27 de fevereiro de 2019

A Consagração Final de Alicia

Raise a Man
Alicia Keys

Pode até parecer meio exagerado, mas acredito que a escolha da Alicia Keys para ser a host do Grammy desse ano ajudou a mostrar para uma parte do grupo algo que muitos assim como eu já tinha constatado: a cantora já faz parte de uma pequena elite de nomes da música já consagrados para todo o sempre. Por causa disso, espero que as cobranças pelo fato dela não estar nos topos das paradas possa diminuir e que a mesma continue a se dedicar a lançar canções como Raise a Man.

Lançada na mesma noite do Grammy, Raise a Man é uma canção que parece que apenas a Alicia Keys poderia ter lançado. Com mais de seis minutos de duração, o single é um refinado, maduro e, indiscutivelmente, dono uma personalidade gigantesca R&B com toques de jazz que faz lembrar clássicos da cantora como, por exemplo, You Don't Know My Name e If I Ain't Got You. De uma instrumentalização excepcional mesmo que a base seja puramente o piano, Raise a Man não tem, porém, a mesma complexidade sonora que as canções citadas, deixando a canção sem a mesma base que sustentaria melhor a sua longa duração. Isso deixa a canção um pouco arrastada na sua parte final, mas não perde muito qualidade no resultado final. Ainda mais com a presença luminosa de Alicia que entrega uma performance de uma força contida que exala um sentimento contagiosamente edificante. Liricamente, Raise a Man pode parecer apenas uma canção romântica, mas, nas fáceis entrelinhas, o single é sobre criar meninos para serem homens de verdade e, não, esses homens tóxicos que, infelizmente, muitas mulheres conhecem. Inspiradora e de uma empoderamento tão pungente que se torna uma mensagem urgente. Tudo isso prova a importância da Alicia Keys e o que representa a sua consagração recente.
nota: 7,5

26 de fevereiro de 2019

O Ano da Lizzo?

Cuz I Love You
Lizzo

Nem sempre um artista consegue conquistar o público logo nos primeiros anos de carreira, mesmo já tendo lançado singles e até álbuns. É preciso algum tempo para o público descobrir o talento não tão escondido, mas quando isso acontece é possível que o artista tenha um boom mais do que merecido que parece ser do nada. Esse pode ser o caso da cantora/rapper Lizzo para 2019.

Depois de lançar a deliciosa JuiceLizzo surpreende com o lançamento de Cuz I Love You, pois a canção é completamente diferente da anterior. E mais: o single quebra qualquer expectativa sobre o que a artista poderia entregar. Dando nome ao seu próximo álbum, Cuz I Love You é uma poderosíssima e espetacular mistura inusitada de doo-wop inspirado nos anos sessenta com adição de soul music e toques de indie rock que poderia muito bem resultar em uma bomba sonora. Entretanto, a produção da banda de rock X Ambassadors consegue dar sentido a essa loucura, criando uma canção impressionantemente ousada e com uma personalidade avassaladora. Apesar da temática romântica, Cuz I Love You é mais sobre se deixar amar ao abrir o coração sem ter medo de quebrar a cara. Bem composta, a canção não dá espaço para pieguismos sinceros, mas, sim, verdadeira desconcertante e uma lirica simples e direta. Só que a canção não teria o mesmo impacto se não tivesse a presença de Lizzo, pois a cantora entrega uma das performances vocais mais acachapantes dos últimos tempos. Poderosa do começo ao fim, versátil e com um alcance impressionante, a cantora eleva o que já era muito bom ao ser a poderosa cola que juntar qualquer ponta solta e, ao mesmo tempo, ser o toque de genialidade final que a canção precisava para fazer de Cuz I Love You um verdadeiro acontecimento nesse começo de 2019. E, quem sabe, ajudar a fazer de 2019 o ano da Lizzo.
nota: 8,5

A Surpresa da Festa

Hard Place
H.E.R.

Uma das grandes surpresas das indicações ao Grammy esse ano foi a presença da cantora H.E.R.. Apesar de uma carreira em ascensão, a jovem estrela do R&B ainda é uma desconhecida por boa parte do público. Então, aqui está um bom motivo para descobrir o trabalho dela: o single Hard Place.

Vitoriosa em duas categorias, H.E.R. (anacrônico para Having Everything Revealed) parece que não veio para revolucionar o R&B, mas, sim, mostra que o gênero ainda tem muito lenha para queimar. Então, não espere algo de ousadia pura em Hard Place, pois o que a cantora oferece é uma bem produzida, refinada e carismática baladinha R&B sem artifícios sonoros para dar um ar de modernidade para atrair uma parte do público.  Só que mesmo assim, a canção não soa em nada datada e, sim, autentica e com personalidade de sobra, principalmente devido a composição esteticamente bem construída e com uma emoção que, normalmente, está ligada a esse tipo de canção. Falando sobre abrir concessões para conseguir manter um relacionamento ao "ignorar" certos erros de quem se ama, H.E.R. demonstra domínio vocal e aptidão para segurar canções como essa sem precisar "erguer" a voz. O único problema de Hard Place é a sua extensão um pouco exagerada, mas mesmo assim não deixa a canção de não ser um perfeito veículo de entrada para descobrir a cantora.
nota: 7,5

22 de fevereiro de 2019

Um Tiquinho Acima

Seu Crime
Pabllo Vittar

Com cada vez mais "divas" nacionais sendo canceladas merecidamente devido aos seus comportamentos que vão contra a sua imagem de apoiadoras do público LGBTQ+ e outros assuntos, esse público precisa começar a valorizar os artistas que realmente lutam e, principalmente, fazem parte da comunidade. E, obviamente, a principal entre os nomes da atualidade é a Pabllo Vittar, mesmo que a mesma passe um pouco dos limites.

