30 de agosto de 2018

Backing Vocal de Luxo

Woman (feat. Lana Del Rey)
Cat Power

Se existir uma moda que eu não entendo é quando um artista chama outro para um featuring que, na verdade, acaba sendo mais um backing vocal de luxo que uma participação real. O último caso é da cantora Cat Power que chamou a Lana Del Rey para dar o ar da graça em Woman.

Single do próximo álbum de Cat chamado Wanderer, Woman é uma indie rock bem amarradinha e perfeita para ouvir em dias de chuva arrumando as prateleiras de livros. Não é um trabalho genial ainda mais com um refrão meio estranho, mas é bem simpática e com uma letra certeira sobre empoderamento feminino. O problema principal é o que deveria ser o seu grande atrativo: a presença de Lana. Dona de uma voz terrosa e áspera, Cat Power entrega uma performance perfeita para a tipo de canção e poderia ser elevada com a presença mais incisiva de Lana que fica restrita a pequenos momentos aqui e ali e sendo uma backing vocal de luxo. Existe uma química interessante entre as duas cantoras, pois a diferenças de vozes parecem se complementarem. Só que não conseguimos apreciar em total esplendor devido a configuração da canção. Uma pena. Quem sabe na próxima?
nota: 7

Uma Voz é Uma Voz

Promises
Calvin Harris & Sam Smith

Nem sempre gosto das músicas do Calvin Harris, mas quando ele acerta somos contemplados com boas canções como é o caso da parceria com o Sam Smith em Promises.

A grande atração da canção é claramente a presença de Sam e os seus vocais sempre irrepreensíveis. A soulful e elegante voz de Sam é responsável em dar vida para Promises, elevando a sensual composição em um patamar que poucas vezes uma canção do Calvin já tinha chegado. Lembrando muito as duas parcerias de Sam com o duo Disclosure, sem a presença do cantor Promises teria acabado apenas como uma redonda e comercial house/pop soul que sonoramente não tem nada de novo sob o Sol. Nessa configuração, porém, Promises é uma canção digna de elogios.
nota: 7

29 de agosto de 2018

Rhythm Nation 2018

Made For Now (feat. Daddy Yankee)
Janet Jackson

Depois de um período sabático em que se dedicou ao nascimento do primeiro filho, Janet Jackson está de volta aos holofotes para começar um novo capitulo na sua carreira: a independência. Sem contrato com uma grande gravadora, Janet lançou o seu novo single através da sua própria gravadora de forma independente. E a aposta em Made For Now foi surpreendente e acertada.

Surpreendente porque Janet aposta pela primeira vez em uma canção com ritmo latino. Made For Now é uma animadíssima e contagiante dance-pop com forte inspiração de latin music que passa longe da sonoridade normal da cantora. Isso não é um problema para Janet, pois Made For Now funciona perfeitamente ajudando a dar uma atmosfera colorida e alegre para esse retorno inusitado. E a canção é uma aposta acerta porque a canção marca o retorno da parceria de Janet com os colaboradores de longa  Jimmy Jam and Terry Lewis que foram responsáveis pelos maiores sucessos da artista. Fato esse que é extremamente auspicioso para a carreira de Janet e também para o público. O lado negativo de Made For Now é a sua simplista composição que não é mais de algumas frases juntas para gerar o efeito desejado. Além disso, a presença de Daddy Yankee poderia ser melhor explorada, mas, felizmente, o conjunto da obra é bem acima da média. E o melhor é poder ver o retorno de Janet Jackson em plena forma.
nota: 7,5

24 de agosto de 2018

Padrão Funk

Jogando Sujo
Ludmilla


Conseguindo consolidar a sua carreira, a Ludmilla continua a investir no que sabe fazer melhor: puro funk. A sua nova aposta é a redondinha Jogando Sujo.

