31 de agosto de 2017

Samba Demi

Instruction (feat. Demi Lovato & Stefflon Don)
Jax Jones

Quando normalmente fala-se de música latina influenciando quase nunca é lembrado a nossa música, pois, por falarmos português, parece que não integramos o mundo latino para um grupo de pessoas. Então, é sempre bom ouvirmos que os nossos estilos influenciando canções internacionais como é o caso de Instruction do DJ/produtor britânico Jax Jones.

A canção tem uma clara e bem vinda instrumentalização baseada nos tambores das escolas de samba misturado com uma sonoridade dance-pop, criando uma divertidíssima e dançante canção que poderia ser melhor modelada. Faltou em Instruction nuances para fazer a mesma sair do bom e ir para o ótimo. Dito isso, a parceria com a Demi Lovato é interessante e a cantora corresponde a altura e a presença interessante da rapper desconhecida Stefflon Don poderia ser melhor apresentada. O melhor de Instruction é sua inspirada composição com várias referências pop. É um pequeno exemplo do que a nossa sonoridade poderia ajudar o mundo pop internacional, mas já demonstra todo o potencial.
nota: 7

30 de agosto de 2017

Indie Miley

Younger Now
Miley Cyrus

Ao "renascer em Cristo" na sua nova fase depois de ter despirocado geral, Miley Cyrus parece que irá entrar em um momento que, artisticamente, pode ser o seu melhor até agora. Depois da boa Malibu, agora é a vez da interessante Younger Now.

Com uma sonoridade que vai um pouco mais fundo no lado indie pop/rock de Miley, Younger Now é uma canção que poderia estar no catálogo de qualquer cantora de indie pop nos últimos anos. Lindamente instrumentalizada e com uma atmosfera "sonhadora" que combina perfeitamente com a mensagem que a cantora passa ao falar de maneira simples e contundente sobre o seu processo de descobrir quem é realmente a Miley Cyrus. Sinceramente, fazia um bom tempo que cantoras pop não eram tão desconcertante sinceras como a Miley e, também, a Kesha. Isso é um verdadeiro sopro de ar fresquíssimo em tempos tão difíceis. O que ainda a cantora ainda não acertou foi a sua maneira de cantora, pois o seu timbre pode soar irritante quando nas notas mais altas. Ainda assim, Younger Now é trabalho eficiente em apresentar melhor a nova Miley Cyrus.
nota: 7,5

29 de agosto de 2017

Morno Bom

Sun Comes Up (feat. James Arthur)
Rudimental

Nem sempre uma música precisa ser genial para ser boa. Ás vezes, o necessário é fazer o bom e velho arroz com feijão bem feitinho para resultar em algo "comível". Uma prova disso é a canção Sun Comes Up da banda Rudimental.

Vamos aos fatos por partes: primeiramente, Sun Comes Up tem a presença competente do cantor James Arthur que entrega uma performance muito boa, sabendo dominar a variação de batidas dentro da canção. Não é genial, mas é uma interpretação bem condizente com a canção. Segundo, Sun Comes Up é uma dance-pop com toques de tropical house com pop rock que termina dando uma personalidade interessante para a canção, mesmo não se aprofundando na própria ideia. O que não tem ressalvas é a boa composição sobre se reerguer depois de cair que consegue ter o toque de auto ajuda na medida. A canção é boa e até empolga, mas não será aquela considerada a melhor do ano. 
nota: 7

26 de agosto de 2017

Pop Desconstruído da Porra

Perfect Places
Lorde

Em um ano tão mediano para o pop de maneira geral, Lorde foi um verdadeiro oásis para quem curte o gênero e não tem problema em quebras de expectativas. E é isso que representa o segundo single de Melodrama, a divertida Perfect Places.