Vamos tirar a parte negativa da frente: os vocais exagerados na parte do refrão. Todos sabem que a cantora tem uma voz que gera muito polêmica, mas aqui até para quem realmente gosta pode perceber que a decisão da produção vocal nessa parte foi, no mínimo, equivocada. Entretanto, Pabllo brilha vocalmente nos versos com um tom bem mais baixo, deixando o público perceber que existe versatilidade nas suas performances e, quando acertado, um belo timbre. Sonoramente, Seu Crime é uma balada mid-tempo mistura bem dance-pop com forró, criando uma criativa e divertida fusão do que o pop brasileiro pode ser. Apesar de não ser sensacional, Seu Crime está acima da média dentro do maisntream pop nacional.
nota: 7

Hoje Não, Faro!

Terremoto
Anitta & Kevinho

Sinceramente, eu já tentei achar pontos positivos na carreira da Anitta, mas é impossível enquanto ela lançar bombas como Terremoto ao lado do Kevinho.

O grande problema de Terremoto é que todo que poderia dar certo não corresponde a expectativa de fato. Primeiramente, a canção pode até ser dançante e agradar parte do público, mas não tem força para segurar muito tempo nas paradas devido a sua batida como qualquer outra canção funk/pop atualmente. Além do fato de ser mais rápida que a preparação de um miojo. Em segundo, o que deveria ser um encontro excitante entre dois expoentes do funk brasileiro, acaba como uma "conversa desanimada na mesa do bar". Kevinho pode até não agradar a todos, mas, ao menos ele tenta mostrar presença. Ao contrário de dona Anira que parece que engatou uma marcha automática em suas performance, mostrando que só precisa estar ali de corpo presente para uma canção ter destaque. Então, depois de Terremoto só existe uma opinião: hoje não, Faro!
nota: 5

21 de fevereiro de 2019

Nostalgia Vendável

Please Me
Cardi B & Bruno Mars

Então, senhoras e senhores, eis que chegamos a um momento que acredito que seja o começo do fim: a volta dos anos '90. Não tem nem vinte anos que a mesma acabou, ma já está sendo tratada como uma verdadeira relíquia de museu que precisa ser resgatada por uma onda de nostalgia. E pior: existem pessoas que nem viveram a década e que querem revive-las. E, claro, o mercado já está se aproveitando disso como demonstra o lançamento de Please Me da Cardi B com o Bruno Mars.

Segunda parceria dos dois artistas depois da ótima FinessePlease Me é uma tentativa bem orquestrada de trazer de volta um sonoridade R&B que dominou boa parte dos anos noventa em que a cadencia era mais lenta com uma clara atmosfera sexual/sensual. Sonoramente, a canção reproduz e, ao mesmo tempo, enverniza com um uma tinta levemente modernosa o gênero, sabendo como entregar uma canção capaz de ser sucesso atualmente. Isso não significa que estamos diante de uma canção sensacional, ainda mais que em comparação com a anterior perde em refinamento. De qualquer forma, a presença carismática de Cardi B em uma performance despretensiosa e divertida em apesar de ter menos destaque, Bruno carrega bem e dar a sensualidade necessária para Please Me. O ponto interessante é que a canção troca a dinâmica vista em Finesse, mostrando que existe uma parceria de verdade entre os dois. A parte negativa é sua mediana e pouco inspirada composição que tentar falar sobre sexo de forma engraçadona e inteligente, mas acaba soando meio exagerada em vários momentos. Entretanto, a mensagem que o trabalho esconde é que os anos noventa estão batendo e estão prestes a derrubá-la. Querendo a gente ou não.
nota: 7


20 de fevereiro de 2019

Sólido

365
Zedd & Katy Perry

Nada pior para uma canção pop que cair no limbo entre ser boa ou ruim, pois esse é o tipo de canção que o público costuma esquecer com maior facilidade. Infelizmente, esse deve ser o caso da parceria da Katy Perry com o Zedd.

