30 de julho de 2019

A Libertação de Sam Smith

How Do You Sleep?
Sam Smith

A nova fase do Sam Smith é mais importante que apenas uma nova era para a carreira do britânico. O motivo? É que o cantor é um dos primeiros artistas modernos que finalmente a descobrir e ter a chance de pode se expressar a sua verdade de forma mais livre e saber que pode contar com uma ótima aceitação do público. 

Explicando: não é novidade para ninguém que Sam se assumiu gay no começo do sucesso e, recentemente, se identificou como não binário. Além disso, nos últimos tempos, o cantor vem mostrando cada vem mais confortável em se mostrar com características mais femininas, deixando de lado o jovem sóbrio e com uma estética de mais fácil assimilação por parte do público. E isso é algo bastante corajoso e, sem dúvida nenhuma, um passo importante para a representação LGBTQ+ no meio musical e na sociedade. Claro, cantores gays sempre existiram, mas a maioria deles precisaram "esconder" durante algum tempo a sua sexualidade (Elton John e George Michael) ou mesmo ser "escondido" pela sociedade por não ter uma "aparência" de gay (Freddie Mercury ainda não é considerado por muitos como um ícone LGBTQ+). Na luz de novos nomes alcançando o sucesso comercial como Frank Ocean e Lil Nas X, a importância de Sam Smith lançar uma canção como How Do You Sleep? e o seu clipe com o mesmo se mostrando de forma plena é algo de ser comemorado sem nenhuma dúvida. E, sonoramente, How Do You Sleep? é uma mudança bem vinda para a carreira de Sam.

Seguindo os passos do surpreende sucesso de Dancing with a StrangerHow Do You Sleep? é uma melódico, sensual e dançante pop soul que dá para Sam uma nova identidade sonora sem perder parte da essência que o fez alcançar o estrelato. Na verdade, a canção é uma espécie de volta ao que o mesmo fez ao lado do Disclosure, envernizado com a sua própria personalidade. Todavia, o novo single parece alcançar um lugar que melhor de equilibra a intenção com o já estabelecido na carreira de Sam, pois não parece em nenhum momento ser algo forçado e, sim, uma transição orgânica e fluída. Além disso, How Do You Sleep? é, no final das contas, uma canção romântica emoldurada em uma batida "animadinha". E canções romântica é algo que o cantora sabe carregar com maestria. Com uma performance segura e com momentos realmente tocantes, Sam vai se deixando levar por a descoberta de realmente poder ser livre. Espero que seja a porta para outros artistas traçarem o mesmo caminho.
nota: 8

Gone, But Back

Gone
Charli XCX & Christine and the Queens

Continuando a sua montanha russa entre acertos e bolas foras, a Charli XCX ainda continua sendo uma das artistas pop mais excitantes da atualidade. Felizmente, a cantora lançou o imenso acerto com a estilosa Gone ao lado da cantora Christine and the Queens.

Gone é o tipo de canção que a Charli XCX sabe fazer melhor: estranha, dançante,  pouco mainstream e, ao mesmo tempo, uma verdadeira explosão pop. E a produção acerta em todos os quesitos, entregando o que deve ser a melhor canção da cantora até o momento. Uma mistura azeitada e pouco usual de electropop com influências de industrial e pc-music que cria uma batida esquista, cadenciada e pouco convencional. E, mesmo assim, Gone é o tipo de canção pop que deveria estar no topo das paradas devido a sua originalidade e qualidade. A batida bem marcada tem a capacidade de soar que está "fora do lugar" com o resto da música, mas parece a escolha perfeita para ser a condutora dessa atmosfera sombria e sensual. O ritmo é uma montanha russa que poderia ser um tiro no pé, mas combina perfeitamente com tudo a seu redor já que a transforma em uma excepcional canção "para dançar e chorar na pista de dança". E a parte de chora vem da sensacional composição sobre aceitar que nem sempre há como mudar as coisas a nossa voltar e precisar aprender a lidar com os seus sentimentos pessoais mais sombrios. Complexa, cheia de nuances e sem perder o tino pop como é o excelente refrão, Gone ainda se beneficia das presenças inspiradas de Charli e da sensacional Christine and the Queens que adiciona personalidade única para a canção, criando uma perfeita e tocável química entre as duas. Mesmo sendo ainda sendo imperfeita no resultado final até o momento é necessário admirar que a Charli XCX está carregando boa parte do pop atual nas costas. 
nota: 8,5

27 de julho de 2019

R&Brasil

Pode Me Perdoar
Tássia Reis

É ótimo ouvir a musica nacional sendo cultivada e propagada para os novos públicos, mas é muito bom também ouvir nossos artistas colocarem a sua personalidade em gêneros tipicamente estrangeiros. Esse é o perfeito exemplo da deliciosa Pode Me Perdoar da cantora Tássia Reis.