Seguindo o mesmo caminho que todo álbum, Perfect Places é um refinadíssimo eletropop com uma instrumentalização acima da média e uma cara comercial. A produção pode não oferecer nada de realmente novo na sua realização, mas o single é de uma qualidade empírica e completamente atemporal que não dá espaços para comparações com quaisquer canções de qualidade inferior. Entretanto, o que diferencia realmente a canção dessas comparações é a qualidade de composição: Perfect Places é sobre viver uma vida sem sentido ou vazia, mas tentando encontrar alguma razão nas coisas mais banais e mundanas da vida. Direta e poetisa nesse quesito, Perfect Places é uma prova concreta do potencial criativo da Lorde, mesmo ainda não atingindo todo o seu poder.
nota: 7,5

25 de agosto de 2017

Naja Strikes Back

Look What You Made Me Do
Taylor Swift

Odeie-a ou ame-a, mas não há como negar que a Taylor Swift é a nova rainha pop do marketing. E a cantora não está para brincadeira ao lançar o seu mais novo single: intitulada Look What You Made Me Do, canção que consegue ser várias coisas ao mesmo tempo.

Primeiro single do seu sexto álbum (Reputation), Look What You Made Me Do é, antes de tudo, uma resposta a altura a tudo o quiproquó com Kanye West e a Kim Kardashian. Apesar de não ser direta em apontar dedos, a canção não mede palavras para a construção da vingança de Taylor ao criar uma letra sobre vingança daquele que a fez mal, mas, todavia, sem esquecer que para se vingar é preciso que a própria coloque a mão na massa e precise mudar quem é para fazer o que é preciso. Divertida, ácida e com um senso estético diferente do que a cantora tem mostrando até hoje, Look What You Made Me Do também mostra que Taylor também mudou sonoramente, pois a canção apresenta a sua canção mais pop até hoje. Anteriormente, a mesma tinha flertado com o indie e ainda com o country do começo da carreira, mas aqui a cantora dá um chute no balde com força. Sampleando I'm Too Sexy no refrão, a produção do desconhecido Keith Uddi resulta na canção mais sombria da cantora, mesmo com uma pegada completamente comercial. Segurando a canção de maneira correta Taylor parece pronta para tomar 2017 para si. Mesmo que tenha que cortar algumas cabeças por aí e, principalmente, vestindo o capuz de cobra pop com vontade.
nota: 7

A Melhor Canção Brega do Ano

Versace On The Floor
Bruno Mars

A ordem da fase da carreira do Bruno Mars iniciada com o lançamento de 24K Magic é simplesmente se divertir. E nem mesmo a baladona do trabalho escapou.

Lançada finalmente como single, Versace On The Floor é de uma breguice deliciosamente admirável. A produção não se leva muito a sério ao criar essa balada slow jam R&B que fica quase impossível não se deixar envolver na batida cadencia e na atmosfera de motel de cinco estrelas. Tudo isso não seria capaz de resultar caso Versace On The Floor não fosse uma faixa tecnicamente perfeita. Além disso, a canção sobre a parceira de Bruno deixar no chão o vestido Versace que vestia para que os dois possam fazer você sabe o quê, é um excelente veículo para Bruno brilhar vocalmente em uma performance cativante. É brega, sim, mas é brega da melhor qualidade.
nota: 8

23 de agosto de 2017

The New Girl in Town

New Rules
Dua Lipa

Cravar um nome e dizer que o mesmo será o próximo mega sucesso mundial é complicado e muitas vezes um tiro no escuro devido as dezenas de variáveis possíveis. Entretanto, a gente sempre tentar fazer a mãe Dinah para apontar quem acreditamos que irá estourar no futuro. A minha aposta é a britânica Dua Lipa.

Como observei no seu recente Primeira Impressão, Dua Lipa é um verdadeiro sopro de ar fresco e isso se prova no single New Rules que, apensar de o sétimo do álbum conseguiu o feito de alcançar o primeiro lugar da parada britânica. Assim como todas as canções no álbum não espere um previsível eletropop/tropical house aqui, pois a canção tem uma construção que quebra algumas regras ao introduzir nuances e jogos sonoros que apenas enriquecem o resultado final. Com uma instrumentalização pomposa, New Rules é uma deliciosa amostra da aveludada e encorpada voz de Dua Lipa que não precisa de muito para ser marcante de verdade. A composição sobre como esquece o boy lixo é um achado revigorante em meio a massificação do pop e a suas letras rasas e bobas. Talvez um refrão diferente seria necessário para ter elevado a canção de bom para ótimo, mas, por enquanto, Dua Lipa está fazendo o dever de casa certinho para ser a próxima grande estrela da música. Resultados podem variar.
nota: 7,5

Pequena Grande Conquista

Bodak Yellow
Cardi B

Acredito que as conquistas das mulheres para, finalmente, alcançar a igualdade de gênero precisa de grandes ações como, por exemplo, leis que promovam ao acesso a educação de todas as mulheres em todos os lugares. Entretanto, nem de grandes acontecimentos vive a construção do empoderamento feminino, pois aqueles que possam ser considerados pequenos são de suma importância para o movimento. Esse é o caso do sucesso da rapper Cardi B.