365 é, no máximo, um bom dance-pop/EDM que apresenta boas qualidades, mas também tem alguns importantes defeitos. O principal deles é o fato da produção erra na sua construção, pois entrega uma canção linear. Redondinha demais, 365 não chega a ser um "estraga prazeres", mas passa longe de empolgar como outros canções do Zedd e, principalmente, de Katy. A mesma também não entregar uma performance que consiga dar força para a canção. Mesmo assim, a cantora consegue segurar uma canção pop de forma exemplar. A composição é boa até a página dois, pois apresenta um defeito importante para um trabalho pop: um refrão fraco. Infelizmente, não acredito que essa seja o momento do retorno triunfal da Katy. E isso é até bom, pois 365 vai ser esquecida bem rápido.
nota: 6

19 de fevereiro de 2019

Uma Nova Geração de Country Girls

GIRL
Maren Morris

A recente vitória da Kacey Musgraves na categoria de Álbum do Ano é uma evidente sinalização que o mercado está se abrindo e reconhecendo a nova geração de cantoras country. Geração essa que está disposta a quebrar barreiras dentro do próprio gênero para remodelar a estética ainda quase estagnada do country comercial. Outro nome importante dessa nova geração é a Maren Morris.

Apesar de não ser nenhuma novata, pois a mesma lançou o primeiro álbum em 2005, Maren só começou a ser reconhecida em 2016 com o seu primeiro álbum através de uma grande gravadora: Hero rendeu reconhecimento, cinco indicações ao Grammy (incluindo de Best New Artist) e uma vitória para a canção My Church em Best Country Solo Performance. Entretanto, o grande momento de sucesso da carreira dela foi a sua parceria "crossover" pop ao ser os vocais de The Middle ao lado do Zedd e Grey. Essa inusitada decisão ajuda a mostrar que a cantora está disposta a se arriscar sonoramente, ajudando a dar mais cara a essa nova geração. E essa coragem deve repercutir ainda mais no seu próximo álbum intitulado GIRL que já tem como primeiro single a canção que dá nome ao álbum.

O maior destaque da canção é que, ao contrário de contemporâneos masculinos, Maren Morris não está disposta a só falar de amores e corações quebrados, pois GIRL é uma edificante e empoderada canção sobre erguera a cabeça e não deixar que os outros compararem mulheres simplesmente para diminuir uma delas. Bem escrita e bem intencionada, a letra de GIRL pode até soar meio genérica, mas demonstra bem que a vontade de Maren é quebrar padrões ao dialogar com assuntos de apelo atuais. Isso vale também para a produção da canção que está longe de apresentar um country puro: GIRL é uma balada quase mid-tempo country/pop rock que não se destaque pela ousadia e, sim, pelo equilíbrio entre as duas influências. Ainda meio que no começo, essa nova geração de cantoras country já pode ser considerada como o futuro de um gênero que carrega uma história imensa, porém, assim como qualquer outro, precisa se modernizar.
nota: 7,5

O Futuro do Pop Masculino

i'm so tired...
Lauv & Troye Sivan

Enquanto o pop feminino passa por uma crise de pouquíssimos nomes na ativa e fazendo sucesso, o pop feito pelos meninos vai aos poucos criando forma para o seu futuro. E o lançamento i'm so tired... mostra a união de dois nomes promissores: o já estabelecido Troye Sivan ao lado da promessa Lauv.

Ainda pouco conhecido por parte do grande público, Lauv já tem construído uma carreira no mundo pop desde 2015 e já tem um hir moderado em I Like Me Better de 2017. E Troye Sivan não precisa de muita apresentação, mas é preciso salientar que atualmente o australiano é o melhor nome masculino do pop atualmente. Nas mãos dos dois parece residir o futuro do pop masculino, mesmo que i'm so tired... tenha os seus defeitos. A canção é uma redondinha, clean e, por várias vezes, excitante dance-pop que erra na construção do seu repetitivo refrão e na sua atmosfera. 

Produzido pelo próprio Lauv, i'm so tired... tem uma batida tão simpática e fofa que a gente meio que esquece que a produção não consegue criar uma personalidade bem definida para a canção, deixando a mesma como qualquer outra que poderia ser lançada atualmente. Claro, a produção tem qualidades por conseguir entregar um trabalho bem feitinho. Além disso, o refrão é aquele tipo que se baseia na repetição de palavras para gerar o efeito desejado de grudar na cabeça que poderia funcionar se aqui não se fosse contra o resto da composição que apresenta uma emoção genuína sobre se sentir solitário. O ponto alto da canção fica por conta da presença dos dois jovens cantores que, apesar de terem poucos momentos juntos, apresentam química e um senso pop inquestionável. Acredito que ainda exista uma longa caminhada para que o novo pop masculino possa chegar no patamar dos principais nomes do gênero, mas a direção é a melhor possível.
nota: 7

17 de fevereiro de 2019

New Faces Apresenta: Charlotte Cardin

Drive
Charlotte Cardin

Ás vezes, a música pop precisa de uma jovem artista com ideias novas e um instrumento nas mãos na cabeça para dar uma chacoalhada no status quo. Aconteceu com a Norah Jones, a Fiona Apple, a Tracy Chapman, a Carly Simon, a Carole King e tantas outras. E, apesar de quase impossível, poderia acontecer com a canadense Charlotte Cardin.