Repetindo as mesmas características que ajudaram a cantora ter outros êxitos, Jogando Sujo é uma certeira e legal funk que é perfeita para virar hit no dias de hoje. Sem nenhuma novidade sonora, a canção tem uma batida forte e cadenciada que combina bem com a vibe sexy que a composição quer passar. Como sempre, a composição é o ponto fraco desse tipo de canção, pois possui apenas um verso e um refrão repetido do começo ao fim. Além disso, mesmo com uma performance boa, Ludmilla parece sufoca por uma produção vocal que não consegue ficar acima do arranjo. De qualquer forma, Ludmilla ainda consegue estragar algo que fique acima da média dentro do seu nicho musical.
nota: 6,5

23 de agosto de 2018

Pitty Marley

Te Conecta
Pitty

Último grande nome do rock a surgir e herdeira natural da Rita Lee, a baiana Pitty chega ao quarenta anos de idade e quinze de carreira não precisando de provar mais nada para ninguém, mas mostrando que ainda não se aquetou. Preparando o seu sexto álbum, a cantora lança a surpreendente Te Conecta.

E você deve está se perguntando qual o motivo? Simples: Te Conecta é uma canção reggae. Exatamente isso, Pitty lançou uma canção reggae e o que não surpreende é o fato da qualidade da canção. Obviamente, caso você não goste do gênero, o que não é raro, não irá se deixar levar por essa gostosa, muito bem feita, despretensiosa, divertida reggae com pinceladas de pop rock que conseguimos ouvir uma Pitty leve e descontraída ao máximo. Apesar de falar sobre a "brisa" de relaxar e descobrir a paz interior, meio que um estereótipo do gênero, a composição de Te Conecta é tão bem escrita que pode entrar no hall das melhores da carreira da baiana. E viva a Pitty reggaeira!
nota: 8


22 de agosto de 2018

As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer

A música pode falar sobre praticamente tudo que a gente queria, indo de assuntos que afetam seriamente a sociedade até mesmo o simples fato de querer se divertir. E, claro, a música pode falar sobre o sexo. O problema que acontece é a maneira como se fala sobre sexo, muitas vezes caindo no lugar comum ou mesmo no vulgar. Entretanto, existem canções que conseguem tocar no assunto de uma maneira que apenas dá para classificar como genial. Hoje, iremos falar sobre...


21 de agosto de 2018

New Faces Apresenta: Jão

Vou Morrer Sozinho
Jão

Existem novos artistas bons na música nacional em todos os gêneros, basta a gente prestar a atenção e sair do lugar comum onde procurar. Esse é o caso do novato Jão. Depois de ganhar destaque ao lançar covers de vários artistas, Jão está investindo na carreira solo com o lançamento do primeiro álbum. Como primeiro single foi lançada Vou Morrer Sozinho.

Ouvir pela primeira vez Vou Morrer Sozinho sem conhecer previamente a sonoridade do Jão é uma grata surpresa. Distante de qualquer estilo que esteja fazendo sucesso no mainstream brasileiro, mas sabendo criar algo realmente modernoso e divertido, Vou Morrer Sozinho é uma gostosinha mistura de R&B/pop com toques de brega, criando uma batida tão gostosinha como manteiga em cima do pão quentinho. Original e com personalidade, Vou Morrer Sozinho é uma ótima plataforma para Jão conquistar parte do público meio que deixado pelo sumiço do Tiago Iorc. Dono de uma voz bem acima da média, Jão tem um carisma que parece ser maior que o resultado final da canção, mesmo que a canção seja realmente boa com uma letra bem redondinha. Apesar de ser meio cedo para afirmar, mas Jão é um nome para a gente acompanhar de perto para o futuro.
nota: 7,5

20 de agosto de 2018

Ato 2 - Segurança é Seu Nome

Problema Seu
Pabllo Vittar

Chegando em um ponto crucial para a sua carreira, o temido segundo álbum, Pabllo Vittar lançou o que deve ser o primeiro single: Problema Seu.

Problema Seu aposta no seguro ao ser uma concisa e comercial pop/tecnobrega que reflete a sonoridade geral do seu primeiro álbum, Vai Passar Mal. Muito bem produzida e mostrando um cuidado técnico impecável, Problema Seu tem uma batida marcante e uma cadencia contagiosa. Vocalmente, amar ou odiar a voz da Pabllo é escolha de cada, mas a performance em Problema Seu mostra a cantora mais segura e confiante com a sua voz e entrega uma performance vigorosa e com personalidade. O grande problema ainda continua sendo a composição: amarradinhas, mas rápida e sem muita substância, sendo resumida em um verso repetido, o refrão e apenas isso. Não é um marco no pop brasileiro, mas é um mostra que a Pabllo está pronta para consolidar a sua meteórica carreira.
nota: 7


Semana Nacional 2018

Essa semana será dedicada apenas ao cancioneiro nacional entre resenhas de novos trabalhos e um merecido olhar para o passado com a avaliação de grandes momentos da música brasileira. Espero que gostem!