Apesar de já ter uma carreira com três álbuns lançados, a cantora paulista já é considerada como uma nome bastante significativo no meio da música black brasileira contemporânea. Pode Me Perdoar, single do seu álbum Próspera, deixa bem claro que a cantora é uma verdadeira pérola que precisa ser descoberta. A canção tem claramente influência do R&B americano em batida contagiosa, delicada e encantadora que ajuda a cantora se colocar no mesmo patamar que estrelas atuais do gênero como, por exemplo, Solange, Kehlani e H.E.R. Comparação válida, pois a mesma apenas equipara talentos com a mesma força artística. O diferencial de Tássia Reis é que Pode Me Perdoar mergulhada também em influências nacionais de como a sonoridade soul foi restruturada com, por exemplo, nos bailes de charme e com a influência de nossos gêneros como o samba e rap nacional. Além disso, Pode Me Perdoar é dona de uma letra simples, mas bastante eficiente que deixa bem nítido o que falta em outras canções brasileiras atuais é a "coragem" para escrever mais que um verso e um refrão repetidos a exaustão. Elegante, original dentre da sua proposta e com um respeito as suas referências, Pode Me Perdoar pode ser considerada como uma das melhores canções nacionais do ano sem nenhuma sombra de dúvida.
nota: 8

24 de julho de 2019

Quase Amor

Hate Me
Ellie Goulding & Juice WRLD

Ellie Goulding é o tipo de artista que pode até ter se encontrado artisticamente, mas ainda é uma grande e misteriosa incógnita na mente de boa parte do público. E isso fica claro com o seu single Hate Me.

A nova canção que deve fazer parte do seu próximo álbum é uma verdadeira mistura de emoções contrárias após ser ouvida pela primeira vez. De um lado, Hate Me tem uma produção redondinha que consegue entregar uma eficiente mistura de electropop com pitadas generosas de hip hop em uma cadência mid-tempo. Do outro lado, a batida não consegue chegar a lugar nenhum, terminando de forma linear e deixando a canção meio sem graça. Outro problema são as performances de Ellie e do rapper Juice WRLD são boa sozinhas, mas não apresentam nenhuma gota de química, atrapalhando assim a intenção bem especificada da composição. Hate Me se eleva, porém, devido a exatamente a sua intenção, ou melhor, devido a sua composição que pode ser denominada apenas com uma irônica e divertida hino anti-amor com um refrão certeiro. Entretanto, o resultado final de Hate Me não é ódio, mas poderia ser amor d verdade. 
nota: 7

22 de julho de 2019

Um Oscar Para Chamar de Meu

Spirit
Beyoncé

Fazendo parte do elenco vocal do remake de O Rei Leão, a cantora aproveitou para lançar uma canção como parte das atualizações de uma das melhores e mais conhecidas trilhas sonoras de todos os tempos. E a mensagem é claro e bem alto: Spirit é o veículo que a Beyoncé irá usar para vencer um Oscar. E se não tiver nenhum grande cataclisma, a cantora irá receber a sua estatueta dourada no ano que vem.

Spirit tem a característica de ter atributos que a ligam diretamente com a atmosfera do filme e, ao mesmo tempo, se sustentar sozinha devido a sua própria personalidade. Isso pode criar certa fricção com alguns fãs do filme mais puristas, mas ajuda a cantora na sua jornada ao Oscar. E mais: no frigir dos ovos, a canção é um trabalho edificante. Uma balada épica que mistura R&B com uma dose pesada de gospel e toques de sonoridade africana com uma atmosfera perfeita para uma grande e emocionante performance ao vivo. Não é exatamente o trabalho mais inovador da cantora, mas, sejamos sinceros, o objetivo não é mudar a cara da música e, sim, ser um trabalho conservador para não "assustar" os velhinhos da Academia. Apesar de qualidade da composição e a sua mensagem positiva e inspiradora, Spirit possui uma composição bem comum e com uma mensagem que parece que não quer falar algo realmente concreto, mas apenas jogar poderosas frases de efeito. O grande destaque da canção, porém, é a performance avassaladora, espetacular e de uma qualidade técnica excepcional da Beyoncé que demonstra nos mínimos detalhes o motivo de ser uma das maiores estrelas de todos os tempos. Existe ainda uma estrada bem grande até a premiação do ano que vem do Oscar e tudo pode acontecer até lá, mas tenho as minhas suspeitas que, assim com a Lady GaGa, a Academia não iria deixar de passar a oportunidade de ao menos indicar a Beyoncé. 
nota: 7,5

