30 de maio de 2019

As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer

Para quem viveu eu uma era pré internet sabe muito bem o quanto era complicado ter noticias sobre o mundo da música, principalmente o de fora do país. Se você não morava em uma capital ou não tinha MTV Brasil em casa ou não tinha dinheiro para importar ou comprar revistas especializadas, a tarefa era praticamente impossível. E, queridos leitores, eu caiu exatamente nessa última categoria. Durante muito tempo, as minhas únicas fontes de conhecimento sobre música foram as parcas na TV aberta e ouvindo rádio e, mesmo assim, ainda não era nada suficiente. Por isso, eu só foi conhecer vários nomes por trás de músicas que eu ouvia na rádio depois de muitos anos. No As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer de hoje irei relembrar uma das dessas canções que, ao menos para mim, ficou como uma música....


29 de maio de 2019

Misto

Blame It On Your Love (feat. Lizzo)
Charli XCX

Ouvir uma canção resulta em uma experiência que gera várias emoções de uma vez só. O problema é, ao menos para mim, quando essas emoções são completamente misturadas entre o positivo e o negativo. É assim que foi a minha reação ao ouvir Blame It On Your Love, parceria da Charli XCX com a Lizzo.

Apesar de ser vendida como um novo single, Blame It On Your Love é, na verdade, um remix/nova versão da décima faixa do mixtape Pop 2 que tinha o sugestivo nome de Track 10. Na minha visão, essa jogada não tem problema nenhum, mas o problema é que a canção perde qualidade nessa nova versão. Blame It On Your Love é um redondinho, mas um pouco apático, electropop/dance-pop que só vai crescer como poderia na sua parte final. Faltou força para que a canção pudesse viver as expectativas. Outro problema é que o poderia ser uma parceria incrível acaba soando desperdiçada devido, principalmente, a participação rápida e rasteira da Lizzo em um verso bem qualquer nota. A sobre da canção é que as duas artistas tem carisma de sobra. E mesmo que a canção fique acima da média no resultado final, Blame It On Your Love poderia ter sido muito mais. E isso é uma decepção.
nota: 7

Uma das Esquecidas

Retrograde
Dinah Jane

Sempre que uma boy/girl band se separa e os seus membros vão tentar a carreira solo acontece um fenômeno quase que obrigatório: enquanto um ou dois se destaquem, os outros são meio que deixados de lado. No Fifth Harmony não poderia ser diferente como demonstra Dinah Jane.

Ainda sem emplacar nenhuma música com nenhum tipo de destaque, Dinah parece perdida sonoramente como fica claro a confusa Retrograde. Apesar de não ser uma canção ruim, o single parece uma compilação de três canções diferente em apenas uma só. Uma mistura mal trabalhada de R&B com hip hop que parece querer soar descolada e, ao mesmo tempo, um homenagem ao um estilo meio dos anos noventa/começo dos dois mil que não chega a lugar nenhum. O pior é Retrograde tem uma letra interessante e madura que é perdida na sonoridade insonsa da canção. E a performance de Dinah também não ajuda com uma performance morna e automática. Dessa maneira, realmente é melhor esquecer desse lançamento e a Dinah tentar novamente.
nota: 6

28 de maio de 2019

Mão Amiga

I Don't Care
Ed Sheeran & Justin Bieber

Quando nomes peso pesados da música se unem para fazer música existe uma sensação, que apesar do lado artístico envolvido, a decisão também está voltada bastante para o lado comercial que pode resultar. Claro, se a parceria ajudar a reacender a carreira de algum dos envolvidos é melhor ainda. É mais ou menos assim que surge I Don't Care, parceria do Ed Sheeran com o Justin Bieber.

I Don't Care é claramente o resultado de uma camaradagem entre os dois artistas que parecem se ajudar mutuamente: abrindo os trabalhos para um novo álbum para Ed e ajudando ao Bieber a voltar para os holofotes da indústria depois de um bom tempo afastado. E isso não tem nada de errado. O problema é que a canção não funciona direito artisticamente, principalmente devido a falta de química entre os dois cantores. I Don't Care parece que alguém juntou duas versões em cada um cantou sozinho para fazer um remix extra oficial e, não, a colaboração conjunta dois cantores. E o mais prejudicado com isso é o Bieber que fica meio ofusca pelo carisma natural de Ed. Só que a canção não só erra nesse quesito, pois a mesma apresenta uma produção sem força ao entregar um morno dance-pop com toques leves de latin pop que soa mais como uma prima pobre de Shape of You. Além disso, a composição é um compilado bem feitinho de "problemas de jovem branco" que não encontra eco em parte do público que não sejam fãs dos dois. De qualquer forma, a ajuda mutua entre os dois cantores deve ser um dos grandes sucessos do ano e isso deve ser resultado suficiente.
nota: 5,5

