmente gigantesca: o álbum Paranoïa, Angels, True Love terá três lados, vinte músicas ao total, cerca de uma hora e meia de duração e três parcerias com a Madonna. Felizmente, a primeira amostra é a ótima To Be Honest.

Apesar de não necessariamente parecer com um primeiro single, a canção é uma requintada, bela, épica, melancólica e poderosa mistura de synthpop com art pop e toques de art rock que a transforma em uma pequena grande obra pop. O trabalho instrumental ouvido aqui é impressionante ao ser de uma complexidade sonora que a eleva para outro patamar. Devo admitir que não gosto exatamente do clímax de To Be Honest, pois a mesma não parece alcançar o ápice que a sua construção iniciar parece a encaminhar. Tirando isso, a canção é um deslumbre sustentado pela belíssima e tocante performance de Christine que coloca um peso emocional palpável para entoar uma honesta letra sobre o medo de amar. Sinceramente, se essa for uma previa real do que está por vim, o álbum será um dos eventos pop de 2023. Que assim seja.
nota: 8

Órfã

Mother
Meghan Trainor


Uma música para ser icônica para a comunidade queer precisa antes de qualquer coisa se transformar em icônica de maneira orgânica. Em Mother, canção da Meghan Trainor destrói qualquer possibilidade ao forçar algo que precisa ser natural.

Nos últimos tempos, o termo “mother” (mãe) vem ganhando força para intitular uma artista que é querido por vários motivos pelo público queer. Um exemplo recente perfeito é da atriz Jennifer Coolidge. Entretanto, Trainor quer enfiar por goela a baixa esse titulo em uma canção forçada, pretenciosa e sonoramente fraquíssima. Uma electropop/ doo-wop sem vergonha e completamente sem criatividade em que o único bom momento é o usar o sample de Mr. Sandman como base. Isso nem pode ser comemorado, pois a produção destrói qualquer graça com a falta de graça do resto da canção. E para piorar, a composição é uma coleção de frases feitas misturada com vergonha alheia sobre machismo que não funciona em nenhum patamar. Acho que Meghan seja um fofa e tenha talento, mas, querida, não força a barra.
nota: 3

Dueto Decente

We Go Down Together
Dove Cameron & Khalid


Se existe um nome que pode está se fomentando para ser a próxima diva pop é a da atriz/cantora Dove Cameron. Depois do sucesso de Boyfriend, a cantora investe na redonda We Go Down Together.

A canção é uma balda pop/R&B que não reinventa a roda ou muito menos excede expectativas, mas é um trabalho bem feitinho que depende da química excelente ente Dove e o cantor Khalid. Na verdade, as performances de ambos e como suas vozes se casam é o motivo principal para que a canção funcione, pois dá emoção e substancia para o resultado final. We Go Down Together apresenta uma boa composição, mas que precisaria de um refinamento emocional maior para de destacar de verdade. Mais como uma prima modesta de Lovely do próprio Khalid ao lado da Billie Eilish, a canção funciona como esse veículo para agregar no caminho de transformação de Dove Cameron no próximo grande nome. Aguardemos.
nota: 7

Curta Criatividade

Wings
Jonas Brothers


Sabe aquela música que tem tudo para ser genial, mas termina sendo apenas ok? Então, esse é o perfeito caso de Wings do Jonas Brothers.

Single do próximo álbum do trio de irmãos intitulado apenas The Album, a canção tem uma ideia por trás extraordinária que é diluída pela própria produção que não tem a menor ideia do que fazer com seu conceito. Construída com Bohemian Rhapsody em mente com toques de Talking Heads, Wings é uma pop rock com art rock com um instrumental sensacional que vai completamente fora da caixa para o que esperamos de uma canção da banda. Entretanto, a produção parece que não saberia como dar profundidade para a canção e a fez ser um trabalho de apenas um minuto e cinquenta e o oito segundos, cortando qualquer excitamento sem nem chegar perto do que poderia ser um resquício de clímax. Além disso, a composição é legalzinha, mas é pobre criativamente que precisou de inexplicáveis dez nomes para escrever basicamente cinco versos que se repetem. Os vocais divididos entre Nick e Joe com participação especial do coprodutor Jon Bellion são ótimos, mas sem o desenvolvimento da canção não tem o mesmo efeito que poderia alcançar. Uma pena que Wings é tão curto, pois poderia facilmente ser uma das melhores canções do ano.
nota: 6