Estranhamente Estranho e Ótimo

Rich, White, Straight Men
Kesha

Todos têm aquela música que a maioria considera uma grande bomba, mas que, por algum motivo, a gente a acha maravilhosa. Em 2019, a minha canção que se enquadra nessa vaga é Rich, White, Straight Men da Kesha.

Depois de vazar a própria música para pressionar a gravadora, Kesha não alcançou um bom recebimento perante o público, pois Rich, White, Straight Men é uma canção completamente não mainstream. Na verdade, não existe nada exatamente parecido com o que a cantora faz no single e, sinceramente, eu entendo bem quem não tenha gostado. Na minha visão, a canção é achado precioso. A melhor definição que encontro para a canção como uma mistura esquisita de pop com punk que mais parece sendo parte de um musical indie feminista. Esquisita, um pouco fora do tom, cheia de gags sonoros e deliciosamente não comercial, Rich, White, Straight Men é um tapa direto na cara no patriarcado com direito a alfinetadas ao atual presidente dos Estados Unidos, assediadores e preconceituosos. Com um humor "alternativo" e uma performance igualmente esquisita da cantora, Rich, White, Straight Men realmente não é para todos. Quem consegue entender toda a sacada, porém, a canção é uma pérola de 2019.
nota: 8

19 de julho de 2019

La Dona Del Pop

Fucking Money Man
ROSALÍA

Consolidada como maior nome da pop latino atual, a espanhola ROSALÍA parece que quer moldar o pop ao seu bel prazer sem ter muito medo do que muito irão achar dos seus experimentos. O seu mais novo delírio musical é a interessante Fucking Money Man.

A primeira quebra de expectativa é que Fucking Money Man é na verdade um "EP" com duas canções que formam no final apenas uma. E o mais interessante é que Milionària e Dio$ No$ Libre Del Dinero são canções diferentes que consegue se completarem ao final de forma surpreendente. A primeira é a parte mais comercial e dançante ao ser uma carismática e tipica mistura de latin pop com música flamenca que a ROSALÍA vem mostrando nos últimos tempos. Não tem a mesma força criativa que os primeiros trabalhos, mas é despretensiosa e bem divertida. A segunda já é uma rápida, dramática e com um profundidade surpreendente latin pop com a dramaticidade de canção flamenca. Apesar de opostas, as duas faixas sem unem pelo fio narrativo das suas composições. Como vem mostrando, ROSALÍA aparenta ser uma cantora pop com mais para falar que o normal ao fazer uma critica ácida sobre os prazeres e os problemas que o dinheiro traz para a vida das pessoas. De um lado (Milionària), a exaltação. Do outro (Dio$ No$ Libre Del Dinero), o desdém provocado pela constatação que dinheiro não é tudo na vida. E, querido amigos, criando a suas regras, ROSALÍA vai construindo o seu nome como uma das mais excitantes artistas da atualidade.
nota: 7,5

18 de julho de 2019

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Latch (feat. Sam Smith)
Disclosure

Apesar do Sam Smith ter se tornado uma figurinha fácil aqui no blog nunca resenhei a canção que o fez despontar para a fama, pois a mesma não foi uma das suas canções. A grande oportunidade do cantor surgiu quando o duo Disclosure o convidou para ser os vocais da ótima Latch.

Formado pelos irmãos Howard e Guy Lawrence, o Disclosure é o tipo de banda de música eletrônica típica britânica que, apesar de ter elementos sonoros comuns aos artistas americanos, apresenta toda uma coleção de influências locais que os ajudam a entregar algo realmente inovador, original e de qualidade. E em Latch, o duo entrega exatamente uma canção com essas características. A produção da dupla é primorosa ao dar personalidade e vida para o que poderia ser apenas outra EDM/electropop ao adicionar elementos de deep house, R&B e future garage, gênero bem britânico. Elegante, dançante e muito bem estruturada, Latch é o tipo de canção que consegue ser mais do aparenta ser, pois, além do seu lado dançante, a canção é também uma carismática canção de amor sobre finalmente perceber que está realmente amando. Entretanto, a canção não teria exatamente o mesmo impacto  se não tivesse a presença magnífica de um até então desconhecido Sam Smith.