26 de maio de 2019

Antes Tarde do Que Nunca - Grandes Álbuns Esquecidos

Impossible Princess
Kylie Minogue


O obrigatório álbum experimental da Kylie Minogue é muito mais que o resultado de uma crise existencial ou/e iluminação criativa e, sim, uma confirmação inegável da genialidade de uma das maiores divas pop da história.

22 de maio de 2019

Surpresa Substancial

Gimme
Banks

Apesar de uma carreira bem sólida artisticamente, a Banks nunca entregou uma canção que pudesse fazer o público dizer "uau". Isso mudou com o lançamento da surpreendente Gimme.

A grande surpresa que Gimme proporciona é conseguir ouvir a sonoridade da cantora evoluir sem perder a sua essência inicial. A canção é um afiado e bem explorado electropop com toques generosos de R&B alternativo, art pop e industrial, criando uma canção madura, interessante e com uma atmosfera sombria na medida certa. Acredito que Gimme consegue elevar a personalidade artística da cantora sem precisar fazer uma revolução sonora. Mesmo ainda precisando de tempo para amadurecer ainda mais a sua performance, Banks entrega uma performance a altura da provocativa, sensual e levemente estranha composição. O único problema da canção é que a sua parte final parece se estender mais do que deveria, mas, felizmente, Gimme é a surpresa que estava faltando na carreira da Banks.
nota: 8

O Chefe da Po$&a Toda

Hello Sunshine
Bruce Springsteen


Acredito que a resenha de Born in the U.S.A. tenha dado uma boa imagem sobre o motivo da grandiosidade da presença do Bruce Springsteen para o cancioneiro estadunidense e, por que não, para a indústria fonográfica mundial. Todavia, o intitulado The Boss parece que tem ainda muita lenha para queimar como demonstra na sensacional Hello Sunshine.

Fazendo um aceno para o seu passado, Bruce Springsteen entrega a sua melhor canção em anos. Hello Sunshine é uma robusta, poderosa e madura country rock/rock com uma instrumentalização substancial e complexa, mas que consegue passar toda a tocante quietude que o cantor quer passar na sua genial composição. Conhecido por saber como falar sobre as dores do homem comum, Bruce entrega em Hello Sunshine uma simples, mas avassaladora crônica sobre alguém que viveu a vida toda sozinho e que, depois de muita estrada percorrida, chegou ao um momento em que está precisando de um descanso e, quem sabe, uma boa companhia. Melancólica, emocionante, inspiradora e avassaladora, Hello Sunshine é o tipo de canção que após ser ouvida fica grudada na nossa mente e aos poucos vai se entranhando no nosso interior assim como  a distinta maneira de Bruce cantar como se fosse os murmúrios de um homem casado em um sincero desabafo. E sem muitos alardes, Hello Sunshine se torna favorita em ser uma das melhores canções de 2019. E é por esse motivos e outros que o Bruce Springsteen é o "chefe" da po%&a toda.
nota: 9

20 de maio de 2019

Disco Carly

Julien
Carly Rae Jepsen

Dentro do hall de nicknames do panteão do pop não existe ninguém melhor para ser chamada de "cristal do pop" do que a Carly Rae Jepsen. A cada nova canção lançada da canadense, o público é presenteado com uma nova pérola pop como é caso de Julien.