Vamos aos fatos: nascida Belcalis Almanzar, filha de pais vindos da República Dominicana e de Trinidade e Tobago, negra e ex-stripper e ex-estrela de reality show, Cardi B consegui colocar o seu primeiro single Bodak Yellow na oitava posição da Billboard e tem chances de subir algumas posições ainda. E vocês podem perguntar o motivo desse feito para ser uma pequena grande conquista: além de superar qualquer estigma e rótulos que parte da sociedade impõe de maneira preconceituosa, a Cardi B é a primeira rapper a colocar uma música solo no top 10 da Billboard depois de três anos de Nicki Minaj com Anaconda. E, para a surpresa de poucos, a rapper também é uma das poucas artistas negras a fazer o mesmo nos últimos anos ao lado da própria Nicki, Beyoncé e Rihanna. Até pode parecer um fato insignificante e longe da nossa realidade, mas são de "pequenos" fatos como esse que se constrói uma sociedade mais justa e igual para todos e todas. Em relação a qualidade da canção, Cardi B mostra que não veio para brincadeiras.

Bodak Yellow é uma canção que pode até não mudar as regra do hip hop, mas ajuda a começar a criar uma boa reputação para a rapper. Partindo de uma base mais tradicional, o single tem uma batida minimalista que tem como base o trap e pode até soar um pouco mais do mesmo. Felizmente, a canção tem um algo a mais que a ajuda a mesma não cair na mesmice. Esse algo a mais é a própria Cardi B. Mesmo sem ser a maior rapper que já surgiu ou mesmo a mais talentosa atualmente, a artista tem um flow certinho e, principalmente, um carisma maior que a própria canção. Com uma letra bem estruturada, Bodak Yellow pode até não ser a canção do ano, mas ajudou a colocar Cardi B no mapa e colocar um tijolinho importante na conquista da igualdade feminina.
nota: 7

22 de agosto de 2017

Negócio Arriscado (Ou Nem Tanto)

Real Deal
Jessie J

Se preparando para lançar o seu quarto álbum, Jessie J pode está finalmente no momento de dar uma guinada na sua carreira ao mudar a sua sonoridade como mostra a canção Real Deal.

A canção é uma arriscada aventura de Jessie em uma sonoridade que, infelizmente, não tem o mesmo destaque que anos atrás: o hip hop soul. Influenciada principalmente por Mary J. Blide, Real Deal é dona de uma batida gostosinha de ouvir que mistura hip hop e R&B em uma atmosfera com elementos do anos '70. Bem produzida, a canção erra em sua duração de mais de quatro minutos que a deixa um pouco arrastada em sua parte final. Dona de uma das melhores vozes do pop atual não é difícil ouvir Jessie dominar a canção de maneira exemplar, sendo quase um passeio no parque para a cantora. O ponto fraco da canção é a sua composição genérica, apenas bem feitinha e sem um refrão marcante. Por enquanto, apostar nesse estilo é um negócio arriscado, mas com o controle de damos bem rígido já que a canção não irá estar no álbum. Será interessante ver o que a cantora irá entregar caso essa seja a pegado do álbum.
nota: 6,5

21 de agosto de 2017

Previsibilidade

You da Baddest (feat. Nicki Minaj)
Future

Tirando algumas exceções, o hip hop/rap americano se tornou uma coisa que nunca foi desde a sua criação há quarenta e quatro anos atrás: previsível. Vejamos o exemplo de You da Baddest do Future com a Nicki Minaj.