Quando gravou a sua participação lá em 2012, Sam ainda era um jovem sonhador em busca de um lugar ao Sol. Apesar de não ter feito sucesso no momento do lançamento, a canção teve um trajeto de três anos entre até alcançar os topos das paradas mundial, a canção foi responsável por ajudar o abrir das portas para o cantor. Isso foi devido, principalmente, a sua sensacional performance vocal e, também, a sua contribuição para a composição. Atualmente, o público já conhece bem o talento de Sam, mas na época o seu aparecimento foi uma rajada de ar fresco. E, Latch, Sam mostra perfeitamente o seu tom soulful perfeito para segurar canções como as que o cantor ficou famoso na carreira após o lançamento da sua parceria com o Disclosure. O ponto alto, porém, é quando o cantor mostra a sua versatilidade engata no refrão em uma voz agudíssima que ajudou a canção a realmente encontrar o seu lugar dentro do panteão de grandes momentos do pop moderno. E transformou o Sam Smith em um dos principais nomes da atualidade.
nota: 8

12 de julho de 2019

A Grande Música Brasileira

AmarElo (feat. Majur & Pabllo Vittar)
Emicida

A música brasileira é de uma riqueza que, infelizmente, parte de uma geração atual parece não querer saber da sua existência. A salvação é nomes como o rapper Emicida que, além de louvar a nossa história, é um dos artistas que melhor carregam e representam a música brasileira na atualidade como deixa extremamente clara a sensacional AmarElo.

Claro, para quem já conhece o trabalho do Emicida sabe da sua qualidade artística como vocês podem ler na resenha do segundo álbum dele de 2015.  Entretanto, a facilidade que o rapper tem de entregar grande canções é algo que ainda espanta esse vos fala. AmarElo é o tipo de canção que causa um impacto profundo desde a primeira ouvida para depois criar uma conexão emocionante após toda a seu poder é compreendido. A primeira razão para toda a comoção é o excepcional uso da canção Sujeito de Sorte do Belchior. Além de ser uma música genial, a ideia de construir AmarElo em torno dos versos da canção do Belchior é o que dá a alma para o trabalho, principalmente no momento que a canção começa com a voz do cantor em um verso avassalador:


Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado: Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado


AmarElo também tem uma composição original espetacular que é uma mensagem de otimismo para aqueles que estão vendo a desesperança reina em um Brasil a beirada do abismo. Negros, pobres, LGBTQ+ e todas as minorias tem na canção uma luz no final do túnel para lembrarem que ainda existe esperança. Forte, pragmática e muito bem escrita, AmarElo não seria a mesma sem a presença triunfante e magnética da performance do Emicida que, apesar de dividir os holofotes, consegue brilhar sem ofuscar. E isso é outro imenso acerto da produção, pois a mesma encontra nos marcantes vocais da baiana Majur o perfeito veículo para entoar os versos de Belchior. E, queridos leitores, a cereja em cima do bolo fica pela surpreendente e tocante participação da Pabllo Vittar, entregando a sua melhor performance vocal até o momento e mostrando que é bem mais talentosa que as suas próprias canções deixam mostrar. e mesmo entre os trancos e barracos, a música brasileira vai sobrevivendo devido a excelência e o respeito de nomes como o Emicida.
nota: 9

10 de julho de 2019

Um Grande Pombo

Make It Hot
Major Lazer & Anitta

Pode até parecer perseguição as minhas duras criticas para a Anitta, mas, queridos leitores, a cantora só se mete em furadas artísticas. É assim que vejo a bomba Make It Hot do Major Lazer com a participação da brasileira.

Make It Hot é a união de todas as qualidades da banda comandada pelo Diplo com a personalidade da Anitta, mas esquecendo de fazer essa reunião algo realmente bom. Na verdade, o single é terrível em todos os sentidos, pois nada funciona de fato. Começa pela sonoridade electropop que une de forma vergonhosa e entediante influências da sonoridade indiana. O resultado é uma das canções mais irritantes do ano. A performance apática da Anitta é outro banho de água fria, indo completamente contra a composição que tenta de ressaltar o poder de sensualidade da cantora. Tirando um bom verso (Y que soy del blocke también como Jenny), a letra também é um grande erro nesse canção que só pode ser qualificada com um grande pombo.
nota: 3

Whitney Forever

Higher Love
Kygo & Whitney Houston

Lançamentos póstumos sempre terão a minha desconfiança, pois, normalmente, os mesmo são apenas verdadeiros caças níqueis para lucrar sobre a imagem do artista morto. Poucos trabalhos podem ser considerados bons nesse quesito e quase sempre são aqueles que o artista trabalhou intensamente antes da sua partida, deixando apenas certas partes inacabadas. Felizmente, a versão da canção Higher Love do Steve Winwood entoada pela eterna Whitney Houston remixada pelos DJ Kygo consegue fugir desses problemas sem grandes problemas.