Julien é uma deliciosa e envolvente electro-disco/dance-pop que parece ser uma regravação modernosa de alguma canção "desconhecida" da era disco. E isso não é um defeito, pois apenas mostra que Carly acertou em cheio na produção ao conseguir essa atmosfera de vintage e moderno ao mesmo tempo sem soar datada ou pretensiosa. Além disso, Julien pode ser considerada uma ótima canção para "dançar e chorar" assim como os trabalhos da Robyn, pois a sua composição fala sobre a sua saudade de um affair com o tal do Julien que poderia ter resultado em algo maior caso a mesma tivesse deixado se levar pelo momento. Romântica, melancólica na medida certa e com um refrão perfeito, a canção ainda tem nos delicados e melódicos vocais de Carly a cantora perfeita para poder entregar essa pérola pop. Mesmo que a canção não faça o requisito de ser um sucesso comercial, Carly continua sendo uma das poucas cantoras pop dentro do mainstream que ainda gera excitação para os seus novos lançamentos.
nota: 8

Se Não Quebrou, Não Concerte

If I Can't Have You
Shawn Mendes

Imagina você ter um vaso de cristal que não tem nada de errado e, mesmo assim, alguém tentar encontrar algum rachadinho para concertar. Essa decisão acaba quebrando de verdade o vaso, danificando o mesmo seriamente. Qual a moral? Se não está quebrado é melhor deixar quieto. É exatamente essa filosofia que o Shawn Mendes deve ter utilizado para lançar If I Can't Have You.

Seguindo basicamente a mesma estrutura que o canadense vem entregando nos seus últimos trabalhos, If I Can't Have You é uma fofa, bonitinha e amarradinha pop/pop rock que tem como principalmente qualidade a presença luminosa do carisma de Shawn. Composição romântica e levemente descolada e com um refrão redondo, a canção poderia terminar abaixo da média se não fosse pela luminosidade que o jovem despesa em sua performance. E ainda tem o fato que a canção continua a mostrar que a sonoridade de Shawn vem amadurecendo, mas, obviamente, ainda está completamente na zona de conforto. Claro, o talento do cantora poderia ser melhor explorada e um sopro de criatividade passar como um tufão para dar aquela chocalhada, mas por enquanto está tudo no lugar certo e algo assim poderia quebrar a bem sucedida trajetória do cantor.
nota: 7

19 de maio de 2019

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Earth
Lil Dicky

Queridos leitores não estranhem, pois esse é o único título que melhor define o sentimento ao ouvir um dos trabalhos mais sem noção que eu já ouvi: a inacreditável Earth do rapper Lil Dicky.

A intenção da criação da canção é até boa, pois Earth seria uma versão moderna de We are the World como intuito de levantar fundos para a fundação da preservação do meio ambiente do Leonardo DiCaprio. Entretanto, o famoso ditado é bem válido aqui: de boas intenções, o inferno está lotado. E Earth é algo que o inferno ficaria orgulhoso. Uma mistura ruim de rap/hip hop com toques de R&B/pop que não fede e nem cheira, mas que tem uma da composições mais vergonhosas de todos os tempos em que cada convidado canta um ou dois versos se passando por um animal ou algo relacionado ao planeta. O problema é o nível dos versos apresentado. Um bom exemplo é o que o Justin Bieber canta: 

Oi, eu sou um babuíno
Sou como um homem, mas menos evoluído e meu ânus é enorme

Não é piada. Essa é uma das pérolas que a canção apresenta. E olha que o pior fica pelos versos do pseudo rapper Lil Dicky que tem a pachorra de mandar um "We love the Earth, it is our planet". Pior é o só o desperdício de talento que a canção consegue acumular em apenas quatro minutos e quarenta e um segundos, incluindo nomes como Ariana Grande, Sia, Ed Sheenra, Adam Levine, Miguel, Rita Ora, Katy Perry e vários outros. Acredito que depois de ouvir Earth começo a entender exatamente esse meme:
nota: 3,5

A Minha Kylie Está Viva! Ou Quase

New York City
Kylie Minogue

Depois de uma experiência, digamos, morna com o country, a Kylie Minogue resolveu dar uma presente aos fãs ao fazer a sua volta triunfal com o lançamento da sensacional New York City. Uma pena que a canção é apenas um single para divulgar uma nova coletânea da cantora intitulada Step Back in Time: The Definitive Collection. 