A canção tem a participação de dois nomes de talento, qualidade técnica impecável e possibilidades quase infinitas do quesito criatividade, mas, infelizmente, não coloca nada disso para fora. A produção segue o estilo hip hop mais comercial que tem como principal característica uma batida cadenciada e redondinha que serve perfeitamente para vender, mas parece que sai da mesma fábrica que umas dezenas de canções como essa. Sem nenhum pingo de novidade, You da Baddest fica a mercê exclusivo do talento de Future e presença sempre carismática de Nicki, mas nem isso ajuda a canção a ganhar pontos extras. É necessário que o gênero se reinvente o mais rápido possível para não perder ainda mais espaço para outros gêneros.
nota: 6

19 de agosto de 2017

Bieber's Year

Friends (feat. Bloodpop)
Justin Bieber

Realmente não há como negar que, gostando ou não, 2017 será o ano de Justin Bieber. Depois de emplacar três sucessos seguidos como participação, Bieber lança a sua primeira canção solo desde o começo de 2016: intitulada Friends, a canção já nasce com cara de hit.

Produzida por Bloodpop, que já tinha trabalhado com o cantor no sucesso Sorry, Friends é uma canção razoavelmente boa, pois, felizmente, possui mais pontos positivos que negativos. Começa pela própria presença de Justin: amadurecendo, o cantor dominar melhor suas músicas em um interpretação com personalidade. Claro, ainda falta muito vocalmente para que o mesmo possa chegar aos pés de outros cantores pop como, por exemplo, Timberlake e Usher, mas é uma evolução notável. Criando um pop dance afinado e contagiante, a produção de Friends faz uma produção segura, bem refinada e, principalmente comercial. O interessante é notar que a canção tem um acabamento mais clean e maduro que outras canções solo de Justin, ajudando a apresentar uma possível evolução sonora digna de prestar atenção para o próximo álbum do cantor. A bom composição sobre tentar ser amigo da ex erra ao não construir aquele refrão chiclete que sempre marcou a carreira de Justin. Não que isso era impedir o sucesso da canção e confirmação de quem é o dono de 2017.
nota: 6,5

18 de agosto de 2017

Primeira Impressão

Rainbow
Kesha

Avulsa

Signs
Drake

Recentemente foi noticiado que, depois de oito anos, o Drake não tem nenhuma música entre as 100 mais tocadas da Billboard. Isso apenas comprova que o rapper é o maior nome do rap/hip hop da sua geração. Entretanto, isso não impede que Drake lance canções como essa sem Signs.

A canção segue essa sonoridade dancehall que o rapper ajudou a popularizar nos últimos anos e até poderia dar certo caso não soasse tão preguiçosa. Ao ser um especie de balada romântica dancehall, a produção de Signs confunde balada com mesmice e monotonia ao entregar um arranjo morno e sem força. A qualidade técnica, porém, ajuda a canção a não parece como uma canção descartada de algum projeto e, sim, uma canção finalizada, mas que perde a oportunidade de ser algo melhor. De qualquer forma, Drake ainda tem muito ainda a mostrar e só precisa de um material melhor.
nota: 6

17 de agosto de 2017

Tinasheish

Angel
Fifth Harmony

Tentando ainda reencontrar o caminho para o sucesso, o agora o quarteto Fifth Harmony lançou o single promocional Angel que, pode até nãos estourar, mas é a canção mais diferente que elas já fizeram.

Produzido por Skrillex e Poo Bear, Angel dá uma boa afastada na sonoridade que o grupo mostrou até hoje ao ser um trap pop com forte carga de eletrônico que dá para a canção uma cadencia bem diferencia que sucessos como Worth ItWork from Home. É bom ver a girl band arriscar, mas Angel não tem nada de novo. Essa sonoridade é praticamente a mesma que vários nomes do R&B contemporâneo já fizeram como é o caso da Tinashe. É bom trabalho, mas faltou carisma de verdade para ser um novo sucesso para o grupo.
nota: 6,5

Primeira Impressão

Humanz
Gorillaz

16 de agosto de 2017

A Força Rosa

What About Us
Pink

Com a publicação dessa resenha será a vigésima vez que o blog ao longo desses nove anos que a Pink tem uma das suas canções resenhadas, tirando álbuns e especiais. E novamente a cantora não decepciona e mostra ser realmente um dos melhores nomes da música pop de todos os tempos com o lançamento da canção que tem tudo para salvar o pop em 2017: a genial What About Us.