O principal ponto que faz do lançamento algo válido é o fato que a gravação foi realmente gravada pela Whitney e, não, uma demo "achada" ou "esquecida" que ganhou um tratamento para ver a luz do dia. Na verdade, a versão original pode ser ouvida como bônus na versão japonesa do álbum I'm Your Baby Tonight de 1990. Então, não é nenhuma novidade, mas ganha um ar modernoso devido o trabalho de remixagem do Kygo. Na mãos do DJ, a canção se transformou em uma decente EDM/electropop que não acrescente em nada no gênero, mas acerta no quesito de maior importância: a voz de Whitney. No alto do seu infinito talento vocal, Higher Love é entoada de forma poderosa e primorosa e a produção sabe quais os momentos utilizar qualquer efeito vocal. Dessa forma, o público sente muito bem toda o talento vocal que a cantora possuía e a transformou em uma das vozes mais reconhecidas de todos os tempos. E, mesmo não sendo genial, Higher Love é um bom tributo a figura da cantora. 
nota: 7,5

8 de julho de 2019

Ao Estilo Lana

Doin' Time
Lana Del Rey

Lana Del Rey conseguiu estabelecer uma personalidade sonora tão forte e bem construída que até mesmo quando é um cover que estamos falando é possível ouvir nitidamente suas as marcas, deixando a canção com a sensação de ser um trabalho original. Esse é o perfeito caso de Doin' Time.

Originalmente lançada pelo trio de ska punk/reggae rock Sublime em 1997, Doin' Time é considerada um clássico moderno que na voz de Lana ganha a sua personalidade sem deixar de lado a sua essência. Com Lana, Doin' Time ganha uma produção mais indie que ajuda a cantora a colocar a sua marca na canção de forma distinta, delicada e respeitosa. Além disso, a composição com sérios toques melancólicos ao lado de toques decolados que combina perfeitamente com a persona já famosa da cantora, parecendo uma canção feita para a própria cantora. Claro, a versão da cantora nunca terá a mesma força da original, mas Lana consegue entregar um trabalho louvável e com todo o seu estilo único.
nota: 7,5

5 de julho de 2019

Como Destruir Uma Canção

Bounce Back
Little Mix

Existe apenas uma coisa que realmente não perdoo no mundo da música é um artista arruinar em uma regravação e/ou uso de sample uma canção clássica. E isso as meninas do Little Mix fizeram em Bounce Back.

Usando o sample do clássico soul/R&B Back to Life (However Do You Want Me) da banda Soul II Soul, a girl perder a oportunidade de criar algo com complexidade e realmente interessante. Ao invés disso, a produção decide entregar uma irritante, pobre e descartável mistura de trap com pop que não acrescenta em nada na carreira do Little Mix. Na verdade, Bounce Back se torna uma mancha em uma carreira até o momento positiva em que nada funciona. Além da produção extremamente questionável, a performance das meninas é medíocre e sem qualquer força e personalidade e a composição é de um sofrimento criativo dolorido, principalmente nos momentos que são usados trechos da canção original. É melhor fingir que a canção nunca existiu e pular para o novo single.
nota: 4,5


3 de julho de 2019

Na Segunda Chance

Señorita
Shawn Mendes & Camila Cabello

Persistir no erro é burrice, mas persistir e concertar o erro é uma dadiva dada para poucos. Depois de contribuírem na péssima I Know What You Did Last Summer em 2016, Shawn Mendes e a Camila Cabello acertam com o lançamento da surpreendente Señorita.