18 de agosto de 2018

Evolução Nem Tanto Evolutiva

Lucid Dreams
Juice WRLD

A música é um organismo vivo e está sempre evoluindo, mudando e se adequando as novas condições que é submetida pelo público e a indústria fonográfica. A nova "mutação" é o surgimento do que vem sendo chamado de hip hop/rap emo que tem como principal característica as letras sentimentais e que sonoramente absorve elementos do indie rock. Apesar da recente popularidade, o subgênero ainda não gerou nenhum grande artista que irá elevar essa sonoridade em novos termos. Enquanto isso não acontece ficamos com nomes como Juice WRLD. O seu maior sucesso até o momento é a mediana Lucid Dreams que mostra as qualidades e o defeito dessa nova geração.

O primeiro e melhor aspecto de Lucid Dreams e, também, do hip hop/rap emo é a sensibilidade em que mostra na composição. Falando sem ter medo de um coração quebrado e os seus sentimentos em relação a essa desilusão amorosa, Juice WRLD mostra que os tais "milênios" tem uma visão possivelmente mais desconstruída sobre a masculinidade que os seus antecessores e até mesmo alguns contemporâneos. Claro, isso não é novidade no hip hop, pois nomes como Eminem ou Jay-Z já fizeram isso anos atrás. E aqui entra um dos problemas em Lucid Dreams: a letra beira o "breguismo" ao ser um trabalho raso, meio forçado em vários momentos e quase soando com uma criança que perdeu a chupeta. Falta experiência e qualidade lirica para conseguir transformar esse estilo em algo realmente profundo para expressar sentimentos tão complexos. Sonoramente, Lucid Dreams é uma cruza de indie, rap e com toques de dreampop com latin music que até rende bons momentos quando parece buscar uma delicadeza em acordes de transição entre um verso e outro, mas que ainda soa genérico demais no resultado final. Aceito perfeitamente que o futuro do rap/hip hop possa ser dividido nas mãos de Juice WRLD e CIA, mas é preciso que encontrar o estágio final dessa evolução o mais rápido possível.
nota: 6,5

17 de agosto de 2018

Evolução Quase Natural

Too Much (feat. Timbaland)
ZAYN

Ainda não reencontrando o caminho do sucesso, ZAYN vai mostrando que pelo menos está evoluindo artisticamente, mesmo que seguindo os passos do Justin Timberlake. 

O seu mais novo single, Too Much, conta com a presença/produção do colaborador de longa data do JT, o sumido Timbaland. A presença do mega produtor comprova que o cantor está procurando na segurança de outros a plataforma perfeita para dar cimentação para que a sua carreira ganha "massa muscular". Uma pena, porém, que Too Much seja mais ideia que realização. Uma legalzinha R&B/dance pop com uma batida delicia, mas que poderia ter sido melhor aproveitada e aprofundada para resultar em uma canção mais que acabou sendo. Gosto muito da dinâmica entre ZAYN e o Timbaland na divisão de versos, saindo o do lugar comum. Infelizmente, isso não é suficiente para transformar a música naquele momento genial que ainda falta para a carreira do jovem cantor.
nota: 7



16 de agosto de 2018

Aretha Forever

Hoje perdemos a maior de todas. Hoje perdemos aquela que o título de Rainha era pequeno para o tamanho da sua grandeza. Hoje perdemos uma lenda que irá brilhar para sempre nos nossos corações. Obrigado por tudo, Queen Aretha Franklin.


15 de agosto de 2018

Agora Vejo

Trip
Ella Mai

Apesar do sucesso de Boo'd Up, Ella Mai não tinha mostrado, ao menos para mim, ser dona de um talento que fosse capaz de sustentar uma carreira. Entretanto, o lançamento de Trip como a mudar a minha percepção.