Descoberta em uma das temporadas da versão em francês do The Voice no Canadá (o país tem o inglês e o francês como línguas oficiais devido ao uma divisão no país), Charlotte Cardin apresenta uma sonoridade um diferente que estamos acostumados a ouvir: uma mistura de electropop com jazz. Claro, não é exatamente a coisa mais nova do mundo, mas é uma lufada de novidade ao ouvir uma canção tão inspirada como Drive: uma sexy e envolvente mistura de pop com toques de jazz e pitadas de R&B que surpreende pela sonoridade madura e uma produção estilosa e com personalidade. Sem precisa de recorrer a saídas fáceis, mas com um senso estético pop bem direcionado, Drive conta com a presença delicada e carismática da doce voz de Charlotte em uma performance elogiável. Liricamente, a canção fala de forma inteligente e deliciosa sobre sentir desejo em alguém sem precisar ser explicita e com toque de finesse e inteligência muito bem vindo. Não sei se Charlotte Cardin irá estourar comercialmente, mas só a sua existência na música já é maravilhoso.
nota: 8

16 de fevereiro de 2019

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Wildest Moments
Jessie Ware

Sempre irá existir aquela pessoa que a gente deixou escapar das nossas vidas. Ás vezes, a vida é capaz de dar uma segunda chance, mas, normalmente, a pessoa sempre será uma memória que guardaremos com um gosto agridoce. Felizmente, aqui no blog posso dar uma chance para aquelas músicas que deixei escapar em algum momento e que deveriam ter sido analisadas devidamente. Esse é o caso da revigorante Wildest Moments da britânica Jessie Ware.

Aparecendo aqui no blog desde 2014/2015, Jessie Ware vem se firmando como um dos melhores nomes do pop/R&B com uma vertente maus adulta na Inglaterra. Entretanto, o momento em que a cantora apareceu de fato foi em 2012 com o lançamento do seu primeiro e aclamado álbum Devotion. Com um respeitoso 85 em 100 no Metacritic, o álbum foi responsável em mostrar ao público o talento e refinamento sonoro da cantora, mesmo que nunca tenha alcançado números imensos de vendas. Obviamente, esse detalhe não importa tanto, pois a mesma continuar a lançar trabalhos com ótimos resultados. Entretanto, esse começou de carreira passou desapercebido por mim, mas não foi esquecido. Ainda mais com a presença de canções como Wildest Moments.


Terceiro single de DevotionWildest Moments é uma excelente amostra do que a cantora é capaz de entregar: um elegante, refinadíssimo e sonoramente criativo pop soul. A batida dada para a canção tem uma riqueza instrumental, principalmente devido ao bem vindo tambores que marca a cadencia da canção. Todavia, a complexidade de arranjo não se sobrasai sobre a atmosfera delicada que a produção quer transmitir, criando uma interessante e equilibrada união de estética com conteúdo que remete diretamente a composição. Em uma primeira analisada sem ter o contexto de como foi escrita, Wildest Moments parece ser sobre um casal que, devido as suas personalidade opostas, possuem uma relação intensa entre o céu e o inferno. Apesar de funcionar assim para quem possa levar a canção como tema de um relacionamento, Wildest Moments é, na verdade, sobre o relacionamento de Jessie com uma amiga que tem as mesmas características, mas que não tem nenhum fundo romântico. Além de ser extremamente auspicioso e uma lufada de ar fresco ao ter nas entrelinhas toques de empoderamento feminino, Wildest Moments conta a presença vocal aveludada e emocional de Jessie que consegue entregar emoção genuína sem precisar "gritar", mas, sim, sendo contida e delicada. Acredito que tenha feito justiça ao resenhar Wildest Moments, mesmo que tenha passado alguns anos e que, provavelmente, a canção teria sido uma das melhores de 2012 na escolha de final de ano aqui no blog.
nota: 8,5

14 de fevereiro de 2019

Diamonds Are Forever

Handmade Heaven
MARINA

A busca pela famosa verdade de cada um é algo que ajuda a mover aqueles artistas que realmente se importam com o seu oficio. E essa busca acontece de várias formas como, por exemplo, a busca de novos sons em país diferente, a reclusão por anos para se reconectar ou a mudança de rumo artístico. Nessa ultima categoria entra a britânica MARINA que tirou o "and the Diamonds" e entrou em uma nova era na sua carreira com o lançamento de Handmade Heaven.

Depois de lançar o álbum FROOT em 2015 e passar por uma longa turnê (lembrando que a mesma cancelou uma apresentação no Brasil durante o Rock in Rio), Mariana decidiu dar um tempo na carreira musical para se dedicar a diferentes coisas na sua vida. Acredito que essa pressão acontece com a maioria dos artistas, principalmente aqueles mais ligados ao lado artístico do oficio como é caso da cantora que compôs sozinha o seu último álbum. Aos poucos, porém, a cantora foi dando as caras em participações aqui e ali ao lado de outros artistas. Passado esse tempo, além de mudar de nome artístico, a cantora decidiu voltar a trabalhar na sua carreira ao lançar Handmade Heaven que deve abrir os trabalhos para um novo álbum.