A primeira coisa que se pode notar claramente na canção é a nítida e quase tocável química entre os dois artistas. Sensual e, ao mesmo tempo, delicada, a parceria de Shawn e Camila é o que dá sustentação para a canção Señorita se tornar uma das candidatas a hit do verão americano. Claro, a produção ajuda bastante ao entregar uma cativante e envolvente latin pop que lembra levemente Maria, Maria, mas que encontra a sua personalidade nas mãos de seus interpretes. Com uma composição romântica/sensual leve e quase inofensiva, Señorita é um acerto inesperado, porém, muito bem vindo.
nota: 7,5

Bang Bang Brazil

Yoyo (feat. IZA)
Gloria Groove

É necessário admitir que o pop brasileiro está passando pelo sua melhor fase em anos devido ao surgimento de alguns artistas que estão carregando o gênero nas costas. E boa parte desses artistas são mulheres negras ou/e LGBTQ+. Dois ótimos exemplos são a IZA e a Gloria Groove que resolveram juntar forças e lançar a legal Yoyo.

É nítido perceber que Yoyo não é o supra-sumo do pop e nem tem a menor vontade para tanto. A canção é na verdade um  despretensioso, dançante e viciante no nível chicle mistura de dance-pop com latin pop e funk com toques de hip hop que, devido a sua natura rápida e direta, termina soando como um fast food musical. Não é um grande problema, mas ainda mostra que o nosso pop ainda precisa amadurecer rapidamente. Outro problema é a instância da temática ao falar sobre apenas mexer a "lomba" sem parar. Felizmente, a canção tem duas interpretes de um carisma fora do normal, pois quase tudo a qualidade da canção emana da força de Gloria Groove e a luminosidade da IZA. Por enquanto, o sabor final de Yoyo ainda é muito saboroso devido a tempero que o talento nacional vem trazendo.
nota: 7

1 de julho de 2019

Estranhamente Muito Bom

Glad He's Gone
Tove Lo

Em um verdadeiro mar de lançamentos literalmente diários é fácil a gente não dar atenção ou nem saber da sua existência de várias boas músicas, principalmente aquelas dentro do mundo pop. E se a canção for tão estranha como Glad He's Gone da sueca Tove Lo. E perder essa pequena pérola pop seria imperdoável.

Glad He's Gone é o tipo de canção que precisa ser ouvida mais de uma vez para conseguir compreender a sua originalidade. Primeiramente, a produção é uma estranha, cadenciada e mid-tempo mistura de electropop com dream pop que parece soar nada atrativo para o público em geral. Todavia, ao prestar melhor atenção é possível notar uma peculiar inteligência em criar algo realmente diferente, original e divertido sem ter medo de não ser tão comercial já que uma canção pop tem quase a obrigação de ser viciante logo na primeira "degustação". E a decisão sonora fica ainda mais justificável quando se analisa a excepcional composição: ao mostrar a sua felicidade devido a melhor amiga ter acabado com o boy lixo, Tove Lo entoa uma ácida, empoderada, divertida e ousadíssima composição que consegue, ao mesmo tempo, ser um trabalho ficado estruturalmente ficado no mainstream e uma letra que está longe de ser consumível por boa parte do grande público. Só para se ter uma ideia, a cantora dispara a seguinte frase em um dos versos: Did you let him leave a necklace?. A frase dá para ser traduzida de forma libre dessa maneira "Deixou ele gozar em você? ". Pode até parece meio vulgar, mas, queridos leitores, Glad He's Gone funciona de uma forma tão estranhamente sensacional que nem parece ser tão estranha a primeira vista.
nota: 8

Um Novo Nicho

Started
Iggy Azalea

Sem alcançar o sucesso que parece perseguir, Iggy Azalea parece que decidiu investir em um nicho bem especifico: o LGBTQI+. Convidando vários nomes famosos da comunidade para aparecer em seus mais recentes clipes, a rapper se coloca como uma possível e bem especifica diva para o grupo.  E isso não tem nenhum problema se a mesma não estiver apenas pelo "pink money". Um dos veículos usado para isso é a quase boa Started.

Assim como Sally Walker, Started é "hip hop minimalista, direto e com forte influência do trap que ajuda a dar personalidade para a canção". Apesar de quase manter o mesmo estilo, Started apresenta uma batida mais madura que dá uma leve elevada no resultado final, principalmente devido ao bom refrão. Claro, não é a canção que vai marcar época, mas tem um toque pop que ajuda a rapper a falar com o público mais selecionado. A composição poderia ter passagens mais engraçadonas, pois a rapper soa muito sisuda nessa jornada de mostrar que não importa para os haters de plantão. Com uma performance boa, Iggy poderia também apostar na participação nas suas músicas de artistas LGBTQI+. Se for para ter suado pink money que faça da melhor maneira possível.
nota: 7