Continuando na vibe R&B contemporâneo da canção anterior, mas com uma realização mais tradicional, Trip deixa sonoramente mais espaço para observarmos a qualidade artística da jovem cantora. Dona de uma voz melódica e equilibrada, Ella Mai deixa bem claro a sua influência do R&B dos anos noventa em sua maneira de cantar. Bem amarrada do começo ao fim e com um refrão certeiro, Trip é parece ainda faltar aquela tempero especial para elevar o resultado final da sonoridade contida demais. O ponto positivo é que Ella parece que vai engatar uma carreira melhor que era esperado pop mim. Que bom.
nota: 7

14 de agosto de 2018

A Canção Mais Louca de 2018

Phantom of the Dance Floor (feat. Philippe Sly)
Kiesza

Poucas coisas no mundo pop têm a capacidade de surpreender-me de verdade, mas quando algo assim aparece é necessário dar os créditos necessário para tamanho feito. O último a fazer isso é o lançamento do novo single da Kiesza, intitulado Phantom of the Dance Floor.

Dona do mega hit mundial Hideaway de 2014, Kiesza começa a preparar o seu segundo álbum e como primeiro single foi lançado Phantom of the Dance Floor. A primeira coisa que nota-se ao ouvir a nova canção é que a cantora não está indo muito longe da sonoridade inicial, pois continuamos a ouvir aqui uma explosiva e nostálgica batida EDM/house que se inspira pesadamente na década de '90. O que surpreende é a forma como a cantora constrói Phantom of the Dance Floor.

Aparentemente apenas uma faixa EDM/deep house, Phantom of the Dance Floor dá uma reviravolta quando da sua metade para frente conta a presença do cantor Philippe Sly. O que seria de tão diferente? Já pelo título da canção dá para perceber a grande sacada já que faz referencia ao famoso musical O Fantasma da Ópera, mas ouvir alguém cantar em estilo de operístico em uma canção tão "modernosa" é algo que quase estranheza ao máximo. Apesar de não ser a primeira vez na história da música, Phantom of the Dance Floor é uma quebra genial na atual hegemonia massificada que se encontra o atual pop. E o melhor: a canção funciona perfeitamente. 

Excêntrica do começo ao fim, Phantom of the Dance Floor tem uma produção completamente consciente sobre a ideia geral por trás e por isso não tem medo de colocar o pé do acelerador, indo fundo nessa fusão de secular com clássico. Com um começo que dá a perfeita atmosfera para a canção, imitando os sons de fundo de um teatro, Phantom of the Dance Floor é ridiculamente divertida que parece mais uma brincadeira do que uma canção de verdade. Todavia, essa despretensão é vital para o resultado final da canção ao sentirmos que Kiesza está se divertindo de verdade como mostra a brega/romântica composição que conta uma história de amantes distantes e o desejo de reencontrarem novamente com um refrão afiadíssimo. Vocalmente, Kieza entrega uma performance avassaladora, mostrando versatilidade e uma química sensacional com Philippe Sly. Como dito no titulo, Phantom of the Dance Floor é uma das canções mais loucas de 2018, mas consegue quebrar a monotonia do atual cenário pop de forma apoteótica.
nota: 8,5

13 de agosto de 2018

O Céu Gay

Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight)
Cher

Acredito que quando um gay morre é mandado diretamente para o céu, sendo recebido por um coral de anjos vestidos da cor do arco iris e cantando grandes sucessos pop de todos os tempos. Enquanto isso, uma drag queen celestial vestida de Cher, já que a mesma é eterna na Terra, recebe os novos residentes regendo o coro celestial. Sonho meu claro, mas isso está meio que está se tornando real com a noticia do lançamento do 26° da Cher em que a lenda regravou os maiores sucessos do ABBA. E como primeiro single foi lançada a sua versão de Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight).