21 de março de 2023

Divino

Alyosha
Susanne Sundfør

Uma das melhores coisas em amar música e ter esse blog é que de tempos em tempos descubro algo que simplesmente é divino. E isso é o resumo perfeito da genial Alyosha da norueguesa Susanne Sundfør.

Com uma carreira de quase vinte anos e cinco álbuns lançada, a artista entrega na canção uma experiência sublime ao poder emocionar, encantar e inspirar sem precisar de arrombos sonoros e, sim, usando simplicidade técnica e a complexidade criativa. Alyosha é uma belíssima power balada indie pop/folk/contemporânea que não apresenta nada de novo, mas abusando da qualidade instrumental para criar uma melódica, delicada, iluminada e com uma atmosfera quase magica e etérea. A imensa sabedoria da produção para construir o arranjo da canção é o que a faz ter a capacidade de sustentar o que grande trunfo: a lindíssima composição.

Alyosha é sobre maternidade e como isso a vida da mãe e, claro, de quem a cerca. Apesar de ser uma visão aqui indo para o lado extremamente positivo da experiência, a canção é também o relato sobre amadurecimento e as reflexões que os marcos da vida de uma pessoa. E isso é feito da maneira mais poética possível com uma letra brilhante, honesta e com um toque de esperança que faz falta nos dias de hoje. Completando o pacote, a performance angelical, tocante e resplendente de Susanne Sundfør é a perfeita elevação de toda a construção realizada. Alyosha é a continua confirmação que música pode ser divino.
nota: 9

Slow & Delicioso

CooCool
Róisín Murphy

Depois de ligar a sua máquina disco/pop/house em Róisín Machine, a Róisín Murphy parece pronta para desacelerar e embarcar na suavidade com o lançamento de CooCool.

Primeiro single do seu próximo álbum, a faixa é uma deliciosa, sedosa e elegante mistura de deep house, R&B, downtempo, toques de disco e funk que prefere se apoiar em uma batida mais cadenciada e envolvente do que partir para o batidão. E essa decisão é algo sensacional, pois, além de diferenciar o atual trabalho para o anterior, CooCool é perfeito para mostrar as nuances e texturas que a Róisín é capaz de adicionar com a sua sublime, descolada e magnética performance vocal. CooCool apresenta também um excepcional trabalho instrumental que mesmo não sendo numericamente complexo é de uma refinadíssima e de uma atmosfera layback. CooCool é o começo promissor de mais uma era para a sempre excitante Róisín Murphy.
nota: 8

Simpática

Tudo Pra Amar Você
Marina Sena

Nova queridinha do pop nacional, a cantora Marina Sena prepara para lançar o seu segundo álbum. Como primeiro single foi lançada a simpática Tudo Pra Amar Você.

Longe do apelo de Por Supuesto, o single é uma redonda, fofa, bonitinha e inofensiva MPB/pop/afrobeats que deixa claro que ao menos a cantora não está longe de se render ao fácil. Tudo Pra Amar Você é uma canção completa com cerca de três minutos que realmente leva o seu tempo para construir toda a sua batida. O principal erro da canção é a repetição da frase “tudo pra amar você” que entoada por Marina sob o efeito de um efeito vocal que em pequenas doses funciona, mas aqui fica exagerado e repetitivo demais. Do resto, a cantora é dona de um timbre único que funciona devido ao carisma da artista. E isso é algo que vem faltando na atualidade da música brasileira.
nota: 7



Precoce

Mais Uma
ZAAC & Anitta


Mais Uma do Zaac com a presença da Anitta é outro exemplo do maior problema do pop nacional atual: a brevidade.