Mesmo que a canção não seja uma mudança drástica na sonoridade da cantora, pois ainda continuamos a ouvir um elegante e inteligente indie pop/electropop que a mesma apresentou no último álbum, Handmade Heaven apresenta algumas significativas mudanças. A maior delas e a que dá mais significância para a canção vem da sua atmosfera: o single parece soar como um trabalho menos rebuscado sonoramente, deixando espaço para uma sensação de frescor que a Marina parecia fadada a não alcançar mesmo quando entregava boas canções. Parece que a cantora está em uma fase mais pé no chão e sem algumas das firulas que deixavam o seu trabalho desnecessariamente pretensioso. Assim sendo, o público é capaz de apreciar a delicadeza e melancólica que a instrumentalização passa do começo ao fim de uma forma bastante direta. Além disso, a presença marcante e quase angelical da voz de Marina se encaixa perfeitamente no contexto de Handmade Heaven que apresenta uma poética e linda composição sobre encontrar o seu lugar no mundo. Com certeza, Handmade Heaven é a melhor canção da carreira de Mariana, mostrando que o tempo longe parece ter valido a pena para lapidar o seu talento assim com um bom diamante.
Nota: 8

Genialidade Virtual

Unshaken
D'Angelo

Já falei algumas dezenas de vezes aqui no blog que música quando é boa independe de gênero, estilo, artista e data de lançamento. E agora quero colocar outra condição, pois música é boa não importando qual é a sua origem. Esse é o caso da espetacular Unshaken do D'Angelo.

Considerado um dos pilares do neo soul, D'Angelo não é exatamente um artista que está sempre lançando trabalhos ou mesmo participando de projetos paralelos. Então, o lançamento de Unshaken já é uma noticia e tanto, ainda mais ao sabermos que a canção faz parte da trilha do jogo Red Dead Redemption 2. E a surpresa aumenta ao descobrir que o game de ação é um faroeste durante a virada do século retrasado. Mais estranho impossível. Entretanto, o resultado final é quase miraculoso.

Unshaken é uma impactante fusão de neo soul, blues, indie soul com toques de bluegrass que poderia se tornar uma canção com uma atmosfera despretensiosa, mas que, felizmente, termina com uma sensação de importância e profundidade impressionantes. Começa pela produção de uma genialidade ímpar, pois, além de saber misturar todas as referências de forma magistral, entrega uma instrumentalização de tirar ao folêgo ao construir a batida de forma sempre contida, construindo uma atmosfera slow burn, isto é, uma atmosfera que vai sendo cozinhada aos poucos com o intuito de criar sensações pungentes que nunca chegam a estourar, mas que são tão fortes como uma erupção de vulcão. Lenta, contida e com cadencia hipnótica, Unshaken é um trabalho que é preciso se apreciado em camada já que cada uma delas apresenta uma surpresa. Liricamente, o trabalho é um desconcertante que se utiliza da simplicidade semântica para elaborar uma bela e aterrorizante crônica sobre o momento de enfrentarmos os nosso demônios no momento do nosso juízo final, sendo entoado pela performance assombrosa e inimitável de D'Angelo. Apesar de não fazer ideia até pouco tempo da existência de Red Dead Redemption 2, gostaria de agradecer quem teve a ideia de chamar o D'Angelo para fazer parte da trilha sonora, pois isso foi responsável por dar uma canção simplesmente genial.
nota: 9

12 de fevereiro de 2019

Pela Volta do Velho Rap

MIDDLE CHILD
J. Cole

Enquanto as principais paradas americanas são dominadas pela questionável nova geração de rappers, J. Cole mostra que ainda existe espaço para o bom e velho hip hop com o lançamento da boa MIDDLE CHILD.

Sonoramente, MIDDLE CHILD não tem de novo ao ser um direto rap/hip hop com batida old school, mas, felizmente, essa é uma ótima qualidade. Sem precisar de firulas ou artifícios para se tornar hit, o single é um sopro de ar fresco em meio a essa nova geração de rappers com as suas batidas melosas e sem nenhum criatividade. O mais interessante é que a canção fala sobre a cresça do rapper de ser um dos rappers que se encontra exatamente no "meio" (por isso do título "filho do meio) entre os veteranos e os novatos, criando um equilíbrio entre as duas gerações. Isso até pode ser verdade, mas J. Cole entrega uma bem vinda volta ao "passado' com MIDDLE CHILD não há nenhuma dúvida.
nota: 7

11 de fevereiro de 2019

Adivinha Quem Voltou?

Love Me & Let Me Go
Ashley Tisdale

Durante os anos de High School Musical (2006 - 2008), Ashley Tisdale era um dos principais nomes do pop teen daquela época, mas mesmo assim não conseguiu emplacar nenhum hit com o lançamento dos seus dois álbuns. Sem estourar musicalmente, a cantora voltou as suas atenções para o seu lado atriz, fazendo filmes e series com frequência durante todos esses anos. Então, depois de exatamente dez anos, Ashley resolveu tirar as teias de aranhas do microfone e lançar o seu terceiro álbum esse ano intitulado Symptoms. E como uma das canções de divulgação foi lançada Love Me & Let Me Go.