Inspirado pelo fato da cantora ter participado da continuação do musical Mamma Mia! como mãe(?) da Meryl Streep, Cher decidiu regravar vários grandes sucesso do ABBA e lançar um álbum apenas de covers da banda sueca que recebeu o adequado nome de Dancing Queen. E eu pergunto: existe coisa mais maravilhosa para o mundo gay do que essa noticia? Mostrando que não veio para brincar, Cher está pronta para elevar todos ao céu gay ao fazer de Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight um verdadeiro trabalho digno da Deusa do Pop.

Lançada em 1979, a canção ganha uma versão pela voz da Cher que não altera muita o original, mas dá uma modernizada adicionando a personalidade da cantora em doses cavalares. A nova versão transforma-se em uma eletrizante dance pop/eletrônico que, se não é a coisa mais original possível e fica longe da excelência da versão do ABBA, consegue empolgar qualquer ser humano que não tenha vergonha de se deixar pela batida. Vocalmente, a performance de Cher lembra muito a ouvida no sucesso de Believe, pois é usado fortemente o auto-tune na voz da cantora e, apenas lembrando, que foi a cantora que lançou essa "moda" lá em 1998. Isso poderia até ser uma falha para outros cantores, mas para quem tem a voz tão marcante como a da Cher que consegue superar qualquer possível critica e ainda virou marca registrada. Vivendo tempos tão difíceis como esses, ouvir Cher cantando ABBA em 2018 é quase o céu gay se tornando realidade.
nota: 7,5

Uma Quedinha

Mercy
Brett Young

Tenho que admitir uma fraqueza minha: adoro canções românticas country, principalmente por vozes masculinas. E quando a canção é realmente boa como é o caso de Mercy do Brett Young é quase impossível de não gostar.

Como já adiantado, Mercy é uma balada country romântica que consegue cumprir o seu intuito de emocionar da maneira mais simples possível ao ser uma contida e triste canção de fim de um relacionamento. Na letra, Brett pede a pessoa amada que ao terminar o relacionamento faça mais rápido possível e tenha compaixão como os seus sentimentos. O resultado final é de cortar o coração com a vulnerabilidade da performance de Brett, mostrando que para emocionar de verdade é mais fácil do que se pode imaginar. E continuo com essa leve quedinha nesse tipo de música. Fazer o que?
nota: 7,5


11 de agosto de 2018

Adele Cristã

You Say
Lauren Daigle

A importância da música gospel/cristã para a música dita secular nos Estados Unidos é imensa, pois a mesma contribuiu para a formação de gêneros como o R&B e o soul music e, também, serve de influência para vários outros. Apesar disso, o gênero faz tempo que não consegue alcançar um sucesso mais amplo no mainstream. Por isso é surpreendente ver o sucesso de You Say da cantora cristã Lauren Daigle.

Ao ouvir pela primeira vez You Say é fácil levar um grande susto, principalmente se quem ouve não sabe quem está cantando, pois a voz de Lauren Daigle é, como dizemos no interior, igual que nem a da Adele. E quando falo que é parecida não é apenas lembrar de longe, mas ser igual em vários momentos como se estivéssemos ouvindo uma nova canção da britânica, principalmente nos tons mais graves em que o timbre é o mesmo. É algo realmente impressionante e dá para You Say uma atmosfera ambígua, pois é fácil gostar da linda performance de Lauren e, ao mesmo tempo, achar que a cantora apenas está "copiando" a Adele. Acredito que esse não seja o caso já que esse parece o timbre e a forma de cantar natural de Lauren. Além disso, You Say é uma power balada com base de piano que lembra algumas várias canções como All I AskSomeone Like You. O grande trunfo da canção na verdade é ser uma canção cristã, mas não pregadora ao passar uma mensagem emocionante sobre ter fé e auto-estima. E as vezes é isso o que a gente precisa para viver.
nota: 7,5

10 de agosto de 2018

A Procura do Grande Momento

Happy Now
Zedd & Elley Duhé

Existem alguns artistas que parecem estar sempre a um passo da glória, mas nunca conseguem sair do lugar. Esse é o caso do DJ Zedd que, apesar de ser um bom artista, ainda não conseguiu entregar o seu grande momento musical. Enquanto isso, a gente tem canções como a boazinha Happy Now.