Com apenas dois minutos, a canção poderia até ser bem melhor se pudesse trabalhar as suas próprias ideias, mas isso é deixado de lado para criar esse tipo de canção rápida, rasteira e sem sentido de existir. E isso é algo que poderia ser resolvido com um pouco mais de trabalho sonoro da produção, pois Mais Uma nem é tão ruim instrumentalmente. Uma mistura legal de funk, pop e latin pop, a canção tem uma produção que parece querer sair do lugar comum, mas não tem a ousadia de se aprofundar na batida com elementos interessantes aqui e ali. Gosto da presença do Zaac desde que o mesmo integrou tudo sem pedir em Are U Gonna Tell Her? da Tove Lo, mas Anitta novamente entrega uma performance automática que não ajuda em nada a canção. E a letra é daquele jeito: abaixo de qualquer média e totalmente rasa. Mais Uma tinha tudo para não ser mais uma na multidão.
nota: 5,5

19 de março de 2023

Primeira Impressão

This Is Why
Paramore


O Gospel De Acordo Com a Lana Del Rey

The Grants
Lana Del Rey


E com o lançamento de The Grants, a Lana Del Rey entrega uma das suas canções mais ousadas ao adicional uma carga pesada de gospel a sua sonoridade.

Apesar de não ser exatamente original, a decisão de colocar uma dose de gospel é algo que, ao menos para mim, soa completamente surpreendente e tão bem vindo. The Grants se beneficia da presença de Melodye Perry, Pattie Howard, e Shikena Jones, importantes e renomadas backvocais, que não apenas cumprem belíssima os seus papeis ao longo da canção, mas entoam sozinhas o começo inesperado e lindíssimo da canção. E é desde momento em diante que a canção ganha esse contorno gospel que a molda de maneira espetacular para logo fazer a boa transição para algo mais tradicional de Lana: baroque pop/art pop/indie pop. Apesar de muito bem conduzido, essa segunda parte de The Grants perde um pouco da força inicial devido a ser algo que já é realmente esperado da cantora, mas o lindo contraste com o começo, a presença do trio citado e a ótima performance individual de Lana dão a finalização ideal para a canção. O que poderia ter elevado ainda mais o single seria a canção não retornar ao tema recorrente da artista ao relatar uma paixão conturbada por “homem de família” ao usar os mesmos recursos líricos de sempre. De qualquer forma, The Grants é um dos momentos mais surpreendente da carreira da Lana Del Rey desde o seu começo e isso já é dizer muita coisa.
nota: 8

Pretenciosidade

DEATH
Melanie Martinez

Nunca entendi muito bem o hype por trás da carreira da Melanie Martinez, mas com o lançamento de Death continuo a não ter a menor ideia já que a canção é péssima.

O principalmente fator para o single que abre os trabalhos do álbum Portals é a sua pretensiosidade exacerbada. Death é uma tentativa de evolução sonora da cantora adicionando uma camada pesada de hyperpop/alt-pop para o indie pop ouvido anteriormente que termina sendo uma bigorna que afunda de vez. Existe essa noção da produção de estar fazendo algo genial e original, sendo que a verdade a canção é colcha bem mal costurada de coisas que já foram feitas infinitamente melhor como, por exemplo, a Aurora. O que é o prego no caixão de Death é a sua cafona, clichê, sem originalidade e rasa composição que fala sobre voltar depois de sofrer, parecendo que o retorno de Melanie é a coisa mais importante do mundo. Acredito que para quem é fã possa até ser, mas Death é só a comprovação que Melanie Martinez não faz sentido para mim.
nota: 4

Saudades de Um Passado Quase Não Vivido Parte 2

Ghosts Again
Depeche Mode


Nasci em 1988 e, obviamente, não vive os anos oitenta, mas a sua influencia cultural em mim foi extremamente pesada. E claro que isso se estende para a música. Um dos principais nomes da época foi a banda Depeche Mode. Em Ghosts Again, single do novo álbum da banda, prova que é possível fazer nostalgia sem ter cheiro de naftalina.