New York City é, sem nenhuma dúvida, a melhor canção lançada como single pela cantora desde a já clássica All The Lovers em 2010. E, por que não, uma das melhores da carreira. Uma eletrizante, inspirada e refinadíssima dance-pop/post-disco/funk pop que tem na sua excepcional produção a base perfeita para entregar a perfeição pop que uma diva pop do calibre da Kylie Minogue. Classuda, poderosa, divertida, despretensiosa, viciante e carismática é o que melhor defini o single e, também, o que se faz de necessário para uma verdadeira canção pop. Entregando uma performance genial devido a uma produção vocal com nuances sensacionais, Kylie se coloca plenamente como a deusa pop que é ao entoar uma composição tão bem redondinha que nem dá para perceber que a mesma tem uma profundidade de um pires. Ao contrário de outras artistas, Kylie pode até entregar uma composição "rasa", mas o pires é da mais pura porcelana. Mesmo que seja apenas um single, queria agradecer a cantora pelo mimo entregue ao púbico em New York City.
nota: 8,5


17 de maio de 2019

A Falta da Cereja 2: A Letra Sumida

Deixa Queimar
Tiê

Recentemente falei sobre o que a inadequação de um dos elementos da música pode causar para o resultado final. Com a canção Deixa Queimar da brasileira Tiê irei falar sobre outro aspecto que chama da "falta da cereja": a composição.

Dona de uma carreira sólida na MPB, Tiê é um talento que deveria ser melhor apreciado pelo grande público e não apenas ficar "escondido" em um nicho meio alternativo. Ainda mais quando a mesma entrega uma canção como Deixa Queimar. Uma balada refinada e com uma produção exemplar fazem da canção um trabalho envolvente, bonito e, em alguns momentos, emocionantes. E a presença delicada da voz da cantora em uma performance intensa ajuda Deixa Queimar ganhar ainda mais pontos. O problema, porém, é a sua redondinha e falha composição que não tem a força suficiente para sustentar a densidade emocional que a instrumentalização pretende. Uma verdadeira pena, pois, caso a letra tivesse na mesma altura, a Tiê teria em mãos um músicão da po&%a.
nota: 7

15 de maio de 2019

Uma Chance para o Country

God's Country
Blake Shelton

Depois do sucesso inesperado do rapper Lil Nas X, o country tem uma brecha para conseguir alcançar novos sucessos dentro das paradas gerais. E a primeira grande oportunidade é com o veterano Blake Shelton com a canção God's Country.

God's Country é uma épica e poderosa balada country com toque de roque que consegue impressionar logo nos primeiros acordes. Robusta, tradicional e com uma produção na medida, a canção é o perfeito veículo para Blake Shelton confirmar o seu status como um dos principais nomes do country americano. E isso é feito com categoria pelo jurado do The Voice em uma performance segura e na mesma força que a sua produção. A composição direta e bem escrita pode não ser apreciada por quem não mora nos Estados Unidos, pois é uma exaltação da vida nas entranhas do país. Entretanto, é impossível não concordar que a canção é um country de respeito.
nota: 7,5

O Buzz Pela Culatra

Late Night Feelings (feat. Lykke Li)
Mark Ronson

Um dos responsáveis pelo mega sucesso de Shallow, o produtor Mark Ronson poderia estar se aproveitando do buzz comercial da canção. Infelizmente, isso não parece estar ajudando o seu mais novo e ótimo lançamento, a surpreendente Late Night Feelings.

Sucessora da também ótima Nothing Breaks Like a Heart, a canção que dá nome ao novo álbum do produtor mostra confirma que o mesmo irá buscar em uma dezena de sonoridades mais old school a base para o trabalho. Dessa vez, a escolhida é uma mistura refinadíssima de soul com post-disco que transforma Late Night Feelings em uma deliciosa, sensual e envolvente produção dançante. Original do começo ao fim, o single ainda conta com a presença inusitada e inspirada da cantora indie pop Lykke Li que cria um charme único para a canção. Sem precisar de uma letra genial, a canção apresenta uma composição certeira ao misturar certa melancolia com um toque popular em seu refrão que lembra os grandes clássicos da disco. Se o sucesso não vem, Mark Ronson pode ao menos se vangloriar das qualidades dos seus recentes trabalhos.
nota: 8

14 de maio de 2019

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Ordinary People
John Legend

Com menos de vinte anos de carreira, John Legend pode ser considerado uma lenda da música moderna que conquistou o seu lugar ao Sol da sua maneira. Alcançando bons números comercias, mas quase nunca sendo algo arrasa quarteirão, tirando o seu o sucesso surpreendente de All of Me de 2013, e recebendo boas criticas da impressa , mas voando abaixo do radar em relação aos grandes lançamentos das últimas décadas, John Legend vem construindo uma carreira de respeito na indústria devido ao seu carisma, personalidade e, claro, talento. O trabalho duro foi recompensado recentemente quando o cantor se tornou o primeiro homem negro e a segunda pessoa mais jovem a alcançar o EGOT que nada mais é a sigla dos principais prêmios da indústria de entretenimento americano: EMMY (TV), Grammy (música) Oscar (cinema) e Tony (teatro). Acredito que isso já bastaria para que as pessoas começarem a descobrir a carreira do cantor, mas se isso não fosse o bastante que tal voltarmos ao passado e revisitarmos um dos primeiros trabalhos de destaque do cantor ao resenha a adorável Ordinary People.