Happy Now é uma bem produzida e limitada EDM/pop que conquista pela sempre clean e segura atmosfera que sempre ouvimos nas canções do DJ. E quando digo sempre não é uma boa coisa, pois continuando a manter a mesma forma de fazer suas músicas, Zedd está perdendo oportunidades de entregar verdadeiros musicões devido ao talento que mostra e o talento que o rodeia. Em Happy Now, os vocais ficam por conta da desconhecida Elley Duhé que aparenta ser uma boa promessa para o futuro ao entregar uma boa e segura performance. Apesar das qualidades, Happy Now ainda é uma canção presa a falta do grande momento do Zedd.
nota: 6,5


A Glória dos Carters

APESHIT
The Carters

Saber lançar a música ideal como single é uma tarefa muito complicada. Tarefa essa que foi cumprida com louvor com o lançamento de APESHIT, retirado do álbum em conjunto da Beyoncé com o Jay-Z. O motivo dessa conclusão é bem simples: a canção é a melhor de EVERYTHING IS LOVE.

Produzido por Pharrell com co-produção do casal, APESHIT é uma verdadeira aula de como fazer algo massificado ter substância e personalidade. Mistura bem amarrada e construída de trap com hip hop, APESHIT pode até parecer como a maioria das canções desse gênero, mas olhando bem existe um cuidado primoroso na instrumentalização para criar um trabalho rico e maduro. Não é genial, mas é bem acima da média e tem a presença magistral de Beyoncé que domina a canção como se fizesse rap desde o começo da carreira. Apesar de quase ser um featuring, Jay-Z continua a comprovar o seu status de lenda do rap em pouco tempo de performance. Liricamente, APESHIT fala sobre a glória dos Carters, mandando algumas mensagens para os haters não é tema mais original do mundo, mas é bem escrita e tem ótimos momentos como é o terceiro verso entoado pela Bey. E para coroar a canção foi lançado aquele maravilhoso clipe no museu do Louvre. Muitos podem não gostar, mas APESHIT prova que os Carters sabem como dominar suas carreiras como poucos.
nota: 8

9 de agosto de 2018

Em Algum Perdido nos Anos '80... No Japão

Out of My Head (feat. Wednesday Campanella)
CHVRCHES


A cultura musical pop oriental é bem mais abrangente que aquela que chega para a gente, recentemente através do k-pop. A mesma foi criada e moldada misturando as influências vindas do ocidente com a cultura local, criando uma sonoridade tão vibrante, original e única que deveria ser melhor explorada pelo resto do mundo. E pensando nisso que a banda CHVRCHES lançou Out of My Head com a participação do trio Wednesday Campanella.

Lançada como single da versão japonesa do álbum do Love Is Dead do CHVRCHES, Out of My Head é uma deliciosa e contagiante mistura de synthpop com pop rock e pinceladas de pop japonês que transforma em uma homagem a sonoridade dos anos '80, mesclando bem os estilos de ambos artistas. Cantada metade em inglês e metade em japonês, Out of My Head é meio incompensável para leigos na língua do sol nascentes, mas isso não impede das performances simpáticas das vocalistas de ambas as banda serem dignas de elogios. Claro, a presença de Wednesday Campanella poderia ter sido mais aprofundada ao inserir mais elementos da sonoridade deles, mas isso não impediu que Out of My Head seja um acerto que deveria ser repetido ente artistas de ambos lados do globo.
nota: 7,5

Flashbacks

Youngblood
5 Seconds of Summer

A banda australiana 5 Seconds of Summer é a maior coleção de flashbacks musicais da atualidade: uma mistura de One Direction com Blink 182, envoltos em uma embalagem modernosa feita para atrair um público jovem "alternativo". E essa sensação de 2 por 1 também ocorre nas suas músicas como é caso da mediana Youngblood.