O duo agora formado Dave Gahan e Martin Gore tem uma importância fundamental para a popularização e refinamento do synthpop e Ghosts Again deixa bem claro a capacidade de criar uma canção do gênero que seja atemporal e, ao mesmo tempo, fundamentalmente ligada aos anos oitenta. E o que o Depeche Mode faz aqui é repetir com precisão, elegância e energia o que os mesmos ficaram famosos de forma a conseguir entregar uma canção que está longe de ser original, mas é de uma maturidade impecável em todos os sentidos. E Ghosts Again se torna ainda mais impactante devido a sua ótima composição sobre os ciclos que temos na nossa vida que tem no repetido verso “We know we'll be ghosts again” o ponto chave emocional devido a morte do integrante Andy Fletcher no começo do ano passado. Depeche Mode é dos nomes de artistas que me fazem ter nostalgia de algo que não vivi, mas que, felizmente, ainda estão em total ativa.
nota: 8



Um Tema Para Demi

STILL ALIVE
Demi Lovato


A decisão de ter a Demi Lovato para entoar Still Alive que é tema do novo filme da franquia Pânico é até acertado, pois reflete a vontade da saga cinematográfica de atrair um público mais jovem. O problema é que a canção é matadora como deveria ser.

Seguindo os passos da atual sonoridade da Demi, Still Alive é uma pop rock bem feitinha pelas mãos de Mike Shinoda do Link Park. Entretendo, tudo é feito quase que ligando os pontos de como dever ser uma canção assim, deixando boa parte de personalidade fora do resultado final. Sem esse estouro sonoro, a canção é segurada de maneira sólida pela performance de Demi que dá alguma personalidade para a canção. O que não dá liga de jeito maneira é a composição clichê, sem graça e sem muita ligação com o filme que entrega o refrão mais xoxo da carreira da cantora. É uma boa intenção que fica apenas no campo da boa ideia. Teria sido mais interessante se a Demi tivesse um papel no filme.
nota: 6

12 de março de 2023

Uma Segunda Chance Para: Tonight I'm Getting Over You

Tonight I'm Getting Over You
Carly Rae Jepsen


Algumas canções com o passar do tempo tem a capacidade de melhorar devido a vários fatores. Outras perdem certo brilho quando analisamos com uma visão revisitada. Existem um numero pequeno que anos depois se tornam verdadeiros clássicos e outras que se tornam bombas atômicas. Nessa primeira categoria está a genial Tonight I'm Getting Over You da Carly Rae Jepsen.

Lançada em 2013 como último single do álbum Kiss e ainda na esteira do sucesso de Call Me Maybe, a canção é uma verdadeira cartilha de como fazer uma canção pop realmente marcante, original e de um potencial imenso. Apesar de todos os elementos funcionarem lindamente é na excepcional produção que boa parte da qualidade da canção é depositada. Produzido por Max Martin e Lukas Hilbert, Tonight I'm Getting Over You é uma mistura refinadíssima mistura de electropop, house, europop e toques de synth-pop, mas que se torna especial devido a sua construção.

A mesma começa de maneira contida que quase indica uma canção mid-tempo e aos poucos vai crescendo para uma batida bem marcada e poderosa. Todavia, a produção não a deixa linear e que facilmente deixaria a canção enfadonha, mas, sim, vai continuando a construção do gigantesco clímax final de maneira continua e completamente envolvente. E quando chega esse clímax é como se fosse a queima de fogos na virada do ano na praia de Copacabana. Existia um grande perigo nessa decisão ao fazer Tonight I'm Getting Over You simplesmente um batidão sem sentido. Felizmente, existe um verniz espetacular que apesar da sua batida explosiva a transforma em uma canção de amor genuína. E isso se dá devido também a linda e de quebrar o coração composição sobre a necessidade de Carly de tirar da cabeça alguém que a faz sofrer devido a não se decidir sobre se estão vivendo um romance ou não. A delicada voz da cantora e a sua poderosa performance dá o contraste ideal para Tonight I'm Getting Over You alcançar esse equilíbrio entre a explosão da batida e melancolia da composição. Sinceramente, Tonight I'm Getting Over You vem envelhecendo tão bem aos meus olhos que já é considerada por mim como uma das melhores músicas pop de todos os tempos.
nota: 9,5