Ordinary People é a exaltação da força que a simplicidade verdadeira pode causar se utilizada corretamente. Lançada como segundo single do primeiro álbum de Legend (Get Lifted de 2004), a canção é em uma primeira ouvida descuidada apenas uma balada a base de piano que parece cair no mesmo lugar que qualquer canção com as mesmas características. É necessário, porém, prestar um pouco mais de atenção para descobrir a grandiosidade de Ordinary People. Sim, a canção é uma balada R&B a base de piano, mas que a sua produção é de uma graciosidade, elegância e maturidade impressionantes que consegue elevar o já belíssimo trabalho no piano de Legend ao cubo ao fazer do mesmo a única grande estrela da canção. Sem utilizar outros instrumentos, a canção ganha corpo apenas com a presença desse inspirado trabalho instrumental, preenchendo cada lacunas com uma força pungente. E o mais surpreendente da canção é o fato que a produção foi comanda por nada mais, nada menos que o rapper/produtor wil.i.am. Aquele mesmo do Black Eyed Peas que bem antes de se entregar ao EDM/eletrônico farofa conseguia entregar momentos de inspiração pura ao co-produzir e co-escrever ao lado de Legend essa pérola. E por falar em escrever, Ordinary People só consegue ser o que é devido a sua genial composição. 

Como o próprio nome diz, Ordinary People é sobre pessoas normais que vivem sentimentos normais em um relacionamento normal. Entretanto, não existe algo mais poderoso que a "normalidade" de um amor em toda a sua vitalidade. E Ordinary People é exatamente uma crônica sobre um relacionamento maduro que está passando pelos comuns altos e baixo de um relacionamento. A composição capta essa fase do relacionamento em toda a sua complexidade, familiaridade, exuberância, sofrimento, beleza e melancolia de forma direta, honesta e sem muitas firulas, mas, ao mesmo tempo, dono de um beleza acachapante ao usar a realidade como a fonte de inspiração. Madura, inteligente, romântica, sentimental, sincera, devastadora, inspiradora, elegante, verdadeira, poética são adjetivos que podem ser associados com a canção e ainda teriam outros para qualificar a imponência de Ordinary People. 

This ain't a movie, no
No fairy tale conclusion ya'll
It gets more confusing everyday
Sometimes it's heaven sent
We head back to hell again
We kiss and we make up on the way

Os versos acima dão um boa noção da composição, mas é na sua totalidade que a letra se desabrocha em todas as cores e texturas como uma das melhores escritas no novo milênio. E com uma performance vocal avassaladora, John Legend já tinha dado uma bela amostra do genial artista que é e que deveria ser melhor reconhecido por parte do grande público.
nota: 8,5

13 de maio de 2019

Transcendental

Cellophane
FKA twigs

Faz um pouco mais de três anos que a FKA twigs apareceu aqui no blog quando resenhei a magnifica Good to Love. Canção que seria o primeiro single do seu segundo álbum depois do seu aclamado debut LP1 em 2014. E quando todo parecia sem esperança para o público ter tão cedo algum novo trabalho da artista, eis que a mesma finalmente anunciou que o novo álbum deve sair ainda esse ano. E, felizmente, o começo dos trabalhos demonstra que FKA twigs está preparando algo que irá compensar toda a sua falta como comprova o lançamento da genial Cellophane.

Falar que Cellophane é um trabalho simplesmente genial é algo que não consegue captar toda a sua magnitude, pois o single é algo que pode ser considerado como o ponto alto de uma carreira que só tinha grandes momentos e, ao mesmo tempo, um divisor na carreira da cantora do tamanho da abertura que Moisés no Mar Vermelho. Apesar de não sair do pop/R&B art/indie/alternativo que a mesma cimentou nos primeiros lançamentos, Cellophane sua como uns dez passos a frente em relação a sonoridade que a cantora vinha trabalhando. O principal motivo é a força emocional que a mesma coloca na construção da canção, especialmente em sua incomparável performance vocal. 