A primeira grande qualidade da canção é que a mesma quebra o estilo de músicas escolhidas como primeiro single dos álbuns da cantora. Abrindo os trabalhos para Beautiful Trauma, What About Us foge completamente de qualquer semelhança com canções como Stupid GirlsRaise Your Glass ou So What. Na verdade, a canção é distancia-se da sonoridade padrão da cantora ao entregar uma avassaladora fusão de pop com club emoldurada em um arranjo épico e de uma beleza melancólica. Muita responsabilidade vem do fato da canção ter Steve Mac como produtor, pois o britânico traz uma carga de influência bem diferente em relação aos produtores que a cantora trabalhou nos últimos anos. Dessa maneira essa balada pop que poderia até ser sobre amor, pois é um assunto recorrente na carreira da cantora, acaba ganhando outros novos contornos ao se torna uma canção protesto. What About Us é sobre perder a esperança nos tempos em que vivemos, especialmente na era Trump. Todavia, What About Us também é sobre resistir e lutar contra a injusta ordem sobre aqueles que não têm condições de revidar. What About Us é sobre sobreviver. What About Us é sobre recuperar a esperança perdida. Poucas canções lançadas esse ano tiveram a capacidade de emocionar de verdade como acontece aqui que ainda conta com os um dos melhores trabalhos vocais da carreira da Pink que consegue entrega uma performance avassaladora que vai da fragilidade ao poder em uma interpretação realmente marcante. Chegando no começo do segundo tempo, Pink vai novamente ter a capacidade de elevar não somente o nível ao seu redor, mas, principalmente, subir mais um degrau na construção da sua já perfeita carreia. E nos, o público, que agradecemos por isso.
nota: 8,5

15 de agosto de 2017

Antes Tarde do Que Nunca - Grandes Álbuns Brasileiros

Maria Rita
Maria Rita

Poder Contido

Decote (feat. Pabllo Vittar)
Preta Gil

Com a ascensão da Pabllo Vittar é possível notar duas coisas: o mercado para artistas LGBTQ está aumentando cada vez mais e, também, é necessário crescer ainda mais para calar as vozes dos preconceituosos. Estão, canções como Decote da Preta Gil com Pablo é de suma importância, mesmo que não seja uma música realmente boa.

Decote, um samba pop, tem como principal tema o empoderamento ao falar sobre se libertar daquele boy estorvo e ser feliz da maneira com que deseja. Divertida e com uma mensagem atual, Decote erra em uma produção que não consegue dar estofo para a instrumentalização que não sai do lugar. Sem nunca ter explodido como cantora, Preta é talentosa e tem química com Pablo, mas falta aquele toque especial na canção poderia ter rendido muito mais. De qualquer forma, a canção ajuda a dar coro nessa corrente artística de empoderamento.
nota: 6,5

13 de agosto de 2017

Alternativa

Esse Brilho É Meu
IZA

Está cansado de ouvir as mesmas vozes no pop nacional ultimamente? Então, existe alternativas ótimas que você deveria escutar. Esse é o caso da ótima IZA e o seu último single, a deliciosa Esse Brilho É Meu. 

Como já vem mostrando desde o lançamento da sua primeira canção, IZA é uma excelente cantora pop que saber como apostar no gênero, mas sem perder a brasilidade. Esse Brilho É Meu não é genial, mas é um pop redondinho, clean e de um carisma próprio. A composição pode até ser um pouco genérica sobre ser poderosa, porém, assim como qualquer boa canção de pop, tem um refrão viciante e feito perfeitamente para fazer carão na boate. Além disso, IZA é dona de uma voz forte e realmente presente que a faz ter condições de segurar qualquer tipo de canção. Uma pena ela ainda não ter estourado como merece.
nota: 7

10 de agosto de 2017

Agora Vai, Karol!

Bate a Poeira, Parte II
Karol Conká

Como já tinha falando aqui no blog, um dos melhores nomes do atual cenário artístico brasileiro é a rapper Karol Conká. E com o lançamento de Bate a Poeira, Parte II, a rapper entrega a sua melhor canção até o momento.