Tisdale nunca foi conhecida pelo seu apurado senso pop, mas conseguiu entregar momentos passáveis como a divertidinha Be Good to Me. E é exatamente nessa faixa que se encontra Love Me & Let Me Go. Claramente, a cantora evolui sonoramente, indo de um pop teen para um pop mais contemporâneo e menos "family friend". A batida dance-pop mistura com toques de EDM e uma leve pincelada de latin music é bem feitinha e até tem certo carisma. O problema é que qualquer cantora pop mediana atualmente tem a capacidade de entregar uma canção na mesma pegada de Love Me & Let Me Go, deixando Ashley sem personalidade definida. Vocalmente, a artista ainda é uma cantora na média, beneficiando de uma boa produção vocal e um timbre anasalado até que interessante. O melhor da canção fica por conta da sua boa e madura composição que soube mostrar de fato o amadurecimento de Ashley sem, porém, apelar para a sexualização barata. Não acredito que esse será o renascimento de uma Fênix, pois Ashley nunca foi uma para começo de conversa. Entretanto, a volta da eterna Sharpay mostra ser melhor que o esperado.
nota: 7

10 de fevereiro de 2019

Diva Real

Hello Happiness
Chaka Khan

Sempre achei curioso e até desrespeitoso o uso da palavra diva para definir qualquer cantora, principalmente aquelas que acabaram de surgir. Em minha opinião, além das características básicas, uma cantora para ser chamada de diva precisa ter em seu nome algum impacto verdadeira sobre a indústria fonográfica. Quem, por exemplo, merece esse título é a lendária Chaka Khan.

Nascida Yvette Marie Stevens, Chaka Khan ganhou notoriedade nos anos setenta ao ser a voz da banda de R&B/funk Rufus e, também, devido a sua carreira solo que começou em paralelo no final da mesma década. Com ou sem a banda, a cantora é considerada uma das artistas mais influentes do funk, entregando clássicos como Tell Me Something Good (1974), I'm Every Woman (1978), I feel for you (1984) e Ain't Nobody (1983), vencendo dez Grammys e influenciando artistas como Whitney Houston e Beyoncé. Longe dos holofotes desde 2007 com o lançamento do álbum Funk This, período em que a cantora se internou para tratar de uma dependência em remédios, Chaka Khan está de volta para lançar o seu décimo álbum que já conta como uma canção de divulgação.


Hello Happiness, que também é o título do álbum, é um trabalho que mostra exatamente pelo o que a cantora é conhecida: o divertimento e vigor que o funk pode trazer. Dessa vez, porém, a canção é envernizada por uma camada de música eletrônica dada pela presença do produtor/DJ Switch. Conhecido pelo trabalho ao lado de nomes como Beyoncé (Run The World e End Of Time), M.I.A. (Bucky Done Gun), Christina Aguilera (Bionic), entre outros, o produtor dar um banho de modernidade para a sonoridade da cantora, mas sem perder a sua personalidade original. Hello Happiness é como se fosse um remix de uma canção atual de uma canção antiga da Chaka que respeita o original e, ao mesmo tempo, dar uma atualizada no trabalho. Apesar da boa e criativa produção, o single perde força na sua parte final ao não ter um clímax adequado que segure a cadencia crescente ao longo da música. Felizmente, o trabalho não é afetado pesadamente devido a esse problema, pois Hello Happiness também conta com uma composição revigorante sobre redescobrir a sua felicidade através do que mais ama. No caso de Chaka que enfrentou sérios problemas a fonte dessa felicidade é a música. E isso é exatamente o que uma verdadeira diva precisa ser para poder carregar esse título.
nota: 7,5

Bossa Nova Pós Moderna

Ill Wind
Radiohead

Não existe nenhuma dúvida que o Radiohead é uma das mais importantes bandas de rock de todos os tempos. Posição essa que os mesmo já provaram dezenas de vezes ao longo de uma carreira aclamada, ovacionada e respeitada desde o primeiro lançamento em já distante 1993. É natural que qualquer lançamento deles causa alvoroço mesmo que seja uma canção "b-side" do último álbum lançado deles como é o caso da inusitada Ill Wind.

Obviamente, esperar de qualquer música recente do Radiohead que seja um trabalho "comum" é algo delirante e até ofensivo, mas a banda consegue surpreender com Ill Wind devido a sua referência sonora inusitada. O Radiohead cria uma sombria, complexa e impressionante mistura de art rock com eletrônico que flerta fortemente, na sua primeira parte, com a nossa bossa nova (!?!!?!), criando um espetáculo sonoro de cair o queixo. Ao mesmo tempo em que tudo parece não fazer sentido nessa mistura, Ill Wind  encanta com a sua sublime fluidez e a sua construção instrumental impecável. É nessa dualidade de sentimentos que Ill Wind encontra o seu alicerce central. Com uma performance fantasmagórica de Thom Yorke que entoa pouquíssimas, mas com um significado mais profundo que canções com letras verborrágicas, Ill Wind já pode ser considerada forte candidata para ser um dos melhores lançado em 2019.
nota: 8,5

9 de fevereiro de 2019

Padrão

More Than That
Lauren Jauregui

Se a Lauren Jauregui não vem seguindo o caminho mais fácil para emplacar a carreira solo, a mesma precisa descobrir qual é exatamente esse caminho já que o seu mais novo single é padrão demais.