Soco No Estômago

Ice Cream Man.
RAYE

Apesar de ter lançados canções com mensagens fortes até o momento, a Raye entrega a sua mais poderosa composição com a devastadora Ice Cream Man.

Single do genial My 21st Century Blues, a canção narra a história de quando a cantora foi assediada sexual por um produtor. A maneira direta, desconcertante e real como a cantora narra tudo o que aconteceu e como isso repetiu na sua vida encontra ressonância nas histórias de mulheres que já vivenciaram esse tipo de abuso. Entretanto, Ice Cream Man soa mais positiva que negativa, pois existe uma clara força liberatória e um brilho de esperança na maneira como Raye entoa cada verso, mostrando que a canção é um dos momentos de maior expiação do álbum. Sonoramente, a canção é um contida R&B/pop que não tem a mesma carga criativa de canções anteriores, mas a sua delicada construção contrasta de maneira intenção com a sua forte temática. E que bom que Raye pode libertar seus demônios internos em canções tão pungentes como Ice Cream Man, servindo de espelho para muitas mulheres que passaram pelo mesmo.
nota: 8,5


Coisa de Caroline

Blood & Butter
Caroline Polachek


Uma das características que mais admiro na Caroline Polachek é fato de todas as canções de Desire, I Want to Turn Into You terem a qualidade de serem trabalhos que apenas a artista parece ter a capacidade de entregar atualmente. Esse é o caso da ótima Blood & Butter.

Durante boa parte da canção, o single soa como uma redonda, melódica e até um pouco previsível art pop/syhth-pop para partir na sua parte final para uma surpreendente e inusitada mistura de folk com eletrônico. E essa transição é feita de uma organicidade que parece que quem escuta estava esperando uma transição assim, mas a verdade é que a produção Blood & Butter é tão elegante na sua construção rítmica que isso é introduzido de maneira lenta e que a gente nem sente. A performance de Caroline não apresenta nenhuma grande quebra de expectativa e, sim, um trabalho extremamente sólido e que deixa o lindo timbre da cantora brilhar em momentos preciosos. Isso é o que faz a artista um verdadeira deleite pop para ouvidos cansados.
nota: 8

Acelera, Nicki!

Red Ruby Da Sleeze
Nicki Minaj


Já faz um tempo considerável que a Nicki Minaj não lança uma música realmente boa que ouvir Red Ruby Da Sleeze é uma verdadeira surpresa. Uma pena que ainda está bem longe do auge que a rapper pode entregar.

O grande problema da canção é ter uma performance “lenta” da Nicki. A produção acerta nesse hip hop, R&B, dancehall devido a sua concentrada e encorpada instrumentalização, criando uma canção original e distinta. Entretanto, Red Ruby Da Sleeze parece pedir que a Nicki a entoe com a sua incontrolável e rápida verborragia e, não, com uma performance lenta e marcada. Não que seja ruim, mas deixa a canção sem o impacto que teria se a Nicki pisasse no acelerador na ladeira. De qualquer forma, Red Ruby Da Sleeze pode ser abertura de uma nova era da Nicki Minaj. Aguardemos. 
nota: 7


7 de março de 2023

Rainha Monáe

Float (featuring Seun Kuti & Egypt 80)
Janelle Monáe

Nos últimos anos, a Janelle Monáe deixou a música de lado para se dedicar a atuação, resultado em alguns bons resultados. Especialmente na sua ótima atuação no filme Glass Onion: Um Mistério Knives Out que a deveria ter dado uma indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante. Felizmente, a artista parece que irá voltar ao seu primeiro oficio e já lançou a ótima Float.