Tema central da atual temporada da Malhação, Bate a Poeira, Parte II é uma sofisticada mistura de rap com MPB e pop rock que deixa comendo poeria a maioria das canções que estão fazendo sucesso atualmente. A produção entrega um trabalho de um esmero comovente ao não se deixar levar por recursos clichês e saídas fáceis para elaborar o ótimo arranjo. Ao falar de forma firme, madura, poética e, também, moderna sobre empoderamento, Karol Conká ajuda a consolidar mais a sua voz como uma das maiores e mais relevantes do nosso mercado e que teve a capacidade de chutar as portas para entrar aonde chegou. Felizmente, Karol e as suas rimas perfeitas, ainda irá chegar a muitos mais lugares. E que possa, também, ajudar a levar muitos outros nomes com ela.
nota: 8

Iveta vs Milk: A Guerra Fria das Divas Brasileiras

À Vontade (feat. Wesley Safadão)
Ivete Sangalo

Baldin de Gelo
Claudia Leitte

Uma das pedras fundamentais que sustenta o mundo pop é famosa "feud", ou seja, a rixa entre dois nomes famosos. Normalmente, muito do buzz que essa briga gera vem da alimentação de uma parte da média e, claro, de boa parte do público que adora um malfeito, como diria minha avó. Largamente difundido no mundo pop americano, o Brasil também tem as suas brigas de cachorros grandes. A mais famosa dela é a que envolve Ivete Sangalo e Claudia Leitte, mesmo que as duas neguem até a morte milhões de vezes. Claro, existe mais fumaça do que fogo em toda essa história, mas essa rixa ganhou novos contornos recentemente quando as duas lançaram no mesmo dia novas canções: de um lado Iveta com À Vontade e do outro Milk com Baldin de Gelo. Então, resolvi fazer um post para decidir quem venceu esse round nesse guerra fria. Começamos com Ivete.

Vamos ao primeiro e inegável fato: Ivete Sangalo é uma excelente cantora, vocalmente superior a Claudia Leitte. Isso fica bem claro em À Vontade, pois sem quase esforço a cantora domina a canção como poucas. Todavia, as qualidades de À Vontade para exatamente aí, pois o single é uma confusão rítmica ao não saber exatamente o que é o seu gênero. Seria uma axé com pop? Seria um arroxa com axé pop? Seria um arroxa pop/forró? À Vontade poderia ser tudo isso, mas no final não termina sendo nada disso. Na verdade, a canção acaba sendo uma grande perda de oportunidade para Ivete que, para piorar, não tem muito química com Safadão. Surpreendentemente, Claudia Leitte consegue se sair muito melhor com o seu Baldin de Gelo.

Ainda tentando entrar no mercado internacional, Milk faz da nova canção uma decente fusão de pop nacional com reggaeton que, dentro das suas limitações, funciona melhor do que esperado. Primeiro, a canção tem uma composição fácil e viciante, coisa que Ivete não tem com a sua canção. Com algumas ideias boas com a referência a famigerada "bela, recatada e do lar", Baldin de Gelo tem um defeito como a maioria das canções pop brasileiras: falta letra. Depois que passa o primeiro refrão, Baldin de Gelo não tem nada mais para falar, o que ajuda a não dar para a canção a substância necessária para se transformar em um musicão de verdade. Felizmente, Baldin de Gelo é comercial o suficiente para ser um trabalho de sucesso, mesmo que também tenha faltado um boom sonoro dentro dela para dar força real para a canção e, não, deixá-la tão linear. Dito isso, é necessário dar os créditos para Milk que vai bem na canção. Seria melhor com Ivete, mas não vamos apontar defeitos maiores nesse vitória quase inédita de Claudia sob Ivete nessa verdadeira guerra fria. A espera dos próximos capítulos.

nota
À Vontade: 5
Baldin de Gelo: 6,5

9 de agosto de 2017

Um Encontro de Gerações

Na Pele
Elza Soares & Pitty

Não irei julgar as preferências de cada um, mas enquanto muitos vibram com a ascensão de Pablo Vittar e a consolidação da Anitta apenas nado na contramão ao vibrar e ficar feliz com a revitalização da carreira da Elza Soares. Muita responsabilidade vem do lançamento do álbum genial A Mulher do Fim do Mundo de 2015, mas existe espaço para o descobrimento de Elza de uma nova geração do público que, provavelmente, nunca tinha ouvido falar da mesma. E com que felicidade não recebo esse dueto de Elza com a Pitty na canção Na Pele.