More Than That é um bem feito R&B com toques de hip hop/trap music que fica dentro do nicho que a Ariana Grande vem fazendo nos últimos tempos. Sensual, mas sem ser vulgar. Divertida, mas longe de ter um apelo comercial forte. Dona de uma batida redondinha, mas que não passa personalidade. More Than That resulta em uma canção ousadamente segura, não ajudando em nada a construção da carreira de Lauren. A melhor parte do single é a presença da cantora que entrega uma performance certeira e que soa mais interessante que a própria canção. Resumidamente: Lauren Jauregui precisa encontrar uma bússola para não se perder nesse novo caminho.
nota: 6,5

6 de fevereiro de 2019

O Amado Bad Boy

Gold
Robbie Williams

Com uma fama de bad boy, um carisma gigantesco e um talento bem acima da média, o britânico Robbie Williams alcançou um posto invejável na indústria fonográfica da Inglaterra: lenda viva. E o mesmo nem precisa mais estar no topo das paradas como prova seu novo single Gold.

Canção que compõe o terceiro volume de compilação de canções rara, b-sides ou nunca lançadas da carreira de Robbie,  Gold mostra que o cantor evoluiu para o tiozão do pop. Se antes, o britânico se apoiava na polêmica como em Rock DJ ou o dramático de Angels ou no clássico surpreendente de Somethin' Stupid, agora Robbie pode se dá ao luxo de ser apenas tradicional. Gold é um divertido, seguro e linear pop contemporâneo que consegue ser diferente do que se apresenta no mainstream atualmente e, ao mesmo tempo, não ter nenhuma chance de ser o ponto fora da curva para conseguir emplacar no topo das paradas. O que realmente dá alguma força para Gold de fato é a presença inebriante de Robbie que mesmo em uma performance sem maiores atrativos ainda consegue segura a canção perfeitamente e com personalidade. E acredito que essa seja a matriz principal do sucesso longevo do Robbie Williams: personalidade.
nota: 7

Tema Obrigatório

Swan Song
Dua Lipa


Uma estrategia de artistas internacionais para adentrar o mercado dos Estados Unidos é emplacar algum tema para um filma estadunidense como está fazendo a Dua Lipa com o lançamento de  Swan Song.

Tema do filme Alita: Anjo de CombateSwan Song é aquele tipo de canção que quase deu certo. Diferente de canções massificadas que viram tema de filmes de ação, o trabalho tem uma produção mais ousada na construção de uma batida que sai do lugar comum em um dance-pop com elegância sem perder objetivo central. O problema é que a produção não soube lidar muito bem com a concepção sonora de Swan Song, deixando a canção repetitiva e sem força logo que passa o primeiro verso. A letra tem seus méritos de querer passar uma imagem de trabalho maduro e bem pesando, mas que tematicamente não apresentada nada de interessante e ainda perder a oportunidade de entregar um refrão poderoso. A presença luminosa de Dua Lipa é um alivio em Swan Song, pois adiciona algo de excitante devido a sua performance sólida e com personalidade. Entretanto, nem a presença da cantora ajuda Swan Song, deixando mais do que claro que a canção é aquele tipo de trabalho obrigatório.
nota: 6,5

5 de fevereiro de 2019

Dois Coelhos De Uma Vez

My Love Goes On (feat. Joss Stone)
James Morrison

Existem alguns artistas que só quando ressurgem depois de um bom tempo sumido é que percebemos o quanto a gente sentia falta deles. Com a canção My Love Goes On temos dois exemplos de uma vez só: os britânicos James Morrison e  Joss Stone.

Surgidos quase na mesma época e com características semelhantes (cantores brancos com vozes poderosas e sonoridade soul), James e Joss estão exatamente desde 2015 sem lançarem nada de novo. Para James, porém, o hiato termina esse ano com o lançamento do quinto álbum You're Stronger Than You Know que tem como primeiro single a parceria com a Joss, ajudando a cantora a dar as caras. My Love Goes On é uma decente, bem estruturada e simpática balada pop soul que lembra o principal sucesso da carreira do cantor: I Won't Let You Go de 2011. Não é um trabalho sensacional, mas tem a suas qualidades, principalmente na química dos dois artistas que consegue superar até mesmo a estranha produção vocal que deixa as vozes parecendo como se estive em uma versão acústica. Donos de vozes marcantes, James e Joss fazem falta no cenário britânico e espero que a canção possa ser a volta dos dois em 2019.
nota: 7


4 de fevereiro de 2019

2 Por 1 - Florence + The Machine

Moderation/ Haunted House
Florence + The Machine

Depois de um ano morno com o lançamento do aceitável High As Hope, o Florence + The Machine poderia ter tirado um tempo para pensar na nova era. Entretanto, a banda decidiu mostrar que ainda tem, como diria no interior, "bala na agulha" ao lançar uma e meia canção.

Explicando o "uma e meia canção": depois de apresentar em alguns shows a canção Moderation, abanda resolveu lançar a versão em estúdio junto com a canção b-side Haunted House que, como apenas um minuto e cinquenta, a mesma é quase um "outro". De qualquer forma, as duas canções mostram a força da banda em dois aspetos diferentes.