Apesar de não ter cara exatamente de um primeiro single, a canção é um suingado, cativante e delicioso pop rap com toques de R&B que consegue quebrar qualquer resistência e fazer quem escuta remexer na cadencia da batida. A utilização dos instrumentais/samples dos artistas de afrobeat Egypt 80 e Seun Kuti (pai e filho respectivamente) dá uma significação para Float que a faz ainda mais preciosa. Enérgica e iluminada, a é uma celebração contagiante que narra como Monáe alcançou a sua autoestima ao narrar seus altos e baixos. Tema que facilmente ser clichê, mas a lírica inteligente, humorada e poderosa retira qualquer resquício disso e entrega um trabalho imponente. E, por fim, a presença magistral da rapper Monáe é a continua comprovação do imenso talento de uma das artistas mais completas da atualidade.
nota: 8,5

3 Por 1 - boygenius

$20
Emily I'm Sorry
True Blue
boygenius

O projeto boygenius é basicamente o equivalente do Destiny’s Child se a girl group fosse o quem é quem do atual cenário do indie pop/rock feminino. Formado pelas cantoras Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus, o trio prepara o lançamento do primeiro álbum intitulado the record. E logo de cara foi lançado três singles: $20, Emily I'm Sorry e True Blue.

Devo admitir que devido a união de três nomes tão talentosos, o resultado na média seria em altíssimo, mas, apesar de serem três ótimas canções, algo parece ainda deslocado. Acredito que os estilo das três geram um ruido que não deixa se mesclarem de maneira plena. Isso também não quer dizer que esse ruído não gere algo realmente interessante. E a melhor das três é tocante True Blue.


Uma indie rock com uma finalização simples, emocional e honesta, a canção apresenta o melhor que o trio é capaz: pequenas grandes composições. Donas de estilos diferentes, as três se encontram no meio caminho para entregar uma composição honesta sobre crescer emocionalmente. Encabeçada por Dacus, True Blue parece uma canção retirada do seu álbum Home Video, modelada para encaixar as outras. Todavia, a performance delicada e segura da cantora é que dá a bela atmosfera que mistura melancolia e esperança na mesma dose. Logo em seguida no raking de qualidade está a doce e melancólica Emily I'm Sorry capitaneada principalmente por Bridgers. O tom contemplativo da canção se encaixa perfeitamente com a persona da cantora, mas que não atinge o ápice dos seus melhores momentos devido uma falta de emoção ao resultado final. E fechando o trio de single está a menos inspirada de todas na indie rock $20 que tem como principal vocalista a Baker. Apesar de ser a menos impactante, a produção ainda é competente o suficiente para dar personalidade e uma finalização técnica excepcional. Agora é esperar o álbum para saber qual será o resultado dessa caldeirão único que é o boygenius.
notas
$20: 7,5
Emily I'm Sorry: 8
True Blue: 8

Áspero

You Make Me Sick!
Ashnikko

Sumida desde o lançamento da sua mixtape DEMIDEVIL em começo de 2021, a rapper/cantora Ashnikko lançou recentemente a canção You Make Me Sick! que tem apenas um adjetivo que a representa: áspera.

Completamente diferente do que a mesma mostrou anteriormente, a canção é uma post-punk/eletrônico que devido a sua produção tão “balls to the wall” se torna áspera. Esse resultado poderia ser o diferencial para You Make Me Sick!, mas a sua textura sonora é um pouco demais para não cair facilmente no lugar que fica exatamente entre o irritante e o clichê. Não é exatamente ruim, pois é fácil perceber que existe uma canção realmente interessante por baixo. O que acontece é que falta certo refinamento dessa aspereza para resultar em algo realmente explosivo e, não, quase um projeto dessa ideia. Com uma performance que aparece certas pontas soltas, Ashnikko também erra na redundante e batida composição que não apresenta nada exatamente de excitante ou realmente inteligente. You Make Me Sick! é até legal, mas faltou bastante para ser boa de verdade. 
nota: 6,5