Lembrando algo que o Shawn Mendes poderia fazer, Youngblood é uma interessante e defeituosa pop rock/electropop que acerta e erra na mesma medida. O principal acerto é percebido na construção dos versos, criando uma redondinha e crescente que morre ao chegar no estranho refrão em que a cadencia muda completamente e transformando em algo irritante e acima da tom. Uma pena, pois continuando no mesmo estilo que começou, Youngblood teria sido uma melhor mistura do Shawn com o One Republic e um toque do Ed Sheeran. Outro problema é a rasa composição que mais parece um poema de uma adolescente em algum blog. Tem até potencial em alguns momentos, mas não se segura no resultado final. Quando o 5 Seconds of Summer encontrar exatamente quem é o 5 Seconds of Summer será o momento que a banda irá deixar de ser um verdadeiro frankenstein musical para algo com personalidade.
nota: 6

6 de agosto de 2018

Girls Just Still Wanna to Have Fun

No Angel
Charli XCX

Girls Just Wanna to Have Fun é uma das melhores canções pop de todos os tempos. Eu respeito quem não acha a mesma coisa, mas essa percepção é bem errada. E por isso que fico muito feliz em ouvir a sobrinha neta do hit da Cyndi Lauper sendo lançada pela Charli XCX em No Angel.

A principal semelhança entre as duas canções é a composição sobre querer se divertir como se não houvesse amanhã, mas que também emana um atmosfera de empoderamento feminino que ajuda a dar ambas um toque bastante especial. Em No Angel, porém, existe um toque mais sexy/romântico que vai contra a quase ingenuidade de Girls Just Wanna to Have Fun. Além disso, Charli XCX entrega uma das suas canções mais viciantes e divertidas desde o sucesso de Boom Clap, criando uma sensacional e deliciosa electropop/indie pop/ bubblegum pop com elementos dos anos '80 e '90 e um refrão matador que já fica entre as melhores canções pop do ano. E que continue assim a carreira de Charli XCX sempre olhando o passado para construir o seu futuro.
nota: 8


Dois Pesos

Better Now
Post Malone

Entender o sucesso do Post Malone e de todos os rapper novatos que vem seguindo essa nova onda do rap é, na verdade, até mais fácil do que parece. O que é difícil de aceitar é o fato que esse movimento não receber as mesmas duras criticas como recebeu a Iggy Azalea por ser caucasiana em um meio predominantemente negro. Para quem ligou os pontos sabe que o motivo é bem claro: sexismo/machismo. E para piorar, as canção são bem longe de terem alguma qualidade como é o caso de Better Now.

Não tenho como negar que Better Now é uma canção bastante comercial, principalmente ao ser uma mistura de hip hop com pop rock com um arranjo perfeito para os charts. Isso não quer dizer, porém, que estamos diante de um bom trabalho. Longe disso, pois Better Now é de uma frivolidade impressionante. Além da produção criativamente sem graça, a canção é dona de uma das letras românticas mais vergonhosas dos últimos anos. Lançando frases de efeito que tentam ser engraçadonas e frases de um romantismo clichê e raso, Better Now parece aquilo tipo de canção perfeita para atrair um público tão profundo como aquele que acha Post Malone um grande rapper. O sucesso de Post é apenas uma prova cabal que ainda precisamos lutar contra o famoso dois pesos e duas medidas que afetam mulheres na nossa sociedade em todos os setores. E, também, uma prova que essa nova onda é umas das piores dos últimos anos.
nota: 5


5 de agosto de 2018

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Un-Break My Heart
Toni Braxton

No especial de hoje do Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single irei falar sobre uma das últimas grandes baladas românticas que realmente fizeram sucesso comercial ao ficar onze semanas em primeiro lugar na Billboard e, também, virar um arrasa quarteirão em todo o mundo. Essa canção é a já clássica Un-Break My Heart da Toni Braxton.

Quando digo que Un-Break My Heart foi uma grande balada romântica é necessário entender que esse tipo de de balada é aquela que faz a gente querer deslizar para o chão encostado em uma porta, chorando e sofrendo pelo crush. Aquela balada que faz a gente querer fazer lipsyng, interpretando cada verso como se fosse saído de um clipe filmado na chuva. E, também, faz a gente querer chorar ouvindo depois de acabar um relacionamento de uma semana. Então, Un-Break My Heart é uma das últimas canções desse tipo a fazer sucesso e com toda a razão.