Moderation continua o caminho da banda em uma direção mais rock que mostrou no álbum do ano passado. Ao contrário da maioria das faixas do mesmo, porém, a nova canção tem uma pegada bem mais contundente e uma atmosfera de urgência que é o que faltava para conseguir carregar perfeitamente o peso da mudança dessa sonoridade. Em Moderation, o público pode ouvir plenamente o que a banda é capaz de fazer ao caminhar em um território indie rock sem perder aquela suntuosidade original da sonoridade deles, mas respeitando e refinando as influências dos anos '70. Impactante do começo ao fim e com uma instrumentalização avassaladora, Moderation é sobre a vontade de se entregar de cabeça em suas relações sem ter medo das consequências. Apesar da composição menos rebuscada que o de costume, a canção é trabalho refinado, maduro e de um carisma tão diferente que apenas a banda consegue entregar. Indo no caminho contrário está a melancólica Haunted House. Mesmo nem atingindo dois minutos, a canção é um trabalho elogiável  devido a sua atmosfera e a performance magnética e angelical de Florence Welch. Uma delicada e emocionante art pop/indie pop com uma produção contida, mas bem intencionada, a canção é o tipo de balsamo que os ouvidos dos fãs da banda precisam para lembraram o poder criativo deles. Claro, esse gostinho de quero mais deixa na boca é o problema da canção. Entretanto, as duas canções deixam bem claro o quanto importante é a presença do Florence + The Machine na música pop e confirma o poder de reinvenção sem perder a essência depois de um tropeço. 
notas
Moderation: 8,5
Haunted House: 8

3 de fevereiro de 2019

Um Peixe Chamado Memória

MAH
The Chemical Brothers

Se existe uma coisa estranha na vida é a tal da memória. Pessoalmente, não lembro direito de algumas coisas importantes que aconteceram comigo, mas consigo relembrar perfeitamente de outras que, o bem da verdade, não fazem a menor importância para a minha vida. Uma das dessas memórias desimportantes envolve o duo britânico The Chemical Brothers.

Em viagens a casa da minha marinha lá pelos meados dos anos dois mil tinha normalmente um gostinho especial para mim, pois era lá que poderia ver TV a cabo, especialmente a MTV. Naquela época, a antiga MTV ainda era de grande importância para a música nacional e internacional, apresentando e divulgando todo o tipo de artista através dos clipes. Ainda sem nenhum entendimento sobre música e, obviamente, quase sem acesso a internet, aqueles momentos que passava na frente da TV foram essenciais para a construção da minha visão e paixão sobre a música. Um dos clipes que relembro mais daquela época foi o inusitado The Salmon Dance em que vemos uma festa bem animada em um aquário ao som de música eletrônica com toques de hip hop. Sem saber exatamente quem era o artista por trás, pois o clipe era quase todo em animação, The Salmon Dance virou uma memória que até hoje volta a dar as caras na vida de tempos em tempos. E eis que depois desse tempo todo surge novamente o donos da canção na minha história: o The Chemical Brothers.

Importantes nomes da cena eletrônica britânica na década de '90, o The Chemical Brothers conseguiu manter uma sonoridade parecida ao longos dos anos sem precisar de comprometeram a visão deles perante as novas gerações. De um lado, isso é ruim, pois para alguns os novos trabalhos pode soar datados e sem inspiração. Do outro lado, isso é bom já que mostra integridade artística, satisfazendo os fãs das antigas. Isso fica claro com o single MAH, primeiro single do oitavo álbum da carreira deles. A canção é uma mistura bem azeitada de eletrônico com toques de hip hop que, tirando algumas frases repetidas e uma risada feminina, é uma faixa instrumental. A construção da produção para a instrumentalização não apresenta nada de novo, mas tem um refinamento em saber como fazer do batido arroz com feijão um prato principal em um jantar de gala. Feita para fazer pessoas "fritarem" em shows e festivais de música eletrônica, MAH é divertida e contagiante na medida certa para abafar o cheiro de naftalina que exala. Além disso, existe essa memória afetiva que ajuda MAH a não ser um trabalho com resultado negativo. Na verdade, essa memória é que mantém a carreira de artistas como o The Chemical Brothers ativa. E espero que por muitos anos.
nota: 7,5

2 de fevereiro de 2019

Desnecessário

Think About Us (feat. Ty Dolla $ign)
Little Mix

Se tem uma coisa que não entendo na carreira do Little Mix é o fato delas lançaram uma versão "remix" como single com a presença de um rapper que não estava originalmente na canção. O mais novo caso é o de Think About Us.

Mesmo sem ser um dos destaques do álbum LM5Think About Us tem bom potencial para ser um hit ao ser uma mistura bem dosada de reggaeton com dance-pop, resultado em quase uma prima distante de Cheap Thrills da Sia. Bem produzida e com a química de sempre das integrantes da girl band, Think About Us não precisaria nem de longe da presença de rapper para ser lançada. Entretanto, enfiaram o Ty Dolla $ign para não acrescentar nadica de nada, mas também não atrapalha o resultado final. Uma decisão desnecessária que vai contra o discurso de empoderamento do  Little Mix.
nota: 7