A principal qualidade da canção uma junção de MPB com rock é que, mesmo tendo duas cantoras relativamente tão diferentes entre si, existe uma noção de unidade na construção da canção, não deixando de escanteio ou deslocada nenhuma das cantoras. Ainda na cola da profunda sonoridade do álbum de Elza, Na Pele tem uma sensação de atemporalidade que se colide com a urgência da sua  instrumentalização forte e indiscutivelmente marcante. Interpretada com a usual avassaladora emoção gutural de Elza e com Pitty fazendo bonito ao segurar as pontas, a canção é um poderosa reflexão sobre as marcas do tempo e se sentir sábia e forte  pelas "rugas" que a vida nos dá. Apesar de achar que esse tema poderia render liricamente algo com um impacto genuinamente avassalador. De qualquer forma, apenas a existência de uma canção como essa já é motivo de grandes felicidades.
nota: 8

Especial Brasil

Essa semana será reservada para que o blog possa dar uma olhada em algumas das vertentes do atual cenário musical brasileiro. Grandes nomes, novatos e um olhar para um passado recente estarão no...


7 de agosto de 2017

2 Por 1 - Camila Cabello

Havana (feat. Young Thug)
OMG (feat. Quavo)
Camila Cabello

Construindo a sua carreira solo, a Camila Cabello vai de pouquinho a pouquinho distanciando da sua imagem como integrante Fifth Harmony. Isso é um fator positivo. O que não está acontecendo de verdade é a cantora acertar nos seus lançamentos de forma completa. Vejamos os casos das duas canções lançadas recentemente.

Havana é a, sem dúvida nenhuma, a mais original canção que a cantora já participou. Ao investir pesado no latin pop, Camila acerta em regatar as suas origens assim como a produção que usa como principal influência para a construção da canção ritmos como salsa e rumba. Até a coisa vai até bem, mas Havana falta o que precisaria ter de sobra: fogo. A canção é cadenciada demais, mid-tempo demais e não encontra o ponto ideal para aproveitar toda a sua ideal original. Talvez querendo criar uma vibe comercial, combinando com a presença deslocada do rapper Young Thug, a produção parece esquecer que Camila precisa de canções que geram impacto verdadeiro e, não, apenas seguir tendências para ver se cola a canção. Infelizmente, OMG ajuda a aprofundar essa percepção.

Aqui nem existe a parte latina para ajudar a criar alguma personalidade própria para Camila. Sim, essa pop/eletropop com pesada pitadas de trap music tem uma atmosfera bem diferente das canções de quando Camila era parte da girl group, mas OMG é construída em todos os clichês do gênero  e não deixa espaço para nenhuma ousadia. Pior ainda: Camila em nenhum momento aqui ou em Havana passa a impressão de ter vocais que possam falar "ei, eu sou Camila Cabello e essa é uma música minha!". Não que ela entregue performances ruins, mas parecem todas passadas pelo moedor de carne com tempero de auto-tune e sensualidade. Ainda há tempo de recuperar essas primeiras impressões geradas nessas primeiras canções, mas por enquanto a carreira de Camila Cabello está sendo muito barulho por nada. Ou melhor: quase nada.
Havana: 6
OMG: 5,5

5 de agosto de 2017

2 por 1 - Macklemore

Glorious (feat. Skylar Grey)
Marmalade (feat. Lil Yachty)
Macklemore

O rapper Macklemore, conhecido pelos sucessos Can't Hold Us e Thrift Shop, colocou em hiatos a sua parceria com o produtor Ryan Lewis e voltou a investir na sua carreira solo. Para tanto, o rapper lançou dois singles: Glorious e Marmalade. Começo com a primeira que tenta refazer de certa forma todo o charme de Can't Hold Us.