Saudades de Um Passado Quase Não Vivido

Lost
Linkin Park


Apesar de terem alcançado o ápice durante a minha adolescência, o Linkin Park nunca foi exatamente o tipo de canção que gostava na época e, por isso, não tiveram um grande impacto na minha formação musical. Entretanto, ao longo dos anos pude observar o verdadeiro impacto e legado da banda, mas, principalmente, comecei a ter uma outra visão sobre a banda artisticamente. E com o lançamento de Lost essa percepção apenas aumenta.

Lançada como single do relançamento de Meteora em comemoração aos vinte anos do álbum, a canção é uma sensacional nu metal com toques de eletrônico que consegue ser uma reflexão perfeita da sonoridade da banda na época e, ao mesmo tempo, um trabalho atemporal. Com um instrumental sensacional, a canção está a par dos melhores momento da banda mesmo sendo menos explosiva que, por exemplo, Numb e In the End. Entretanto, o que faz Lost realmente impressionante é continuar a notar o quanto talentoso era o vocalista Chester Bennington que carregar a canção com uma urgência e força impressionantes. Apesar de ter sido descartada na época, o lançamento de Lost é como uma parte do testamento do imenso talento e importância do Linkin Park.
nota: 8

5 de março de 2023

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

Gay Barz
Bob The Drag Queen



Primeira Impressão - Outros Laçamentos

Like..?
Ice Spice


Promessas

Boy’s a liar Pt.2
PinkPantheress & Ice Spice


Uma artificio comum usado para impulsionar as carreiras de artistas novatos é colocar ambos em uma parceria que nem sempre funciona como deveria. Entretanto, existem algumas exceções como é o caso de Boy’s a liar Pt.2.

Originalmente, a canção foi lançada apenas pela PinkPantheress, mas recebeu uma nova versão com a rapper sensação do momento Ice Spice. O resultado não é exatamente incrível, mas é tão interessante que está sendo capaz de dar o primeiro sucesso comercial de ambas artistas. Acredito que a fricção entre os estilos das artistas poderia gerar um ruído imenso, mas isso não é o caso devido a essa diferença é que dá o toque especial para a canção. A produção Boy’s a liar Pt.2 cria uma simples, contida, eficiente e divertida mistura de ambient pop, dance-pop e bubblegum que a transforma em uma canção viciante sem exatamente parecer ser esse tipo de canção mais comercial. PinkPantheress entrega uma performance contida e delicada que é o contrário da aspereza da força de Ice Spice com um verso no meio da canção que funciona melhor que o esperado, pois dá uma estrutura diferente para o resultado final mesmo que não seja original. Agora é aguardar para saber se essas duas promessas serão cumpridas ou serão apenas fogo de palha.
nota: 7,5

Duassificação

Borderline
Tove Lo


Existem alguns artistas que tem possui uma marca tão distinta que mesmo quando está por trás de uma canção de outro artista ainda é possível notar a sua presença. Esse é o caso de Borderline da Tove Lo.

Single que faz parte da versão deluxe de Dirt Femme, a canção tem como coautora a Dua Lipa. Na verdade, segundo rumores, Borderline era para fazer parte de Future Nostalgia ou/e da sua versão deluxe. Entretanto, a canção caiu no colo de Tove Lo. Uma dance-pop com fortes de disco, Borderline realmente parece algo que tem a essência de Dua Lipa, mas modelado de maneira a ter nova personalidade. O que mais parece com a sua dona original na canção é a sua mais romântica e esperançosa composição, deixando ainda mais aberta as diferenças entre as artistas. Felizmente, Tove defende a canção com a sua sempre provocativa performance que realmente dá a sua marca para o trabalho. Gostaria que a produção pudesse ter revigorado a canção para algo com mais a cara ousada e áspera da Tove Lo, mas, felizmente, o resultado é leve, despretensioso e carismático.
nota: 7,5