Existe algo de aterrorizante e melancólico na interpretação de FKA twigs em Cellophane. É como se fosse o último canto de um cisne que está prestes a morrer de amor em uma ópera do século XIX. Ao mesmo tempo, a cantora parece querer mostrar toda a sua modernidade de referências ao dar toques de Björk e, principalmente, de Kate Bush. E apesar de tudo isso, a cantora entrega uma das performances mais originais dos últimos tempos. Dramática, enigmática, triste, depressiva, delicada, poderosa e sufocante são alguns outros adjetivos que podem ser utilizados e todos serão a mais pura verdade. Sonoramente, Cellophane pode soar como uma canção simples, mas é só observar que essa balada indie pop/art pop com base de piano é uma verdade tempestade silenciosa que vai aumentando gradativamente a sua força instrumental ao adicionar nuances sem em nenhum momento precisar explodir para alcançar o ápice. E mesmo que a composição deixa espaço para uma sensação que poderia ter mais versos, Cellophane é uma crônica cortante e tocante sobre solidão e a dor de entregar tudo para alguém e receber quase nada em troca. Caso esse seja uma amostra real do que está por vim, FKA twigs deve entregar nada mais que uma experiência transcendental em seu novo álbum. Que assim seja.
nota: 9

Coolzinha

Cool
Jonas Brothers

Assim como Sandy & Junior no Brasil, os Jonas Brothers estão vivendo um momento de ressurgimento de suas carreiras devido a mistura de excitação pelo comeback mais uma dose de nostalgia. Depois do sucesso de Sucker, irmãos lançaram a legalzinha Cool.

Cool é una simpática, redondinha e inofensiva mid-tempo electropop misturado com toques de pop rock que não tem nada de novo ou excitante, mas serve para dar a impressão que a banda cresceu sonoramente. Com produção do sumido Ryan Tedder, a canção é o tipo de canção que não deve ser levado muito a sério, pois a mesma não foi feita para ser algum parâmetro de qualidade do pop. A composição é uma mistura de ideias divertidas com outros que chegam bem perto da vergonha alheia sobre se sentir no melhor momento da vida e os vocais são bem legais, principalmente os do Nick. Isso não impede que a canção seja apenas ok e não tão cool como a mesma quer ser.
nota: 6,5

10 de maio de 2019

Iza Light

Brisa
IZA

IZA é a melhor cantora pop do Brasil atualmente. E isso é uma verdade que precisa ser propagada a todos os cantos do país. A cantora é tão boa que até consegue fazer de uma canção como Brisa um trabalho bem mais interessante.

Brisa é uma simpática, delicinha e dançante dance-pop com forte influência de reggae que poderia cair no lugar comum se não tivesse a presença iluminadora da IZA. Sonoramente redondo, mas com uma produção meio no automático, Brisa é sustentada basicamente com a força da cantora que dá personalidade para canção sem precisar recorrer a recursos manjados como, por exemplo, convidados internacionais e cantar em outra língua. Longe de ter o impacto de outras canções da cantora, Brisa é uma versão light do que a artista pode entregar. Espero que melhores canções estejam no caminho de IZA em um futuro próximo.
nota: 7


Get Right

Medicine (feat. French Montana)
Jennifer Lopez

Perto dos cinquenta anos e dona de uma das carreiras mais bem sucedidas da indústria de entretenimento americano, a Jennifer Lopez já deve ter meio ligada o "foda-se" para se algumas das sua canções irá fazer sucesso comercial novamente. E isso é até algo bom, pois dá para a cantora lançar canções com maiores possibilidades como é o caso de Medicine que parece beber na fonte de outros trabalhos não tão sucedidos da artista.

Lembrando muito a pegada de Get Right misturada com a de Do It WellMedicine é um bem intencionado, sexy, dançante e acima da média fusão de dance-pop com funk/soul. Assinado pelo time StarGate, a canção consegue manter toda a personalidade/carisma da cantora como principal fator de destaque do trabalho, ajudando a dar uma elevada no resultado final. Ainda mais que Medicine erra na sua composição repetitiva e, de forma geral, mediana e a participação pouco significativa de French Montana. Infelizmente, a canção é outro acerto para a cantora que quase ninguém irá ouvir. Pena.
nota: 7