Lançada em 1996, Un-Break My Heart foi o segundo single do segundo álbum da Toni Braxton intitulado Secrets. No auge da sua carreira, Toni era uma das principais cantoras de R&B daquela década, ajudando a consolidar a sua recente carreira lançada em 1993. Imenso sucesso comercial, Un-Break My Heart foi um trabalho que pareceu nascer para fazer sucesso: cantando por um grande nome, escrita por um grande nome (Diane Warren) e produzido por um nome maior ainda (David Foster). E o resultado foi certeiro, pois Un-Break My Heart tornou-se um clássico da década '90. 

Representando quase total de um gênero que reinou na década noventa, Un-Break My Heart é uma pop/soul power balada que emana todo um brequismo adorável que consegue quebrar qualquer barreira que poderia existir de preconceito sobre esse tipo de canção. Exagerada, mas sempre consciente da sua essência. Romântica, mas com toques pesados de tristeza. Atemporal, mas que remete pesadamente a áurea da época. Un-Break My Heart é o tipo de canção que a gente ouve e já lembra de algum momento em que vivemos ao som da mesma. Dona de um timbre grave e sexy ao máximo, Toni entoa a canção com uma força emocional impressionante que é um dos pontos de maior lembrança quando ouvimos a canção. Claro, hoje em dia a performance soa meio exagerada e dramática, mas combina perfeitamente com a vibe da canção. Outro ponto de grande destaque é a composição sobre o sofrimento da narradora sobre o fim de relacionamento e, claro, o seu inesquecível e apoteótico refrão. Un-Break My Heart é uma das canção que já podem ser consideradas como um clássico do cancioneiro estadunidense e para aqueles que estão com o coração quebrado.
nota: 8,5  

3 de agosto de 2018

New Faces Apresenta: XYLØ

Don't Panic
XYLØ

A pretensão de um artista acreditar que a sua música é algo mais importante que verdadeiramente é de verdade é o que, normalmente, mata qualquer qualidade que uma música pode ter. E, por isso, uma das maiores qualidades que uma música pode possuir é a sua despretensão, principalmente quando se trata de música pop. Esse segundo caso é o da canção Don't Panic da dupla XYLØ.

Apesar de estarem com projetos já tem algum tempo, Paige Duddy e Chase Duddy ainda não encontram exatamente o caminho do sucesso. Isso não impede que a dupla tenha trabalhos muito interessantes e dignos de atenção. Don't Panic é uma deliciosa e divertida bubblegun pop com toques de electropop que conquista exatamente pela despretensiosidade de toda a produção ao não querer soar mais do que é realmente é. Leve, rápida e com uma atmosfera contagiosa, Don't Panic é aquele tipo de canção que a gente começa a ouvir quase distraidamente e depois de algum tempo começar a viciar. Entoado com uma voz fofa e bonitinha da vocalista Paige, Don't Panic é uma hilária e irônica canção sobre pegar ranço do boy e querer dar um tempo na relação. Bem construída e inteligente, a canção erra no seu mediano refrão que, apesar de bem escrito, não tem aquele toque especial para virar algo contagiante. Esse erro não impede, porém, que o XYLØ entrega uma das canções pop mais divertidas do ano e isso já é algo impressionante.
nota: 7,5

Igual, Mas Diferente

No Brainer (feat. Justin Bieber, Chance the Rapper & Quavo)
DJ Khaled

A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes, mas a definição de como fazer um hit pelo DJ Khaled é exatamente fazer a mesma coisa e esperar o mesmo resultado. Assim surge o seu novo single No Brainer.

Praticamente uma continuação de I'm the One, No Brainer repete exatamente a mesma formula para repetir o mesmo desempenho da anterior. Tirando a troca de Lil' Wayne pelo Quavo, a canção repete a parceria do DJ Khaled com o Justin Bieber e Chance the Rapper. Por causa disso, a canção comete o mesmo erro de ter gente demais para pouca música, criando uma sensação de quase desperdício de talentos. Dessa vez, porém, o melhor entre todas as performances é a do Justin que parece menos automático que normalmente nesse tipo de canção. O grande mérito da canção é a sua boa produção que entrega uma equilibrada fusão de hip hop com pop que até chega empolgar, mas que também não é a melhor coisa de todos os tempos. No Brainer é igual, mas consegue nos detalhes ser diferente. 
nota: 6,5