4 de agosto de 2018

Primeira Impressão

Nasir
Nas




O que poderia ser esperado do encontro de duas verdadeiras lendas em apenas um álbum? Normalmente, um trabalho com essa característica é algo que teria um hype imenso, mas dependendo dos envolvido seria quase certeza que seriamos contemplados com um trabalho incrível. Infelizmente, esse não é caso do encontro entre o lendário rapper Nas com o Kanye West ao entregar o frustante Nasir, outro trabalho do intitulado Wyoming Sessions.

O grande problema aqui é a fato de apesar dos dois artistas estarem dentro do mesmo espectro, os dois estão em extremidades completamente opostos. De um lado há o comedido e quase "seco" Nas e as suas rimas rápidas e diretas, enquanto do outro a eloquência e grandiosidade monumental das criações sonoras de Kanye. Separados, os dois artistas tem as suas qualidade inavegáveis, mas a união deles em Nasir é algo que mais parece a mistura de água e vinho. Sim, água e vinho, pois os dois elementos podem até misturarem, mas quando se juntam as suas propriedades são diluídas completamente. Resumidamente: Nasir é a união de dois grandes talentos que se chocam e se anulam mutuamente.

Obviamente, o álbum é um trabalho hip hop tecnicamente perfeito, mas que já logo no começo peca pelo exagero sonoro que o West e a sua trupe em criar uma instrumentalização poderosa para ter o mesmo impacto que a presença de Nas. O problema é que tudo parece exagerado demais, enfeita demais, rebuscado demais, grandioso demais para não dar sustentação para um rapper que tradicionalmente sempre precisou de menos. Entretanto, o trabalho do Kanye é melhor que no seu álbum solo, pois, mesmo não se adequando ao tom do Nas, a produção parece mais coesa e redondinha. Além disso, West acerta em alguns momentos, principalmente quando diminui o volume e deixa Nas brilhar por si só. Esse é o exemplo de Bonjour e a sua batida envolvente com toques de soul. Felizmente, Nas é uma lenda que segura bem as canções, expondo os seus anos de carreira. Entretanto, o rapper também tem os seus pecados expostos em Nasir.

O maior deles é que Nas reflete fortemente sobre problemas sociais como, por exemplo, a violência policia cotra a comunidade negra, mas não toca nos seus próprios problemas como a acusação de violência doméstica quando era casado com a cantora Kelis. O fato dele não refletir de alguma forma sobre a sua vida e esse gravíssimo problema não anula a importância de denunciar o racismo institucionalizado na nossa sociedade, mas essa falha tira o brilho das pontuais composições de Nasir e deixa o álbum menos impactante. Caso tivesse tocado no caso de violência poderia ser um bom momento para discutirmos o assunto de uma visão que normalmente não temos a oportunidade. Não para justificar o ato ou passar o famoso pano em cima, mas, sim, para termos um olhar mais aprofundado sobre essa ferida aberta na sociedade. Apesar dos erros, Nasir é um álbum que tem bons momentos como na sensacional Everything ao lado do The-Dream e do Kanye. Uma pena que o resultado final é bem aquém que Nas e Kanye já entregaram separados.


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