A canção é um hip hop/pop que, apesar de bem feitinho, não tem a mesma força carismática que as canções que Macklemore fez com Ryan. Na verdade, como salientei antes, Glorious tenta repetir a mesma atmosfera do single já citado ao ter uma instrumentalização relativamente parecida com a canção, mas com uma cadencia desacelerada. Não é ruim, mas não tem vigor de verdade. Parece mais um plágio dele mesmo do que uma canção nova. Além disso, a composição que tem como tema refletir sobre o legado que vamos deixar nesse mundo é tecnicamente boa, porém, assim como a presença da cantora Skylar Grey e da performance de Macklemore, não vai além do arroz com feijão, deixando a canção insonssa. Marmalade não é tão melhor, mas consegue pontos extras por ser mais divertida e criativa.

Indo também em uma direção mais pop do que hip hop, o single apresenta uma instrumentalização leve, descontraída e, principalmente, muito mais original que a canção anterior. Não é um trabalho sensacional, mas, felizmente, consegue dar para Macklemore uma personalidade que realmente seja sua e, não, uma união dele com Ryan Lewis. Além disso, Marmalade tem uma composição um pouco melhor devido a uma ótima atmosfera descontraída que permeia toda a canção. Ao lado do ainda meio desconhecido Lil Yachty, Macklemore entrega uma performance ok, mas sem ainda ter a força de antes. Agora é esperar e ver se o rapper terá o mesmo desempenho que antes ou foi um erro dele voltar para carreira solo.
nota
Glorious: 6
Marmalade: 6,5

4 de agosto de 2017

Boa Intenção, Mediana Execução

Most Girls
Hailee Steinfeld

A cantora/atriz Hailee Steinfeld é uma fofa, engajada, talentosa e um verdadeiro nome para se guardar para o futuro. Entretanto, apenas boas intenções não são suficientes para salvar uma canção tão mediana como Most Girls.

A canção tem uma ótima fundamentação por trás: empoderamento feminino. Most Girls fala sobre ter o orgulho de ser mulher e querer que todas possam sentir o mesmo, independente da sua maneira de ser. Fofa e positiva, mas que não adianta nada ao ser um eletropop/pop contemporâneo bastante comum e sem nenhuma graça. Arranjo batido ao extremo e nada cativante, mesmo tendo como co-produtor o poderoso Ryan Tedder que, normalmente, acerta ao criar esse tipo de canção. Aqui faltou dar vida para a canção para pudesse sair desse lugar comum em todas as esferas. As intenções são ótimas, mas só isso não faz a música sobreviver.
nota: 5,5

3 de agosto de 2017

Os Erros do Grammy - Parte III

Hoje o especial sobre o quais foram os Erros do Grammy nesses últimos em uma categoria que nem sempre ganhar é sinônimo que o futuro na música. Na verdade, nem sempre aqueles que representam o melhor nessa categoria são ao menos indicados. Está na hora de dar uma olhada na categoria de Best New Artist, ou melhor, Melhor Novo Artista:


1 de agosto de 2017

O Circulo Fechado

Back to You (feat. Bebe Rexha & Digital Farm Animals)
Louis Tomlinson

Apesar de que não seja a primeira música lançada pelo Louis Tomlinson solo, Back to You marcar a primeira canção em que o ex-1D é o artista principal. E, felizmente, a canção é melhor que o esperado.

 Ao contrário de muitos, Louis Tomlinson parece que não está muito afim de ir nos mesmo caminhos que outros, pois em Back to You faz um dueto de igual para igual com a Bebe Rexha. Poderiam ter mais química, mas é interessante notar que os dois dividem quase o mesmo tempo dentro da canção com Bebe iniciando a canção. Louis não é um cantor dono de uma voz exatamente distinta e marcante, porém, melhor que outros membros do 1D, o cantor parece muito mais esforçado em uma performance divertida. O que faz de Back to You uma canção interessante é o fato de ser um redondinho pop redondinho com alguns toques de eletrônico, mas que nunca cai no famoso farofão descontrolado mesmo tendo a presença do DJ Digital Farm Animals como produtor. A canção é o fechamento oficial do lançamento das carreiras de todos os integrantes da boy band. Agora é esperar para ver quem serão aqueles que irão sobreviver ao mais temido dos testes: o tempo.
nota: 7